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Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Entre os meses de junho de 2023 e deste ano, o Brasil só cresceu menos do que Índia, Indonésia, China, Rússia e Estados Unidos — e igualou o índice da Turquia.

A economia brasileira chegou até a metade de 2024 tendo crescido 2,5% nos 12 meses anteriores — o que coloca o país em 6º lugar entre as economias do G20 que mais cresceram neste ano.

G20 é um grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo.

Entre junho de 2023 e junho deste ano, o Brasil só cresceu menos do que Índia, Indonésia, China, Rússia e Estados Unidos — e igualou o índice da Turquia.

Registraram crescimento menor do que o Brasil os seguintes países: Coreia do Sul, Canadá, México, França, Itália e Reino Unido — além da zona do euro, como um todo.

Alemanha registrou crescimento nulo, e a Arábia Saudita viu sua economia contrair no período.

África do Sul, Argentina, Austrália e Japão ainda não têm dados sobre o segundo trimestre de suas economias.

Quanto cada economia cresceu — Foto: BBC

Quanto cada economia cresceu — Foto: BBC

Os resultados do Brasil e de outros países confirmam uma tendência apontada para este ano por relatórios de grandes entidades — como Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — de que a economia global está se normalizando após anos de instabilidade provocada pela pandemia e por conflitos.

Eles sinalizam que o crescimento econômico está vindo de dois lugares em especial: dos Estados Unidos e dos mercados emergentes, entre eles o Brasil.

Os Estados Unidos — a maior economia do mundo — estão crescendo a um ritmo anualizado de 2,8%, segundo dados oficiais do primeiro semestre desse ano.

Esse ritmo mostra uma aceleração em relação aos últimos dois anos, quando a economia americana cresceu 1,9% (2022) e 2,5% (2023).

A expectativa de muitos economistas é de que a economia americana possa vir a se acelerar ainda mais, depois que, no mês passado, o Federal Reserve, o Banco Central do país, sinalizou que está preparado para começar a cortar os juros, o que tem o potencial de aquecer a economia.

Já o Brasil registrou no primeiro semestre de 2024 um ritmo maior de crescimento do que o FMI prevê para o país neste ano, de 2,1%, acima dos 2,5% registrados oficialmente.

O resultado do segundo trimestre — um crescimento de 1,4% em relação aos primeiros três meses do ano — ficou meio ponto percentual acima da expectativa dos economistas de mercado, que esperavam uma alta de 0,9%.

Mas tanto o ritmo atual quanto a previsão do FMI para o Brasil ainda são inferiores ao crescimento registrado pelo Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos dois anos, de 3% (em 2022) e 2,9% (em 2023).

Emergentes e EUA crescendo mais

A economia mundial está se estabilizando, após quatro anos de altos e baixos intensos, provocados pela pandemia de covid-19.

A conclusão está em relatórios recentes de entidades como FMI, Banco Mundial e OCDE.

Em 2020, quando o novo vírus se espalhou globalmente, a economia global sofreu com fechamentos de empresas, quarentenas, lockdowns, paralisação de atividades e demissões em massa.

No ano seguinte, com a chegada de vacinas nos mercados, a pandemia começou a ser vencida e muitas restrições foram levantadas.

Nesses anos, as economias globais passaram por uma espécie de “montanha russa”.

Alguns países sofreram com novas ondas de covid-19. Outros tiveram momentos de acelerada recuperação econômica, seguido de momentos de estagnação ou queda.

A maioria dos países sofreu com um problema comum: o aumento dramático de gastos e endividamento públicos, depois que governos anunciaram medidas de estímulo para a economia durante a pandemia.

Isso — além da desorganização das cadeias globais de produção por causa da pandemia — contribuiu para o aumento da inflação na maioria dos países.

O que se seguiu foi um período de aumento das taxas de juros — atingindo patamares recordes em quatro décadas nos países industrializados.

O Brasil também teve inflação e juros altos ao longo dos últimos anos.

