por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
BC avaliou que o cenário se tornou mais ‘desafiador’, com o aumento das projeções de inflação, mesmo em um cenário de taxa de juros mais alta. Copom diz que tragédia no RS, aumento de gastos pelo governo e atividade acima do previsto devem ser acompanhados.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou nesta terça-feira (25) que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma “atuação firme” da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá “vigilante”.
Além disso, avaliou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
A informação consta na ata da última reunião do Copom, ocorrida na semana passada. Naquele momento, por unanimidade, a diretoria e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, votaram por interromper o ciclo de corte dos juros básicos da economia – que vinha desde agosto do ano passado. A taxa Selic foi mantida em 10,50% ao ano.
- O BC tem de autonomia em sua atuação, sendo que o atual presidente, Roberto Campos Neto, com mandato até o fim de 2024, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
- A instituição diz que seu papel, na fixação da taxa de juros, é técnico, e busca conter a inflação.
- Campos Neto tem lembrado que o BC subiu os juros em 2022, ano eleitoral. Também avaliou que os juros são altos no Brasil porque a dívida é alta. “A gente não pode confundir causa e efeito”, disse, em 2023.
- Em seus documentos, o BC informa que um patamar mais alto de inflação prejudica, principalmente, a população de baixa renda.
“Em sua conclusão, o Comitê avalia que o cenário prospectivo [de expectativas para o futuro] de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada”, informou o BC, na ata do Copom.
E completou: “Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária”.
Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, a instituição já está mirando na meta deste ano, e também para o segundo semestre de 2025 (em doze meses).
- A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%;
- A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida;
- Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 3,98% e, a de 2025, 3,85%. Ou seja, acima da meta central nos dois anos.
- As previsões do mercado financeiro subiram relação ao patamar vigente, por exemplo, há três meses atrás. No começo de março, a projeção dos analistas estava em 3,74% para a inflação de 2024 e em 3,50% para o IPCA do próximo ano.
- Na semana passada, o Banco Central estimou que as projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência estavam em em 4% em 2024 e 3,4% em 2025. No começo de maio, o BC estimava uma inflação de 3,8% para 2024 e de 3,3% para 2025.
- Com isso, as projeções dos analistas, e também do BC, estão se distanciando as metas centrais de inflação, fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“O Comitê unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem das expectativas de inflação [em direção às metas] independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada e ressalta que a reancoragem das expectativas de inflação é vista como elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta”, informou o BC, na ata do Copom.
O Banco Central diz, ainda, que “não se furtará de seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o papel fundamental das expectativas na dinâmica da inflação”.
- Rio Grande do Sul: O BC informou que alguns integrantes do Copom mostraram maior preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes do Rio Grande do Sul, como também revisões nos preços de alimentos em outras regiões. O Ministério da Fazenda já admitiu que a tragédia no Rio Grande do Sul deve pressionar a inflação neste ano.
- Inflação de serviços: O Copom segue mostrando preocupação com a inflação de serviços. “Parte do debate se concentrou na trajetória mais recente da inflação, em que a inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio deixa de contribuir para a desinflação nesse estágio do processo desinflacionário. Concomitante a isso, a inflação de serviços, que tem maior inércia, assume papel preponderante na dinâmica desinflacionária no estágio atual”, acrescentou o BC.
- Nível de atividade e mercado de trabalho: O BC avaliou que o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e, também, ” tem apresentado maior dinamismo do que o esperado”.
“O Comitê novamente avaliou que há surpresas recorrentes apontando para elevado dinamismo do mercado de trabalho, corroborando um cenário de mercado de trabalho apertado”, acrescentou.
- Contas públicas: O Copom informou que “monitora com atenção” como os desenvolvimentos recentes das contas públicas, com proposta de ampliação dos gastos por parte do governo, impactam as decisões sobre a taxa de juros. Em tese, maiores gastos públicos tendem a pressionar mais os preços.,
por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
A dificuldade de acesso e permanência no ensino superior continua um desafio num mercado crescente para profissionais qualificados
por Cezar Xavier
O Brasil alcançou a marca histórica de 100,7 milhões de pessoas ocupadas em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (21). No entanto, cerca de 76,9% dos trabalhadores brasileiros não completaram o ensino superior, evidenciando a dificuldade de acesso à educação no país.
De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, muitos trabalhadores interromperam a educação superior para ingressar no mercado de trabalho, pois diversas ocupações não exigem formação universitária. “Grande parte da população ocupada exerce atividades que prescindem de formação superior”, afirmou Mariano.
