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No dia seguinte ao confronto com policiais, categoria faz manifestação em frente à Assembleia Legislativa fluminense

A prisão de 439 bombeiros na manhã de sábado, após a invasão do quartel-general da corporação carioca na noite de sexta-feira, não inibiu o restante da categoria, que deu continuidade aos protestos por reajuste salarial. Acampados em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ontem, cerca de 300 pessoas cobravam a reabertura das negociações por aumento nos salários, melhores condições de trabalho e a libertação dos detidos. Hoje, a Associação dos Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros deve se reunir com representantes de outras entidades para avaliar os rumos do movimento. “Tivemos informações de que o novo comandante está disposto a nos receber”, destacou o presidente da entidade, Nilo Guerreiro. Segundo ele, os profissionais recebem cerca de R$ 950 por mês e querem que o valor suba para R$ 2 mil.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que demonstrou grande irritação com o incidente e substituiu o comandante da corporação, voltou a criticar os manifestantes por meio de uma nota oficial divulgada ontem. “Ninguém planeja levar marretas para ‘manifestações pacíficas’. E é incomensurável a gravidade de unir armas a crianças — expondo-as a todo tipo de risco — por parte daqueles que se apresentaram como líderes da manifestação.” Apesar da desaprovação, o comunicado sugere uma possibilidade de negociação: “Os milhares de bombeiros que orgulham o nosso estado e são leais à premissa do salvamento têm e merecem do governo do Rio de Janeiro o diálogo — sempre e reafirmadamente aberto —, no caso, por meio da Secretaria de Saúde e Defesa Civil e do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros”.

Segundo a Secretaria de Saúde e Defesa Civil, os 439 presos deixaram ontem a Corregedoria da Polícia Militar e seguiram de ônibus para a sede da Academia dos Bombeiros em Jurujuba, Niterói. Lá, foram acomodados com colchões e agasalhos em um ginásio. Uma mulher, quatro oficiais e cinco praças foram enviados a outras unidades.

Encontro
O titular da Secretaria de Saúde, Sérgio Cortês, voltou de uma viagem oficial aos Estados Unidos assim que soube do início dos transtornos causados pelo acirramento da manifestação. A primeira medida, ontem, foi encontrar o novo comandante do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, indicado para o lugar do coronel Pedro Machado. Os dois verificaram as instalações do quartel-general para avaliar os danos causados durante o incidente.

Os líderes da invasão podem ser condenados a até 12 anos de reclusão, de acordo com Código Penal Militar. No entanto, como cada caso será avaliado individualmente, ainda não é possível dizer quais punições serão aplicadas, como destacou a Secretaria de Segurança Pública do estado neste domingo.

Danos
De acordo com o Grupamento Operacional do Comando-Geral do Corpo de Bombeiros, a invasão ao quartel, no Centro da cidade, por cerca de 2 mil pessoas, entre integrantes da corporação e familiares, ocasionou diversos danos ao patrimônio público. Há vários sinais de arrombamento em portas e janelas, portões de ferro e vidros quebrados. Na área de convivência, a mesa de sinuca foi destruída, assim como cadeiras e uma geladeira. As viaturas tiveram ainda vidros danificados e pneus esvaziados ou perfurados por projéteis. O órgão ainda não informou o prejuízo financeiro causado pelos estragos, nem a previsão de conserto.