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Correios deve pagar adicional de atividade a carteira afastada por doença de trabalho

Correios deve pagar adicional de atividade a carteira afastada por doença de trabalho

Trabalhista

A Justiça do Trabalho manteve o adicional de atividade para uma carteira que foi readaptada após afastamento das funções de distribuição e coleta de correspondências e encomendas em vias públicas pelos Correios.

Da Redação

O TRT da 2ª região, em decisão da 1ª turma, deu provimento a recurso ordinário interposto por uma carteira dos Correios, condenando a empresa ao pagamento do adicional de atividade de distribuição e coleta desde a sua supressão. Colegiado considerou que a supressão do adicional não pode ser considerada correta, uma vez que a readaptação funcional da reclamante se deu exclusivamente por motivo de doença ocupacional, não por vontade própria.

A reclamante, contratada para exercer a função de carteira, realizava atividades externas de distribuição e coleta de correspondências, o que lhe garantia o recebimento do AADC, correspondente a 30% do salário-base.

Em maio de 2022, após avaliação médica, a trabalhadora foi afastada das funções externas devido a uma doença ocupacional, que a levou à reabilitação profissional para atividades internas. A empresa, entretanto, suprimiu o adicional a partir de janeiro de 2023, sob a justificativa de que a reclamante não estava mais desempenhando as atividades externas que justificavam o pagamento do adicional.

A relatora do caso, desembargadora Eliane Aparecida da Silva Pedroso, destacou que a supressão do adicional não pode ser considerada correta, uma vez que a readaptação funcional da reclamante se deu exclusivamente por motivo de doença ocupacional, não por vontade própria. A decisão enfatizou que a Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso VI, veda a redução salarial, assegurando ao trabalhador a irredutibilidade dos vencimentos.

A relatora também mencionou a jurisprudência do TST, que reconhece o direito ao recebimento do AADC mesmo para empregados readaptados em razão de acidente de trabalho ou doença ocupacional.

Conforme a decisão, a readaptação funcional não deve resultar em prejuízo salarial ao trabalhador que, por motivos alheios à sua vontade, não pode continuar exercendo as atividades que anteriormente justificavam o recebimento do adicional.

O colegiado, por unanimidade, decidiu conhecer e dar provimento ao recurso ordinário da reclamante.

A empresa foi condenada a restabelecer o pagamento do AADC desde a sua supressão, abrangendo parcelas vencidas e vincendas, com reflexos em férias, 13º salário e depósitos do FGTS.

Processo: 1000422-32.2023.5.02.0434

Migalhas: https://www.migalhas.com.br/quentes/411866/correios-pagara-adicional-a-carteira-afastada-por-doenca-de-trabalho

Correios deve pagar adicional de atividade a carteira afastada por doença de trabalho

TRT-2 afasta justa causa de grávida que faltou durante tratamento psiquiátrico

PERSPECTIVA DE GÊNERO

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (Grande São Paulo e litoral paulista), em votação unânime, não reconheceu a justa causa aplicada a uma trabalhadora grávida com a alegação de desídia em razão de atrasos e ausências nos primeiros meses da gestação. A decisão manteve sentença de primeiro grau, que adotou o julgamento sob perspectiva de gênero, seguindo protocolo do Conselho Nacional de Justiça.

A empregada foi admitida em 3 de abril do ano passado no cargo de auxiliar administrativa em clínica de medicina do trabalho em Diadema (SP). No dia 26 do mesmo mês, exame ultrassom detectou a gravidez de 12 semanas. Em maio, a mulher recebeu três advertências por atrasos na batida do ponto.

Em junho, foi suspensa por dois dias com a justificativa de ato de indisciplina, porém a conduta penalizada não foi indicada no processo. No mesmo mês, faltou ao trabalho por quatro dias e, assim, foi dispensada por justa causa no dia 28 de junho.

Segundo o acórdão, o empregador sabia da gravidez, conforme admitido em audiência pelo sócio da clínica. A trabalhadora apresentou para a empresa, e no processo, atestados médicos emitidos no período laborado, onde constam sintomas como náuseas, vômitos e quadro de ansiedade generalizada.

