por master | 02/05/12 | Ultimas Notícias
O alto índice de importação no País, favorecido pelo dólar baixo, na casa de R$ 1,89, prejudica a competitividade das indústrias brasileiras, que perdem mercado frente aos produtos similares de outros países, vendidos a um custo menor. Com isso a produção nacional diminui e, consequentemente, se reduz também a necessidade de mão de obra.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, apenas 263 jovens foram admitidos para ocupar o primeiro emprego na indústria metalúrgica da região, um dos segmentos mais fortes da economia do Grande ABC. O volume de contratações foi 34% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.
O MTE informou que os dados do primeiro emprego se referem aos aprendizes, que podem ter até 24 anos. E muitos deles já tiveram outros empregos e, mesmo em tempos de desindustrialização, buscam formação para entrarem no setor.
Dados do ministério apontam, ainda, que no primeiro bimestre a indústria acumulou saldo negativo de 1.573 postos de trabalho, considerando todos os perfis de trabalhadores, enquanto que em janeiro e fevereiro do ano passado, o montante era de 2.079. O resultado representa retração de 175%.
A queda reflete a postura que a indústria vem seguindo constantemente. A ordem é buscar menor custo e maior eficiência. Agora é obrigação diminuir os gastos e produzir o máximo com maior qualidade para enfrentar o cenário de desindustrialização. E os jovens à procura do primeiro emprego na área acabam enfrentando as barreiras da baixa qualificação para responder aos anseios do setor.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, a redução nas admissões de primeiro emprego foi uma surpresa. “Não tinha conhecimento sobre esses dados”, afirmou.
No entanto, ele destacou que o sindicato tem parceria com o Instituto GM em cursos técnicos, que são oferecidos, em maioria, para os filhos e parentes dos associados. “De 2002 até agora, já formamos 5.000 alunos. Posso lhe assegurar que 30% estão no mercado de metalurgia”, disse Cidão.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino Martinha também se mostrou surpreso com o baixo volume de contratação de primeiro emprego. Mas destacou que a entidade faz parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para oferecer aos associados e seus parentes cursos de aprendizarem e técnicos, o que eleva as chances de aceitação nas empresas.
O vice-diretor da Escola Senai A. Jacob Lafer, de Santo André, Sidnei Antonio Munhato, destacou que janeiro e fevereiro são meses de baixo índice de contratação nas empresas. Mas lembrou que a base está fortificada. Somente na unidade, 1.100 alunos cursam aulas de metalmecânica e eletroeletrônica. “E temos entre 75% e 80% deles empregados.”
É o caso de Felipe Bertoni de Oliveira, que já foi vendedor e fotógrafo e, aos 19 anos, cursa o primeiro semestre de mecânica de usinagem no Senai. “Gosto muito da área. De manhã trabalho como aprendiz. De tarde estou aqui no Senai. E, de noite, curso técnico em mecatrônica”, detalhou o estudante. Seu objetivo é se graduar em engenharia mecatrônica e atuar em grandes empresas.
Não muito diferente é o caso de Mariana Araújo Borburema, 18 anos. Uma entre poucas meninas que se interessam pela indústria metalúrgica, ela teve grande estímulo dos parentes, principalmente do seu pai, para que entrasse no curso de aprendizagem do Senai. Além de visualizar futura faculdade de mecatrônica, espera ser efetivada na empresa onde atua como aprendiz.
O Senai possui sete unidades no Grande ABC. Os cursos de aprendizagem são para jovens com idade mínima de 14 anos. As aulas técnicas são para quem está no 2° ano do Ensino Médio. Ambos são gratuitos. Para ingressar nas aulas, os interessados passam por processo seletivo.
por master | 02/05/12 | Ultimas Notícias
Presidente convocou aliados para reunião hoje no Planalto e pode abordar o tema
Alteração é condição para redução dos juros, mas possível desgaste faz aliados defenderem que ela adie medida
VALDO CRUZ
SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA
Dois dias depois de defender em cadeia nacional de TV a redução dos juros, a presidente Dilma Rousseff reúne hoje os líderes dos partidos governistas para discutir medidas econômicas que permitam baixar ainda mais as taxas bancárias e pode incluir na discussão mudanças na remuneração da caderneta de poupança.
