NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Setor é um dos pilares da coalizão petista e prefere reclamar sem sair de dentro do condomínio situacionista

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Visto de perto, o governo Dilma parece menos sindicalista que o de Lula – a começar, é óbvio, pela Presidência, mas não só.
Líderes formados nas disputas salariais estão menos presentes nos escalões superiores da máquina administrativa; as corporações têm menor intimidade com o Palácio do Planalto; a retórica oficial não é mais palanqueira e mobilizadora.

As tensões também se elevaram com a perspectiva do fim da era das vacas gordas do crescimento da economia e da arrecadação de impostos, que ressuscitaram a defesa da austeridade fiscal.

Uma observação mais distanciada, porém, não mostra contrastes tão nítidos.

Com crise e tudo, as centrais mantiveram seus acordos para os reajustes do salário mínimo e da tabela do Imposto de Renda. Como bônus extra, têm mais motivos do que antes para gostar da política do Banco Central.

O sindicalismo é um dos pilares da governabilidade petista, como o aumento dos gastos sociais ou a distribuição de cargos aos partidos aliados. Entre um resmungo e outro, os sindicatos são mais governo que o também queixoso PMDB.

O segundo, afinal, nunca teve pruridos ideológicos ou estratégicos para se associar às mais diferentes forças; para a maior parte dos primeiros, a alternativa é a volta à oposição sem trégua – e sem verbas e gabinetes.

PÃO E ÁGUA

Justamente pela fidelidade imposta pelo parentesco com o partido e o governo, o atendimento de suas demandas mais particulares pode se tornar menos urgente em momentos de escassez.

Que o diga Lula: nos dois primeiros anos de governo, tratou a pão e água as reivindicações do funcionalismo e também levou adiante uma reforma das aposentadorias do setor público para agradar ao mercado financeiro.

Depois, quando a política exigiu, e a economia permitiu, os sindicatos deram apoio decisivo ao Planalto durante o escândalo do mensalão e os servidores federais ganharam reajustes generalizados.

Dilma, muito possivelmente, terá de ser mais parcimoniosa que o antecessor na distribuição das benesses -o que estimula o rigor no trato dos pleitos, especialmente de categorias menos amistosas, como técnicos administrativos das universidades.

Os sindicalistas disputam seu lugar na fila, mas do lado de dentro do condomínio situacionista.

Reclamando, como manda a descrição do cargo, mas ao abrigo das intempéries da independência.