Pesquisa aponta falta de comunicação entre mercado de trabalho e instituições de ensino; para Acil, é preciso ”alinhar demandas”
Sobram vagas, há demanda, mas falta comunicação entre mercado de trabalho e instituições de ensino superior. Esta é a realidade londrinense com relação ao mercado de trabalho para os formandos. Os dados são da ”Pesquisa sobre limitação do mercado de mão de obra para os novos profissionais e necessidade de mão de obra qualificada”, encomendada pelo Núcleo de Desenvolvimento Empresarial de Londrina, cujos resultados foram apresentados ontem na sede da Associação Comercial de Industrial de Londrina (Acil). Conforme o estudo, 26,3% das empresas locais, o que corresponde a um universo de aproximadamente sete mil estabelecimentos, têm vagas disponíveis.
De acordo com o professor José Gonçalves Vicente, coordenador do estudo, no geral, falta diálogo entre as universidades e as empresas. ”Na verdade, é muito tênue o conhecimento que o mercado tem do que as instituições de ensino superior estão fazendo aqui e também, da mesma forma, é tênue o conhecimento que as universidades têm sobre as necessidades do mercado”, observou. ”Por isso, aproximadamente 27% das empresas de Londrina estão sedentas de mão de obra, principalmente a qualificada, e não sabem onde buscar”, completou.
Segundo a pesquisa, em contrapartida, 23,4% dos universitários afirmam ter interesse em trabalhar nos próximos seis meses. ”Dentro das universidades temos mais de 7 mil alunos formados por ano, e grande parte deles não sabe onde buscar trabalho”, disse. ”Existe a mão de obra dentro das universidades, existe o mercado que está esperando esta mão de obra e eles não se conversam.”
Ainda conforme o professor, boa parte dos alunos que se formam em Londrina não se sente preparada para assumir os cargos abertos pelas empresas justamente pela desinformação existente entre a universidade e o mercado. ”Essa mão de obra pode estar dentro das universidades, mas o mercado não sabe e as instuições, por sua vez, também desconhecem quem está precisando de funcionário”, relatou.
Para melhorar o relacionamento entre as empresas e as instituições de ensino superior, Vicente sugere que seja feito o casamento entre as duas partes, buscando exemplos de fora para aprender a fazer essa junção. ”Falta humildade suficiente para isso. Houve tentativas passadas, mas que até hoje não deram resultado”, disse.
De acordo com o presidente da Acil, Nivaldo Benvenho, os problemas ”já serão colocados à mesa” para que as empresas e as universidades tomem as providências necessárias para resolver a falta de convergência. Ele avalia que a falta de comunicação se deve à correria do dia a dia tanto de quem forma quanto de quem recebe os profissionais, ”o que acaba resultando em menor atenção para alinhar as demandas”.
”Vamos aguardar um período para que os resultados individuais sejam analisados, então, vamos sentar novamente e traçar as estratégias que promovam mais desenvolvimento para ambos”. Uma das sugestões é trabalhar em conjunto com as entidades e instituições de ensino por meio de um banco de dados coletivo.
A pesquisa ouviu 1.201 alunos formandos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Norte do Paraná (Unopar), Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR) e Faculdade Pitágoras. Também participaram empresários dos setores de serviço (411), comércio (190) e indústria (43), além de 29 entidades.