Dilma definiu como estratégia de seu governo reduzir os juros reais da economia para no máximo 2% ao ano até o fim de seu mandato, meta que para ser atingida demanda alterações no rendimento da aplicação mais popular do país.
A medida, já tentada antes, tem caráter altamente polêmico, principalmente neste ano eleitoral.
Em pronunciamento de TV e rádio anteontem, Dilma acusou uma “lógica perversa” do setor financeiro e cobrou redução dos juros cobrados pelos bancos privados.
Segundo assessores, na reunião de hoje no Palácio do Planalto ela pretende “preparar o terreno” para tratar das mudanças na poupança.
Um assessor presidencial disse à Folha que ela quer discutir o assunto com seus aliados, mas ainda avaliava a viabilidade política, já que este é um ano eleitoral e o tema de “mudar a poupança” é visto com desconfiança.
Atualmente, os juros reais -taxa do Banco Central, descontada a inflação- no Brasil estão em 3,3% ao ano, nível mais baixo desde o início dos anos 90.
Apesar de próximo ao piso de 2% ao ano desejado por Dilma, as reduções a partir do patamar atual são mais difíceis por esbarrarem em problemas estruturais -um deles, a remuneração da caderneta de poupança.
Fixado em lei, o rendimento mínimo da poupança equivale à variação da TR (Taxa Referencial) mais 6,17% ao ano, funcionando como um piso para taxa de juros.
Se a taxa básica do BC, hoje em 9% ao ano, ficar próxima do rendimento da poupança, aplicações como fundo de investimento ficariam menos rentáveis que a caderneta porque pagam Imposto de Renda e taxa administrativa.
Isso provocaria fuga de recursos para a poupança, criando problemas para os bancos e dificuldades para o governo financiar sua dívida.
Alguns líderes governistas, porém, estão aconselhando Dilma a deixar a mudança para depois das eleições, o que pode fazê-la mudar de ideia e não apresentar o tema hoje.
Mas há um grupo dentro do governo e também no Congresso que defende que a presidente enfrente o tema já. Além de contar com a popularidade recorde de Dilma para esse período de governo, o Planalto discute fórmulas para evitar o desgaste político que aconteceu durante o governo Lula, que ensaiou mudanças na poupança.
Recuou diante dos ataques da oposição e porque o BC começou a subir os juros, tornando desnecessária a medida.
Agora, técnicos preparam o que está sendo chamado de uma “nova modalidade de poupança”, que seria vendida para a sociedade como um investimento que poderia até render mais do que a atual e abriria espaço para uma queda mais acentuada dos juros. Alguns nomes são citados por assessores, como “poupança flex” ou “poupança ouro”.
por master | 02/05/12 | Ultimas Notícias
Mesmo com a redução do ritmo de crescimento da economia, categorias profissionais com data-base para renovação de acordos e convenções coletivas nos primeiros quatro meses do ano estão conseguindo conquistar aumentos reais de salários que chegam a superar os níveis registrados em igual período de 2011.
Na Bahia, cerca de 35 mil operários da construção pesada e de infraestrutura e montagem industrial convenceram as construtoras a conceder aumento real de 4,77%, além da reposição da inflação, depois de 17 dias de greve. Em São Paulo, 42 mil químicos do setor farmacêutico fecharam acordo com os laboratórios que prevê aumento real de 2,41%, um ponto porcentual acima do índice conquistado no ano passado.
Para economistas, o cenário continua favorável aos aumentos, independentemente do agravamento da crise na zona do euro e da desaceleração da economia brasileira neste início de ano. Entre os pontos que facilitam o trabalho dos sindicatos em 2012 os analistas citam os índices de preços bem comportados até agora.
Em março, a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como parâmetro nas negociações entre empregados e patrões, estava em apenas 4,97%. Foi a menor variação de preços registrada para o período depois de março de 2007, quando ficou em 3,29%.
“Quanto mais baixa a inflação, mais fácil é a obtenção de aumento real de salário”, diz José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Na média, a inflação para as datas-base em 2012 vai girar em torno de 5%, abaixo do ano passado, quando foi superior a 5%, frisa Silvestre. A política de redução de juros adotada pelo Banco Central (BC) também é positiva, segundo o técnico.
