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Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria aponta principais desafios para setor no segundo trimestre de 2023. A elevada carga tributária ainda é o problema mais lembrado, sendo citado por 28,3%

Raphael Pati

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou, nesta segunda-feira (29/7), um levantamento que revela os principais desafios enfrentados pelos empresários do setor de indústria de construção. De acordo com os dados do segundo trimestre de 2023, da Sondagem Indústria da Construção, a falta ou o alto custo da mão de obra não qualificada foi lembrado como segundo maior problema para o segmento, pelos próprios empresários.

Na última análise, realizada no primeiro trimestre do ano, o mesmo problema foi recordado por 14,9% dos empresários. Três meses depois, 24,7% dos participantes da pesquisa afirmaram que a mão de obra não qualificada era um dos principais desafios para o setor. A elevada carga tributária ainda é o mais lembrado, sendo citada por 28,3%.

“É possível notar que os jovens não têm se sentido muito atraídos por ingressar nessa profissão. Então, a idade média dos empregados da indústria da construção está mais elevada e isso vem ocorrendo concomitante a uma falta de entrada de novas pessoas, principalmente os jovens”, avalia a economista Paula Verlangeiro, da CNI. Na sequência, completam o top 5 a taxa de juros elevada (24,0%) e a burocracia excessiva (20,1%).

Atividade estável

Em junho, o índice do nível de atividade industrial avançou apenas 2 pontos, e passou de 47,9 pontos para 49,9 pontos, próximo ao limite que indica estabilidade do nível de emprego no setor. “(Isso) Não é comum para o período. Normalmente, para este período do ano, a atividade mostra uma queda, e nesse período se mostrou inalterada, então ficou estável”, analisa Verlangeiro.

Também em junho, a confiança do empresário da indústria registrou queda de 1,1 ponto. O principal fator para a queda foi a percepção do setor sobre as condições atuais da economia brasileira. Neste mês, o indicador caiu 2,3 pontos, de 47,8 para 45,5 pontos, ou seja, abaixo da linha de confiança (50 pontos)

“Isso acontece por conta da avaliação que os empresários têm das condições atuais, tanto das condições para empresa quanto para a economia brasileira. Porém, as perspectivas para os próximos seis meses continuam favoráveis, os empresários continuam otimistas com todos os indicadores”, ressalta a economista.

CORREIO BRAZILIENSE

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2024/07/6908804-mao-de-obra-nao-qualificada-e-desafio-para-construcao-aponta-cni.html

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Dólar recua e fecha a R$ 5,61, com juros e fiscal no foco; Ibovespa cai

A moeda norte-americana fechou em queda de 0,15%, cotada em R$ 5,6173. Já o principal índice de ações da bolsa encerrou com um recuo de 0,64%, aos 126.139 pontos.

Por g1

O dólar fechou em queda nesta terça-feira (30), enquanto investidores aguardam novas decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Hoje começa a reunião dos comitês de política monetária nos dois países e amanhã serão divulgadas as novas taxas. A projeção, no entanto, é que os bancos centrais dos dois países mantenham seus juros inalterados.

No entanto, há expectativa sobre os comunicados que serão divulgados após as reuniões, que devem indicar quais os próximos passos dos bancos centrais.

No Brasil, o mercado também fica de olho na questão fiscal. Investidores aguardam notícias sobre de onde o governo vai cortar R$ 15 bilhões em gastos.

Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também encerrou em queda.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Ao final da sessão, o dólar caiu 0,15%, cotado a R$ 5,6173. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6627. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,72% na semana;
  • ganho de 0,52% no mês;
  • alta de 15,76% no ano.

Na segunda-feira (29), a moeda norte-americana teve queda de 0,59%, cotada em R$ 5,6245.

Ibovespa

Já o Ibovespa fechou com uma perda de 0,64%, aos 126.139 pontos.

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

  • queda de 0,94% na semana;
  • ganhos de 1,92% no mês;
  • perdas de 5,88% no ano.

Na véspera, o índice fechou em queda de 0,40%, aos 126.979 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

Em uma semana recheada de indicadores e notícias que podem movimentar os mercados, a principal expectativas dos investidores neste pregão continua com a Superquarta, quando os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos devem anunciar suas decisões de juros.

Por aqui, a expectativa do mercado é que o Copom mantenha a taxa básica de juros (Selic) inalterada mais uma vez, em 10,5% ao ano.