Tratamento psiquiátrico

Os documentos mostram também que ela passou por tratamento psiquiátrico e psicoterápico em 2018 e 2020, chegando a ser internada. Já em junho de 2023, foi encaminhada para tratamento de pré-natal de alto risco após consulta psiquiátrica em razão de sintomas de angústia, instabilidade de humor e irritabilidade, sentidos mesmo com o uso de medicação.

Quanto aos atrasos no trabalho, a profissional alegou que ocorriam pela distância de sua residência, pelos enjoos sofridos, e que nunca ultrapassaram 20 minutos. A empresa faltou com prova documental e testemunhal no processo.

No acórdão, os magistrados entenderam que não houve adequada gradação das penas, “especialmente diante da condição particular da autora — gestante de alto risco e pessoa em tratamento psiquiátrico”.

Assim, a desembargadora Bianca Bastos, relatora do caso, confirmou a sentença que interpretou a tipificação da falta grave a partir da perspectiva de gênero.

“Especialmente para que, nas decisões do Poder Judiciário, não se reproduzam estereótipos estabelecendo uma igualdade substancial inexistente, decorrente de situações que são individualizadas diante de uma condição feminina”, afirmou ela.

Dessa forma, o colegiado afastou a justa causa, reconheceu a estabilidade provisória em razão da gravidez e deferiu a indenização equivalente ao período estabilitário. Com informações da assessoria de comunicação do TRT-2.

CONJUR

https://www.conjur.com.br/2024-jul-23/trt-2-afasta-justa-causa-de-gestante-que-faltou-durante-tratamento-psiquiatrico/

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Lei 14.831/2024: ambiente de trabalho mentalmente saudável

OPINIÃO

 

Do ponto de vista trabalhista, sem dúvida, a saúde mental é um dos marcadores da qualidade das relações laborais, dos comportamentos e do ambiente de trabalho, não devendo, portanto, ser compreendida ou endereçada de forma individualizada, mas de forma global.

Como um marcador, tem o condão de fazer um retrato das práticas que precisam ser avaliadas, mais bem compreendidas e, eventualmente, reajustadas em conformidade ao mundo ESG, que cobra, cada vez mais, que as empresas observem os princípios sociais e de governança, sob pena de prejuízo aos negócios e às relações comerciais.

É claro que não é novidade a obrigação legal do empregador de assegurar um local de trabalho saudável, com obediência às normas de saúde e segurança. A Constituição de 1988 já asseverava que é direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, mediante normas de saúde, inclusive a mental, higiene e segurança.

De toda sorte, tendo em vista um aumento dos casos de doenças mentais no mundo, devido a uma série de fatores, inclusive em decorrência do ambiente de trabalho, cabe às empresas se atentarem para essa questão de maneira efetiva e humanizada, sempre que possível.

Para ilustrar esse cenário, cabe citar uma reportagem veiculada pela Forbes em janeiro de 2023 [1], que tratava de estudo feito pelo Workforce Institute UKG, com 3.400 pessoas de dez países, e que concluiu que os gestores têm maior impacto na saúde mental delas do que seus psicólogos ou terapeutas.

De acordo com o estudo, as pessoas entrevistadas relataram estarem exaustas e disseram que o estresse afeta negativamente o desempenho no trabalho, a vida doméstica, o bem-estar e os relacionamentos.

Lei 14.831/2024

É justamente em um cenário complexo como o do estudo, em um mundo do trabalho mudando drasticamente, pós-pandemia de Covid-19, com maior aderência ao trabalho virtual, redes sociais cada vez mais intrusivas e o rápido avanço da inteligência artificial, que em 27/3/2024 foi promulgada a Lei 14.831, que instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental em âmbito nacional e cujo objetivo é prestigiar as boas práticas dos empregadores em relação à saúde mental no ambiente de trabalho.

Spacca
A implementação de programas de promoção de saúde mental no ambiente laboral, a oferta de acesso a recursos de apoio psicológico ou psiquiátrico aos empregados, a promoção de conscientização sobre o valor da saúde mental via treinamentos, a conscientização direcionada à saúde mental da mulher, capacitação das lideranças, o combate à discriminação e ao assédio em todas as suas formas, o fomento à prática de atividades físicas, e a existência de um canal para receber sugestões e avaliações, são algumas das medidas e das boas práticas trazidas e especificadas pela nova lei para demonstrar as intenções da empresa que queira a certificação.

