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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, deve receber o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, hoje, em Washington, para dar continuidade às negociações sobre as tarifas impostas a produtos brasileiros. O encontro acontecerá após uma reunião entre os dois diplomatas realizada ontem, em Niágara, no Canadá, às margens da reunião de chanceleres do G7.

Vieira e Rubio relataram os encaminhamentos técnicos das negociações feitos por ambas as partes. E o chanceler brasileiro explicou que o Brasil enviou uma proposta aos Estados Unidos no dia 4 de novembro. Os dois concordaram ainda em marcar uma nova reunião presencial para continuar as conversas.

Até o momento, as negociações entre Brasil e Estados Unidos ainda não renderam resultados concretos, mesmo depois das conversas pessoais entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O lado brasileiro pede a suspensão das tarifas de 40%, que foram somadas à de 10% aplicada sobre todas as nações.

Além de Rubio, Vieira realizou reuniões com os chanceleres da Ucrânia, Andrii Sybiha, com quem discutiu o andamento da guerra contra a Rússia e os esforços para a negociação de paz, e da Coreia do Sul, Cho Hyun, que manifestou interesse em retomar as negociações de um acordo de livre comércio com o Mercosul.

Urgência

O impacto das tarifas norte-americanas sobre o café brasileiro tem sido uma das principais preocupações do setor. O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, afirmou que a entidade “manteve todos os contatos possíveis no sentido de que a taxação aos cafés brasileiros por parte dos Estados Unidos fosse retirada”. Segundo ele, essa medida “além de prejudicar a produção e as exportações brasileiras, teria forte impacto sobre os consumidores americanos, uma vez que o café é uma commodity que não é produzida naquele país”.

Silas destacou ainda que o CNC tem atuado em parceria com o governo brasileiro para evitar que o tema se transforme em um conflito político. “Trabalhamos junto ao Governo do Brasil para que houvesse o máximo de cuidado em relação às declarações oficiais, inclusive as do próprio Presidente da República, a fim de evitar um confronto político no qual todas as partes sairiam prejudicadas”, afirmou.

O presidente do conselho também citou o posicionamento do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que reconheceu a necessidade de uma decisão rápida sobre o tema. “O governo americano não pode mais postergar a decisão sobre a retirada da tarifa, pois a manutenção da penalização afetaria diretamente seus consumidores — o que também não seria o melhor caminho”, disse Silas. O CNC mantém a expectativa de que em breve, terá o resultado esperado, ou seja, a desoneração de algumas culturas produzidas no Brasil e amplamente consumidas no mercado americano, dentre elas, o café.

O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Antonio Matos, demonstrou otimismo com as negociações. Segundo ele, “houve movimentações de quatro dos maiores torrefadores dos Estados Unidos que contactaram diretamente o Cecafé e comentaram sobre como foram as reuniões com o mais alto escalão da administração Trump na semana passada.”

Matos lembrou que o secretário do Tesouro norte-americano reforçou a urgência de uma decisão. “Scott Bessent falou sobre o problema da inflação e nos próximos dias tomar uma decisão sobre isentar produtos colocando o café em primeiro lugar”, disse. O diretor ressaltou que o café foi um dos itens que mais aumentaram de preço no país estrangeiro. “O café de fato teve a maior inflação dos itens alimentícios, nove vezes a média da inflação norte-americana.”

Antes da imposição das tarifas, o Brasil respondia por até 34% do café consumido nos Estados Unidos. “Nós perdemos por completo a competitividade com uma tarifa de 50%, mesmo sendo o café mais competitivo”, afirmou Matos, que defende a isenção em bases iguais para todos os países.

O diretor do Cecafé destacou que as tarifas resultaram em contratos abertos, adiados ou cancelados, o que gerou grande preocupação entre os exportadores devido à perda de espaço nos blends e nos mercados consumidores. Segundo ele, “se o consumidor se adaptar com os novos blends, a gente perde espaços e é muito difícil reconquistar, podendo ser até irreversível.”

Matos acrescentou que a alta nos preços também foi impulsionada por fatores climáticos e pela queda da safra. “Houve mais uma variável que contribuiu para o aumento de preços do café, além, obviamente, da safra brasileira ter sido menor”, afirmou. O preço do café arábica em Nova York subiu de US$ 284 por libra-peso, em julho, para mais de US$ 400 em novembro. “A tarifa desarranjou, causou uma grande perda de previsibilidade no mercado”, avaliou.

*Estagiário sob a supervisão de Edla Lula

CORREIO BRAZILIENSE

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2025/11/7291406-eua-sinalizam-reducao-de-taxa-para-cafe.html