As propostas que o governo federal vem apresentando para a indústria brasileira são muito bem-vindas e seguram o processo de desindustrialização do País, mas o setor precisa de uma política clara de médio e longo prazos. Quem diz isso é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, que viaja hoje a Brasília onde se encontra amanhã com a presidente Dilma Rousseff.
Basicamente, a Fiep defende uma política de inovação, linhas de financiamento mais convidativas e juros mais baixos. ”O governo federal tem se mostrado sensível à indústria, mas o que nos preocupa é que são medidas emergenciais e paliativas”, afirma. As medidas, de acordo com ele, não permitem às empresas planejarem investimentos de longo prazo.
Campagnolo conta que o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, realizou avanços no sentido de levar a pesquisa, normalmente restrita à academia, para o setor produtivo. Mas que o atual, Marco Antonio Raupp, teria promovido uma ruptura com o modelo do antecessor.
No mandato de Mercadante, segundo o presidente da Fiep, foram disponibilizadas boas linhas de créditos para inovação pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) . ”Muitas vezes havia verba e as empresas não estavam preparadas para participar dos editais”, alega. Ele diz ser necessário que Raupp retome a política do ex-ministro para o bem do setor industrial.
Quanto ao financiamento da produção, o presidente da Fiep defende um modelo que permita o acesso às melhores linhas de crédito pelas pequenas e médias indústrias. ”Essas empresas têm enfrentado dificuldades para se habilitarem às linhas com taxas mais convidativas”, afirma.
Emergenciais
Nesta terça-feira, o presidente da Fiep espera ouvir da presidente Dilma que o governo irá impor um novo imposto aos produtos importados e desonerar a folha de pagamento de alguns segmentos da indústria nacional como o de móveis, plásticos, de geração de energia, entre outros.
A expectativa é que as empresas desses setores passem a pagar INSS numa porcentagem (provalmente 1%) sobre a receita bruta e não mais 20% sobre a folha de pagamento. As fábricas de calçados e as têxteis já gozam deste benefício desde o ano passado, com uma alíquota de 1,5%.
”São demandas que nós já tínhamos apresentado à equipe econômica. Nós julgamos que 1,5% não atende a grande maioria das indústrias que não têm mão de obra intensiva”, ressalta. Ou seja, para quem emprega pouco, às vezes, é mais vantagem pagar 20% sobre a folha.
A respeito da tributação dos importados, ele diz que a proposta do governo é apresentar uma nova Cofins. ”Se nós que produzimos no Brasil temos de pagar esse imposto, não entendo por que até hoje os importados não pagam”, declara.
