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Líderes de partidos da base governista na Câmara dos Deputados voltaram a se mobilizar pela aprovação do projeto de lei que legaliza os bingos, videobingos, e videoloterias no Brasil. Eles defendem uma alteração na proposta para garantir que a maior parte dos tributos arrecadados com os jogos seja destinada à saúde e até para financiar o aumento real do salário mínimo. A medida substituiria a criação de um novo imposto, nos moldes da extinta Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF).

Após nove meses esquecido, o tema entrou na pauta da reunião de líderes da Câmara na semana passada. “A ideia foi muito bem aceita porque é mais interessante do que uma nova CPMF. Se colocar em votação, não tenho dúvida de que passa”, diz o deputado paranaense Fernando Giacobo (PR), que participou do encontro.

Ontem, o colega de legenda dele, deputado Sandro Mabel (PR), reforçou a sugestão em reunião do conselho político do governo. Já o líder do PDT e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que os recursos ajudariam até a garantir o aumento do salário mínimo. As declarações dos dois vazaram pelo sistema interno de som do Palácio do Planalto (leia mais nesta página).

A última etapa de tramitação do projeto ocorreu em setembro de 2009, quando o texto foi aprovado por 40 votos a 7 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Os votos contrários foram liderados pelos petistas Antonio Carlos Biscaia e José Eduardo Cardozo (integrante do governo de transição) e por setores da bancada evangélica. Os governistas, porém, se posicionaram em peso a favor da proposta.

Pronto para ser votado em plenário, o projeto já prevê a criação de um fundo para a saúde, cultura, esporte e segurança pública. Os recursos viriam do pagamento de royalties. Segundo estimativas da Força Sindical, “madrinha” da legalização dos jogos, seriam arrecadados ainda mais R$ 6,5 bilhões em tributos por ano. A entidade também prevê a criação de até 250 mil empregos.

O relator da matéria, Régis de Oliveira (PSC-SP), diz que não vê problemas em uma possível alteração. “O projeto é bom, mas pode ser alterado. Tudo que for negociado e chegar a um consenso é possível fazer”, explica.

Ele nega que a legalização vá estimular o vício em jogo e a lavagem de dinheiro. Entre outras regras, o projeto prevê uma série de restrições às novas casas de bingo e veda, por exemplo, a criação de estabelecimentos a uma distância inferior a 500 metros de escolas e igrejas.

Histórico

A legalização dos bingos passou por uma série de idas e vindas durante o governo Lula. Ao assumir a Presidência, em 2003, ele elaborou um decreto para a formação de um grupo de trabalho interministerial para formular uma proposta definitiva sobre o tema. Tudo mudou quando Waldomiro Diniz, que era assessor do então chefe da Casa Civil, José Dirceu, apareceu em uma gravação na qual supostamente extorquia o empresário do setor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.

Depois do episódio, Lula editou uma medida provisória que proibia a exploração de qualquer jogo de azar. O presidente chegou a comparar a prática à prostituição infantil. As últimas casas de bingo foram fechadas em 2006. A partir de 2007, após a reeleição dele para o Planalto, o tema voltou a tramitar sem resistências por parte da base governista na Câmara.

Jogo liberado

O que diz o projeto:

Legalizados

– Bingos, videobingos e videoloterias. Os cassinos permanecem ilegais.

Vício

– Proíbe as apostas feitas por viciados em jogo, que serão cadastrados nacionalmente pelo governo.

Escolas e igrejas

– Prevê a fixação de 500 metros de distância mínima das casas de jogos de estabelecimentos de ensino.

Visualização

– O interior das salas de jogos não poderá ser visto desde a rua, à exceção dos bingos filantrópicos, como os realizados em igrejas.

Apostas

– Todas devem ser pagas à vista e fica proibido conceder crédito aos apostadores para evitar o endividamento.

Fiscalização

– Homologação dos equipamentos, programas e sistemas informatizados pelo Ministério da Fazenda, com dispositivo que permita cálculo de tributação imediata no pagamento do prêmio.

– Todos os premiados serão identificados imediatamente por meio do Cadastro de Pessoa Física (CPF), mas não terão os nomes divulgados na internet, como sugerem alguns deputados.

Cartelas

– As cartelas deverão ser feitas pela Casa da Moeda do Brasil.

Funcionários

– As empresas devem manter pelo menos 50 empregados para os estabelecimentos com 350 lugares, 75 empregados para os estabele­­cimentos com 351 a 400 lugares; 100 empregados para os estabeleci­­mentos com mais de 400 lugares.

Criminalização

– O descumprimento da lei e casos de fraude de resultados seriam punidos com multa e prisão de 1 a 5 anos.

Distribuição

– Em cidades com até 500 mil habitantes, só poderá ser instalada uma casa de bingo para cada 100 mil pessoas. Nas cidades que possuem mais de 500 mil habitantes, pode funcionar um estabelecimento para cada 150 mil habitantes.

Autorização

– Máximo de três autorizações de abertura de estabelecimentos por empresa. A autorização para cassinos passará por concorrência pública.

Fonte: Gazeta do Povo