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Maioria das companhias do Paraná prevê crescimento do PIB e planeja manter ou elevar investimentos. Mas o otimismo diminuiu em relação aos anos anteriores

Os empresários estão menos otimistas em relação ao desempenho da economia para 2012. Sondagem realizada pela Paraná Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo revela que 59% das companhias acreditam que a crise econômica internacional vai afetar seus negócios no próximo ano.

Nesta edição, o porcentual de empresários que preveem crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também caiu em relação às sondagens anteriores. Das 76 empresas de grande porte ouvidas pela Paraná Pesquisas, 68% projetam crescimento econômico para o Brasil em 2012.

Embora maioria, o número é menor do que o registrado nas edições anteriores da sondagem – 77% previam crescimento para 2011 e 96% para 2010. Vale lembrar que em 2009 a economia registrou recessão, o que ajuda a explicar o otimismo recorde para o ano seguinte. “A pesquisa mostra o pior resultado dos últimos três anos. Os números ainda são bons, mas pode-se dizer que a luz amarela começa a aparecer. O empresariado está mais cauteloso”, afirma Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, diretor da Paraná Pesquisas.

Pela primeira vez em três anos, uma parcela do empresariado prevê recessão para 2012. Ao todo, 4% projetam que a economia pode encolher no próximo ano. A maior parte das empresas, no entanto, prevê um crescimento do PIB de 3% a 4%, mas cresceu o porcentual dos que acham que a economia vai crescer até 2% e caiu o dos que preveem crescimento de 5%.

Para a maioria dos empresários, ainda não estão bem claros os possíveis desdobramentos da crise nos seus negócios, embora a maioria acredite que será, de alguma forma, afetada por ela. A crise global anterior, que surgiu em setembro de 2008, secou o crédito para investimentos em um primeiro momento e mexeu com a cotação do dólar e com a demanda internacional, com reflexos também nas exportações.

Investimentos

Apesar de estarem em alerta, 73% dos empresários dizem que vão manter ou aumentar os investimentos em 2012. No entanto, subiu o porcentual dos que vão cortar recursos no próximo ano – de 8% para 18%.

“Há um sinal claro de que a crise, que se fortaleceu na Europa nos últimos meses, não é tão passageira assim. Esse sinal está sendo dado também pelo governo, que vem reduzindo a taxa de juros porque entende que a economia brasileira deve crescer menos e ser mais afetada desta vez”, afirma Christian Luiz da Silva, professor de Economia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Segundo ele, setores que têm maior ociosidade nas linhas de produção tendem a postergar investimentos.

Apesar das projeções mais pessimistas para 2012, a boa notícia é que as empresas não preveem grandes alterações para o cenário de emprego. Cerca de 37% vão contratar mais no próximo ano e 55% planejam manter o mesmo número de trabalhadores, pouco abaixo do porcentual verificado na pesquisa anterior (58%).

De maneira geral, as empresas já entraram no segundo semestre com uma perspectiva de menor ritmo para a economia. A indústria tem apresentado uma desaceleração nas vendas em relação ao ano passado, lembra o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo. “As empresas estão mais cautelosas, mas o Brasil permanece como foco atrativo de investimentos no médio prazo”, diz.

Dificuldades

Câmbio é principal preocupação

A sondagem da Paraná Pesquisas mostra que câmbio, falta de mão de obra qualificada, carga tributária, retração de mercado, crise internacional e crédito são principais problemas das empresas neste momento. O dólar permanece como a principal fonte de preocupação dos empresários, principalmente aqueles que são afetados pela concorrência com produtos importados ou que são exportadores.

A Brafer Construções Metálicas, de Araucária (região metropolitana de Curitiba), viu dobrar a entrada de produtos de concorrentes asiáticos no Brasil. “Os preços dos produtos asiáticos chegam extremamente baixos aqui. Uma estrutura fabricada na China consegue chegar a Recife custando menos que uma montada em Curitiba. É uma concorrência muito pesada. As grandes multinacionais do setor estão com o olho grande sobre o Brasil”, afirma Luiz Carlos Caggiano, vice-presidente da empresa.

Mesmo assim, a empresa aposta que as obras de infraestrutura garantirão a demanda por seus produtos nos próximos anos.

“Estimamos que em 2012 o crescimento da economia será menor do que em 2011. Mas, mesmo assim, esse mercado deve gerar muitos negócios no futuro, quando as obras de infraestrutura começarem a sair”, acrescenta Caggiano, ao citar o plano de investimentos total de R$ 152 milhões da Brafer, que contempla a ampliação da fábrica no Rio de Janeiro (R$ 40 milhões), a construção de uma nova unidade em Juiz de Fora (MG), com R$ 87 milhões, e uma nova linha de galvanização a fogo, por R$ 25 milhões, em Araucária. Os aportes, que estão em curso desde 2010, devem ser concluídos em 2013, com o início da nova linha de galvanização.

Para as empresas de varejo, crédito e emprego serão decisivos na manutenção das vendas. “A economia brasileira vai continuar forte, com a migração e aumento do poder aquisitivo das classes sociais, só que num ritmo menor que o dos últimos dois anos. Os investimentos para a Copa e Olimpíada também vão ajudar as vendas em 2012”, diz Antonio Roberto Gazin, diretor comercial da rede de lojas Gazin, que tem 168 unidades e fatura R$ 1,7 bilhão por ano. O executivo diz acreditar que a oferta e a liberação de crédito será muito mais criteriosa no ano que vem. “No nosso caso, onde temos carteira própria, esse controle e cuidado serão redobrados”, afirma.