O destaque, porém, ficará com o comunicado do comitê, divulgado após a reunião. Investidores querem ver mais detalhes sobre quais foram os pontos de atenção do Copom na análise e o que deve estar no radar nos próximos meses e possa ser determinante para o futuro dos juros no país.

Em entrevista à agência de notícias Reuters na última sexta-feira, o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que as taxas de juros no país estão muito acima do considerado neutro para a economia, mas reiterou que o ambiente não melhorou significativamente desde a última reunião do Copom, em junho.

“O que o Copom decidiu na última reunião era que diante dessas incertezas crescentes — que evidentemente geram também desancoragem das expectativas domésticas e que têm afetado o preço de alguns ativos, como por exemplo a taxa de câmbio — ele preferiu interromper e aguardar, manter essa taxa de juros”, disse Mello à Reuters.

“O que eu observo é que esse conjunto de incertezas ainda existe”, acrescentou.

Entre as principais preocupações do mercado com a economia brasileira, vale destacar a questão fiscal. Ontem, o Banco Central do Brasil informou que as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit (despesas maiores que receitas) primário de R$ 43,4 bilhões no primeiro semestre deste ano, mais do que o dobro registrado em igual período de 2023.

Em meados de julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões no Orçamento de 2024. Além disso, anunciou também um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões, totalizando R$ 15 bilhões.

Segundo Haddad, as medidas são necessárias para cumprir a regra de gastos do governo prevista no arcabouço fiscal. De maneira geral, o arcabouço determina que despesas só podem crescer em uma certa proporção das receitas.

Há expectativa por saber quais setores e ministérios devem ser afetados com as medidas e o mercado ainda especula se novos cortes virão pela frente.

Na noite do último domingo (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em rede nacional, apresentando um balanço das ações de seu governo, que completou um ano e meio. Durante seu discurso, Lula afirmou que não vai abrir mão da responsabilidade fiscal.

“Entre as muitas lições de vida que recebi de minha mãe, dona Lindu, aprendi a não gastar mais do que ganho. É essa responsabilidade que está nos permitindo ajudar a população do Rio Grande do Sul com recursos federais. Aprovamos uma reforma tributária que vai descomplicar a economia e reduzir o preço dos alimentos e produtos essenciais, inclusive a carne”, afirmou o presidente.

Além do cenário interno, o foco nos juros também está no ambiente internacional, em meio às expectativas pelas decisões de política monetária dos bancos centrais do Japão, do Reino Unido e, principalmente, dos Estados Unidos.

Em relação ao Fed, a estimativa dos analistas é que, após os sinais de arrefecimento da inflação norte-americana em junho, o BC dos EUA finalmente indique estar pronto para dar início ao corte de juros na reunião de setembro.

Na agenda, uma série de indicadores de emprego e atividade são esperados para esta semana, além de vários balanços corporativos de empresas sediadas no Brasil e no exterior.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/07/30/dolar-ibovespa.ghtml

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Copom deve manter Selic em 10,50%, mas sinaliza alta futura

Reunião do BC desta quarta-feira (31) discute taxa de juros; mercado prevê estabilidade, mas deterioração econômica pode levar a tom mais duro no comunicado.

por Barbara Luz

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira (30) sua quinta reunião do ano para discutir a taxa básica de juros, a Selic. A expectativa do mercado financeiro é que a taxa seja mantida nos atuais 10,50% ao ano, segundo levantamento da Bloomberg com economistas.

Apesar da manutenção esperada, o Copom deve emitir um comunicado mais rígido sobre a deterioração do cenário econômico, indicando a possibilidade de aumento na Selic em futuras decisões, conforme especialistas.

Na última reunião, em junho, o Copom decidiu interromper o ciclo de cortes da taxa, mesmo sob pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reduzi-la. Desde o início de seu mandato, em janeiro de 2023, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, a taxa foi reduzida até atingir 10,5% ao ano em maio, após seis reduções de 0,5 ponto percentual e uma de 0,25 ponto.

Os fatores que pesam na decisão atual incluem a deterioração das expectativas de inflação, incertezas quanto ao cumprimento do arcabouço fiscal e um câmbio mais desvalorizado. Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, destaca que “os modelos do Banco Central indicam uma inflação ainda elevada nos próximos dois anos, e isso dificulta a redução da Selic.”

