Milhares de trabalhadores foram ontem às ruas em Espanha, Itália, França, Grécia e Portugal para participarem de manifestações pelo Dia do Trabalho, protestando contra os cortes de gastos e as medidas de austeridade fiscal adotadas para enfrentar a crise econômica. Nos Estados Unidos, integrantes do Ocupem Wall Street, num movimento contra a injustiça social e econômica, voltaram às ruas e enfrentaram forte aparato policial. Houve pelo menos 30 prisões só em Nova York.
As tradicionais passeatas do Dia do Trabalho foram usadas pelos sindicatos para demonstrar a irritação com as medidas de austeridade em toda a zona do euro. Lançadas como um caminho único para a recuperação da economia europeia, as ações de rigor fiscal têm, na verdade, forçado os países a mergulharem ainda mais na recessão. Os protestos ocorrem dias antes de França e Grécia irem às urnas, no domingo.
Na Itália, houve embate entre manifestantes e a polícia em Turim. Na cidade de Rieti, os três principais sindicatos do país denunciaram as reformas do primeiro-ministro, Mario Monti. Os sindicatos franceses organizaram quase 300 manifestações em todo o país. O Ministério do Interior informou que 316 mil pessoas participaram dos protestos, um forte aumento frente aos 77 mil do ano passado.
Em Madri, dezenas de milhares de pessoas caminharam na chuva com cartazes contra os cortes de gastos, enquanto outros milhares de trabalhadores protestaram em Lisboa. Cerca de cinco mil trabalhadores, pensionistas e estudantes marcharam em Atenas ostentando mensagens como “Revolta agora” e “Taxem os ricos”.
— Nossa mensagem será mais forte no domingo. Não há como eu votar por um dos dois principais partidos — afirmou a funcionária pública Maria Drakaki, de 45 anos, referindo-se à eleição para o Parlamento grego.
Na Grécia, repetidas ondas de cortes reduziram os salários e pensões e aprofundaram uma recessão que já está em seu quinto ano. Os salários do setor privado foram reduzidos em um quarto apenas em 2011 e um em cada dois jovens gregos estão desempregados.
— Esses políticos não podem nos ajudar. Eles aprovaram o pacote de austeridade e o fundo de resgate. Estamos virando nossas costas para eles — disse Dina Bitsi, de 58 anos, uma pensionista que tem dois filhos desempregados.
Os dois maiores partidos gregos, o socialista Pasok e o conservador Nova Democracia, governam a Grécia por décadas, mas a expectativa é que sofram para ganhar apoio para renovar a coalizão a favor do pacote de resgate. Os líderes europeus têm afirmado que se o país não persistir nas reformas estabelecidas como exigências para a liberação dos 130 bilhões em ajuda pode ser forçado a abandonar o euro. A maioria dos gregos quer manter a moeda única, apesar de se opor às medidas de austeridade fiscal.
— Queremos permanecer na União Europeia e no euro. Sabemos que há uma crise, mas é inaceitável que mesmo agora os ricos fiquem mais ricos e os pobres, mais pobres — apontou Bitsi.
