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A entidade dos maiores bancos do mundo começou a rever sua avaliação sobre um eventual governo da candidata petista Dilma Rousseff à Presidência. Acredita que Henrique Meirelles continuará no Banco Central e que Luciano Coutinho será nomeado ministro da Fazenda.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF) manifesta algumas “preocupações de médio prazo”, mas num tom bem diferente de junho, quando seu economista-chefe para a América Latina, Frederick Jaspersen, disse numa apresentação a 500 banqueiros, no encontro anual da entidade em Viena (Áustria), que uma vitória provável de Dilma trazia maior risco de “derrapagem macroeconômica” no Brasil, na comparação com José Serra (PSDB).

A avaliação era de que a vitória da candidata do PT resultaria em “maior papel do Estado, marco regulatório mais influenciado por pressões políticas, maior risco de derrapagem macroeconômica, pouco progresso nas reformas estruturais e alcance limitado para aumentar o crescimento potencial da economia”.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que participava do encontro, reagiu irritado e taxou a avaliação de “tendenciosa e enviezada”. Dias depois, a candidata qualificou o texto do IIF de “superficial e leviano”.

Este mês, o IIF despachou uma missão ao Brasil e acaba de enviar a seus 400 associados, que são os peso-pesados das finanças internacionais, uma “nota de viagem” de três páginas, assinada pelo mesmo Jaspersen.

A “nota”, ao qual o Valor teve acesso, desta vez ignora Serra completamente, se concentra em Dilma, mas evita menção direta ao desempenho da eventual futura presidente e atribui boa parte de antigas opiniões a “analistas” no país.

Diz constatar que Dilma está a caminho de ganhar a eleição presidencial no primeiro turno “com ampla margem de apoio”. E relata ter ouvido entre analistas que, com Antonio Palocci assessorando Dilma, haverá “algum ajustamento fiscal em 2011 similar ao que foi introduzido no primeiro ano da administração Lula”.

Acha que não se deve excluir que Dilma tentará estimular o sentimento do mercado no começo de 2011 anunciando planos para reformar a Previdência Social e o sistema tributário. Mas avisa logo que haverá “pouca mudança” no “mix” da política econômica “no médio prazo”: uma “‘política de expansão fiscal/quase fiscal apoiada na política monetária para manter a inflação sob controle”.

“Acreditamos que Henrique Meirelles permanecerá no Banco Central e Luciano Coutinho será o proximo ministro da Fazenda”, diz o documento do IIF, como para reforçar a avaliação que toma distância do “risco de derrapagem” mencionado em junho.

Diz que qualquer enfraquecimento do “mix” de política fiscal e monetária, se ocorrer, “pouco provavelmente afetará o mercado, já que o Brasil continuará a ser visto como atrativo comparado a outros emergentes e países desenvolvidos por mais tempo”.

É mais direto na opinião de que, com a economia crescendo acima da tendência (7% a 8% este ano), “o incentivo politico para reformas estruturais (trabalho, aposentadoria, fiscal) é baixo”.

O cenário desenhado é de “alta possibilidade de que a inflação vai aumentar e o endurecimento monetário será retomado” em 2011. O novo governo poderá receber o déficit em conta corrente na faixa de 2,5% do PIB, mas acha que isso será coberto pelo fluxo de capital externo.

A entidade dos bancos prevê que as reservas internacionais continuarão a crescer e o real permanecerá forte. Estima que, se a valorização do real continuar e a cotação do dólar ficar abaixo de R$ 1,70, a compra de dólares pela autoridade monetária no mercado spot poderá ser acompanhada por controle “adicional” na entrada de capital e/ou emissões de “swaps reversos” no mercado futuro.

Relata ainda “opinião de analistas”, que era a sua em junho, de que Dilma vai se apoiar mais fortemente nas empresas estatais do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O IIF termina apontando “risco” de “passivo fiscal significativo” nas contas do setor público na medida em que o governo assumirá “risco financeiro adicional” com papel mais proeminente nos investimentos de infraestrutura para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e Olimpíada de 2016 no país. Pede transparência e manutenção do rigor nas contas públicas.