NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

A convite da Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU), a maior organização sindical do mundo, que em 2025 completa cem anos de existência, participei da delegação das centrais sindicais brasileiras (CTB, CUT, Força Sindical, UGT, NCST e CSB) que cumpriu intensa e proveitosa programação de intercâmbio sindical, político e cultural na China. Retornamos do outro lado do mundo com a bagagem cheia de aprendizados e a convicção de que a luta da classe trabalhadora é global, unindo-nos na construção de um futuro compartilhado.

A viagem ocorre no momento em que celebramos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China e representa um movimento vigoroso para fortalecer a solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras dos nossos países.

A intensidade da agenda reflete a importância estratégica que a contraparte chinesa atribui à parceria. Fomos recebidos na Assembleia Popular da China, uma das mais altas instâncias de representação do povo chinês, onde reafirmamos nosso compromisso com o multilateralismo e a cooperação internacional. Participamos de seminários engrandecedores sobre os cem anos da ACFTU, sobre o processo de digitalização dos sindicatos chineses e, principalmente, sobre a organização dos trabalhadores em novas formas de trabalho, como as plataformas digitais.

Visitamos ainda centros de serviços para trabalhadores, sedes sindicais e empresas de alta tecnologia, locais nos quais pudemos constatar como o investimento em políticas públicas e na qualificação dos trabalhadores pode harmonizar inovação e desenvolvimento econômico com a proteção dos direitos trabalhistas.

Vimos com nossos próprios olhos um modelo de desenvolvimento que inspira. No Brasil, o processo de industrialização tardio resultou em concentração de renda, desigualdades regionais e no crescimento desordenado de nossos grandes centros, com intensa favelização. A China, pelo contrário, embora também tenha iniciado tardiamente seu desenvolvimento industrial, vivenciou um processo muito melhor ordenado, com distribuição de renda, garantia crescente de direitos e a manutenção, há quase 40 anos, de uma taxa de desemprego de aproximadamente 5% – uma virtual situação de pleno emprego.

Foi também muito interessante perceber que as lutas travadas pela classe trabalhadora são globais, o que muda é a forma de encarar as questões. Vamos analisar, como exemplo, a situação dos trabalhadores de aplicativos. Enquanto no Ocidente a revolução digital tem sido utilizada para aprofundar a precarização e as formas de exploração do trabalho – assemelhando-se, em certos segmentos, a uma releitura da escravidão, agora assalariada e sob a vigilância de algoritmos – a China avança na contramão do neoliberalismo, com leis específicas para garantir a dignidade desses profissionais.

Nesse sentido, buscamos o apoio dos colegas sindicalistas chineses para fortalecer os canais de diálogo direto com as empresas de tecnologia e plataformas que operam no Brasil para que, juntos, possamos construir um ambiente de trabalho mais justo e equilibrado.

Destacamos também a importância da conquista histórica, liderada pelo sindicalismo brasileiro na última Conferência Internacional da OIT, que decidiu pela criação da Convenção Internacional do Trabalho Decente na Economia de Plataformas. Trata-se de um marco na luta por direitos para milhões de entregadores, motoristas de aplicativos, diaristas e também comerciários que hoje atuam na economia digital. Um avanço que, para se consolidar, vai precisar contar com a participação decisiva dos colegas sindicalistas chineses, integrantes da comitiva tripartite de seu país, na conferência do ano que vem, quando o texto final da convenção será votado.

Essa cooperação se insere num contexto geopolítico maior. A China se firma como um farol para o mundo em contraponto ao imperialismo estadunidense e as guerras (militares, tarifárias e culturais) que trava em busca de hegemonia. A parceria estratégica entre a China e o Brasil, sob a liderança dos presidentes Lula e Xi Jinping, fortalecida no âmbito do Brics, do G20 e da intensificação do comércio bilateral após o tarifaço imposto pelos EUA de Donald Trump, é fundamental para construir uma nova ordem mundial. Uma governança global baseada no respeito mútuo, na prosperidade comum, substituindo sanções por pontes e imposições por respeito. Afinal, compartilhamos o mesmo planeta, onde o sol brilha para todos.

Voltamos mais fortes, com a certeza de que o intercâmbio sindical e a solidariedade internacional são nossas ferramentas mais poderosas. Seguiremos trabalhando para que os laços firmados nesta viagem se traduzam em conquistas reais para os trabalhadores do Brasil e da China.

Viva a luta da classe trabalhadora! Até a vitória!

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2025/09/24/um-salto-na-cooperacao-sindical-entre-brasil-e-china/