A agência do banco Santander, localizada no Paço Municipal de São Bernardo, não pode mais abrir aos sábados, de acordo com decisão judicial da 4ª Vara do Trabalho do município.
O Sindicato dos Bancários do ABC ganhou, nesta semana, ação trabalhista contra a instituição financeira, ao argumentar no processo que o banco infringia o artigo 224 da Consolidação das Leis Trabalhistas, que proíbe bancários trabalhar aos sábados.
A entidade alega ainda que o Santander também estava desrespeitando acordo coletivo de trabalho, por obrigar os funcionários a uma jornada que ultrapassava 30 horas semanais, sem possibilidade de folgar outro dia da semana.
A luta da categoria teve início há um ano, quando foi dada entrada na ação judicial. Além de buscar o caminho da Justiça, os dirigentes sindicais fizeram contato com a Prefeitura de São Bernardo para que rompesse o convênio com o banco, já que o posto bancário abria aos sábados para atender exclusivamente os moradores do município que utilizavam a Rede Fácil, que integra serviços da administração municipal.
Outra iniciativa para pressionar o Santander foram manifestações realizados aos sábados que impediram a abertura do posto durante vários meses. “Essa é uma vitória dos bancários, que unidos com o sindicato conseguiram garantir os seus direitos”, afirmou o secretário-geral da entidade, Eric Nilson.
A decisão, da juíza Maria Cristina Xavier Ramos Di Lascio, saiu na terça-feira e a entrega do mandado de segurança deve ocorrer nos próximos dias.
O Diário procurou a Prefeitura, que preferiu não se pronunciar sobre a questão. Por sua vez, o Santander disse que não comenta assuntos sub judice (ou seja, que estão sob o exame da Justiça). Ainda cabe recurso da instituição.
PRECEDENTE – Nilson assinala que esse era o único caso na região em que havia trabalho da categoria aos sábados. Ele acrescenta que a conquista é importante para evitar que a prática se tornasse um precedente e fosse adotada por outras instituições financeiras.
Paralisação dos trabalhadores entra no décimo dia
A mobilização do Sindicato dos Bancários do ABC para pressionar os bancos a melhorar a proposta patronal de reajuste salarial entrou ontem no décimo dia de paralisação. A categoria reivindica 5% de aumento real mais a reposição da inflação, enquanto as instituições financeiras oferecem 0,5% de alta acima da taxa inflacionária.
A cada dia, as manifestações se concentram em locais diferentes da região e ontem foi a vez de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Entretanto, o número de agências paralisadas (130) e total de trabalhadores que cruzaram os braços (3.000) foram os mesmos do dia anterior, informou a entidade.
ROTATIVIDADE – Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos mostra que a alta rotatividade dos bancários tem reduzido a renda na categoria. A diferença entre a média dos salários de admitidos e desligados foi de 38,39% no primeiro semestre, muito superior à média da economia nacional, que foi de 6,06%. Enquanto a remuneração média dos demitidos foi de R$ 4.054,14, os contratados neste ano ganharam, em média, R$ 2.497,79.