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ministro Flávio Dino amanheceu nesta quinta-feira mudando de assunto. Anunciou nas redes sociais uma operação da PF contra o tráfico internacional de drogas, no Rio, com bloqueio de contas bancárias e sequestro de R$ 126 milhões em bens. “Caminho certo contra o crime organizado”, escreveu. Também divulgou investigação sobre o envio de drogas pelos correios, lembrando o empenho do governo em “combater a logística do crime organizado”.

Dino procura virar a página e mostrar serviço depois da defesa do presidente Lula na crise gerada pela participação da mulher de um traficante de drogas amazonense em reuniões no ministério. Desta vez, o ministro enfrentou a ofensiva da oposição, mas já era um alvo constante do “fogo amigo” do PT. Uma ala do partido defende a criação de uma ministério da segurança pública, esvaziando as funções da pasta da Justiça. Esses petistas veem o ministro como potencial candidato ao Planalto em 2026, caso Lula não dispute a reeleição. Há ainda no PT quem não goste de ver o nome de Dino na lista de cotados para a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo. Prefeririam alguém mais diretamente ligado ao partido, como Jorge Messias, Advogado Geral da União.

A reação de Dino nesta manhã, chamando atenção para a dimensão do problema do crime organizado, pode indicar eventuais dificuldades para Lula levar o ministro da Justiça para o STF. A situação é grave em estados como o Rio, a Bahia, o Ceará e o Amazonas, e pode vir a custar a Lula uma perda de popularidade — sobretudo no momento em que pesquisas já mostram declínio na aprovação do governo. Lula tem protelado sua decisão, deixando Dino no fogo cruzado entre a oposição e os petistas.

Algo semelhante acontece com outro ministro, Fernando Haddad. Ao defender aumento de gastos, com obras, deixando em segundo plano a meta de zerar o déficit nas contas públicas, Lula expôs o ministro e abriu espaço para críticas de setores petistas que nunca gostaram dos planos de austeridade do ministro da Fazenda — à frente , o chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Agora, Lula parece ter cedido aos apelos de Haddad e concordado em adiar o debate sobre a meta fiscal de 2024 — o prazo para emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias termina nesta sexta. O ministro quer ganhar tempo para a aprovar os projetos que ajudariam a aumentar a arrecadação e cumprir a meta. Por exemplo, a maior taxação de empresas que receberam benefícios fiscais de ICMS e a tributação de fundos de investimento exclusivos e no exterior. Haddad teme que essas propostas percam força, se o governo admitir o rombo. No entanto, o deputado Lindbergh Farias, vice-líder do governo, já apresentou emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Uma delas prevê um déficit de 0,75% do PIB. A outra, de 1%. Tudo indica que servirão apenas para marcar posição e manter a contestação ao programa de Haddad.

Por trás dos desgastes de Dino, do PSB, e Haddad, do PT, está a disputa eleitoral de 2026. Se Lula não for candidato à reeleição, já estão na praça dois ministros e potenciais candidatos. Ironicamente, ambos sob forte oposição de uma parte do PT.

AUTORIA

Lydia Medeiros

LYDIA MEDEIROS Jornalista formada pela Universidade de Brasília, foi titular da coluna Poder em Jogo, em O Globo (2017-2018). Atuou ainda em veículos como O Globo, Folha de S.Paulo, Época e Correio Braziliense. Foi diretora da FSB Comunicações, onde coordenou o atendimento a corporações e atuou na definição de políticas de comunicação e gestão de imagem.

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