Apesar disso, ele destacou que a proporção de trabalhadores com diploma está crescendo lentamente, impulsionada pela evolução do mercado e a retomada dos concursos públicos. “Vale ressaltar que depois de alguns anos ocorreu o processo de retomada de contratação de trabalhadores pelo setor público – via concurso público – que em sua grande maioria é integrado por pessoas com nível superior”, afirma
Desde o início da série histórica da PNAD Contínua, o contingente de pessoas ocupadas no Brasil cresceu 12,3%, atingindo a marca de 100 milhões pela primeira vez em 2023. “Esse aumento representa uma recuperação do mercado de trabalho brasileiro”, observou Mariano. O nível de ocupação da população brasileira é de 57,6%, ainda abaixo do pico de 2013, mas indicando uma recuperação em relação à queda registrada entre 2013 e 2017 devido à recessão.
Acesso ao ensino superior no Brasil
Apenas 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em faculdades, conforme a 11ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Instituto Semesp. Esse dado revela a dificuldade de acesso ao ensino superior, que afeta especialmente os alunos de escolas públicas. Para aumentar a inserção no ensino superior, é fundamental estimular a formação no ensino médio, diminuir a evasão escolar e garantir um ensino público de qualidade.
Iniciativas como “feiras vocacionais” em escolas públicas, que orienta os alunos sobre carreiras e caminhos para ingressar nas universidades, têm mostrado resultados positivos, aumentando o interesse e a participação dos estudantes no ENEM. Programas como o SISU, PROUNI e FIES também desempenham um papel crucial no acesso ao ensino superior, embora muitas vezes gerem ansiedade entre os estudantes devido à falta de preparo e conhecimento das políticas públicas.
A democratização do ensino superior, contudo, tem enfrentado barreiras nos últimos anos, com o aumento do desempenho mínimo exigido no ENEM e a redução na oferta de vagas do FIES. Essas mudanças impactam especialmente os estudantes de baixa renda, pretos e pardos, que ainda representam uma pequena parcela dos ingressantes nas universidades.
Após ingressar na universidade, os estudantes brasileiros enfrentam obstáculos adicionais para concluir a graduação. A necessidade de conciliar trabalho e estudo, especialmente para alunos de baixa renda, leva a altas taxas de evasão. A pandemia da covid-19 exacerbou essas dificuldades, aumentando as desigualdades econômicas e de aprendizagem.
Mercado de trabalho para graduados
Apesar dos desafios, o ensino superior continua sendo um diferencial significativo no mercado de trabalho. De acordo com o índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade 2023 (IASE), cerca de 75% dos egressos do ensino superior conseguiram emprego em até um ano após a colação de grau, e mais de 83% atuam em sua área de formação. O salário médio dos profissionais graduados também aumentou, passando de R$ 3.800 para R$ 4.200.
Profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI) estão entre os mais bem remunerados, com salários cerca de 50% acima da média nacional. O setor de engenharias também apresenta altos índices de empregabilidade. No entanto, a pesquisa do IASE 2023 revelou desigualdades de gênero, raça e faixa etária, com homens e pessoas brancas apresentando maior empregabilidade e renda.
Gargalo do desenvolvimento
Gargalos de produtividade e de educação, desde as microempresas até as grandes indústrias, estão entre os principais entraves que impedem o Brasil de ter taxas de crescimento mais robustas. É o que apontam especialistas, durante em um painel recente sobre o PIB brasileiro.
“Para falar em aumento de produtividade, temos que falar em tecnologia, sendo que grande parte das micro e pequenas empresas sequer tem acesso a internet de qualidade”, diz Margarete Coelho, diretora de administração e finanças do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
As micro e pequenas empresas representam 29,5% do PIB brasileiro, de acordo com o Sebrae, e geram 50% de todos os salários recebidos no país, além de responderam, também, por cerca de 50% dos empregos formais.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, reforça gargalos de tecnologia e qualificação também na indústria. “A discussão da produtividade da indústria como maneira de aumentar o PIB pode parecer muito básica, mas é importante reforçá-la, e passa pela qualificação.”
Embora a participação da indústria no PIB brasileiro gire atualmente entre 20% e 25%, Calvet destaca que ela responde por 34% da arrecadação de impostos e por 66% de todos os gastos empresariais com pesquisa e desenvolvimento no país.
