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A assistente administrativa Eneide Chaves Custódio, 49 anos, vem percebendo que roupas e brinquedos importados da China estão mais caros na prateleira. A consumidora confirma uma nova fonte de pressão sobre os preços: o Brasil está importando parte da inflação chinesa. “Os brinquedos estão bem mais caros do que em qualquer época, e as roupas estão custando mais também”, constata.

O comportamento da economia chinesa provoca um impacto direto e outro indireto nos preços do país, conforme explica o ex-secretário de Política Econômica Julio Gomes de Almeida. Por um lado, o apetite do gigante asiático por matérias primas pressiona a cotação de produtos como cobre e trigo. Esses itens, que o Brasil precisa importar, acabam chegando mais caros. Por outro, houve elevação de custos de produção na China, por causa de salários mais altos. E isso resulta em produtos mais caros.

“O salário na China está subindo e os custos estão aumentando”, diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “As empresas chinesas têm de repassar esses custos maiores, é possível que estejamos trazendo um pouco de inflação de lá para cá”, avalia. “Mesmo assim, o preço chinês ainda continua muito mais vantajoso em relação ao nacional”, acrescenta.

O principal fator de pressão sobre a inflação brasileira não é mais o preço de serviços, segundo dados do Banco Central. O valor cobrado por serviços, tais como manutenção de automóveis e cabeleireiros, subiu 9,03% nos 12 meses encerrados em setembro. Agora, a ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites – muitos deles trazidos da China –, que registraram alta de 9,25% no mesmo período.