Embora a certificação seja uma faculdade e não uma obrigação legal a cargo das empresas, não há como ignorar que a lei sinaliza a cautela e o posicionamento do governo federal quanto à saúde mental no trabalho, alinhado ao contexto global, que hoje visa e exige maior aderência aos preceitos ESG de governança corporativa. Cabe lembrar ainda que é responsabilidade do empregador, diante de sua função social prevista na Constituição, assegurar um ambiente de trabalho saudável, inclusive do ponto de vista da saúde mental.

Particularmente a isso, não há como ignorar que problemas mentais ocasionados pelo trabalho, ou não necessariamente gerados pela atividade laboral, mas com impactos nela, geram custos, tais como afastamentos, improdutividade, absenteísmo, turnover e menor engajamento.

Agora, com essa certificação pelo governo federal, e a possibilidade de as empresas poderem utilizar tal certificado em sua comunicação e em materiais promocionais durante os dois anos de sua validade, a nova lei passa a ser mais um estímulo adicional e uma oportunidade para que os empregadores ajustem, revisem ou criem normativas internas para lidar com essa questão específica da saúde mental.

O ganho é inequívoco, pois com uma maior capacidade de lidar apropriadamente com o tema, automaticamente, as empresas acabam por transmitir uma mensagem de compromisso. Logo, aumentando as suas chances de reter e atrair talentos para a organização, melhorando, ainda, sua reputação no mercado, e como já dito, evitando a judicialização de um conflito.

Justiça do Trabalho

É igualmente necessário notar que a Justiça do Trabalho tem marcado posição sobre a saúde mental, seja após a síndrome de burnout ou esgotamento profissional ter sido incluída em janeiro de 2022 na Classificação Internacional de Doenças e passar a fundamentar pedidos de reconhecimento do nexo causal da doença com a atividade laboral, senão sob outros vieses, como o da conduta discriminatória.

Recentemente, a 6ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou a reintegração ao emprego de vendedora demitida de uma empresa por ter transtorno bipolar, segundo a corte superior, pois a doença causa estigma. Apesar de a empresa ter apontado que a dispensa se deu por motivos econômicos, e outras pessoas terem sido demitidas no mesmo período, por outro lado, a ministra relatora Kátia Arruda entendeu ter havido abuso de poder diretivo, pois, segundo ela, os meios de dispensa discriminação não são ostensivos, ao contrário, são “sutis, revestidos de superficiais formalidades, marcados pela utilização de expedientes que aproveitam determinadas situações para dispensar trabalhadores com problemas de saúde”.

Sendo assim, partindo da premissa de que tais precedentes representam uma tendência, que a saúde mental vem sendo discutida pelo Poder Judiciário nesses termos, é imprescindível que os empregadores estejam atentos, conscientes e preparados para lidar com a questão, que apesar de espinhosa, quando bem endereçada por todos os atores envolvidos, resulta em um ganho primoroso.

Adotar medidas para mitigar ou minimizar os riscos pertinentes à saúde mental no ambiente de trabalho, ou até fora dele, como ofertar recursos de apoio psicológico ou psiquiátrico aos trabalhadores, além de configurarem boas práticas, que, por sua vez, podem ser consideradas para concessão do certificado, de outra parte, acabam por sinalizar um compromisso público, atraindo resultados positivos, mais engajamento e mais motivação dos empregados.

Capacitação

A preparação dos empregadores deve estar pautada na capacitação da liderança, na realização periódica dos mais variados treinamentos, não apenas de combate ao assédio, mas, de gestão humanizada, por exemplo, visando contribuir para o sucesso de um programa que busque pela plena saúde mental dos empregados e um ambiente de trabalho igualmente sadio e seguro.

Iniciativas como as de uma comunicação aberta e escuta ativa, além de uma análise sempre multidisciplinar da empresa, com participação de RH, serviços especializados em segurança e medicina do trabalho (SESMT) e jurídico, entre outros, são bons exemplos de construção de um ambiente mais saudável e mais atraente para os empregados que nele estiverem inseridos, além de uma reputação corporativa mais robusta.

Sinal dos tempos

Por tudo isso, a Lei 14.831/2024 nasce como um sinal dos tempos atuais, tanto do ponto de vista negativo, porque as pessoas estariam adoecendo e sofrendo mais devido à falta de saúde mental, quanto da perspectiva positiva, ao passo que a sociedade fala mais sobre o tema, busca mais letramento, o que, quiçá, poderá reduzir o estigma e o preconceito que a saúde mental ainda carrega no Brasil e no mundo.

