NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

A origem real de R$ 7,5 milhões arrecadados pela bancada do Paraná nunca será conhecida. O dinheiro foi doado pelos partidos, que podem ter recebido a verba de terceiros

De cada R$ 5 doados para as campanhas dos 30 deputados federais eleitos no Paraná, R$ 1 não teve a origem identificada. As chamadas “doações ocultas” foram feitas por diretórios partidários e comitês de campanha. Elas chegaram a R$ 7,3 milhões, ou seja, 20% do total de R$ 36,2 milhões arrecadados pelos eleitos.

Os recursos foram doados por pessoas ou empresas inicialmente para partidos e comitês, mas passaram por outros comitês até chegar aos candidatos. Nesse trajeto, podem ter percorrido até quatro intermediários. A manobra é legal, mas impede que os doadores sejam identificados.

A prática não é popular apenas entre os paranaenses. Dos R$ 318 milhões arrecadados por to­­dos os governadores eleitos, R$ 120 milhões (38%) foram por meio de doações ocultas. Em 2008, a ONG Contas Abertas, que fiscaliza o poder público, chegou a enviar um ofício ao TSE cobrando providências para garantir transparência à divulgação das doações, mas não houve uma solução efetiva.

Para o secretário-geral da ONG, Gil Castello Branco, há vários interessados em manter a situação como está. “A doação oculta atende o interesse do político, que não identifica o seu patrocinador, e o das empresas privadas, que não ficam com seus nomes atrelados aos políticos. Só não interessam ao eleitor, que tem o direito de saber de onde veio o financiamento das campanhas.”

Entre os deputados paranaenses, 18 receberam doações dos diretórios nacionais e estaduais dos partidos, que totalizaram R$ 6 milhões. O diretório nacional do PT doou para os cinco eleitos da legenda.

Secretário nacional de Co­­­municação do PT, André Vargas o petista eleito que mais recebeu verbas por meio desse tipo de financiamento eleitoral, com R$ 806 mil. Zeca Dirceu ficou com R$ 665 mil; Dr. Rosinha, R$ 102 mil; Assis do Couto, R$ 97 mil; e Angelo Vanhoni, R$ 63 mil.

Já o diretório nacional do PSDB só auxiliou Luiz Carlos Hauly, a quem destinou R$ 1,2 milhão. Além disso, o tucano recebeu R$ 100 mil do diretório estadual do partido. Hauly, que não irá para a Câmara porque será secretário da Fazenda no Paraná a partir do ano que vem, foi o paranaense que mais recebeu dinheiro dessa forma.

Os dois reeleitos pelo DEM também tiveram apoio do diretório nacional. Abelardo Lupion recebeu R$ 370 mil e o vice-presidente nacional da legenda, Eduardo Sciarra, R$ 260 mil. Fernando Giacobo, único eleito pelo PR, foi ajudado com R$ 500 mil pelo partido.

O comitê de campanha do governador Beto Richa (PSDB) doou R$ 200 mil para Dilceu Sperafico (PP) e R$ 17,5 mil para Rubens Bueno (PPS). Também há colaborações abaixo de R$ 10 mil feitas pelos comitês dos senadores eleitos Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB).

Autodoação

21% da verba saiu do bolso dos deputados

Dezessete dos 30 deputados federais eleitos pelo Paraná declararam à Justiça Eleitoral ter usado dinheiro do próprio bolso nas campanhas. O volume total de autodoações de pessoas físicas foi de R$ 7,5 milhões, o que corresponde a 21% do total de R$ 36,2 milhões arrecadados. O mais generoso com a própria campanha foi o novato Edmar Arruda (PSC), que doou a si próprio R$ 2,9 milhões do total de R$ 3,1 milhões arrecadados.

Já Alfredo Kaeffer (PSDB) doou para sua própria campanha R$ 1,4 milhão como pessoa física e outros R$ 2,7 milhões por meio de suas empresas. Depois dele aparece André Zacharow (PMDB), que empenhou R$ 484 mil do patrimônio pessoal para se eleger. Eles são seguidos no ranking por Moacir Micheletto (PMDB), com R$ 436 mil; e Dr. Rosinha (PT), com R$ 294 mil. (AG)

Ratinho foi bancado pelo pai e Arruda, pelo sogro

Doações em família impulsionaram as arrecadações dos deputados federais eleitos Ratinho Júnior (PSC) e João Arruda (PMDB, foto). O primeiro contou com doações que totalizaram R$ 988,5 mil do pai, o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o Ratinho. Já o peemedebista recebeu R$ 562 mil do sogro, o empresário Joel Malucelli.

Ratinho Júnior foi o mais votado no Paraná, com 357.815 votos. Sobrinho do ex-governador Roberto Requião (PMDB), Arruda ficou em sexto, com 124.750 votos. No total, Ratinho Júnior declarou ao TSE ter arrecadado R$ 2,387 milhões e Arruda, R$ 1,083 milhão. Do total de 53 doações individuais ao peemedebista, 11 foram de empresas ligadas ao grupo J. Malucelli e 18 de pessoas da família. (AG)

Campeão de gastos

Alfredo Kaefer teve a campanha mais cara

Pela segunda vez seguida, o deputado Alfredo Kaefer (PSDB, foto) teve a campanha mais cara entre os parlamentares federais eleitos pelo Paraná. O tucano declarou à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$ 4,2 milhões – R$ 1,14 milhão a mais do que o segundo no ranking, o novato Edmar Arruda (PSC). Em 2006, campanha de Kaefer custou R$ 2,95 milhões e foi a mais cara entre todos os 513 deputados federais do Brasil.

O deputado, que chega ao segundo mandato, diz não saber se o investimento valeu a pena. “Não vejo isso como uma questão financeira.” Mas ele concorda que as campanhas estão cada vez mais caras. “A solução seria adotarmos o voto distrital misto ou o voto em lista partidária.” (AG)

Fonte: Gazeta do Povo