Mas, em 2024, economistas e grandes instituições financeiras indicam que esse ciclo está chegando ao final.

“Quatro anos após os tumultos causados pela pandemia, conflitos, inflação e aperto monetário, parece que o crescimento econômico global está se estabilizando”, disse Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente do Banco Mundial.

Segundo o relatório mais recente da OCDE sobre a economia global, “há sinais de que a perspectiva global começou a melhorar, embora o crescimento permaneça modesto”.

“A atividade global está se mostrando relativamente resiliente, a inflação está caindo mais rápido do que o inicialmente projetado e a confiança do setor privado está melhorando.”

OCDE também apontou que os desequilíbrios de oferta e demanda nos mercados de trabalho estão diminuindo, com o desemprego permanecendo em ou perto de baixas recordes.

“As rendas reais começaram a melhorar à medida que a inflação modera e o crescimento do comércio se torna positivo.”

Mas é apontado um problema para a economia global em 2024: a recuperação e estabilidade é desigual. E o legado dos últimos quatro anos pode ser um aumento da pobreza em vários países.

Mas, segundo a OCDE, a estabilidade do crescimento econômico é desigual no mundo, “com resultados mais suaves em muitas economias avançadas, especialmente na Europa”, mas forte crescimento nos Estados Unidos e em muitos emergentes.

“O crescimento está em níveis mais baixos do que antes de 2020. As perspectivas para as economias mais pobres do mundo são ainda mais preocupantes. Elas enfrentam níveis grandes de dívida, possibilidades comerciais restritivas e eventos climáticos custosos”, disse Indermit Gill, do Banco Mundial.

“As economias em desenvolvimento terão que encontrar maneiras de encorajar o investimento privado, reduzir a dívida pública e melhorar a educação, a saúde e a infraestrutura básica. Os mais pobres entre eles — especialmente os 75 países elegíveis para receber assistência da Associação Internacional de Desenvolvimento — não serão capazes de fazer isso sem apoio internacional.”

Em seu último relatório, o Banco Mundial alertou que o crescimento econômico na América Latina, a exemplo do que acontece no mundo, também tem sido desigual na região.

“O Brasil e o México têm mantido confiança empresarial positiva, com alguns países como a Colômbia mostrando melhora, enquanto a Argentina tem visto uma forte contração econômica”, disse a instituição.

Apesar de sinais de que a economia global está crescendo, os relatórios apontam que ainda há riscos — sobretudo em um momento em que os países começam a reduzir suas taxas de juros.

No mês passado, por exemplo, houve um temor temporário nos mercados que a economia americana poderia entrar em recessão, depois que dados ruins de desemprego foram divulgados.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/09/03/brasil-e-6a-economia-que-mais-cresceu-no-mundo-em-2024.ghtml

Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Alta do PIB: governo vive ‘ciclo virtuoso’ e tem feito ‘ajustes no lugar certo’, diz Haddad

Ministro da Fazenda minimizou risco de inflação, mas não quis comentar possível alta da Selic para conter preços.

Por g1 e GloboNews — Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista exclusiva à GloboNews nesta quarta-feira (4) que os dados positivos da economia divulgados recentemente são resultado de um “ciclo virtuoso” gerado por “ajustes no lugar certo”.

Nesta terça, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no 2º trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Foi o 12º trimestre seguido de alta no PIB.

“Tinha uma certa visão que dizia que o ajuste fiscal não era importante, que podia ser mais leniente com essa questão. E tinha outros economistas que dizia que o fiscal era importante, mas que o ajuste tinha de ser feito em programas sociais. Adotamos a visão que era importante, mas que tinha de ser feito em cima de quem deixou de pagar impostos”, disse Haddad.

“Quando você faz o ajuste sobre os mais pobres, derruba o consumo e o investimento. Ninguém vai investir sem ter para quem vender. Agora a pessoa está investindo pois tem para quem vender. Brasil está crescendo com baixa inflação”, afirmou.