Garantir o acesso e a permanência no ensino superior é essencial para a capacitação profissional e a diminuição das desigualdades no Brasil. Iniciativas que promovam a orientação vocacional, o conhecimento das políticas públicas de acesso e o apoio contínuo aos estudantes são fundamentais para construir um futuro com mais oportunidades.
VERMELHO
https://vermelho.org.br/2024/06/24/ibge-registra-769-de-trabalhadores-sem-ensino-superior-em-2023/
por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
Gestora calculou o custo financeiro para as empresas com a Selic em 10,5%. Na previsão de meses atrás, de os juros fecharem o ano em 9%, seria R$ 11,1 bilhões a menos de custo
por Redação
A continuidade da taxa básica de juros em 10,5% ao ano sob o pretexto inflacionário desagradou diversos setores, inclusive da indústria e do comércio. A pedido do Valor, a gestora Paramis Capital calculou o custo financeiro dessa taxa Selic alta em R$ 78 bilhões ao ano para os empresários.
Como exemplo, se os juros fechassem o ano em 9%, como era estimado meses atrás, este custo seria R$ 11,1 bilhões menor, de R$ 66,9 bilhões. Em 9,5%, o impacto seria R$ 7,4 bilhões abaixo, de R$ 70,6 bilhões ao ano.
Ao jornal, o diretor de investimentos de crédito e grandes fortunas da Paramis, Ricardo Nunes, pontua que a Selic acima de 10% atrasa projetos e desacelera o crescimento de certos grupos econômicos. A aposta da manutenção da taxa é feita por ele sem descartar até mesmo um aumento.
O Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado, coloca que os juros fecham o ano em 10,5%. Há quatro semanas a previsão era para 10%.
Para os cálculos, estima-se que as dívidas corporativas atreladas ao CDI passaram de R$ 610 bilhões em abril para R$ 743 bilhões.
A manutenção dos juros foi alvo de críticas de empresários. Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que há tempos pede por cortes robustos e defendia a manutenção das reduções, a decisão só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, sem que o quadro inflacionário exija tamanho sacrifício.
*Edição Vermelho, Murilo da Silva
VERMELHO
https://vermelho.org.br/2024/06/24/manutencao-dos-juros-faz-custo-para-as-empresas-chegar-a-r-78-bilhoes/
por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
GABRIELLA SOARES
Em discussão no Senado, a Proposta de Emenda à Constituição do Banco Central (BC) divide opiniões de especialistas, incluindo de ex-chefes da instituição e acirra o confronto entre o presidente Lula e o atual comando do BC. O principal ponto é a possibilidade de a autonomia orçamentária e financeira da instituição como colocada pela PEC pode interferir nas atividades de Estado do banco, entre elas:
- controle sobre a inflação do país;
- execução da política monetária brasileira;
- determinação da taxa básica de juros no Brasil;
- garantir a segurança e eficiente do sistema financeiro;
- emissão da moeda nacional, o real; e
- fiscalização dos bancos que atuam no país.
Atualmente, o BC já conta com autonomia operacional. Ou seja, o governo federal, seja ele qual for, não pode interferir nas escolhas feitas pela cúpula do Banco Central, como a taxa de juros. Essa autonomia pode levar a atritos políticos, como tem sido a relação do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e o presidente Lula (PT).
O que a PEC propõe é como dar autonomia financeira e administrativa para a atuação do BC. Como empresa pública, o Banco Central poderia utilizar sua própria receita como fonte de recursos – atualmente, como autarquia, as receitas do BC são enviadas para o Tesouro Nacional. A mudança seria para “prever a garantia de recursos para que as atividades relevantes da Autoridade Monetária para a sociedade sejam executadas sem constrangimentos financeiros, tanto para o Banco Central quanto para o Tesouro Nacional”, segundo o relatório. Na prática, o texto concede independência ao BC para gerir seus próprios recursos, contratar pessoal e definir planos de carreiras e salários.
Proposta pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e relatada por Plínio Valério (PSDB-AM), a PEC 65 de 2023 tramita no Senado há sete meses. Inicialmente, o texto seria votado na Comissão de Constituição e Justiça na semana passada, mas senadores indicaram a necessidade de ao menos uma audiência pública ser realizada.
Na audiência, ficou claro que não há um consenso entre especialistas em BC, incluindo atuais e ex-funcionários, sobre a proposta. Para alguns, a PEC é a única forma de manter o Banco Central funcionando, já para outros, o texto pode colocar em perigo a missão e o papel estatal da instituição.