Mas o BC ainda vê a força do mercado de trabalho como um risco importante à evolução dos preços. O que preocupa a autoridade monetária é o fato de que as negociações salariais atribuem peso excessivo à inflação passada, em detrimento da inflação futura, que está em processo de redução e tende a ser marcadamente menor do que a inflação passada. A demanda aquecida pelos aumentos reais de salários poderia exercer pressão de alta sobre os preços. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
por master | 02/05/12 | Ultimas Notícias
De dez anos para cá, os sindicatos representantes dos trabalhadores no Grande ABC destacam muitas conquistas, tanto no ganho real de salário, o que significa acima da inflação, como na redução de horas trabalhadas e na aquisição de benefícios. Fatores que contribuíram com o cenário foram a retomada do crescimento econômico, que permitiu a abertura de vagas, a melhora das condições de trabalho e a valorização do salário-mínimo.
Nos anos 1990, com a implantação do Plano Real, em 1994, e a abertura do mercado para outros países, no fim da década, a entrada de itens importados se intensificou.
Além disso, as taxas de juros e os impostos eram exorbitantes. No início dos anos 2000 os juros chegavam a 19% ao ano – hoje, está em 9% ao ano – e a carga tributária, que atualmente é de 35%, correspondia a 30% do PIB (Produto Interno Bruto). Por conta da concorrência, muitas indústrias enxugaram seu quadro de funcionários, algumas fecharam as portas e outras deixaram a região. Elas buscaram terrenos maiores, mais baratos, e mão de obra a preços mais acessíveis. Poucas, no entanto, permaneceram e expandiram as atividades.
De fato, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage, relembra a expressiva perda de empregos e, na década seguinte, a retomada. “De 1994 a 2002 os trabalhadores dos segmentos plástico, químico, tintas, farmacêutico e explosivos do Grande ABC, que somavam 40 mil, foram reduzidos para 25 mil. Mas nos últimos dez anos, conseguimos recuperar as perdas e, ainda, gerar 20% de ganho salarial.” Hoje, o salário médio gira em torno de R$ 1.500.
Outra grande conquista destacada por Lage é a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, obtida há quatro anos. “Há dois anos também conseguimos fazer com que o funcionário doente tenha acesso a medicamentos com desconto”, ressalta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, de 2002 para cá o total de funcionários em sua base, que compreende São Bernardo e Diadema, saltou de 76 mil para 107 mil pessoas. Do total, 80% são sindicalizados. “Há dois anos conseguimos dar ao trabalhador o direito de vir ao sindicato, uma vez no ano, com o dia pago, para conhecer como ele funciona, tirar dúvidas sobre a convenção coletiva e almoçar conosco”, conta. “Vamos construir, ainda neste ano, um centro para receber cerca de 600 pessoas por dia.”
Para o presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, no ano passado o anúncio da criação do terceiro turno da General Motors foi excelente notícia. “Desde 2008 negociávamos a injeção de investimentos. Com o aporte de US$ 3,3 bilhões foram empregadas 1.600 pessoas e garantimos a manutenção do emprego por pelo menos mais cinco anos.”
Cidão ressalta também que a estabilidade econômica ao longo de dez anos, à exceção do período da crise, aumentou o salário médio da categoria de R$ 2.200 para R$ 3.200; reajuste de 45%.
Na avaliação do secretário- geral do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil) de São Bernardo – que representa também Diadema- Cláudio Bernardo da Silva, o fato de os contratantes terem de oferecer dois jogos de uniforme, e não somente um, além do café da tarde, a partir das 15h, foram dois avanços importantes. “Algumas pessoas moram muito longe do trabalho, pois saem às 17h e só chegam à 20h. Por isso conseguimos o reforço alimentar. Além disso, quem está alojado tem direito a janta.”
Poder escolher entre almoço ou cesta básica (que evoluiu de 30 quilos para 36 quilos nos últimos três anos) e que de dois anos para cá, tem de ser entregue na casa do trabalhador, também foi outra conquista. Há três anos conseguiram receber gratuitamente protetor solar.
O Sindicato dos Bancários do ABC ressalta que também foi proibida a exposição de funcionários no ranking de vendas nas agências. Os profissionais que conseguiam comercializar mais produtos bancários no mês (como títulos de capitalização, seguros de vida, casa e carro, empréstimos e previdência privada) lideravam a lista.
