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A elevação das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras já mostra seus efeitos. Conforme levantamento do Banco Inter, cerca de 15 mil postos de trabalho na indústria foram eliminados entre agosto e setembro de 2025, com destaque para o setor de refino de açúcar em São Paulo e a indústria moveleira de Santa Catarina.

O impacto, embora significativo, não configura uma crise generalizada, segundo o professor Marcelo Manzano, do Instituto de Economia da Unicamp e diretor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit). “Certamente, em algumas produções industriais mais específicas houve um impacto negativo no emprego, mas não é absolutamente nada tão grave. Não tem uma grande repercussão no mercado de trabalho nacional, nem na produção nacional”, avalia o economista.

Reação brasileira pode abrir novas frentes comerciais

Manzano destaca que o Brasil tem reagido com a abertura de novos mercados, o que pode transformar o revés em oportunidade. “Pode até vir a ser um fator favorável no médio e longo prazo. No primeiro momento, isso provoca um choque, mas as empresas e os países buscam reorientar suas estratégias comerciais, o que poderá facilitar a nossa produção no futuro”, projeta. Ele cita como exemplo a intensificação das relações comerciais com Canadá, México, Japão e Indonésia.

Na visão de Manzano, o peso do tarifaço tende a diminuir com o tempo. “O peso desse problema deve diminuir no futuro, não só porque o governo e as empresas estão reagindo, mas também porque a própria administração Trump dá sinais de querer rever essa estratégia de protecionismo tarifário”, aponta.

Indústria precisa de política estruturante e crédito acessível

O episódio, segundo Manzano, reforça a urgência de uma política macroeconômica voltada ao fortalecimento da indústria nacional. “O que a gente precisa é de uma política mais estrutural, capaz de fomentar inovações industriais e empresariais. Uma indústria que não depende de tarifas para ganhar competitividade, mas sim porque tem produtos inovadores e diferenciados dos concorrentes”, defende.

Ele também ressalta a importância de uma política de financiamento acessível. “Isso se faz, por exemplo, com bancos públicos fortalecidos, com taxas de juros mais baixas, o que depende de uma articulação com o Banco Central. São esses os componentes principais para dar melhores condições à indústria brasileira para enfrentar políticas desfavoráveis como essa do tarifaço, que em última instância prejudica ambos os lados”, conclui.

A experiência recente mostra que, apesar da vulnerabilidade diante de choques externos, o setor industrial brasileiro pode — e deve — aproveitar os desafios para acelerar sua modernização e garantir empregos mais resilientes diante das transformações do cenário global.

VERMELHO
https://vermelho.org.br/2025/11/04/tarifaco-dos-eua-elimina-15-mil-vagas-na-industria-de-acucar-e-moveis/