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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana e pode optar por interromper o processo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic – atualmente em 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos.

A decisão será tomada na próxima quarta-feira (18), e anunciada após as 18h.

O mercado financeiro, entretanto, está dividido sobre o que vai fazer o Banco Central no encontro.

A maior parte dos analistas, segundo pesquisa conduzida pelo BC na semana passada com mais de 130 instituições financeiras, acredita que o cenário já possibilita uma interrupção do ciclo de alta dos juros — em vigor desde setembro do ano passado. Foram seis aumentos seguidos da Selic.

“O IPCA de maio [que mostrou desaceleração] dá esperança de que talvez o pior do processo inflacionário tenha ficado para trás. Devemos observar oscilações [na inflação] com viés de baixa, de modo que o IPCA feche 2025 em 5,30%”, avalia o sócio e economista chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal.

“Com isso, temos reforçada a nossa percepção de que o Copom não vai elevar os juros na sua próxima reunião, com a Selic sendo mantida em 14,75% ao ano até pelo menos o final de 2025”, prossegue o especialista.

Entretanto, há bancos que projetam um novo aumento na taxa básica da economia – para 15% ao ano.

“O Comitê deve justificar a última elevação de juros diante do cenário marcado por ‘desancoragem’ das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, analisou o C6 Bank, por meio de comunicado.

De acordo com a instituição financeira, “o Copom deve reforçar a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista [juro alto] até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

Entenda como age o BC

🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.

Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, pode baixar os juros. Se estão acima, tende a manter ou subir a Selic.

  • Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
  • Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
  • Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
  • Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 5,25% (com estouro da meta), 4,5%, 4% e em 3,85%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
  • O BC admitiu recentemente que a meta de inflação pode ser novamente descumprida em junho deste ano, ao completar seis meses seguidos acima do teto de 4,5%.

Na ata de sua última reunião, realizada em maio, o BC informou que se manterá vigilante e a “calibragem” (ritmo) do aperto monetário apropriado (alta do juro) seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação para as metas.

Desaceleração da economia e juro alto por período prolongado

BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.

▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada em maio, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.

▶️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.

Efeitos na economia

De acordo com especialistas, uma taxa de juros maior no Brasil tende a ter algumas consequências na economia. Veja abaixo algumas delas:

▶️ Reflexo nos juros bancários: a tendência é que a alta da Selic influencie as taxas cobradas dos clientes bancários. Em abril deste ano, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas somou 45,3%, o maior nível desde agosto de 2017, ou seja, em quase oito anos.

▶️Crescimento da economia: com juros mais altos, a expectativa é de um comportamento mais contido do consumo da população e, também, de mais dificuldades nos investimentos produtivos. Isso deve causar um impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB), no emprego e na renda.

▶️ Piora das contas públicas: juros mais altos também desfavorecem as contas públicas, pois aumentam as despesas com juros da dívida pública. Em doze meses até abril, a despesa com juros do setor público somou R$ 928 bilhões (7,7% do PIB), impulsionando o endividamento brasileiro.

▶️Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, teriam um rendimento maior, com o passar do tempo, do que seria registrado com juros mais baixos. Isso diminui a atratividade do mercado acionário.

G1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/06/18/apos-9-meses-subindo-juros-banco-central-pode-interromper-ciclo-de-alta-da-selic-nesta-quarta.ghtml