O IPCA-15 de julho registrou desaceleração para 0,30%, acima das expectativas do mercado. O grupo alimentação e bebidas contribuiu para a desaceleração, enquanto transportes tiveram alta significativa. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou ganho de 4,45%, também acima das expectativas.

A expectativa de inflação para 2023 aumentou de 4% para 4,05%, enquanto a previsão para a Selic permanece em 10,5% para este ano, com reduções previstas para 9,5% em 2025 e 9% em 2026 e 2027. Essa previsão foi registrada no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central.

Até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, o Copom realizará mais três reuniões. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, avalia que a possibilidade de aumento na Selic é maior do que a de redução devido à turbulência econômica e fiscal.

O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) subiu 0,25% em um mês, o que pode influenciar uma postura mais conservadora do Banco Central, segundo Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências.

As tensões políticas nos EUA e as incertezas sobre a saúde fiscal do Brasil também influenciam o câmbio, mas o cenário doméstico é considerado mais determinante. Zara, da LCA Consultores, ressalta a importância da consolidação fiscal para a estabilização econômica.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões no orçamento como tentativa de cumprir o arcabouço fiscal, mas medidas mais robustas são necessárias, segundo Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim.

Para os especialistas, a comunicação do Banco Central será crucial para coordenar as expectativas do mercado. O comunicado deve indicar um balanço de riscos em deterioração, sinalizando que o Copom pode reagir com um aumento da Selic se a situação econômica piorar.

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com informações de agências

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/07/30/copom-deve-manter-selic-em-1050-mas-sinaliza-alta-futura/

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Em 18 meses, governo Lula gera 2,7 milhões de empregos formais

Se durante os 12 meses do ano passado o saldo foi de 1,4 milhão de vagas, em seis meses deste ano já está em 1,3 milhão

por André Cintra

Desde o início do terceiro governo Lula, o mercado de trabalho brasileiro acumula um saldo de 2,7 milhões de empregos formais. Graças a essa retomada, o País alcançou um estoque recorde de mais de 46 milhões de trabalhadores com carteira assinada – ou, mais precisamente, 46.817.319.

Os dados, divulgados nesta terça-feira (30) pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, foram extraídos do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A cada mês, o indicador mostra a relação entre admissões e desligamentos.

Um olhar atento a esse período de 18 meses (de janeiro de 2023 a junho de 2024) mostra um mercado de trabalho aquecido. Em junho de 2023, foram gerados 157,1 mil postos de trabalho. Agora, em junho deste ano, foram 201,7 mil.

Houve expansão do emprego nos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas: Serviços (87.708 vagas a mais), Comércio (33.412), Indústria (32.023), Agropecuária (27.129) e Construção Civil (21.449).  Já ao longo do ano, os setores que mais tiveram saldo positivo de novas carteiras assinadas foram Serviços (716.909), Indústria (242 mil), Construção Civil (180.779), Comércio (86.254) e Agropecuária (73.809).

Mesmo com a tragédia do Rio Grande do Sul – único estado que registrou perda em junho no estoque de empregos –, o balanço de 2024 já é praticamente igual ao de 2023. Se durante os 12 meses do ano passado o saldo foi de 1,4 milhão de vagas, em seis meses deste ano já está em 1,3 milhão.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/07/30/em-18-meses-governo-lula-gera-27-milhoes-de-empregos-formais/

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Inteligência artificial deve “alavancar o desenvolvimento” do Brasil

“Partimos da compreensão de que a IA é uma força tecnológica transformadora, que impacta profundamente a sociedade e o Planeta”, afirmou Luis Fernandes, do MCTI

por André Cintra

Após uma espera de 14 anos, a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) voltou. E sua quinta edição, aberta nesta terça-feira (30), já tem um tema em clara evidência: a inteligência artificial (IA).

Se a abertura da conferência, pela manhã, foi marcada pela entrega da proposta do 1º Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) ao presidente Lula, uma plenária, à noite, detalhou o projeto ao público. A programação é realizada pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), em Brasília.

O PBIA foi construído ao longo de quatro meses, sob encomenda da Presidência da República. A força-tarefa ficou a cargo do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, sob coordenação de Luis Fernandes, secretário-executivo do MCTI. O Conselho aprovou a proposta do plano nesta segunda-feira (29), em reunião presidida pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.

