NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

A crise europeia e as dificuldades enfrentadas ainda pelo governo dos Estados Unidos para retomar a atividade economica, combalida pelo tsunami financeiro de 2008, têm gerado inquietude nos economistas que pensam o Brasil, às vésperas de uma eleição presidencial.

As opiniões se dividem. Em recente seminário fechado na Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), promovido pelo Departamento de Economia da PUC-Rio, reunindo, entre outros nomes, Pedro Malan, Affonso Celso Pastore e André Lara Resende, a questão foi abordada em uma pauta onde o prato principal era político: a palestra do cientista político Cesar Romero sobre “A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais do Brasil: 1989-2006”.

A hipótese de uma piora no cenário mundial em 2011 com repercussões na economia brasileira não foi afastada nas discussões no encontro, podendo obrigar o futuro presidente, seja Dilma Rousseff ou José Serra, a adotar medidas mais austeras para tocar o país nos próximos dois anos.

Os economistas da PUC avaliaram que a crise, que abate hoje Grécia, Portugal e Espanha, pode se alastrar para outros países europeus e para os Estados Unidos, caso seus governos não consigam administrar a monstruosa dívida pública criada com a estatização da dívida privada de bancos e montadoras, após a queda do Lehman Brothers.

Agora, esses mesmos governos estão às voltas com gigantescos déficits públicos, numa sinalização de que o fantasma de 2008 voltou a rondar o mundo. E pode pegar o Brasil pelo lado do mercado externo, reduzir exportações, fluxo de capitais e negócios na Bolsa de Valores. O crescimento menor das economias desenvolvidas já está afetando o volume de investimentos diretos estrangeiros no país.

Carlos Langoni diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, não crê num desfecho pessimista para a crise europeia. “O cenário externo não é impedimento para o crescimento do Brasil em 2011. Nosso grande desafio ano que vem será sustentar um crescimento acelerado como teremos este ano . Para mim, 7% é uma taxa de crescimento pontual. O problema brasileiro, ao contrário da China e da Índia, é encontrar um padrão de crescimento sustentado. Esse é o desafio para o futuro presidente.”

Acontece, porém, que uma contração nas exportações e nos investimentos diretos estrangeiros, por conta de menor crescimento dos países desenvolvidos, pode vir a requerer, em 2011, medidas para conter as importações e/ou para desacelerar a economia, incluindo ajuste fiscal. Uma receita para evitar o descontrole do déficit em conta corrente no médio prazo passa por juros mais baixos, moeda menos valorizada (pois o país deixa de atrair “smart money” com menor custo de capital) e política fiscal mais restritiva para segurar a expansão do gasto público.

Dilma e Serra não terão dificuldade em conduzir tal política, avalia Luiz Carlos Prado, do Instituto de Economia da UFRJ. Ambos, segundo ele, apoiam juros menores e câmbio mais desvalorizado para o Brasil. “Quem está concorrendo tem experiência de governo. A diferença entre o pensamento econômico de Dilma e Serra é na margem”, aposta.

O sentimento de que Serra e Dilma não terão receitas muito diferentes de política econômica para enfrentar situações mais adversas é compartilhado por Romero. “Não vejo muita diferença de condução da economia entre os dois candidatos, quer o vencedor [da eleição] seja Dilma ou Serra”. A percepção do cientista político é que os legados positivos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva Lula vão ter continuidade, seja quem for o próximo presidente. O segundo mandato de FHC foi marcado pela estabilidade economica. O segundo de Lula retomou o crescimento da economia com distribuição de renda. As duas coisas se complementam e vão continuar a orientar a economia brasileira.

Mesmo a questão do tamanho do Estado, que aparentemente cria um fosso entre ortodoxos e heterodoxos, não é vista pelo cientista político como uma muralha que separa os dois candidatos. “Serra é tão estatista quanto a Dilma. Serra não é Alckmin. É muito mais Mario Covas, que nunca se deixou enganar pela sereia das privatizações”, afirma Romero.

A dúvida é qual dos candidatos terá condições de governabilidade para enfrentar situações de maior restrição no campo econômico, como corte de gastos que envolvam aposentadorias

A crise europeia e as dificuldades enfrentadas ainda pelo governo dos Estados Unidos para retomar a atividade economica, combalida pelo tsunami financeiro de 2008, têm gerado inquietude nos economistas que pensam o Brasil, às vésperas de uma eleição presidencial.

As opiniões se dividem. Em recente seminário fechado na Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), promovido pelo Departamento de Economia da PUC-Rio, reunindo, entre outros nomes, Pedro Malan, Affonso Celso Pastore e André Lara Resende, a questão foi abordada em uma pauta onde o prato principal era político: a palestra do cientista político Cesar Romero sobre “A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais do Brasil: 1989-2006”.