“Veja como você pode ter um ciclo virtuoso na economia quando faz os ajustes no lugar certo. Pessoas não se atentam para a qualidade do ajuste fiscal, vamos cobrar de quem tem de pagar, equilibrar as contas públicas”, seguiu.

Ministro não vê risco na inflação

 

Questionado pela GloboNews, Haddad disse não ver grande risco de que um crescimento maior da economia – que leva a um mercado mais “aquecido” – acabe gerando um descontrole de preços.

“Se você for tomando os cuidados devidos, e fazendo as reformas. Se controlarmos a oferta, não vamos ter pressão inflacionaria em um futuro próximo. Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial. Media mundial tem sido em torno de 3%”, disse Haddad.

Haddad se esquivou, no entanto, de responder sobre o patamar dos juros básicos da economia – principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação.

O comitê que define esses juros se reúne na próxima semana, e pode elevar a taxa Selic para “esfriar” a economia e conter a inflação.

“Confiamos na capacidade técnica, não acho elegante da minha parte dizer o que o BC tem de fazer. Assim como eles também respeitam a autoridade fiscal da Fazenda”, resumiu.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/09/04/haddad-globonews-entrevista-pib.ghtml

Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Centrais sindicais e MPT lançam campanha contra assédio eleitoral no trabalho

Campanha conta com ferramentas para facilitar denúncia anônima e mobilização sindical para conscientizar trabalhadores do crime eleitoral

por Cezar Xavier

Na manhã desta terça-feira (3), as principais centrais sindicais do Brasil, em colaboração com o Ministério Público do Trabalho (MPT), lançaram a Campanha Nacional Contra o Assédio Eleitoral nas Relações de Trabalho. O evento virtual contou com a participação de líderes sindicais e procuradores, e teve como objetivo destacar a importância de combater o assédio eleitoral e garantir a liberdade de voto dos trabalhadores.

Clemente Ganz Lúcio, consultor das Centrais Sindicais, iniciou o evento ressaltando a relevância da campanha. “A prática do assédio eleitoral, infelizmente, ainda é uma realidade no processo eleitoral brasileiro, especialmente contra trabalhadores no local de trabalho. As centrais sindicais, em conjunto com o MPT, estão lançando uma campanha para combater essa prática, garantindo a liberdade de escolha e o direito ao voto”, afirmou Clemente.

A campanha conta com a adesão de oito centrais sindicais: CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central Sindical, Pública e Intersindical. Além do apoio das lideranças sindicais, o MPT fornecerá suporte jurídico e operacional essencial para a execução da campanha.

Reflexões dos líderes sindicais

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, abordou a gravidade do assédio eleitoral, destacando que a prática se intensificou nas últimas eleições. “O assédio eleitoral cresceu muito nos últimos anos, especialmente nas últimas eleições. É um crime que precisa ser combatido com firmeza, e essa campanha é um passo importante nessa direção”, afirmou Torres.

Ricardo Patah, presidente da UGT, reforçou a importância da democracia e da liberdade de escolha, destacando que a campanha visa conscientizar tanto trabalhadores quanto empregadores sobre os direitos eleitorais. “Estamos construindo uma democracia mais efetiva, onde as pessoas eleitas sejam aquelas que o povo realmente quer eleger”, disse Patah.

Valeir Ertle, diretor jurídico da CUT, mencionou a seriedade do assédio eleitoral e seu impacto na democracia. Ele comparou os episódios de 2022 com o aumento das denúncias em 2024 e destacou a importância da nova plataforma de denúncia para enfrentar essa prática.

Ronaldo Leite, secretário-geral da CTB, expressou indignação com as tentativas de empregadores de interferir nas eleições. “É inadmissível que os patrões usem seu poder econômico para alterar o resultado das eleições”, afirmou Leite. Ele enfatizou a necessidade de denunciar todos os casos de assédio eleitoral para proteger a democracia.

