Excluindo as capitais, 12 cidades brasileiras destacaram-se em 2009 porque geraram, individualmente, mais do que 0,5% do PIB do país. Entre elas estão Guarulhos, Campinas e Osasco, em São Paulo, todas com geração de renda equivalente a 1% do PIB geral.
“Guarulhos tem uma indústria diversificada, que gera muita renda”, disse a gerente da pesquisa, a estatística Sheila Zani. O município tem ainda uma parte de serviços significativa, um forte comércio atacadista e varejista, o que ocorre também em relação à área de transportes. “É uma integração muito grande entre indústria e serviços”, destacou.
Seguem-se São Bernardo do Campo (0,9%) e Barueri (0,8%), também em São Paulo, Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, com 0,8%, e Betim, em Minas Gerais, com o mesmo percentual.
Concentração
Os dados demonstram a grande concentração existente na geração de renda no país, acentuou Sheila Zani. “Poucos municípios geram muita coisa”. De acordo com a pesquisa do IBGE, em 2009, 1.302 municípios, que concentravam 3,3% da população, geraram apenas 1% do PIB nacional, com maior predominância nas regiões Nordeste e Norte.
Sheila revelou que 13% desses municípios estão no Piauí, que tem um total de 224 municípios. Isso quer dizer que 75% dos municípios do estado estão nessa faixa de renda. O mesmo ocorreu com 59% dos municípios da Paraíba e com 51% dos municípios do Rio Grande do Norte, citou a gerente.
PIB geral
Entre os municípios com maior participação no PIB geral, observa-se ganho na participação relativa, em comparação a 2008, em São Paulo (de 11,8% para 12%), no Rio de Janeiro (de 5,2% para 5,4%), em Brasília (de 3,9% para 4,1%) e Duque de Caxias (de 0,6% para 0,8%).
A atividade de serviços, que gerava mais de 79% do valor adicionado bruto municipal em 2009, respondeu pelo ganho de participação da capital paulista entre 2008 e 2009, mostra a pesquisa. Já o aumento de participação da capital fluminense é explicado pelo bom desempenho da indústria de transformação. Em Duque de Caxias, o ganho de participação se deve à queda do preço do barril de petróleo, que resultou na diminuição dos custos de produção de refino de petróleo e coque.
Queda na participação
Em contrapartida, registraram queda na participação relativa os municípios de Vitória (ES), que caiu de 0,8%, em 2008, para 0,6%, em 2009, e Campos dos Goytacazes (RJ), que passou de 1% para 0,6%. Segundo o estudo do IBGE, a crise internacional de 2009 causou impacto direto sobre a economia desses dois municípios, em função, respectivamente, dos baixos preços do minério de ferro e da queda no preço do barril de petróleo.
Considerando os municípios por tamanho da população, constata-se que os com mais de 500 mil habitantes geraram 43% de toda a renda naquele ano. “Mas são poucos. São apenas 40”. A faixa que mais ganhou participação relativa em 2009 foi a dos municípios na faixa de 100 mil a 500 mil habitantes. Em geral, não são capitais. Itajaí (SC) e Anápolis (GO) são alguns exemplos, citou Sheila.
Maior PIB per capita
O maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita – por habitante, no Brasil – foi apresentado pelo município de São Francisco do Conde, na Bahia. O PIB per capita anual desse município totalizou R$ 360.815,83. Seguem-se Porto Real (RJ), com PIB por habitante de R$ 215.506,46, Triunfo (RS), com R$ 211.964,79, e Confins (MG), com R$ 187.402,18 por ano.
A gerente da pesquisa revelou que a característica comum a todos esses municípios é que eles têm baixa densidade demográfica. “A população é muito pequena”. São Francisco do Conde, por exemplo, tinha em 2009 um total de 31.699 moradores. Em Porto Real, Triunfo e Confins, o total de habitantes naquele ano era, respectivamente, 16.253, 25.374 e 6.072 pessoas.
No município baiano, o elevado PIB per capita anual decorre da existência da segunda maior refinaria em capacidade instalada do país. A presença de uma grande indústria automobilística explica o PIB em Porto Real, enquanto em Triunfo a alta geração de renda da população se deve ao importante polo petroquímico local. Já Confins ganhou posição devido à transferência da maior parte dos voos para o aeroporto internacional localizado na cidade.
Sheila informou que o PIB per capita nacional, em 2009, foi R$ 16.917,66. Em metade dos municípios brasileiros, o PIB per capita era inferior a R$ 8.394,97, o que confirma a distribuição irregular da renda.
Menor PIB
O menor PIB por habitante no ano de 2009, equivalente a R$ 1.929,97, foi encontrado no município de São Vicente Ferrer (MA), cuja atividade principal é a agropecuária. “Em 2009, por causa das chuvas, praticamente acabou a produção de mandioca”. O município teve perda de 77,6% da quantidade produzida e de 83,4% do valor bruto de produção daquela raiz.
A pesquisa mostra ainda que metade dos municípios com menor PIB per capita foi encontrada na Região Nordeste. “Ainda no Nordeste, fora o estado de Sergipe, a gente viu que mais de 90% dos municípios de cada estado estão com PIB per capita abaixo de R$ 8.394,97”. Sheila revelou que 96% dos municípios do Piauí, Ceará e da Paraíba têm PIB por habitante menor do que esse valor.
Capitais
Considerando as capitais, o maior PIB per capita foi apurado em 2009 em Vitória (ES), R$ 61.790,59. A cidade apresenta, entretanto, o terceiro maior PIB por habitante em relação às unidades da Federação e o 45º em relação ao Brasil. “Para uma população de capital, a de Vitória é muito pequena”, ressaltou a gerente. “Isso faz com que esse coeficiente fique maior”, completou.
O segundo maior PIB anual entre as capitais foi encontrado em Brasília (R$ 50.438,46). Seguem-se São Paulo, com R$ 35.271,93, o Rio de Janeiro (R$ 28.405,95) e Porto Alegre (R$ 26.312,45).