Foi o próprio Luis Fernandes que apresentou o PBIA na plenária “Um Plano Estratégico para o Desenvolvimento e a Utilização da Inteligência Artificial no Brasil”, uma das mais concorridas da 5ª Conferência. O Conselho, segundo o secretário-executivo, batizou o plano de “IA para o Bem de Todos”.

Antes disso, porém, Fernandes destacou as “bases de formulação estratégica” que orientaram a construção do plano. “Partimos da compreensão de que a IA é uma força tecnológica transformadora, que impacta profundamente a sociedade e o Planeta. A concentração excessiva de poder, dados e recursos em poucas empresas – ou poucos países – pode ter como consequência a exclusão de grande parte da humanidade dos benefícios dessa tecnologia”, afirmou.

Para que a inteligência artificial seja capaz de “alavancar o desenvolvimento social e econômico do Brasil”, o PBIA demanda uma “iniciativa estratégica coordenada entre governo, comunidade científico-tecnológica, empresas e sociedade civil”. É essa parceria que torna viáveis os cinco objetivos do plano:

  • Transformar a vida dos brasileiros por meio de inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em Inteligência Artificial.
  • Equipar o Brasil de infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, incluindo um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, alimentada por energias renováveis.
  • Desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossa diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA.
  • Formar, capacitar e requalificar pessoas em IA em grande escala para valorizar o trabalhador e suprir a alta demanda por profissionais qualificados.
  • Promover o protagonismo global do Brasil em IA por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional.

Com investimentos da ordem de R$ 23 bilhões, o PBIA é o resultado de um processo que teve mais de 30 reuniões bilaterais, mobilizando representantes de 117 instituições públicas, privadas e da sociedade civil. Os 38 documentos recebidos pelo CCT no período incluíam mais de 300 sugestões.

Segundo Luis Fernandes, o adiamento da 5ª CNCTI, em decorrência da tragédia no Rio Grande do Sul, garantiu ao Conselho um tempo extra que se revelou decisivo para a conclusão do projeto. “Até ontem, ainda estávamos recebendo propostas”, disse o secretário-executivo. De acordo com ele, a vigência do PBIA será de 2024 a 2028.

A plenária sobre inteligência artificial foi mediada por Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br), ligado ao MCTI. Participaram também da mesa os professores Silvio Meira, do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife da Universidade Federal de Pernambuco (Cesar/UFPE), e Laura Schertel, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP); Rodrigo Mulinari, diretor de Tecnologia do Banco do Brasil; e Nelson Leoni, CEO da Widelabs.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/07/30/inteligencia-artificial-deve-alavancar-o-desenvolvimento-do-brasil/

Mão de obra não qualificada é desafio para indústrias de construção, diz CNI

Como a política internacional influencia as eleições de 2024 no Brasil

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Do atentado ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, passando pela desistência do atual presidente, Joe Biden, de concorrer à reeleição, até a indicação da vice-presidente Kamala Harris como nova candidata dos Democratas, e chegando por último à controversa reeleição de Maduro na Venezuela, a política internacional tem sido usada como um campo de disputas acirradas entre políticos da direita e da esquerda no Brasil. Políticos brasileiros aprenderam a utilizar pautas internacionais, como guerras, conflitos e eleições, para direcionar a atenção da mídia e da opinião pública de diversas maneiras.

Nas últimas semanas, a conjuntura internacional se tornou terreno mais fértil para os políticos comentaristas de política internacional. O atentado contra Donald Trump, uma figura polarizadora na política global, para dizer o mínimo, reverberou no cenário brasileiro. Políticos de direita, simpatizantes de Trump, usaram o incidente para criticar a violência política e destacar o que consideram ser uma perseguição contra líderes conservadores em todo o mundo. Ao mesmo tempo, políticos de esquerda aproveitaram o ocorrido para enfatizar a necessidade de combater discursos de ódio e políticas autoritárias, que, segundo eles, são incentivadas por líderes populistas como Trump.

A indicação de Kamala Harris como a nova candidata dos Democratas também gerou diversas reações. Para parte da esquerda brasileira, Harris representa a continuidade de uma agenda progressista e a possibilidade de fortalecimento das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em temas como direitos humanos, meio ambiente e igualdade social. Já para a direita, a candidatura de Harris é vista com ceticismo, com preocupações sobre o aumento da influência de políticas progressistas no hemisfério ocidental, chegando ao ponto de ser chamada de candidata comunista (termo usado pelo próprio Trump).