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Piloto de avião tem aposentadoria especial reconhecida pelo TRF-3

PRESSÃO ANORMAL

A 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região reconheceu como especial o tempo de trabalho de um segurado como piloto de aeronaves e determinou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a concessão de aposentadoria especial ou por tempo de contribuição.

Para os magistrados, documentos comprovaram que o trabalhador exerceu as funções no transporte aéreo, conforme o Decreto 83.080/1979, e que foi exposto a pressão atmosférica anormal de forma habitual e permanente, como descrito nos Decretos 2.172/1997 e nº 3.048/1999.

O autor da ação acionou o Judiciário solicitando o reconhecimento da especialidade de períodos entre 1987 e 2020 em que exerceu as funções de piloto, instrutor de pilotagem, copiloto e comandante de aeronaves, exposto a condições nocivas à saúde ou à integridade física.

Após a 5ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo ter determinado a concessão do benefício, a autarquia federal recorreu ao TRF-3.

Prova emprestada

Ao analisar o recurso, o relator do processo, desembargador federal Marcelo Vieira, explicou que o autor demonstrou a especialidade das atividades por meio do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e de cópias das perícias de ações previdenciárias da Justiça Federal do Rio Grande do Sul e de São Paulo.

“Ressalto que laudos periciais, emprestados de outros processos, podem ser aceitos como prova emprestada, considerando as circunstâncias peculiares que o cercam, períodos contemporâneos, mesmas empresas e funções exercidas pelo autor”, fundamentou o magistrado.

O relator observou que a soma dos períodos totalizou mais de 25 anos de serviço especial, o que autoriza a concessão da aposentadoria especial, nos termos do artigo 57 da Lei 8.213/1991.

Por outro lado, no último dia de vigência das regras pré-reforma da Previdência, o segurado reunia os requisitos para a aposentadoria integral por tempo de contribuição e pelas regras de transição da Emenda Constitucional 103/2019.

“Fazendo jus o segurado à concessão de mais de uma modalidade dos benefícios de aposentadoria especial e aposentadoria por tempo de contribuição, é assegurado a ele optar por aquela que seja mais vantajosa, cabendo ao INSS, no momento da implantação, fornecer os demonstrativos financeiros aptos a possibilitar a escolha”, concluiu o magistrado, que foi acompanhado por unanimidade. Com informações da assessoria de imprensa do TRF-3.

Clique aqui para ler o acórdão
AC 5015564-52.2021.4.03.6183

CONJUR

https://www.conjur.com.br/2024-jul-24/piloto-de-aviao-tem-aposentadoria-especial-reconhecida-pelo-trf-3/

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Primeira pesquisa com Kamala mostra candidata democrata em empate técnico com Trump

A vice-presidente dos EUA Kamala Harris tem 45% contra 47% de Donald Trump em pesquisa realizada depois da indicação dos democratas

Com um apoio em massa dos democratas, Kamala Harris prometeu vencer as eleições presidenciais americanas contra Donald Trump, que comparou a “predadores” e “trapaceiros” em discurso nesta segunda-feira, após a desistência de Joe Biden da disputa.

Pesquisa da Morning Consult feita no domingo (21) e na segunda (22) mostra que a vice-presidente é a democrata com melhores chances de bater Donald Trump. O candidato do Partido Republicano Trump aparece com 47% de intenção de voto e Kamala, com 45%. A margem de erro do estudo é de 3 pontos percentuais — o que significa que a intenção de voto em Trump pode estar entre 44% e 50% e a de Kamala entre 42% e 48%.

A indicação da vice-presidente Kamala injetou otimismo na equipe de campanha em Delaware, onde Biden se recupera da Covid-19. “Ouçam-me quando digo que conheço o tipo de Donald Trump”, disse Kamala, em referência à época em que foi procuradora na Califórnia e precisou lidar com “predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras em benefício próprio”.

“Lutaremos pela liberdade reprodutiva, sabendo que, se Trump tiver a oportunidade, assinará uma proibição do aborto para todos os estados”, ressaltou a democrata, em seu primeiro discurso eleitoral desde que Joe Biden desistiu da disputa.

