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Entrada de trabalhadores de outros países cresceu 19% no primeiro semestre. Considerando-se somente as autorizações permanentes, alta chega a 30%

As altas taxas de desemprego nos Estados Unidos (9,2%, em junho) e na Europa (9,9% na zona do euro em junho), decorrentes ainda do estouro da crise financeira mundial, no fim de 2008, vêm trazendo brasileiros de volta para casa e atraindo ao país cada vez mais estrangeiros – estes, principalmente, nas áreas de finanças, engenharia e construção e tecnologia.

Números da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que a entrada de trabalhadores estrangeiros cresceu 19,4% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Do total de 26.545 autorizações emitidas de janeiro a junho, a maior parte (93%) foi para atuação temporária, principalmente a bordo de embarcações ou plataformas estrangeiras (8.234 ou 31%), fruto do aquecimento do setor de energia, gás e petróleo e das expectativas do pré-sal.

“Por não termos toda a tecnologia necessária por aqui, estamos recebendo muitos profissionais do Reino Unido e da Noruega nessa área de extração e refino de petróleo”, comenta Cesar Rego, gerente regional da Hays, empresa de recrutamento especializada em média e alta gerência.

Cooperação técnica ou transferência de tecnologia também trazem um número significativo de estrangeiros (2.456 no primeiro semestre, 9,2% do total). “A maior parte desses profissionais, que vêm ao Brasil para montar um equipamento ou linha de produção, é norte-americana ou europeia. Mas também estamos recebendo muitos profissionais da China. Nos últimos meses, de cada três vistos temporários para transferência de tecnologia ou assistência que saem aqui pelo escritório, dois são para chineses”, revela o advogado Heitor Baroi, da Visto Brasil, empresa paulista especializada na legalização de estrangeiros.

Para ficar

Mesmo em menor número que as temporárias, as autorizações permanentes somaram 1.861 de janeiro a junho, 30,3% a mais que no primeiro semestre de 2010. Desse total, 41% eram administradores, diretores e executivos com poderes de gestão (7,2% a mais que no ano passado).

“Com o movimento de abertura de capital, que começou fortemente a partir de 2007, as empresas brasileiras têm investido na contratação de executivos de fora, que saibam preparar relatórios e informes dentro do padrão internacional. São profissionais que vêm para ficar longos períodos ou mesmo permanentemente”, comenta o gerente regional da Hays. “No ambiente de trabalho, esse executivo vai se virar muito bem. Mas no dia a dia enfrentará uma certa dificuldade, e acabará tendo de aprender, ao menos, um pouco da nossa língua.”

Karla Alcides, diretora da Universidade de Pittsburgh no Brasil – instituição norte-americana que oferece cursos de MBA a executivos –, também diz que o idioma é o principal obstáculo para muitos dos europeus e norte-americanos que vêm para o país e procuram a instituição para prosseguir com os estudos aqui. “Em Pittsburgh, nos Estados Unidos, nosso curso de português brasileiro está com cerca de 100 alunos no momento. O que considero supreendente para uma língua tão difícil e uma cidade com pouco mais de 1,2 milhão habitantes”, diz Karla.

Brasileiros são requisitados para a área de finanças

O único movimento de brasileiros indo para o exterior desde a crise de 2008 ocorreu com os executivos de finanças, ex­­plica o ge­­rente regional da Hays Cesar Rego. “Nossa história econômi­ca colaborou para a formação de um profissional pragmático, de ações rápidas e centradas, e que co­­meçou a ser requisitado em um segundo momento após o início da crise”.

A diretora da Universidade de Pittsburgh no Brasil, Karla Alcides, explica que a vivência da instabilidade econômica brasileira, que sempre exigiu um bom jogo de cintura durante períodos conturbados, faz com que os executivos brasileiros tenham uma boa aceitação nas empresas estrangeiras. “Essa adaptabilidade a situações de crise fez com que alguns deles fossem trabalhar fora do país, mesmo durante esse período difícil”, diz. Com mais de 300 alunos formados no Brasil, a instituição estima que 30% estejam trabalhando no exterior, principalmente na Europa e nos EUA.

Apesar da crise internacional, a disponibilidade dos brasileiros para mudar de país é grande (82%), maior que a de portugueses, italianos e espanhóis, segundo o Guia Salarial 2011 da Hays, que entrevistou 48 mil profissionais desses quatro países. Os destinos preferidos dos brasileiros são a Europa (85,9%), América do Norte (84,6%) e América do Sul (73,6%).

Os esquemas work experience, em que universitários brasileiros vão trabalhar por três meses em resorts e grandes redes de fast-food dos EUA, também não foram afetados, segundo Cyro Picchi, sócio-diretor da agência de intercâmbio IE Curitiba. “Esse tipo de trabalho é sazonal e sempre tem demanda”, diz. (FZM)
Espanholas buscam refúgio no Brasil

Rio de Janeiro – Passageiro assíduo da rota São Paulo-Madri há um ano, o espanhol Javier Loizaga passou a programar suas viagens com antecedência de dois meses. O presidente do fundo de private equity Mercapital, que ganhou endereço em São Paulo em 2010, nota que o overbooking é causado pela intensa presença de seus conterrâneos empresários. Dados do Banco Central mostram que o Inves­­timento Estrangeiro Direto (IED) da Espanha no Brasil soma US$ 4,8 bilhões nos cinco primeiros meses de 2011, superando o volume de todo o ano passado. Após a vinda de grandes grupos nas privatizações, no fim de 1990, houve uma segunda onda de in­­vestimentos espanhóis – a de fornecedores para as empresas que tinham sido privatizadas. Agora, trata-se da terceira onda, de pequenas e médias empresas espanholas. Focadas no mercado doméstico nos últimos 20 anos, elas se viram forçadas a se internacionalizar diante da crise na Europa. Segundo a Câmara Espanhola de Comércio no Brasil, de 2009 para 2010, as consultas de grupos interes­­sados no país saltaram de 40 para mil.

(Agência O Globo)