Antônio Neto, presidente da CSB, expressou preocupação com o aumento do assédio eleitoral observado durante as eleições de 2022 e destacou a necessidade de maior vigilância em 2024. “Agora, em 2024, teremos eleições em 5.570 municípios, o que aumenta ainda mais o risco de abusos”, afirmou Neto. Ele destacou a importância de os sindicatos estarem preparados para orientar e proteger seus representados.

Wanderci Polaquini, dirigente da Pública Central do Servidor, destacou a importância de proteger o direito dos trabalhadores de escolherem seus representantes sem interferências. Nilza, secretária-geral da Intersindical, lembrou que o assédio eleitoral pode ocorrer tanto durante o período eleitoral quanto no cotidiano de trabalho, e ressaltou a necessidade de divulgar amplamente o projeto de denúncia.

Ferramenta de denúncia e apoio jurídico

O evento também marcou o lançamento de um aplicativo inovador para denúncias de assédio eleitoral. O aplicativo foi projetado para ser simples e eficiente, permitindo que trabalhadores façam denúncias de forma segura e anônima. Paulo Oliveira, responsável pela apresentação da ferramenta, destacou que o aplicativo pode ser acessado através de um link ou QR Code, sem necessidade de download específico.

O aplicativo permite que o trabalhador forneça informações detalhadas sobre o assédio, incluindo provas como áudios, vídeos, fotos e documentos. “Esses anexos são fundamentais para comprovar a denúncia e dar mais robustez ao processo investigativo”, explicou Oliveira.

A procuradora Priscila Moreto, vice-coordenadora nacional da Coordenadoria de Promoção da Liberdade Sindical e Diálogo Social (Conalis), enfatizou a importância da colaboração entre o MPT e as centrais sindicais para enfrentar o assédio eleitoral. Ela destacou que a plataforma de denúncia é uma ferramenta crucial para garantir que as práticas ilícitas sejam reportadas e tratadas de forma eficaz.

A campanha lançada pelas centrais sindicais e pelo MPT representa um passo significativo na defesa da democracia nas eleições municipais de 2024. A mobilização das bases sindicais em todo o país será crucial para garantir que trabalhadores de todas as regiões, especialmente nas áreas mais remotas, tenham acesso às ferramentas de denúncia e ao apoio jurídico necessário.

Essa iniciativa reafirma o compromisso das centrais sindicais e do MPT com a construção de um Brasil onde todos possam votar livremente e sem medo de retaliações. O aplicativo para denúncias de assédio eleitoral está disponível em centraissindicais.org.br/ae, e a participação ativa dos trabalhadores é fundamental para garantir uma eleição justa e democrática.

Confira a apresentação completa da campanha:

Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Mais de 80% dos candidatos autodeclarados evangélicos são filiados a partidos mais à direita

Michelli Possmozer *

A preferência de uma maioria evangélica pela ideologia de direita não é apenas senso comum quando se trata do universo relacionado às disputas eleitorais. Pelo menos no que diz respeito aos que se autodeclaram evangélicos no nome de urna e na indicação da ocupação profissional ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições municipais deste ano, mais de 80% dos candidatos deste segmento religioso estão filiados a partidos de direita.Dos 458.965 candidatos ao pleito municipal do próximo mês de outubro no país, 7.380 estão identificados como evangélicos nos dados divulgados pelo TSE. Deste grupo, 82,1% pertencem a partidos mais à direita do espectro ideológico; 6,5%, de centro, e 11,4% são de partidos mais à esquerda. Entre os partidos mais à direita com mais candidatos estão o Republicanos, com 811, e o Partido Liberal (PL), com 707. Já aqueles mais à esquerda que abarcam o maior número de políticos são o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT), que somam 313 e 275 políticos, respectivamente, classificados como de centro-esquerda.