Democratas apoiaram indicação de Biden

“Vamos ganhar”, afirmou Kamala, que admitiu “uma montanha-russa” de emoções após a desistência do presidente. “Eu amo Joe Biden”, reiterou, horas após ressaltar na Casa Branca que o legado dele “é inigualável na história moderna”. “Ela é a melhor”, disse o presidente americano, durante uma chamada ao vivo antes do discurso de Kamala.

Os democratas parecem ter deixado para trás a crise interna sobre a capacidade física e mental de Biden e passado a olhar para o futuro, a pouco mais de três meses das eleições. O partido prometeu “um processo transparente e ordenado” para substituir Biden, e deve nomear oficialmente seu candidato na convenção de agosto em Chicago.

Kamala é a grande favorita, após receber apoio não apenas de Biden, mas também do ex-presidente Bill Clinton e de sua mulher, Hillary, ex-secretária de Estado, e ainda da ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi.

Vários governadores também apoiaram Kamala, alguns deles considerados potenciais concorrentes: Gretchen Whitmer (Michigan), Gavin Newsom (California), Wes Moore (Maryland), Andy Beshear (Kentucky) e J.B. Pritzker (Illinois). Além disso, boa parte dos congressistas democratas, tanto moderados quanto progressistas, como Alexandria OcasioCortez, uniram-se em torno dela.

Segundo a rede de TV CNN, que fez uma contagem por estado, a vice-presidente dos Estados Unidos conta com o apoio suficiente de delegados democratas para ser nomeada candidata à Presidência pelo partido. Para garantir a indicação democrata, Kamala precisa do apoio de pelo menos 1.976 delegados, de um total de quase 4.000, na votação oficial que vai acontecer durante a convenção do Partido Democrata, em 19 de agosto.

A possível candidatura de Kamala injeta otimismo em uma eleição que seria disputada por dois políticos em mais velhos e impopulares entre muitos eleitores. Sua equipe afirma que ela arrecadou um recorde de US$ 81 milhões (R$ 450,3 milhões) em 24 horas apenas com contribuições de pequenos doadores.

Kamala não anunciou uma data para a nomeação nem esclareceu quem escolheria como companheiro de chapa. Se os democratas não chegarem a um acordo, uma convenção aberta a outros candidatos poderia ser realizada em Chicago.

Kamala candidata abala campanha de Trump

A candidatura democrata já estava na corda bamba desde o desempenho desastroso de Biden no debate de junho contra Trump, que saiu mais forte e vive dias de glória após sobreviver a uma tentativa de assassinato e participar de uma convenção republicana em que foi ovacionado.

Do lado republicano, o anúncio afetou a candidatura de Trump, obrigando-o a rever sua estratégia eleitoral, muito focada em apresentar Biden como um homem senil, confuso e desajeitado. Esses argumentos podem se voltar contra o republicano caso ele enfrente Kamala Harris, quase 20 anos mais jovem.

O nervosismo é palpável, apesar de pesquisas recentes darem a Trump uma estreita vantagem sobre Harris (48% das intenções de voto contra 46%). O senador J. D. Vance, companheiro de chapa de Trump, denunciou nesta segunda um processo “antidemocrático” para derrubar Biden, que seria tecido secretamente por uma elite sob a influência de Obama e do financista George Soros.

* Com AFP

ICL NOTÍCIAS

https://iclnoticias.com.br/pesquisa-aponta-trump-e-kamala-empatados/

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Veja como Geração Z busca equilíbrio entre trabalho e bem-estar

calada profissional a qualquer custo sai de cena para dar lugar à saúde e à realização interior. Conheça a chamada quiet ambition

Redação EdiCase

O filósofo francês Albert Camus (1913-1960) não saiu da minha mente até que o incluísse na introdução deste texto. Um dos grandes pensadores existencialistas do século 20, ele dedicou sua obra, incluindo o livro “O Mito de Sísifo”, à defesa da ética da solidariedade e da compaixão como uma resposta existencial à condição humana compartilhada. Em vez de fomentar ambientes de competição, deveríamos nos unir em busca do bem comum, propunha Camus.

Infelizmente, o pensamento dele jamais influenciou as práticas corporativas. Tampouco impediu que eu e muitas pessoas ao meu redor fôssemos ensinadas, desde cedo, a reconhecer o prestígio, a riqueza e o poder como sinais de sucesso.

