Acusado de racismo e homofobia, deputado diz que seria reeleito hoje; estudantes protestam e pedem punição
BRASÍLIA. Acusado formalmente de racismo e homofobia em representações analisadas pela Corregedoria da Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) parece não se intimidar. Embora garanta não estar em campanha, já faz uma projeção sobre os votos que obteria em 2014, em razão da repercussão de suas polêmicas declarações:
– Não estou em campanha, mas, se a eleição fosse hoje, teria 500 mil votos. Tranquilo – disse Bolsonaro, reeleito para o sexto mandato, em 2010, com 120.646 votos.
Bolsonaro foi notificado ontem pela Corregedoria e tem cinco dias úteis para apresentar sua defesa, o que pretende fazer ainda hoje. Ele repetia que vai surpreender a todos com a relação de testemunhas que irá arrolar para se defender:
– Tenho uma bomba no final dessa história. Tenho que ter minha estratégia. É munição de grosso calibre para matar um pardal – disse ele, que nega ser racista e insiste em dizer que compreendeu mal a pergunta feita a ele, no programa “CQC”, por Preta Gil.
Preta Gil perguntou se ele aceitaria que um filho se casasse com um negro. Em resposta, Bolsonaro disse que não iria discutir promiscuidade.
Estudantes protestam contra Bolsonaro e pastor
Ontem, estudantes e representantes de movimentos sociais em defesa de direitos humanos, gays e negros protestaram contra Bolsonaro na Comissão de Direitos Humanos da Câmara e pediram sua punição. Com cartazes, nos quais Bolsonaro aparecia com um bigode similar ao do nazista Adolf Hitler, gritavam: “Fora Bolsonaro!”. O protesto incluiu o repúdio a mensagens postadas pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), também consideradas ofensivas à comunidade negra.
O presidente da Ubes, Yann Evanovick, disse que Bolsonaro cometeu um crime:
– A Câmara abriga um deputado que defende a ditadura, é preconceituoso e homofóbico. Não dá para falar o que quer. Algumas opiniões são crimes, e se ele cometeu crime, tem que ser punido.