ELEIÇÕES 2022
Dos 32 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral, 17 sofreram queda na quantidade de votos recebidos, seja nas legendas ou em seus candidatos para deputado federal nas eleições de 2022. A redução no número de eleitores não representa apenas uma diminuição de suas bancadas na Câmara dos Deputados, mas também em complicações para acessar os recursos dos fundos partidário e eleitoral em 2026.
Desses 17 partidos, seis já não obtiveram votos suficientes para formar uma bancada nem nas eleições de 2018 e nem em 2022. São eles o DC, Agir, PMB, PMN, PRTB e o PSTU. Outros dois, o PCB e o PCO, também não formaram bancadas em nenhum dos dois pleitos, mas contaram com um aumento na quantidade de eleitores: o primeiro obteve 73,09% a mais de votos, e o segundo teve um aumento de 110%.
Duro golpe no União Brasil
As demais quedas, porém, atingiram alguns partidos com atuação importante na Câmara. O União Brasil, que chegou a ser o maior partido do país após a fusão dos antigos DEM e PSL, sofreu um duro golpe ao ver seus principais parlamentares migrando para o PL durante a janela partidária. Os dois extintos partidos, que em 2018 somavam 14,7 milhões de votos para a Câmara, receberam pouco mais de 10 milhões após a fusão, representando uma redução de 32% em seu eleitorado.
O PSDB também perdeu uma grande parcela de seus eleitores. O partido já vinha fragilizado das eleições de 2018, quando perdeu o protagonismo na centro-direita da Câmara, e em 2022 sofreu uma queda de 41,68% de votos para deputado. Seu principal aliado, o Cidadania, com quem é federado, já contou com um ligeiro aumento de 5%, permanecendo próximo de 1,5 milhão antes e depois do pleito, enquanto os tucanos que antes contabilizavam 5,4 milhões de votos passaram a ter 3,1 milhões.
Na centro-esquerda, o eleitorado do PSB também encolheu, passando de cerca de 5 milhões para pouco mais de 4 milhões. Apesar de não aparentar uma queda grande, essa mudança impactou em peso sua bancada na Câmara dos Deputados,. Em 2018, o PSB elegeu 32 deputados, agora em 2022 apenas 14.
Impacto em 2026
A quantidade de votos obtidos para deputado federal, além de ser um fator de peso para a execução das agendas dos partidos durante sua atividade parlamentar, é um dos principais elementos para determinar seu sucesso nas próximas eleições. A quantidade de eleitores alcançados por cada sigla ou federação é critério não apenas para estabelecer se o partido vai ou não ter acesso ao fundo eleitoral, mas também para a porcentagem desse fundo.
Estabelecida pela primeira vez em 2018 e tornando-se mais rígida a cada eleição, a cláusula de barreira define, entre outros direitos, o acesso do partido ao fundo eleitoral da próxima eleição. No caso das eleições de 2022, para atingir a cláusula de barreira, cada partido deve eleger 11 deputados de ao menos nove estados ou então alcançar no mínimo 2% dos votos válidos para deputado federal, distribuídos em ao menos nove estados com um mínimo de 1% dos respectivos votos.
Depois de atingida a cláusula de barreira, os partidos ainda não têm garantia de que vão conseguir recursos suficientes para o sucesso de sua próxima campanha. No cálculo do fundo eleitoral, 48% da verba é destinada conforme proporção das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados, e outros 35% são distribuídos na proporção de seus votos válidos para deputado federal.
Confira a seguir o total de votos obtidos por cada partido para a Câmara dos Deputados, nos pleitos de 2018 e 2022:
Partido | 2018 | 2022 | Variação |
DC | 357.101,00 | 86.594,00 | -75,75% |
AGIR | 568.267,00 | 145.482,00 | -74% |
PMB | 207.976,00 | 73.499,00 | -64,66% |
PROS | 1.998.495,00 | 786.168,00 | -60,66% |
PMN | 588.860,00 | 240.563,00 | -59,15% |
PRTB | 651.176,00 | 271.962,00 | -58,24% |
NOVO | 2.432.265,00 | 1.213.753,00 | -50,10% |
PSDB | 5.409.225,00 | 3.154.895,00 | -41,68% |
PV | 1.533.741,00 | 902.212,00 | -41,18% |
PSTU | 25.064,00 | 16.518,00 | -34,10% |
UNIÃO | 14.780.413,00 | 10.026.482,00 | -32% |
PATRIOTA | 2.158.207,00 | 1.494.232,00 | -31% |
PC do B | 1.593.398,00 | 1.104.941,00 | -30,66% |
PTB | 1.891.292,00 | 1.368.123,00 | -27,66% |
PSB | 5.232.930,00 | 4.032.155,00 | -22,95% |
PDT | 3.950.965,00 | 3.515.620,00 | -11,02% |
SOLIDARIEDADE | 1.859.346,00 | 1.657.917,00 | -10,83% |
PODE | 3.495.482,00 | 3.564.229,00 | 1,97% |
REDE | 744.888,00 | 761.918,00 | 2,29% |
CIDADANIA | 1.487.099,00 | 1.558.459,00 | 5% |
PSC | 1.608.793,00 | 1.895.691,00 | 17,83% |
AVANTE | 1.814.533,00 | 2.139.829,00 | 17,93% |
PT | 8.773.759,00 | 11.906.818,00 | 35,71% |
PSOL | 2.667.291,00 | 3.778.951,00 | 41,68% |
PSD | 5.539.952,00 | 8.094.289,00 | 46,11% |
MDB | 5.118.044,00 | 7.680.175,00 | 50,06% |
REPUBLICANOS | 4.843.190,00 | 7.495.836,00 | 55% |
PP | 5.057.132,00 | 8.497.158,00 | 68,02% |
PCB | 37.119,00 | 64.250,00 | 73,09% |
PCO | 1.709,00 | 3.598,00 | 110,53% |
PL | 5.062.228,00 | 17.546.773,00 | 246,62% |
UP | – | 48.495,00 | |
Total Geral | 91.489.940 | 105.127.585 | 14,91% |
*Partidos que se fundiram ou mudaram de nome entre 2018 e 2022 são contabilizados conforme suas atuais legendas.
**Até 2019, não existia registro da UP, não havendo portanto variação nos votos
AUTORIA
LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.