Além disso, o número de profissionais na categoria avançou de 6.700 para 7.400 neste ano, em relação ao ano passado. E o salário aumentou de R$ 3.158 para R$ 3.406.
Metalúrgicos de Sto.André não tiveram reajuste
Os metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm hoje o mesmo salário médio de dez anos atrás. Essa é a conclusão do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino Martinha.
“A mensalidade do associado é de 1,5% do salário bruto. Em janeiro de 2002, o desconto médio era de R$ 28,50 e, em janeiro deste ano, R$ 29”, conta. “Ou seja, o valor permaneceu praticamente o mesmo.”
O rendimento dos trabalhadores, atualmente, gira em torno de R$ 1.700. E, embora tenha havido reajustes reais de salário, ou seja, ganhos acima da inflação nos últimos anos, o problema está nas novas contratações. “As empresas foram demitindo os trabalhadores com salários mais altos e contratando outros para ganhar o piso”, conta Martinha.
De fato, principalmente após a crise econômica, houve retomada na geração de empregos, porém, com remuneração inferior para desempenhar o mesmo cargo.
por master | 02/05/12 | Ultimas Notícias
Queda de juros é tratada de forma estratégica pelo Planalto, que enxerga paralelo com o plano de estabilização da economia
Meta de baixar taxa real para 2% ao ano vem da época em que presidente chefiava a Casa Civil do governo Lula
DE BRASÍLIA
A derrubada dos juros para o que sua equipe chama de “patamares de Primeiro Mundo” era um desejo da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Segundo pessoas próximas, é agora a obsessão da presidente.
O tema é tratado estrategicamente. O marqueteiro da campanha de Dilma, João Santana, foi o responsável pelo duro pronunciamento contra os juros dos bancos privados anteontem.
Apesar do embate público -o de maior intensidade entre um presidente e bancos na história recente-, na equipe econômica a meta é vista como o “Plano Real” de Dilma, numa referência ao programa de estabilização da economia adotado no governo Itamar Franco que elegeu Fernando Henrique Cardoso, seu idealizador, presidente.
A pedido de Dilma, técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central fecharam com o ministro Guido Mantega na quinta o cardápio de propostas para mudar o rendimento da poupança, parte da estratégia para a redução dos juros.
A meta dilmista é de juros reais na casa dos 2%. Nos EUA, a taxa real é negativa.
Nas palavras de um técnico do governo, agora a decisão sobre a melhor alternativa e quando será encaminhada está com a presidente.
Por determinação dela, a discussão sobre a rentabilidade da poupança dominou os trabalhos na equipe econômica nos últimos dias.
No ano passado, quando o presidente do BC, Alexandre Tombini, traçou um cenário de queda de juros que se prolongaria até 2012, Dilma montou a estratégia de forçar os bancos privados a também reduzir suas taxas.
Nas últimas semanas, bancos públicos como Banco do Brasil e Caixa baixaram várias taxas, como as do cheque especial, levando a um movimento semelhante no mercado privado.
Na semana passada, ela comemorou com aliados o resultado de sua estratégia e prometeu intensificar a pressão sobre os banqueiros -o que acabou sendo feito no pronunciamento de 1º de Maio.
Entre as propostas fechadas pela equipe econômica, uma delas prevê que a caderneta de poupança passe a ser corrigida com base num percentual da taxa Selic, que poderá ser de 80%.
Considerada por alguns técnicos como uma alternativa simples e de fácil compreensão pela sociedade, essa proposta poderia ser introduzida por meio de uma medida provisória ou com o apoio do governo a um projeto já apresentado pelo deputado Sibá Machado (PT-AC).
A ideia é que a mudança passe a valer apenas para as novas contas de poupança e que tenham saldo acima de determinado valor, a ser fixado entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Outra proposta prevê a extinção da TR e do juro fixo de 6,17% ao ano e a criação de diferentes faixas de remuneração, podendo chegar a nove, dependendo da Selic.
Há ainda quem defenda a alternativa colocada durante o governo Lula de passar a cobrar Imposto de Renda nas cadernetas com saldo acima de R$ 50 mil.