A ordenação dos partidos conforme o espectro ideológico está baseada no trabalho dos pesquisadores Bruno Bolognesi, Ednaldo Ribeiro e Adriano Codato, publicado na revista Dados, no ano passado. Segundo o portal de dados abertos do TSE, os 7.380 candidatos autodeclarados evangélicos estão distribuídos em 25 partidos, sendo: três de esquerda — Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Partido dos Trabalhadores (PT) —; dois de centro-esquerda — PSB e PDT —; quatro de centro — Cidadania, Partido Verde (PV), Rede Sustentabilidade (Rede) e Solidariedade —; três de centro-direita — Avante, Mobilização Nacional e Partido da Mulher Brasileira (PMB) —; 12 de direita — Agir, Democracia Cristã (DC), Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Partido Novo, PL, Podemos, PP, Partido Renovação Democrática (PRD), Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Partido Social Democrático (PSD), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Republicanos —, e um de extrema-direita — União Brasil.

A identidade religiosa desses candidatos foi identificada a partir de um filtro com o uso das palavras “pastor”, “pastora”, “missionário”, “missionária”, “bispo”, “bispa”, “irmã”, “irmão”, “reverendo”, “reverenda”, “capelão” e “sacerdote”. Na maioria dos casos, esses vocábulos estão registrados no próprio nome de urna ou no campo em que está indicada a profissão do candidato.

Quando se trata de evangélicos, não podemos tratá-los como homogêneos, tendo em vista a diversidade de denominações e as especificidades de suas doutrinas e posicionamento diante das questões políticas. Seria necessário um estudo mais aprofundado acerca das igrejas as quais cada um desses candidatos é membro a fim de entendermos de quais evangélicos estamos falando. Isso é importante até para identificar se sua participação política se dá enquanto sujeito coletivo – que representa, portanto, o pensamento da igreja – ou como sujeito individual, que embora esteja ligado a uma denominação religiosa, sua incursão na cena política pode não refletir o direcionamento de determinada igreja.

É preciso ter cuidado quando nos referimos a um “projeto de poder dos evangélicos”. Existe, sim, um projeto de poder político-religioso em curso, que vem sendo orquestrado por lideranças evangélicas por meio de uma aliança com grupos de direita e extrema-direita. Esses sujeitos utilizam a religião como instrumento com o intuito de ocupar cada vez mais os espaços do legislativo, do executivo e do judiciário para conquistar seus interesses, que são de ordem corporativa e econômica. Mas isso não quer dizer que tal projeto é de todos os evangélicos.

A polarização que vem sendo feita entre esquerda e direita/ bem e mal com a politização da fé das pessoas acaba escondendo o jogo político e de interesses que existe nessa corrida eleitoral para eleger os candidatos evangélicos que, por conta de sua identidade religiosa, seriam os mais capacitados para representar a população e, assim, defender a vida, a família e os valores cristãos. Há uma retórica que reverbera nas igrejas e entre a população religiosa que demoniza tudo que é ligado à esquerda e que vem sendo eficaz para convencer líderes e fiéis de que sua liberdade religiosa está ameaçada por partidos que teriam a intenção de corromper o país. O discurso do desembargador aposentado Sebastião Coelho da Silva, durante o evento “Despertar Profético”, realizado no dia 25 de junho deste ano, em Brasília, representa muito bem a mobilização que vem sendo feita no campo discursivo:

Quando se apresentam os irmãos que aqui estão, colocando os seus nomes para um projeto de país, Deus está dizendo: “essas pessoas eu vou poder usar”. Mas nós estamos em tempo de Guerra! E em tempo de guerra nós temos lado! Tempo de guerra não é tempo de abraçar inimigo! É tempo de vencer o inimigo! Eu não consigo entender — e é bom a diversidade de pensamentos — […] Mas eu não consigo conceber, entender, onde nós temos pastores de esquerda! A esquerda serve ao inimigo! A esquerda é contra todos os valores que nós defendemos!

