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Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

Pelo menos 281 milhões de pessoas deixaram suas casas nos últimos anos em busca de oportunidades em outros países. Muitas acabam sofrendo preconceitos e dificuldades nessa jornada

Os impactos da pandemia da covid-19, os conflitos reiterados no Oriente Médio, a guerra da Ucrânia, desastres ambientais, crises econômicas e políticas. São vários os fatores que levam alguém a decidir deixar seu país em busca de uma condição de vida mais digna, melhor e justa em outro.

Segundo o levantamento mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 281 milhões de pessoas em todo o globo deixaram seus países nos últimos anos. O dado faz parte do Relatório Mundial sobre Migração de 2024, divulgado no início deste mês.

Na quinta reportagem da série especial “Trabalho Decente e Justiça em Países de Língua Portuguesa”, saiba como o tema está sendo tratado pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Graduação fora de casa a partir de uma parceria

Nascida em Cabo Verde, Monalisa Pires, de 33 anos, veio para o Brasil, ainda em 2010, cursar Biomedicina na Universidade Federal de Goiás (UFGO). Depois de formada, ela acabou conhecendo seu marido, Irineu, de Guiné-Bissau, e resolveu se mudar para Brasília.

Atualmente, ela é especialista em uma grande rede de laboratórios de análises clínicas e considera ter um salário justo pelas tarefas que desempenha. “Como eu já moro há mais de 10 anos no Brasil e meu filho nasceu aqui, optei por pedir a nacionalidade brasileira”, conta. “Sinto muita falta do meu país e da minha família, mas amo o Brasil e a diversidade cultural e gastronômica que encontramos aqui. Por isso decidi ficar mais alguns anos”.

Na época, havia uma parceria entre Brasil e Cabo Verde que facilitava a vinda de jovens para fazer cursos de graduação em universidades federais brasileiras. Foi assim com Monalisa e com várias outras pessoas de Cabo Verde e de outros países.

Atualmente, o Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) concede bolsas de doutorado a naturais de países em desenvolvimento com os quais o Brasil tenha Acordo de Cooperação Educacional, Cultural ou de Ciência e Tecnologia. Além das passagens áreas, o governo brasileiro custeia os quatro anos de duração do curso.

Perfil de quem migra

Segundo o Relatório Mundial sobre Migração de 2024, nos últimos 20 anos, a quantidade de homens que migraram foi muito superior à de mulheres. Se em 2000 migraram 88 milhões de homens e 86 milhões de mulheres, em 2020 o número passou a ser de 146 milhões de pessoas do sexo masculino contra 135 milhões do sexo feminino. Já a faixa etária é semelhante entre os sexos: geralmente são pessoas entre 20 e 45 anos.

Ainda de acordo com a ONU, a migração é um “impulsionador de desenvolvimento humano e crescimento econômico”, já que o movimento é responsável pelo aumento de mais de 650% nas remessas internacionais de 128 bilhões para 831 bilhões de dólares entre 2000 e 2022. Ou seja, os trabalhadores saem de seus países em busca de uma condição financeira melhor e acabam enviando dinheiro para seus familiares que permaneceram em casa. Assim, as remessas acabam impactando diretamente o Produto Interno Bruto (PIB) de vários países em desenvolvimento.

O relatório da ONU detalha que, em 2022, Índia, México, China, Filipinas e Egito lideraram o ranking de países destinatários de remessas internacionais. Apenas a Índia recebeu cerca de 100 bilhões de dólares no período.

Dignidade da pessoa migrante

O ideal seria que cada país tivesse políticas públicas para receber migrantes de forma a adaptá-los à realidade local e oferecer condições mínimas para que possam trabalhar ou estudar com dignidade.

A Convenção 97 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do trabalho de migrantes, foi aprovada ainda em 1949, na 32ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho. No Brasil, a proteção está garantida desde 1966, quando a norma foi aprovada pelo Congresso Nacional e passou a fazer parte da legislação brasileira.

Governos devem garantir dignidade

No “Diálogo entre países de língua portuguesa sobre Justiça do Trabalho”, realizado em março no Tribunal Superior do Trabalho, o jornalista e professor da PUC-SP Leonardo Sakamoto provocou. “Governos não têm sido capazes de garantir a dignidade de trabalhadores migrantes, e muitas sociedades parecem que simplesmente não se importam”, enfatizou ao defender que migrar é um direito de qualquer pessoa.

