As mortes por doenças e por acidentes relacionados ao trabalho cresceram no mundo de 2,31 milhões, em 2003, para 2,34 milhões, em 2008. Em média, foram registrados, durante o período, 6,3 mil óbitos diários ligados ao trabalho. Os dados fazem parte do relatório “Tendências Mundiais e Desafios da Saúde e Segurança Ocupacionais”, discutido no 19º Congresso Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho, promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Istambul, na Turquia.
O documento diz ainda que mais de 900 mil pessoas perderam suas vidas por exposição a substâncias perigosas no trabalho, em 2008. Trata-se de um índice bem superior aos 651 mil mortos pelo mesmo motivo, em 2003.
O 19º Congresso sobre Segurança e Saúde no Trabalho, que começou no último domingo (11) e se encerrará nesta quinta-feira (15), reuniu durante cinco dias mais de três mil autoridades executivas, especialistas, dirigentes de indústrias e sindicalistas provenientes de mais de 100 países, para discutir o compromisso global em favor de uma cultura de segurança e saúde no trabalho em meio aos desafios gerados pela incerteza econômica em nível internacional.
A conferência discutiu os avanços sobre o que foi estabelecido na Declaração de Seul sobre Segurança e Saúde no Trabalho, no Congresso anterior, em junho de 2008, antes da eclosão da crise econômica e de emprego em nível mundial. E também estabelecerá as diretrizes e prioridades da próxima reunião mundial em 2014.
A Declaração de Seul estabelece pela primeira vez que o direito a um ambiente seguro e saudável deveria ser reconhecido como um direito humano.
Ponta do iceberg
Os números do relatório discutido no evento representam apenas a ponta do iceberg. Em sua declaração por ocasião do Dia Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho, o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia, assinalou que “os acontecimentos dramáticos como o acidente nuclear em Fukushima, Japão, neste ano; o acidente no rio Pike na Nova Zelândia no ano passado, foram as notícias mais importantes. No entanto, a maioria das lesões, enfermidades e mortes relacionadas com o trabalho passam despercebidas e não se informa sobre elas. Os trabalhadores e suas famílias ficam desprotegidos e sem ajuda para fazer frente a estas situações”.
O relatório afirma que “a recessão mundial deve ter tido um impacto significativo sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores e sobre suas condições de trabalho. Embora seja cedo para falar sobre os efeitos a longo prazo nas taxas de acidentes e enfermidades em nível mundial”.
E aponta que “o incremento da intensidade do trabalho vinculado às pressões relativas ao rendimento das empresas podem levar a que se dedique menos tempo à prevenção e a sistemas menos eficazes na gestão da segurança e saúde do trabalhador”, sustenta o relatório.
O relatório mostra ainda que os fatores psicológicos, como a tensão, o assédio e a violência no trabalho têm um impacto relevante sobre a saúde dos trabalhadores e acrescenta que “estes fatores tendem a ser mais significativos à medida em que o trabalho se torna mais precário para alguns e as cargas e horas de trabalho aumentam para os que permanecem nos postos de trabalho”.
De acordo com o relatório ainda, foram obtidos progressos significativos na segurança e saúde no trabalho durante as últimas décadas. Em muitos países existe uma maior compreensão da necessidade de prevenir acidentes e deficiências na saúde no trabalho.
Existe também uma tomada de consciência cada vez maior dos graves problemas que as condições inseguras e insalubres no local de trabalho causam à saúde e bem-estar de mulheres e homens, além de seus efeitos negativos sobre a produtividade, o emprego e a economia em geral. (Fonte: Portal Vermelho, com OIT)