A situação na Venezuela tem sido uma referência constante no discurso político interno do Brasil, especialmente quando se trata de temas como autoritarismo e democracia. O resultado das controversas eleições, proclamado no último dia 29 de julho, reforçou o embate entre políticos brasileiros. A direita, frequentemente utilizam a crise venezuelana como um exemplo claro de fracasso de governos socialistas e autoritários. Esse exemplo é usado para criticar políticas de esquerda no Brasil, alegando que poderiam levar o país a uma situação similar à vivida na Venezuela (discurso sobejamente utilizado nas eleições nacionais de 2022).

Por outro lado, políticos de centro e esquerda no Brasil utilizam a situação venezuelana para reforçar a importância de defender a democracia e os direitos humanos, argumentando que a deterioração democrática na Venezuela serve como um alerta para a necessidade de proteger as instituições democráticas brasileiras.

Será interessante acompanhar como as campanhas municipais no Brasil utilizarão as pautas internacionais como guerras, conflitos e eleições de modo a influenciar a opinião pública angariar votos. De Serra da Saudade (MG) até São Paulo, nenhuma campanha passará incólume pelos conflitos na política mundial. Podemos apostar em alguns temas e estratégias que aparecerão nas disputas eleitorais.

Como já é sabido, as disputas internacionais podem ajudar na mobilização de apoiadores, na medida que o candidato se posiciona a favor ou contra determinado cenário. Também pode ajudar a desviar o foco do debate. Em vez de discutir problemas inerentes ao seu município, o candidato impõe um debate internacional, mas que tem pouca efetividade no dia a dia dos munícipes. Os candidatos podem usar ainda de conflitos internacionais para apostar na polarização política como modo de conseguir apoiadores e mais votos. E é claro, para criar o sentimento de medo e urgência, demonstrando como a vitória do adversário pode gerar crises semelhantes a vistas para além de nossas fronteiras.

À medida que nos aproximamos das eleições municipais, é evidente que a influência das pautas internacionais continuará a influenciar o discurso político no Brasil. Os eventos globais oferecem um rico campo de estratégias para candidatos que buscam captar a atenção da mídia e engajar eleitores. Desde analogias com crises internacionais até o uso de temas globais para desviar a atenção de questões locais, os políticos brasileiros têm à disposição um arsenal de recursos para impactar a opinião pública.

A habilidade de integrar debates internacionais nas campanhas municipais não apenas reflete a dinâmica complexa da política global, mas também demonstra a capacidade dos candidatos de explorar e adaptar esses eventos para suas próprias agendas e conveniências. O uso estratégico de pautas internacionais pode ser uma ferramenta poderosa para mobilizar eleitores, criar narrativas envolventes e influenciar o debate eleitoral.

Cabe aos cidadãos que se preparam para votar, e que estejam atentos não apenas às questões locais, mas também às maneiras como os políticos podem estar utilizando temas globais para moldar suas campanhas. A capacidade de discernir entre estratégias retóricas e soluções concretas será crucial para que os eleitores façam escolhas informadas que atendam aos verdadeiros interesses de suas comunidades. No final, a política local deve ser guiada por soluções práticas e realistas, mesmo quando influenciada por eventos que ocorrem além das fronteiras nacionais.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.

AUTORIA

Coletivo Legis-Ativo

COLETIVO LEGIS-ATIVO Projeto do Movimento Voto Consciente que reúne voluntariamente 20 cientistas políticos, em paridade absoluta de gênero espalhados por todas as regiões do país. As ações do coletivo envolvem a produção de textos analíticos e a apresentação, em parceria com organizações diversas, de podcasts.

Araré Carvalho

ARARÉ CARVALHO Formado em Ciências Sociais pela UNESP, mestre e doutor em Ciências Sociais pela Unesp. É professor na Faceres – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, é consultor, coordenador acadêmico e pesquisador do LABEPROX (Laboratório de Estudos de Abordagem de Proximidade) UERJ-RJ. É Membro do coletivo Legis-Ativo, do Movimento Voto Consciente e colunista da rádio CBN – Grandes Lagos.

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