A forma de dar ao BC a autonomia financeira, pela PEC, é transformar a autarquia em uma empresa pública. O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) afirma ao Congresso em Foco que esse é o principal problema do texto e o motivo de a categoria ter se colocado contra a medida em votação oficial do sindicato.
“É transformar em empresa pública, algo como a Caixa, uma instituição que faz atividades de Estado. Para nós, isso é inconstitucional”, disse Fabio Faiad, presidente do Sinal. “Esse regime jurídico também fragiliza controles e procedimentos do BC. E essa não é a única forma para a autonomia orçamentária de outras formas. Não somos contra a autonomia, somos contra a PEC como está, somos contra transformar uma autarquia em uma empresa”.
Para o Sinal, uma empresa pública estará aberta a influências do mercado, o que pode afetar as atividades que são puramente de Estado. O sindicato coloca que sem maior controle como autarquia, como a ação da Controladoria Geral da União (CGU), o BC ficaria vulnerável a interesses de terceiros.
Em nota divulgada semana passada com críticas ao presidente do BC e à atual política de juros da instituição, o PT criticou a PEC. “Também nos manifestamos contrariamente à proposta de emenda constitucional que pretende conferir autonomia ainda maior — financeira e administrativa — ao Banco Central. A nocividade da autonomia já em vigor da autoridade monetária ficou patente pela conduta irresponsável do presidente e dos diretores nomeados pelo governo passado, que se valeram de seus mandatos para sabotar a economia do país, com vistas aos objetivos políticos do bolsonarismo”, diz o texto.
Já a Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB) vê a medida como necessária. Natacha Gadelha Rocha, presidente da associação, afirmou ao Congresso em Foco que no modelo atual, o BC “não dura” muito tempo e defende que a instituição precisa de mais verbas para manter suas funções.
“Está claro que o Banco Central tem uma questão orçamentária que precisa ser resolvida”, diz Rocha. “Resolver isso passa pela autonomia orçamentária e financeira, ou seja, gerenciar as próprias receitas. Eu gostaria de dizer que há outra solução [que não virar empresa pública], mas eu não achei”.
A PEC transforma o BC em uma empresa pública “que exerce atividade estatal e dotada de poder de polícia”, de acordo com a versão mais recente do parecer de Plínio Valério. Para o senador, é preciso deixar claro no texto que a instituição presta serviços de Estado ao país.
A mudança no texto foi feita na quarta-feira (19), um dia depois da audiência pública. Depois da única discussão pública sobre o tema, os senadores já podem votar a PEC. Apesar disso, o relator, senador Plínio Valério, indica que agora deve haver negociações políticas para definir quando o tema realmente será votado, já que a PEC não conta com apoio do governo no Senado.
GABRIELLA SOARES Jornalista formada pela Unesp, com experiência na cobertura de política e economia desde 2019. Já passou pelas áreas de edição e reportagem. Trabalhou no Poder360 e foi trainee da Folha de S.Paulo.
por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
LUCAS NEIVA
Apesar da forte reação que tirou o projeto da pauta, o PL 1904/2024, conhecido como PL do Aborto ou PL do Estupro, ganhou mais de duas dezenas de assinaturas para além das originais, chegando atualmente ao total de 56 nomes. A maioria dos signatários integra a oposição, mas há também parlamentares de partidos com ministério no governo Lula, como PSD, Republicanos e União Brasil (veja a lista mais abaixo). O presidente Lula afirmou que é contra a proposta.
Em sua proposição original, o PL do Estupro inclui no Código Penal o conceito de “viabilidade fetal”, cuja violação por meio do aborto resulta em pena equivalente ao crime de homicídio simples. Ele presume a viabilidade a partir da 22ª semana de gravidez, tornando criminoso mesmo o abortamento para interrupção de gravidez decorrente de estupro.
O projeto, patrocinado pela bancada evangélica, avançou rapidamente na segunda semana de junho, quando teve sua urgência aprovada em Plenário sem passar antes pela análise das comissões. Tanto parlamentares da bancada feminina quanto ligados a movimentos sociais se mobilizaram para que o texto fosse arquivado, até que Arthur Lira decidiu criar uma comissão representativa para discutir a proposta a partir do segundo semestre.
Ao longo desse período, o projeto recebeu novos apoios. Os deputados Marcos Pollon (PL-MS) e Fred Linhares (Republicanos-DF) apresentaram requerimentos próprios para que fossem incluídos como signatários. Pollon chegou a solicitar que fosse apensado um projeto próprio, anterior ao PL do Estupro, mas de mesmo teor.
