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Há pouco tempo, as empresas buscavam contratar profissionais jovens, cheios de energia e flexibilidade para trabalhar. Agora, em consequência da crise internacional e do crescente papel do Brasil no cenário mundial, parece ter chegado a vez da experiência. E, para cargos de mais responsabilidade, nada melhor do que a vivência dos aposentados. Eles têm ocupado cada vez mais espaço no mercado de trabalho.

Uma pesquisa da Hays, especializada em recrutamento para média e alta gerência, revelou que 20% das empresas já contratam profissionais aposentados. O levantamento foi feito com cem companhias de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Campinas. A pesquisa apurou que 50% das contratações de aposentados ocorrem por necessidade de mão de obra especializada para projetos específicos.

O engenheiro químico Jairo Faria, de 58 anos, morador de São Bernardo do Campo, no ABC, é um exemplo de aposentado que voltou a brilhar no trabalho. Com o declínio da profissão, em 1997, ele deixou de trabalhar na sua especialidade, virou autônomo, lidou com vendas e foi funcionário público. Em 2007, Faria decidiu se aposentar, mas agora está de volta à ativa, como engenheiro químico. “Eu resgatei meus colegas do passado, e obtive uma nova oportunidade. Hoje, sinto-me bem.”

Faria diz que antes achava que um profissional parava com 50 anos. “Agora, eu sei que dá para ir até os 70, com tranquilidade. Não há restrição. Basta ter conhecimento, atualizar-se sempre e saber lidar com as pessoas”, ensina.

Cargos técnicos/ A pesquisa mostrou que 72% das empresas que contrataram aposentados estavam interessadas na experiência deles em cargos técnicos, mas não é só: 33% os trouxeram para a diretoria; 28% para gerência; 17% para conselhos;  e 6% para a presidência.

O setor de serviços, com 25%, é o mais interessado em aposentados, seguido pelo de bens de consumo, com 10%, o de telecomunicações, com 8%, e o farmacêutico, com 7%.

André Magro, gerente de experiência em RH, afirma que muitas empresas, com crescimento acelerado, não dispõem de tempo para formar dentro de casa profissionais para a nova realidade e optam por contratar aposentados experientes.

“Nós percebemos, nos últimos tempos, uma realidade de concorrência forte, prazos menores e pressão por resultados”, afirma Magro, para justificar a opção de trazer de volta profissionais com experiência para o mercado. Ele acrescenta:

“A contratação de aposentados pode ser o início de uma tendência, vai virar um procedimento normal em três anos.”

Em 2030, 16,2 milhões terão mais de 65 anos

A força de trabalho do Brasil em 2030 terá 16,2 milhões de pessoas com mais de 65 anos, o equivalente a 19,7% da população. É o que diz  pesquisa da Hays e da Oxford Economics. O país será o quarto no ranking daqueles com maior número de idosos, atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos. O mundo terá um bilhão de pessoas a mais no mercado de trabalho em 2030, mas esse contingente estará nos países em desenvolvimento.

O estudo propõe  medidas para equilibrar o mercado  global. Além de manter as fronteiras abertas para o movimento da mão de obra e estabelecer um código internacional que facilite a migração, os pesquisadores querem as pessoas com mais tempo no mercado em atividade.

O estudo parte do pressuposto de que as economias desenvolvidas vão ser mais dependentes da contribuição dos trabalhadores velhos. “Muitos países, como o Reino Unido, já aprovaram legislações antidiscriminação para permitir que pessoas mais experientes permaneçam empregadas e produtivas”, afirma o texto.

Segundo Magro, empresas menores, menos burocratizadas, interessam-se mais por aposentados. Eles podem não  ser contratados, mas vão prestar consultorias. Devem procurar empresas de recrutamento e ser ativos nas redes sociais da internet para obter a recolocação.