O maior contingente é de jovens, especialmente os adolescentes de 15 anos, que representam 10% do total de pessoas que frequentam ou frequentaram educação profissional. Entre as pessoas de 15 a 29 anos que declararam frequentar a educação profissional, o maior percentual é na classe C (8%), que também aponta a maior demanda por cursos na área industrial.
Para o economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, a procura dos jovens da classe C pela educação profissional indica que a ascensão do estrato na última década terá sustentabilidade. ”Não é sonho de uma noite de verão”, opina.
Para Neri, não é possível dizer que a mobilidade é movida meramente por aumento do acesso ao crédito e maior consumo desse segmento da população. ‘Há claro paralelo entre a ascensão da nova classe média (ou classe C) e a profusão de carteiras de trabalho e cursos profissionalizantes’, defende o economista.
Na opinião de Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia do Senai, o ingresso desses jovens deverá dar ‘lastro’ ao crescimento do setor industrial nos próximos anos. A expectativa do executivo é que os onze principais setores industriais brasileiros totalizem US$ 648 bilhões de investimento entre 2011 e 2015. O Senai promete até 2014 ampliar sua rede de escolas técnicas e cursos profissionalizantes de 2,4 milhões de matrículas para 4 milhões. Para isso, contará com empréstimo de R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Movimento contrário
Apesar da boa perspectiva, a análise dos dados aponta que mais de três quartos da população nunca frequentou educação profissionalizante, quase 70% por falta de interesse. Além disso, a pesquisa verifica que 8% dos que iniciaram algum curso profissionalizante não concluíram. A maioria porque deixou de ter interesse pelo curso no qual estavam inscritos. Entre os que concluem, mais de 37% não conseguem trabalhar na área. Os cursos profissionalizantes no Brasil são oferecidos pela rede pública, pela rede privada, pelo Senai e por organizações não governamentais.
Na avaliação de Neri, a baixa procura por cursos profissionalizantes tem a ver com a falta de informação e a má qualidade das escolas brasileiras. Lucchesi lembra que cerca de 9 milhões de alunos estão matriculados no ensino médio no Brasil, mas apenas 1 milhão faz o ensino médio técnico (complementar) e apenas 6 milhões ingressam no nível superior.
