Construtora buscou em Manaus profissionais para a edificação de escolas
A falta de mão de obra no setor da construção civil está gerando um caso inusitado em duas obras de Rio Grande: o emprego de haitianos. São homens que deixaram o país de origem, devastado pelo terremoto ocorrido no início de 2010, e vieram para o Brasil em busca de oportunidades de trabalho e de uma vida mais digna. A cidade, que, devido aos empregos gerados pelo Polo Naval e à falta de profissionais qualificados para essa área, já abriga pessoas de outros estados brasileiros, agora oportuniza serviço para trabalhadores estrangeiros.
Os haitianos foram contratados pela MG Empreendimentos Imobiliários Ltda – Construtora Pedrão, de Pato Branco (PR), responsável pela edificação de uma escola de educação infantil na localidade do Bolaxa e de outra na área do Camping Municipal. Conforme o engenheiro civil Alexei Darlan Bordignon, coordenador dos serviços, a empresa venceu a licitação para construir os dois estabelecimentos, mas estava com dificuldade para conseguir trabalhadores. As obras civis da área portuária e do Polo Naval, cujos salários são mais atrativos, têm absorvido os pedreiros, carpinteiros, serventes, entre outros. Além disso, há vários projetos na cidade, como construção de hotéis e habitação, deixando a mão de obra na área escassa.
Em contato com uma empresa de Caxias do Sul, a Construtora Pedrão foi informada da possibilidade de contratar trabalhadores naturais do Haiti, que estariam atuando na construção civil, e adotou a ideia. Representantes do empreendimento foram a Manaus, onde em torno de 2 mil haitianos estavam abrigados em uma paróquia, e contrataram 25 deles. Onze estão atuando em Pato Branco e 14, em Rio Grande. “O Brasil abriu as portas para eles porque, em decorrência do terremoto, muitos perderam suas famílias, casas e não tinham mais oportunidade de trabalho. Uma das preocupações demonstradas por eles quando chegaram aqui (a Rio Grande) era ter um banco para fazer a transferência de dinheiro para familiares no Haiti”, relata Bordignon. O engenheiro diz que essas pessoas estão legalizadas no Brasil, com toda a documentação necessária e com os vistos atualizados, além de vacinadas.
A empresa fornece-lhes alojamento, na Vila da Quinta, alimento e transporte. O grupo que atua na construção das duas escolas está no Brasil há dois meses e foi contratado faz menos de um mês. No Haiti, alguns dos homens estudavam e outros atuavam como enfermeiros e garçons. “São bons no trabalho, esforçados e aprendem bem”, diz Bordignon. O engenheiro destaca ainda que os haitianos foram contratados para trabalhar na empresa, e não apenas para uma obra. Estão em período de experiência, com carteira assinada. A ideia da contratante é qualificá-los e descobrir aptidões, segundo o técnico em edificações José Henrique Fernandes. A empresa conquistou, em licitações, a construção de cinco educandários infantis e 268 casas em Rio Grande, sendo que, para parte dessas obras, aguarda assinatura das ordens de serviço.