Para entendermos em que consiste o “projeto de país”, mencionado pelo desembargador, precisamos olhar o que está para além do discurso e das igrejas. Não se trata de um projeto só religioso, mas também não é só político. Existe um entrelaçamento entre os dois campos e interesses econômicos envolvidos. E no meio de todo esse cenário está a disputa pelo voto do segmento religioso que mais cresce no país e que, segundo projeções, pode ultrapassar o número de brasileiros católicos nos próximos anos.

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


* Michelli Possmozer é doutora em Sociologia Política, Mestra em Ciências Sociais e graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Possui experiência como repórter de jornal impresso, comunicação institucional e pesquisas nas áreas de Religião e Política, Sociologia Urbana, Sociologia da Violência, Desenvolvimento Urbano e Políticas Públicas.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.

Observatório Evangélico Espaço voltado para a promoção de debates relacionados ao cristianismo evangélico no Brasil. O site que dá nome à coluna é uma ação voluntária e sem afiliações partidárias ou religiosas, oferecida por evangélicos de denominações diversas e também acadêmicos especialistas no tema da religião.

CONGRESSO EM FOCO
Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

PIB fica acima do esperado e cresce 1,4% no segundo trimestre de 2024

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (3), que no segundo trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% em comparação com o primeiro trimestre deste ano. Já em comparação com o segundo trimestre de 2023, houve um crescimento de 3,3%.

Os destaques do segundo trimestre foram a evolução da indústria, que chegou a 1,8% de alta e do setor de serviços, com aumento de 1%. No entanto, a agropecuária caiu em 2,3% em relação ao primeiro trimestre e 2,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.

A melhora na indústria foi relacionada com setores de atividade de gestão de resíduos, esgoto, eletricidade e gás e água que subiram em 4,2%, à frente da construção que apresenta 3,5% e das indústrias de transformação que subiram em 1,8%. Quanto ao setor de serviços, atividades financeiras, de seguros e relacionados tiveram uma alta de 2%, seguida por informação e comunicação com 1,7%.

Já a área de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social teve um aumento de 1%, com atividades imobiliárias e atividades de comércio logo atrás, com 0,9% e 0,8%, respectivamente. Enquanto diversas áreas tiveram crescimento significativo, as indústrias extrativas tiveram uma queda de 4,4% neste segundo trimestre quando comparado ao primeiro.

Também houve crescimento considerável na Despesa de Consumo das Famílias, que aumentou em 4,9%, com influência do aumento da massa salarial real e no crédito disponível para as famílias. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu em 5,7% no segundo trimestre de 2024, com justificativa de aumento na produção doméstica e importação de bens de capital. Os bons desempenhos adquiridos na Construção e no desenvolvimento de sistemas de informática também influenciaram esses números.

O economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Felipe Queiroz, considerou positivos os resultados e declarou que os números superaram as expectativas. “A economia brasileira teve um crescimento puxado especialmente pela ótica da oferta, pela indústria, que tem apresentado recuperação bastante significativa e robusta, especialmente com o câmbio que gera uma certa proteção à nossa indústria local frente a alguns competidores internacionais e também o setor de serviços”, declarou.

De acordo com Carlos Lopes, economista do banco BV, o resultado do PIB foi surpreendente, esperava-se que o aumento fosse apenas de 0,9%. Para ele, o progresso é consequência da contribuição da demanda doméstica.

“Quando olhamos para o lado da demanda, o desempenho foi favorável pelo consumo das famílias, do investimento e das compras governamentais e esses indicadores são relevantes para os próximos meses, a despeito de uma expectativa de alta dos juros. O crescimento da mão de obra com carteira assinada sustenta o aumento do consumo por conta da poupança gerada pelo trabalho”, disse ele.

Congresso em Foco

Brasil é 6ª economia que mais cresceu no mundo em 2024

Votação da indicação de Galípolo deve ficar para depois das eleições

Por Edson Sardinha e Sylvio Costa

A pressa do governo para acelerar a sabatina e a votação da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central repercutiu mal entre senadores, inclusive da base aliada. A declaração do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de que a sabatina deveria ocorrer no próximo dia 10 e que a relatoria deveria ficar com o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), irritou o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Vanderlan Cardoso (PSD-GO), responsável por pautar a indicação. E também causou desconforto entre outros senadores, que consideraram que Padilha atropelou o rito e passou por cima de Vanderlan.

