PREÇOS
Gastos com mensalidades, que subiram com força em 2011, perderam 40% do peso em nova fórmula para calcular o IPCA
As famílias brasileiras mudaram e, com elas, também vai mudar a fórmula de cálculo da inflação brasileira. A partir do próximo mês, o IPCA, índice que mede a inflação oficial do país, passa a ser medido com base em uma nova estrutura de pesos, o que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vai refletir melhor as mudanças nos hábitos da sociedade.
Produtos como o chuchu e serviços como o barbeiro, por exemplo, não serão mais levados em conta na hora de calcular a inflação do país. Por outro lado, o acesso à internet quase triplicou seu peso no índice ao passar de 0,1104 para 0,3177 na nova pesquisa. O salmão passa a ser levado em conta na cesta de alimentos.
A principal mudança está no grupo Educação – responsável por uma das maiores altas nos preços de serviços no IPCA em 2011 (8,09% nas mensalidades de colégios, acima da inflação de 6,5%, e a maior variação desde 2004) –, que passará a ter menos espaço no índice. Ele terá sua participação reduzida de 7,21% para 4,37% no índice de preços.
Segundo Irene Machado, técnica do IBGE, a redução ocorreu nos cursos regulares (ensino fundamental, médio, etc.), mas não ocorre nos chamados cursos técnicos. Eles mais que duplicaram seu peso no índice de preços, diz a técnica. Para a economista Tatiana Pinheiro, do Santander, a redução do peso do grupo Educação está relacionada às políticas públicas de transferência de renda dos últimos anos. “Houve toda uma política de incentivo para que as famílias colocassem as crianças em escolas para obter o benefício e então optou-se pela escola pública. Não acredito que seja o número de crianças em escolas privadas que tenha diminuído, mas a participação relativa da escola pública aumentou”, argumenta.
O Santander considera que a mudança na metodologia fará com que o IPCA em 2012 fique em 5,5%. A consultoria Tendências projeta alta de 5,45% no IPCA em 2012. A consultoria não revisou a projeção desde a divulgação dos números provisórios.
Itens obsoletos
Anteriormente, a pesquisa se baseava em outro padrão de consumo, estudado cinco anos antes, e que ainda levava em conta itens hoje não tão comuns nos lares – como a máquina de costura, o velho filme de máquina fotográfica e o flash descartável, que, para o instituto, já não afetam mais o bolso do consumidor.
Agora, a inflação passará a ser ponderada por uma cesta de consumo mais recente, que foi revelada na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009 e que já apontou a influência mais intensa da tecnologia no cotidiano das famílias brasileiras.
A alimentação fora de casa também perdeu peso. No entanto, a refeição fora de casa – em que o item mais forte é o almoço – teve participação ampliada de 4,65% para 4,80%. Os pequenos lanches, o cafezinho e o refrigerante perderam peso, puxando para baixo o item, segundo o IBGE. “Com o mercado de trabalho mais forte, o emprego em alta, as pessoas passaram a almoçar mais fora”, diz a técnica do IBGE.
