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Planalto avisa a ministros sob suspeita que eles precisam se antecipar às convocações da oposição para poupar a presidente

Por orientação da presidente Dilma Rousseff, o vice-líder do governo na Câmara, Odair Cunha (PT-MG), levou aos partidos oposicionistas a proposta de que todos os ministros envolvidos em denúncias vão à Casa prestar esclarecimentos sem precisarem de requerimentos de convocação. O acordo, anunciado na reunião de líderes partidários, teve a chancela do presidente da Câmara, Marco Maia (PT -RS).

Na segunda-feira, Dilma avisará os aliados que as denúncias de corrupção nos ministérios comandados pela base terão de ser tratadas no Congresso. É a nova estratégia para tirar do colo da presidente a necessidade responder cotidianamente por irregularidades no governo e reservar a Dilma uma agenda positiva.

Na nova estratégia palaciana, o PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, tomou a dianteira e montou sua rede de proteção. O ministro Wagner Rossi comparecerá hoje à Comissão de Agricultura da Câmara para prestar esclarecimentos sobre a denúncia feita por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de que há um esquema de corrupção na pasta. Outra audiência nos mesmos moldes deve ocorrer nas próximas semanas no Senado.

A tática peemedebista foi acertada em reunião entre Temer e caciques do partido. O PMDB quer mostrar união em defesa da legenda e rebater logo as suspeitas de corrupção, para evitar uma “faxina” nos moldes da ação em curso no Ministério dos Transportes.

Os convites aos ministros devem ser aprovados nas comissões na Câmara ainda hoje. Além de Rossi, devem ser agendados depoimentos de Paulo Sérgio Passos (Transportes), Edison Lobão (Minas e Energia), Mario Negromonte (Cidades), Izabela Teixeira (Meio Ambiente) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário). Os dois últimos foram citados em reportagem sobre suposto acerto entre o Ibama e o Incra para ocupação de áreas protegidas por construções milionárias.

Protelação. “O governo percebeu que a protelação é mais desgastante do que eventuais escorregadas dos ministros nos depoimentos”, disse o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). Marco Maia avaliou que os ministros já estão dando entrevistas sobre as acusações e que não há motivo para não comparecerem. “É uma medida inteligente e mostra respeito ao Parlamento.”

Na bancada do PP, há um clima de desconfiança de que o governo estaria por trás das acusações envolvendo o Ministério das Cidades. “Esperamos que não seja um bombardeio do próprio governo contra o PP, que não seja fogo amigo”, disse um integrante do partido.

Nesse clima, o líder da bancada, Nelson Meurer (PR), chegou a cobrar do governo que assumisse a defesa da pasta na reunião de ontem entre líderes da base e a ministra Ideli Salvatti. Apesar do apelo, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), descartou a iniciativa.