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País sobe apenas uma posição no Índice de Desenvolvimento Humano, alcançando o 84.º lugar, e mostra progresso mais lento que o de outros emergentes

O Brasil tem avançado em alguns pontos nas áreas de saúde, escolaridade e renda, mas a passos mais lentos do que outros emergentes, como Rússia, Índia e China. É o que mostra relatório divulgado ontem pela ONU sobre o Índice de Desenvolvimento Humano de 187 países.

O chamado IDH tenta medir e comparar o nível de desenvolvimento das nações com base em indicadores de expectativa de vida, escolaridade e renda per capita. O índice pode variar de 0 a 1 – quanto mais alto, maior o nível de desenvolvimento do país.

Em 2011, o IDH brasileiro atingiu 0,718, e o país avançou uma posição no ranking da ONU, para o 84º lugar. O resultado reflete expectativa de vida de 73,5 anos; 7,2 anos de estudo em média (para pessoas com 25 anos de idade); 13,8 anos de escolaridade esperados para os mais jovens e renda per capita anual de US$ 10.162 (ajustada pelo custo de vida).

Segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o IDH brasileiro cresceu a uma média anual de 0,69% de 2000 a 2011. O resultado está ligeiramente abaixo da expansão de 0,70% de países de desenvolvimento humano elevado, grupo ao qual pertence o Brasil. Esse desempenho relativo é, no entanto, inferior ao dos demais Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Os IDHs de Rússia, China e Índia subiram, na última década, a uma velocidade bem maior que a da média dos grupos dos quais fazem parte.

O relatório da ONU não detalha o período em questão, mas um dos fatores que pode ter influenciado na diferença entre ritmos é o crescimento econômico nos últimos 11 anos, bem menor no Brasil. “Esses países são os verdadeiros emergentes. O nível de água está subindo, mas eles sobem com velocidade ainda maior”, afirma o economista Marcelo Néri, da FGV-Rio.

Quanto maior o nível de desenvolvimento de um país, mais lento tende a ser o ritmo de avanço do seu IDH porque a base de comparação vai se tornando mais elevada.

Por isso o ideal é que as comparações sejam feitas entre países do mesmo grupo. As divisões são: muito elevado; elevado; médio e baixo.

Comparações

Rússia e Brasil fazem parte do grupo de nações de desenvolvimento humano elevado. Já China e Índia são de desenvolvimento médio.

Apesar do avanço recente, o nível de desenvolvimento do Brasil no ano passado é inferior ao que países avançados como Noruega, EUA e Japão apresentavam há 40 anos. Milorad Kovacevic, chefe de estatísticas do Relatório de Desenvolvimento Humano 2011, ressalta que “é mais difícil para países grandes como China e Brasil atingirem padrão de vida mais alto do que para países pequenos”.

Dez nações da América Latina (Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Panamá, Costa Rica, Venezuela, Peru e Equador) têm posições melhores que a do Brasil e indicadores de expectativa de vida e escolaridade mais altos.

O Brasil registra progresso nos dados de expectativa de vida, escolaridade média e renda. Já o número de anos esperados de estudo recua. Técnicos do PNUD não sabem dizer a causa da baixa expectativa de anos de estudo, mas pode estar associada à maior oferta de trabalhos que não exigem escolaridade avançada.

Alerta | Problemas ambientais ameaçam saúde e renda

As ameaças ambientais podem comprometer avanços no desenvolvimento humano nos próximos anos, e os principais prejudicados serão os países mais pobres do mundo. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que divulgou ontem o relatório Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos.

De acordo com o Pnud, os avanços em saúde e renda, que, junto com educação, compõem o IDH, poderão ser ameaçados pelas consequências das mudanças climáticas e da destruição ambiental. “Os bons resultados alcançados nas últimas décadas poderão ser revertidos se não levarmos em conta o desenvolvimento sustentável, compreender que a desigualdade afeta a degradação ambiental e vice-versa”, apontou o pesquisador do Relatório de Desenvolvimento 2011, Alan Fuchs.

Pelas projeções do Pnud, se o ritmo de evolução do IDH dos últimos 40 anos for mantido, em 2050 a grande maioria dos países terá índices considerados muito elevados. No entanto, essa trajetória pode ser comprometida pelos riscos ambientais, que foram divididos pelo Pnud em dois cenários: desafio e desastre ambiental.

Até 2050, sem os novos desafios ambientais, o IDH global seria 19% maior que o atual, com melhora principalmente nos índices de países em desenvolvimento. No cenário de desafio ambiental, que considera a poluição do ar e da água e os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura, o IDH global em 2050 seria 8% menor do que no cenário-base. Na hipótese de desastre ambiental, o IDH global seria 15% menor que o projetado para 2050 no cenário básico.

Folhapress