NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Dia 19 de março é a data dedicada a São José. Homem simples, trabalhador, escolhido por Deus para ser tutor de Cristo em sua vida terrena. José ensinou a Jesus o ofício da carpintaria e, portanto, é o padroeiro desta nobre e antiga profissão.

É claro que a profissão que foi tão crucial para o desenvolvimento humano mudou muito nestes mais de dois mil anos. O que hoje é a indústria da construção civil e madeira movimenta bilhões de reais por ano, além de ser a indústria base que possibilita a existência de todas as outras áreas da produção.

Toda essa riqueza só é possível graças a uma peça chave: o trabalhador. Se nos tempos de Cristo o carpinteiro era um profissional que passava de pai para filho os segredos do artesanato, hoje cada vez mais uma formação especializada na área é exigida para quem vai trabalhar no setor. Na área da construção civil, o número de novos postos de trabalho para quem tem nível médio completo é muito maior a quem tem escolaridade inferior.


Apesar da importância que há para a sociedade ter profissionais qualificados trabalhando nesta área, nem sempre isto é uma realidade, mesmo representando uma parte significativa dos trabalhadores brasileiros. Segundo dados de 2009 do Dieese, a construção civil sozinha empregava 7,44% da população ocupada brasileira. O setor de madeira, por sua vez, representa 4,46% do PIB paranaense e é responsável por quase 20% da arrecadação industrial no estado, segundo dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura.


Mas a realidade no setor é uma forte luta contra o trabalho informal e precarizado. São milhões de trabalhadores em todo o país submetidos a salários baixíssimos e condições de trabalho desumanas, muitas vezes análogas ao trabalho escravo. A contratação destes trabalhadores por parte destas empresas irresponsáveis não prejudica apenas a eles próprios, mas a todos os empregados no setor, pois faz com que os empregadores se neguem a pagar salários dignos aos profissionais em situação formal, além de não se preocuparem em garantir equipamentos de proteção individuais e coletivos obrigatórios.

A segurança no trabalho – seja com equipamentos ou com a presença de profissionais especializados nos canteiros e fábricas – é uma das grandes lutas do nosso setor. Na construção civil, a média de trabalhadores mortos por ano no Brasil é o dobro da média nacional. O setor da indústria madeireira com frequência é líder em número de acidentes graças a equipamentos inadequados sem proteção ou manutenção. É um triste título para uma profissão tão nobre.

Não queremos que este dia de São José sirva para pedirmos proteção divina para algo que deveria ser garantido nos canteiros de obra e no chão de fábrica. Hoje é um dia de celebração, mas deve servir também para alertar às necessidades urgente no setor: direito do trabalhador recusar trabalho perigoso, fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletiva adequados, fortalecimento das CIPAs, autonomia para profissionais de segurança no trabalho, melhores salários. Que São José esteja ao nosso lado.