NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Em resposta às ameaças comerciais e pressões políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil decidiu reforçar sua atuação no Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sinalizando uma guinada diplomática voltada à diversificação de parcerias estratégicas. A decisão foi confirmada por Celso Amorim, assessor de Relações Exteriores do presidente Lula, em entrevista ao Financial Times publicada no domingo (27).

Segundo Amorim, os ataques de Trump “estão reforçando nossas relações com os Brics” — grupo que reúne, além daqueles cinco, mais seis países, incluindo Arábia Saudita e Irã —, que representa quase metade da população mundial e 40% do PIB (Produto Interno Bruto) global.

Amorim afirmou que o Brasil não pretende ficar à mercê de nenhuma nação, tampouco aceitar interferências em seus assuntos internos. “Nem a União Soviética teria feito algo assim”, disse, referindo-se à tentativa de Trump de influenciar o cenário político brasileiro em favor de seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O republicano anunciou, em 9 de julho, tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto. Trump justificou a medida citando o tratamento dado a Bolsonaro pela Justiça brasileira, a quem acusa de sofrer uma “caça às bruxas”. Lula respondeu classificando a ameaça como “chantagem inaceitável”.

“O que está acontecendo está reforçando nossas relações com os Brics, porque queremos diversificar nossas relações e não depender de nenhum país só”, disse Amorim, ressaltando que o Brasil também pretende fortalecer vínculos com países da Europa, Ásia e América do Sul.

Amorim diz que Brics não é bloco ideológico

Apesar das críticas ao unilateralismo dos EUA, Amorim afirmou que o Brics não é um bloco ideológico, mas sim um instrumento de apoio à ordem multilateral global. Ele também negou que a China — maior parceira comercial do Brasil — será a principal beneficiada pelas tarifas impostas pelos EUA.

O assessor reforçou que o Brasil pretende estreitar laços com a Europa, América do Sul e Ásia, e pediu à União Europeia que ratifique o acordo com o Mercosul.

Segundo ele, o Canadá também demonstrou interesse em negociar um tratado de livre comércio. “O último ano do governo Lula terá foco maior na integração da América do Sul”, afirmou.

Internamente, o governo brasileiro reconhece a dificuldade em abrir diálogo com Washington.

Lula, em evento recente, afirmou que Trump “foi induzido a acreditar numa mentira” sobre Bolsonaro e se colocou à disposição para negociar, destacando que escalou o vice-presidente Geraldo Alckmin como articulador.

Governadores de oposição, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr., criticaram a condução diplomática federal, especialmente as falas de Lula sobre “desdolarização” do comércio, consideradas contraproducentes.

A intensificação das tensões pode redesenhar a postura brasileira no comércio internacional, e o aprofundamento nos Brics surge como alternativa em um cenário de crescente confrontação geopolítica.

ICL NOTÍCIAS

https://iclnoticias.com.br/economia/brasil-reafirma-aposta-no-brics/