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Nesta segunda-feira, 14, foram conhecidos os vencedores do Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 2024. Os pesquisadores radicados nos Estados Unidos Daron Acemoglu (nascido na Turquia), Simon Johnson (Reino Unido) e James A. Robinson (Reino Unido), conhecidos pelos estudos sobre a formação de instituições e seu impacto na prosperidade das nações, foram os laureados.

O prêmio a Acemoglu e Johnson, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Robinson, da Universidade de Chicago, era apenas uma questão de tempo, segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS Thomas Kang. Em artigos seminais no início da década de 2000, os agora agraciados exploraram a relação entre a expansão colonial europeia a partir do século XVI e o desempenho econômico. O primeiro desses artigos, publicado na American Economic Review em 2001, apontava que diferentes padrões de colonização teriam gerado instituições menos igualitárias em termos políticos e econômicos em áreas mais afetadas por doenças endêmicas perigosas para os colonizadores, enquanto, em áreas menos perigosas, teria havido maior imigração e a prevalência de instituições mais igualitárias.

Segundo Kang, instituições são entendidas pelos autores como as regras do jogo que moldam a interação social, definição de Douglass North. Mais tarde, Acemoglu e Robinson, no seu livro Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza, lançado em 2012, passaram a chamar as instituições mais igualitárias de “inclusivas” em contraposição às “extrativas”. Entre as instituições inclusivas estariam regras políticas mais democráticas e a proteção a direitos de propriedade da população em geral, enquanto maior autoritarismo e risco de expropriação estariam entre as instituições extrativas.

Os autores não foram os primeiros a receber o Nobel por tratar de instituições, aponta Kang, citando Ronald Coase, Douglass North, Elinor Ostrom e Oliver Williamson, economistas que já haviam sido reconhecidos por avanços importantes no estudo das instituições. Ainda de acordo com o professor da UFRGS, a tese principal dos três pesquisadores não é de todo original, ela é semelhante à dicotomia entre povoamento e exploração, normalmente atribuída a Caio Prado Jr. no Brasil e que tem uma história ainda mais antiga. Ela difere pouco também do estudo de Stanley Engerman e Kenneth Sokoloff sobre colonização e instituições em diferentes partes das Américas, publicado no final da década de 1990. “Se nada disso foi inovação, por que esses três autores receberam a distinção?”, pergunta Kang.

“A meu ver, o principal motivo é que os autores premiados inovaram em termos metodológicos. Ao utilizar técnicas econométricas inovadoras para tratar de aspectos históricos e institucionais, os artigos de Acemoglu, Johnson e Robinson pautaram a pesquisa subsequente na área: quase toda pesquisa econométrica com dados históricos de longo prazo hoje tem como modelo subjacente os artigos do trio”, responde o professor. Ele acrescenta que houve diversas críticas aos estudos citados, sobre a confiabilidade de algumas ferramentas estatísticas empregadas e a falta de confiabilidade dos dados utilizados pelos autores para suas estimações. “A metodologia dos autores talvez tenha acidentalmente obscurecido outras formas legítimas de se estudar história econômica, e talvez o tempo venha a nos dizer que algumas de suas conclusões não se sustentam (como alguns já têm afirmado). No entanto, eles tiveram um impacto fundamental sobre a maneira como se estuda persistência institucional e desempenho econômico nas últimas duas décadas”, avalia o docente da UFRGS.

Para Kang, as contribuições dos autores vão além, sendo Acemoglu o mais prolífico dos três, com uma expressiva produção teórica em crescimento, economia do trabalho e instituições. Os autores também escreveram obras para um público mais amplo, como O corredor estreito, em que Acemoglu e Robinson defenderam a ideia de que o Estado não pode ser fraco demais e não garantir a segurança dos indivíduos, mas tampouco pode ser forte demais e se tornar despótico. Em obra mais recente, Acemoglu e Johnson trataram dos aspectos benéficos dos avanços tecnológicos, mas também das possíveis ameaças que elas poderiam representar à sociedade.

Fonte: UFRGS

DM TEM DEBATE

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