O movimento de Padilha não deve atrapalhar a indicação de Jaques Wagner para a relatoria. Sua designação, no entanto, ainda não foi confirmada pelo presidente da CAE. Mas o adiamento da sabatina pode atrasar o processo de votação.

A aprovação de Galípolo é dada como “tranquila” por um integrante da oposição. “Todos gostam dele”, disse o senador ao Congresso em Foco em condição de anonimato. Embora o presidente da CAE não tenha definido a nova data, a expectativa entre alguns senadores é de que a sabatina e a votação só sejam realizadas após o primeiro turno das eleições de outubro. “A sabatina não será realizada no dia 10. Gostaria de comunicar isso”, afirmou o senador. A data, segundo ele, será definida em comum acordo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), da qual Galípolo deverá participar na condição de diretor de Política Monetária do Banco Central, está marcada para os dias 17 e 18. Por causa da reunião do Copom, diretores do BC evitam falar sobre juros na véspera e nos dias seguintes à decisão. Na prática, isso impediria o indicado de responder sobre um dos principais temas da sabatina, sua posição em relação à política de juros. “O mais provável é que fique mesmo para depois das eleições”, admitiu a assessoria de Vanderlan.

A proximidade do primeiro turno da eleição municipal, no dia 6 de outubro, deve esvaziar o Senado ainda mais na última semana de setembro. Com isso, é grande a expectativa de que senador goiano só paute a indicação em outubro.

Galípolo já passou por uma sabatina e votação no Senado. Em julho do ano passado, teve sua indicação para a diretoria do BC avalizada pelos senadores. O paulistano de 42 anos foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad. Ele tem graduação e mestrado em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), já atuou como professor universitário (2006 a 2012) e foi presidente do Banco Fator (2017 a 2021).

O diretor do BC começou nessa segunda-feira a peregrinação por gabinetes dos senadores em busca de apoio. O senador Jaques Wagner considera que o quórum reduzido em razão das eleições é o principal obstáculo para a celeridade na aprovação da indicação de Galípolo. “Ele foi absolutamente bem recebido, portanto não tem nenhuma dificuldade no nome dele. Evidentemente, como a gente está num período pré-eleitoral não é fácil você conseguir conquistar presenças aqui”, disse o líder do governo.

“Eu não encontrei ninguém que não gostasse do nome, então não tem nenhuma preocupação. O mercado gostou do nome. A única coisa que a gente está querendo é fazer pelo menos na CAE. Se puder fazer no dia 10, ótimo. Se não fizer no dia 10, dificilmente será no dia 17, porque a mesma dificuldade do dia 10 tem no dia 17, que é trazer gente para cá. Tem que ser presencial, preciso de pelo menos 15 ou 16 (senadores) e não tem nem esse problema todo porque (a aprovação) é por maioria simples. Não tem nenhuma dificuldade esse negócio”, comentou.

“A única coisa que o governo quer é dar um sinal que isso está resolvido, já está resolvido. Eu acho que está no campo do improbabilíssimo qualquer problema. Porque, repito, o nome dele foi muito bem recebido por todos. A dificuldade é quórum no período pré-eleitoral”, pontuou Jaques.

Autoria

Sylvio Costa

Sylvio Costa Fundador do Congresso em Foco. Mestre em Comunicações pela Universidade de Westminster, na Inglaterra. Trabalhou como jornalista em veículos como Folha, IstoÉ, Correio Braziliense, Zero Hora e Gazeta Mercantil, entre outros, exercendo as funções de repórter, editor e chefe de reportagem. Ganhou, individual e coletivamente, mais de 20 prêmios de jornalismo e comunicação. É servidor concursado do Senado Federal, onde está lotado na TV Senado.

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