Uma das signatárias originais solicitou sua retirada: graças à mobilização em torno do projeto, a deputada Renilce Nicodemos (MDB-PA) apresentou um requerimento para que excluída da relação de autores. Em nota, ela afirmou ter reavaliado o projeto e concluído “que esse projeto não irá favorecer nem as mulheres, nem as crianças, somente os agressores e estupradores”.
Outros 25 nomes foram acrescentados na última terça-feira (18), em requerimento do próprio autor do projeto, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Tratam-se em sua maioria de parlamentares que também compõem a bancada evangélica, que se somaram à autoria do texto para aumentar a pressão para que sua tramitação avance na Câmara.
Confira a seguir a lista de deputados que somaram suas assinaturas após a apresentação inicial do PL do Estupro:
Adilson Barroso (PL-SP)
André Fernandes (PL-CE)
Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
Cezinha de Madureira (PSD-SP)
Coronel Assis (UNIÃO-MT)
Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
Delegado Caveira (PL-PA)
Delegado Éder Mauro (PL-PA)
Delegado Fabio Costa (PP-AL)
Eros Biondini (PL-MG)
Filipe Barros (PL-PR)
Fred Linhares (Republicanos-DF)
General Girão (PL-RN)
Gustavo Gayer (PL-GO)
José Medeiros (PL-MT)
Marcelo Moraes (PL-RS)
Marcos Pollon (PL-MS)
Mauricio Marcon (Podemos-RS)
Messias Donato (Republicanos-ES)
Pastor Diniz (União-RR)
Paulo Freire Costa (PL-SP)
Rodolfo Nogueira (PL-MS)
Rodrigo Valadares (União-SE)
Sargento Fahur (PSD-PR)
Sargento Gonçalves (PL-RN)
Silvia Waiãpi (PL-AP)
Zé Trovão (PL-SC)
Veja a lista original de autores do PL do Estupro ou PL do Aborto
LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.
por NCSTPR | 25/06/24 | Ultimas Notícias
Trabalhista
Corte entendeu que comunicação da organização de que a posição da gerente seria eliminada foi inadequada e ofensiva.
Da Redação
Por unanimidade, a 6ª turma do TST manteve acórdão que reconheceu a rescisão indireta de uma gerente executiva, cujas funções foram esvaziadas após ela comunicar gravidez. A Corte considerou a prática como conduta inadequada, comparável a um tratamento ofensivo e vexatório.
Esvaziamento de função
Prática laboral na qual responsabilidades e atividades atribuídas a um funcionário são significativamente reduzidas ou eliminadas, sem justificativa razoável.
A gerente, admitida em abril de 2019, informou ao empregador sobre a gravidez em dezembro de 2020. Pouco tempo depois, foi comunicada que sua posição seria eliminada a partir de 2021 e que, portanto, seria desligada da organização.
A entidade ofereceu uma compensação de R$ 220 mil pela estabilidade gestacional e R$ 80 mil em verbas rescisórias. A gerente, no entanto, recusou a oferta, destacando a importância da manutenção do plano de saúde durante a gestação. Em resposta, a organização sugeriu criar uma nova gerência para ela, intitulada “Projetos Especiais”, sem equipe subordinada.
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Insatisfeita com as propostas, a gerente solicitou judicialmente a rescisão indireta do contrato de trabalho, alegando que o esvaziamento de suas funções configurava uma conduta inadequada do empregador.
Situação desconfortável
Em 1ª instância o pedido foi negado, mas o TRT da 2ª região reformou a decisão, reconhecendo a rescisão indireta. O colegiado concluiu que a gerente foi colocada em uma situação desconfortável e que a empresa havia violado seu compromisso de não realizar demissões em 2020, assumido pela presidente da entidade.
Com base nos fatos, o TRT determinou que a empregadora pagasse todas as verbas devidas em casos de dispensa sem justa causa e indenização pela estabilidade gestacional, além de manter o plano de saúde até o fim do período de estabilidade.
A decisão de 2ª instância foi mantida pelo TST. O relator do recurso, ministro Augusto César, afirmou que a violação do compromisso de não demitir e o esvaziamento das funções da gerente configuravam tratamento ofensivo e vexatório, justificando a rescisão indireta.
O processo está em segredo de Justiça.
Migalhas: https://www.migalhas.com.br/quentes/409967/tst-gerente-gravida-que-teve-funcao-esvaziada-tera-rescisao-indireta