Como resultado, o que se vê hoje é a consolidação de um mercado de trabalho que não só cobra como celebra a competição entre os trabalhadores, pressionados a perseguir uma excelência inalcançável. Tudo isso, claro, impulsionado pelo capitalismo sem freios, pelo avanço tecnológico e pela crescente complexidade dos mercados.

Ambição silenciosa

Acontece que a pressão por desempenho, a insegurança no emprego e o desequilíbrio entre vida profissional e pessoal criam um ambiente propício para o estresse, a ansiedade e a depressão. Não é de estranhar, portanto, que esteja ganhando força a expressão em inglês, já considerada um movimento: a quiet ambition (ambição silenciosa), ou seja, profissionais – especialmente a Geração Z – que rejeitam e sequer almejam posições de liderança, cumprindo apenas as demandas que estão em seu contrato de trabalho. Nada além disso. A prioridade deles é inegociável: saúde física e mental.

Definida sociologicamente como o conjunto das pessoas nascidas entre 1997 e 2010, a Geração Z é, em grande parte, filha da Geração X, que abarca os nascidos entre 1965 e 1980. E sobram motivos para entender porque tantos aderiram à quiet ambition. Antes de julgá-los, tentemos compreendê-los.

“Eles passaram a infância e a adolescência ouvindo seus pais falarem mal do trabalho, adoecerem, viverem irritados, em casamentos caóticos e com momentos de lazer inexistentes. E, quando se aposentaram, não estavam mais ricos nem mais bem-sucedidos, ou mais felizes. Ou seja, todo esse esforço de ‘se matar de trabalhar’ foi em vão”, conta a pesquisadora, escritora e palestrante Vania Ferrari, que atua em parceria com Anna Nogueira, ambas especialistas em Recursos Humanos.

Outros valores

Anna Nogueira, por sua vez, destaca que essa geração nasce com mais consciência social e ambiental. E, justamente por isso, observa-se que as práticas empresariais de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) não foram aplicadas, assim como o aquecimento global não foi combatido e nem se alcançou a equidade de gênero.

“Com essa mistura de frustração, doenças e eufemismos, a Geração Z entendeu que não adianta se dedicar desmedidamente ao trabalho. O bom é viver com simplicidade, menos responsabilidades e mais tempo e saúde para aproveitar a vida”, aponta a especialista.

Adriana Perazzelli, psicanalista e facilitadora de aprendizagem corporativa, também acha que a Geração Z foi educada por pais que, em alguma medida, projetaram em seus filhos uma vida menos estressante, face à experiência deles. Soma-se a isso o fato de viverem numa época com mais possibilidades de escolhas.

“Estão inseridos em um mundo repleto de informações e recursos propícios para olhar todos os pilares da existência, e o trabalho é apenas um deles, não o principal. A carreira, nesse caso, não se sobrepõe à qualidade de vida e às escolhas pessoais”.

Busca por dias mais tranquilos

Como é de se esperar, a busca por dias mais tranquilos e significativos, em contraposição à consagrada escadaria do êxito, tende a impactar positivamente a saúde mental e emocional dos mais jovens. Adriana relata que vem conversando com muitos profissionais que se enquadram na Geração Z, incluindo sua filha, e eles costumam demonstrar consciência de que o futuro é incerto e as oportunidades de trabalho, menores, ao contrário dos desafios, que aumentam.

“Eles estão criando métricas de sucesso alinhadas com o propósito de uma vida mais saudável, bem como espaços dentro de si mesmos para isso, incluindo na rotina atividades de saúde e bem-estar para dar conta do viver e das demandas com mais qualidade”, diz a psicanalista.

O resultado são jovens que se cuidam e percebem ambientes tóxicos, relacionamentos abusivos e se autorizam a ter interesses particulares para além das horas dedicadas ao trabalho. “Isso ajuda a reduzir o estresse, as crises de ansiedade, distúrbios de humor, evita burnout, entre outros transtornos físicos e mentais”, enfatiza.

Veja você, o equilíbrio entre as áreas pessoal e profissional, autonomia e liberdade, espaço e tempo para cuidar do corpo e da mente, e a escolha de ambientes de trabalho com uma cultura organizacional saudável são as novas métricas do sucesso. Sem dúvida, esse movimento está redefinindo o que entendemos por realizar-se e influenciará as gerações que estão vindo aí.