A hipótese de uma piora no cenário mundial em 2011 com repercussões na economia brasileira não foi afastada nas discussões no encontro, podendo obrigar o futuro presidente, seja Dilma Rousseff ou José Serra, a adotar medidas mais austeras para tocar o país nos próximos dois anos.

Os economistas da PUC avaliaram que a crise, que abate hoje Grécia, Portugal e Espanha, pode se alastrar para outros países europeus e para os Estados Unidos, caso seus governos não consigam administrar a monstruosa dívida pública criada com a estatização da dívida privada de bancos e montadoras, após a queda do Lehman Brothers.

Agora, esses mesmos governos estão às voltas com gigantescos déficits públicos, numa sinalização de que o fantasma de 2008 voltou a rondar o mundo. E pode pegar o Brasil pelo lado do mercado externo, reduzir exportações, fluxo de capitais e negócios na Bolsa de Valores. O crescimento menor das economias desenvolvidas já está afetando o volume de investimentos diretos estrangeiros no país.

Carlos Langoni diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, não crê num desfecho pessimista para a crise europeia. “O cenário externo não é impedimento para o crescimento do Brasil em 2011. Nosso grande desafio ano que vem será sustentar um crescimento acelerado como teremos este ano . Para mim, 7% é uma taxa de crescimento pontual. O problema brasileiro, ao contrário da China e da Índia, é encontrar um padrão de crescimento sustentado. Esse é o desafio para o futuro presidente.”

Acontece, porém, que uma contração nas exportações e nos investimentos diretos estrangeiros, por conta de menor crescimento dos países desenvolvidos, pode vir a requerer, em 2011, medidas para conter as importações e/ou para desacelerar a economia, incluindo ajuste fiscal. Uma receita para evitar o descontrole do déficit em conta corrente no médio prazo passa por juros mais baixos, moeda menos valorizada (pois o país deixa de atrair “smart money” com menor custo de capital) e política fiscal mais restritiva para segurar a expansão do gasto público.

Dilma e Serra não terão dificuldade em conduzir tal política, avalia Luiz Carlos Prado, do Instituto de Economia da UFRJ. Ambos, segundo ele, apoiam juros menores e câmbio mais desvalorizado para o Brasil. “Quem está concorrendo tem experiência de governo. A diferença entre o pensamento econômico de Dilma e Serra é na margem”, aposta.

O sentimento de que Serra e Dilma não terão receitas muito diferentes de política econômica para enfrentar situações mais adversas é compartilhado por Romero. “Não vejo muita diferença de condução da economia entre os dois candidatos, quer o vencedor [da eleição] seja Dilma ou Serra”. A percepção do cientista político é que os legados positivos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva Lula vão ter continuidade, seja quem for o próximo presidente. O segundo mandato de FHC foi marcado pela estabilidade economica. O segundo de Lula retomou o crescimento da economia com distribuição de renda. As duas coisas se complementam e vão continuar a orientar a economia brasileira.

Mesmo a questão do tamanho do Estado, que aparentemente cria um fosso entre ortodoxos e heterodoxos, não é vista pelo cientista político como uma muralha que separa os dois candidatos. “Serra é tão estatista quanto a Dilma. Serra não é Alckmin. É muito mais Mario Covas, que nunca se deixou enganar pela sereia das privatizações”, afirma Romero.

A dúvida é qual dos candidatos terá condições de governabilidade para enfrentar situações de maior restrição no campo econômico, como corte de gastos que envolvam aposentadorias e salários. Talvez Dilma possa contar com mais apoio dos movimentos sociais. Talvez eles não infernizem a vida dela. Lula teve paz social bastante grande, sem fortes ondas grevistas, mas também não cortou benefícios. O risco maior, nesse caso, pode ser de Serra.

Romero concorda. Ele crê que o PT possa usar os movimentos sociais para queimar o capital político do adversário. Mas reconhece que as chances disso acontecer são pequenas. “PT e PSDB têm mais coisas em comum do que pensam, e só brigam porque são rivais em São Paulo.”

e salários. Talvez Dilma possa contar com mais apoio dos movimentos sociais. Talvez eles não infernizem a vida dela. Lula teve paz social bastante grande, sem fortes ondas grevistas, mas também não cortou benefícios. O risco maior, nesse caso, pode ser de Serra.

Romero concorda. Ele crê que o PT possa usar os movimentos sociais para queimar o capital político do adversário. Mas reconhece que as chances disso acontecer são pequenas. “PT e PSDB têm mais coisas em comum do que pensam, e só brigam porque são rivais em São Paulo.”