NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

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DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

De dez anos para cá, os sindicatos representantes dos trabalhadores no Grande ABC destacam muitas conquistas, tanto no ganho real de salário, o que significa acima da inflação, como na redução de horas trabalhadas e na aquisição de benefícios. Fatores que contribuíram com o cenário foram a retomada do crescimento econômico, que permitiu a abertura de vagas, a melhora das condições de trabalho e a valorização do salário-mínimo.

Nos anos 1990, com a implantação do Plano Real, em 1994, e a abertura do mercado para outros países, no fim da década, a entrada de itens importados se intensificou.
Além disso, as taxas de juros e os impostos eram exorbitantes. No início dos anos 2000 os juros chegavam a 19% ao ano – hoje, está em 9% ao ano – e a carga tributária, que atualmente é de 35%, correspondia a 30% do PIB (Produto Interno Bruto). Por conta da concorrência, muitas indústrias enxugaram seu quadro de funcionários, algumas fecharam as portas e outras deixaram a região. Elas buscaram terrenos maiores, mais baratos, e mão de obra a preços mais acessíveis. Poucas, no entanto, permaneceram e expandiram as atividades.
De fato, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage, relembra a expressiva perda de empregos e, na década seguinte, a retomada. “De 1994 a 2002 os trabalhadores dos segmentos plástico, químico, tintas, farmacêutico e explosivos do Grande ABC, que somavam 40 mil, foram reduzidos para 25 mil. Mas nos últimos dez anos, conseguimos recuperar as perdas e, ainda, gerar 20% de ganho salarial.” Hoje, o salário médio gira em torno de R$ 1.500.
Outra grande conquista destacada por Lage é a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, obtida há quatro anos. “Há dois anos também conseguimos fazer com que o funcionário doente tenha acesso a medicamentos com desconto”, ressalta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, de 2002 para cá o total de funcionários em sua base, que compreende São Bernardo e Diadema, saltou de 76 mil para 107 mil pessoas. Do total, 80% são sindicalizados. “Há dois anos conseguimos dar ao trabalhador o direito de vir ao sindicato, uma vez no ano, com o dia pago, para conhecer como ele funciona, tirar dúvidas sobre a convenção coletiva e almoçar conosco”, conta. “Vamos construir, ainda neste ano, um centro para receber cerca de 600 pessoas por dia.”
Para o presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, no ano passado o anúncio da criação do terceiro turno da General Motors foi excelente notícia. “Desde 2008 negociávamos a injeção de investimentos. Com o aporte de US$ 3,3 bilhões foram empregadas 1.600 pessoas e garantimos a manutenção do emprego por pelo menos mais cinco anos.”
Cidão ressalta também que a estabilidade econômica ao longo de dez anos, à exceção do período da crise, aumentou o salário médio da categoria de R$ 2.200 para R$ 3.200; reajuste de 45%.
Na avaliação do secretário- geral do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil) de São Bernardo – que representa também Diadema- Cláudio Bernardo da Silva, o fato de os contratantes terem de oferecer dois jogos de uniforme, e não somente um, além do café da tarde, a partir das 15h, foram dois avanços importantes. “Algumas pessoas moram muito longe do trabalho, pois saem às 17h e só chegam à 20h. Por isso conseguimos o reforço alimentar. Além disso, quem está alojado tem direito a janta.”
Poder escolher entre almoço ou cesta básica (que evoluiu de 30 quilos para 36 quilos nos últimos três anos) e que de dois anos para cá, tem de ser entregue na casa do trabalhador, também foi outra conquista. Há três anos conseguiram receber gratuitamente protetor solar.
O Sindicato dos Bancários do ABC ressalta que também foi proibida a exposição de funcionários no ranking de vendas nas agências. Os profissionais que conseguiam comercializar mais produtos bancários no mês (como títulos de capitalização, seguros de vida, casa e carro, empréstimos e previdência privada) lideravam a lista.
Além disso, o número de profissionais na categoria avançou de 6.700 para 7.400 neste ano, em relação ao ano passado. E o salário aumentou de R$ 3.158 para R$ 3.406.
Metalúrgicos de Sto.André não tiveram reajuste
Os metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm hoje o mesmo salário médio de dez anos atrás. Essa é a conclusão do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino Martinha.
“A mensalidade do associado é de 1,5% do salário bruto. Em janeiro de 2002, o desconto médio era de R$ 28,50 e, em janeiro deste ano, R$ 29”, conta. “Ou seja, o valor permaneceu praticamente o mesmo.”
O rendimento dos trabalhadores, atualmente, gira em torno de R$ 1.700. E, embora tenha havido reajustes reais de salário, ou seja, ganhos acima da inflação nos últimos anos, o problema está nas novas contratações. “As empresas foram demitindo os trabalhadores com salários mais altos e contratando outros para ganhar o piso”, conta Martinha.
De fato, principalmente após a crise econômica, houve retomada na geração de empregos, porém, com remuneração inferior para desempenhar o mesmo cargo.