Lucro não é tudo

Todavia, resta saber: como as corporações estão reagindo à quiet ambition? Na opinião de Vania Ferrari, autora do Manual de um Gerente à Beira de um Ataque de Nervos (Texto & Texturas), os líderes de RH demoraram muito para entender o que estava acontecendo. Ela lembra que solicitações antigas da Geração Z, como jornadas reduzidas e home office, por exemplo, só foram implantadas por causa da pandemia.

“Ou seja, as demandas por menos pressão e mais qualidade de vida são antigas e ainda não foram totalmente atendidas. Então, cabe aos profissionais de Desenvolvimento Humano e Organizacional atualizarem suas listas de benefícios e, principalmente, capacitarem seus líderes para serem profissionais mais inteligentes emocional e tecnicamente”, afirma.

Para Anna Nogueira, esse movimento não é passageiro e demonstra muitos benefícios no médio e longo prazo. Em primeiro lugar, obriga as empresas a implementarem corretamente as práticas ESG, provando que estão fazendo a diferença na sociedade. Daí por diante, conseguirão atrair talentos.

E, na demanda por novos colaboradores, ela enxerga a oportunidade dessas empresas recrutarem pessoas que serão formadas do zero, dentro de uma nova prática comportamental das corporações. Como? Por meio de programas sólidos de formação acadêmica, técnica e socioemocional voltados para a captação de jovens, dentre eles, os de classes periféricas.

“Todos nós nascemos para transformar nosso entorno para melhor. E o trabalho é o jeito de fazer isso. Entretanto, o modo atual ficou insustentável, isto é, obter lucro sem oferecer nada em troca para a sociedade e para o planeta. Esses movimentos de desistência são ótimos para fazerem os acionistas sentirem no bolso o resultado de tanta ganância. A gente não tem que mudar a cabeça dessa geração. A gente tem que mudar a cabeça dos empresários”, defende Anna.

Mudanças por parte do trabalhador

É claro que essa mudança exige não apenas que as empresas se adaptem, mas que os colaboradores também façam o mesmo e busquem novas formas de trabalhar e se relacionar. Adriana Perazzelli aponta que a falta de ambição dentro do modelo corporativo de grande parte das empresas gera risco de estagnação, problemas de desempenho, dificuldades de adaptabilidade e de mudanças, pressão social e fracassos.

“Para minimizar os riscos, o profissional dessa geração precisa aprender a gerir o tempo, fazer-se presente e estar em constante aprendizado. Também é válido clarear seus objetivos de carreira, buscar empresas alinhadas com seu perfil e até ter mais de uma fonte de renda”.

Segundo ela, o caminho do meio para os jovens da Geração Z encontrarem propósito e significado pessoal, sem terem de abandonar todas as ambições, é transformar as próprias escolhas e abrir mão de outras.

“Muitas vezes, a pessoa quer a segurança de uma carreira em grandes corporações, bem como o status, mas não quer abrir mão do seu tempo. Nesses casos, sempre trago a reflexão para cada um saber qual o preço do seu desejo. O quanto quer investir no que considera relevante? Para tanto, onde você poderá exercer sua profissão e ter mais qualidade de vida?”.

É evidente que o movimento quiet ambition está servindo como fonte de aprendizado para todas as gerações. As mais antigas observam como os membros da Geração Z estão abandonando a busca frenética por reconhecimento e status em favor de uma abordagem mais holística e satisfatória para suas carreiras. Ao mesmo tempo, os mais jovens estão absorvendo as experiências e os ensinamentos dos que vieram antes. É ou não é uma auspiciosa calibragem tendo em vista os desafios a que todos nós estamos expostos?

Em minha mente, Albert Camus está feliz em não nos ver como competidores em uma corrida sem fim, mas seres em franca construção de um ambiente de trabalho mais humano e compassivo. Assim, fora dele, também prevalecerá o que há de bom.

Por Gustavo Ranieri – revista Vida Simples

Jornalista e pertencente à Geração Y. O autoconhecimento, as práticas meditativas e a terapia o ajudaram a ressignificar o sentido de sucesso e suas fontes de realização.

CORREIO BRAZILIENSE

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2024/07/6903912-veja-como-geracao-z-busca-equilibrio-entre-trabalho-e-bem-estar.html