Apoio governamental para quem quer mudar de país

O governo de Cabo Verde estima que pelo um milhão de pessoas nascidas no país vivam atualmente em outros locais do globo. A maior parte, cerca de 400 mil, está em Massachusetts, nos Estados Unidos. Mesmo perdendo vários habitantes todos os anos, Cabo Verde tem a política de auxiliar essas pessoas para que consigam se estabelecer em outros locais e se integrar a outros mercados de trabalho.

Segundo o procurador da ilha de Boa Vista, da Procuradoria-Geral da República de Cabo Verde, o país firmou acordos bilaterais com a França, para garantir autorizações de residência aos cabo-verdianos que já estão empregados, e com Portugal, autorizando que eles trabalhem no país por até três anos.

Altino Mendes destaca que a intenção do governo não é impedir que as pessoas saiam do país, mas garantir sua segurança mesmo em outros países:

Segurança social de quem chega

Já em Moçambique, quem acompanha a legalidade de atividades envolvendo o trabalho migratório é o Ministério Público, que tem competências semelhantes às do Ministério Público do Brasil. Em 2023, 22,9 mil estrangeiros trabalhavam de forma legal no país, a maior parte na capital, Maputo, e 2.586 deles já se inscreveram no sistema de segurança social moçambicano.

Segundo a procuradora Célia Jeremias, essa inscrição não é obrigatória, mas todos os imigrantes devem provar que estão inscritos em algum sistema de seguridade social de outro país. Ela destacou ainda que o Ministério Público também tem atuado para monitorar as condições de trabalho dos moçambicanos que resolvem deixar o país.

A maior parte deles parte para a África do Sul em busca de emprego em minas e no setor agrícola. “Atuamos no sentido de assegurar que essas empresas paguem aos nossos nacionais os salários, as pensões e os benefícios devidos. Mas ainda temos dificuldade em obter informações de outros países que recebem nossos habitantes”, assinala.

Mão de obra necessária para manter país em funcionamento

De acordo com Domingos Morais, juiz conselheiro da Secção Social do Supremo Tribunal de Portugal, desde a atualização da Constituição, em 1997, o país vem aprovando várias leis para garantir condições dignas e trabalho seguro aos estrangeiros que chegam ao país.

Portugal tem recebido uma grande quantidade de brasileiros. Dados do Ministério das Relações Exteriores de lá mostram que, atualmente, o país concentra uma das maiores comunidades brasileiras na Europa, com cerca de 360 mil pessoas.

Para facilitar a formalização desses migrantes, o governo português modificou a Lei de Nacionalidade em abril deste ano, permitindo que os estrangeiros que residem em Portugal por pelo menos cinco anos tenham direito à cidadania portuguesa. A partir de agora, o período de espera entre a manifestação de interesse na cidadania e a emissão da cidadania em si conta como parte desses cinco anos. Antes, apenas o período de residência legal (com todos os documentos completos) era levado em conta.

Para dar entrada na regularização, os estrangeiros precisam apresentar inscrição em sistema de previdência social do seu país de origem e contratos de trabalho em Portugal.

E a xenofobia?

Vários casos de preconceito contra brasileiros em Portugal têm sido publicados nas redes sociais, mas não há um número oficial de denúncias, nem lá nem aqui. A cabo verdiana Monalisa Pires, que você conheceu no início dessa reportagem, logo ao chegar ao Brasil, recebeu comentários maldosos sobre sua cor e seu jeito de se vestir, mas avalia que hoje os negros brasileiros estão mais esclarecidos sobre suas origens e sobre o que configura o racismo:

Experiência brasileira com a migração

O Brasil sempre recebeu grande número de migrantes ao longo da sua história. Para reunir direitos e deveres dessas pessoas, foi editada a Lei 13.445/2017, conhecida como Lei de Migração. Ela garante a igualdade de oportunidade e de tratamento a migrantes e seus familiares, além de acesso a serviços de saúde, educação e seguridade social, benefícios sociais e assistência jurídica.

Em 2022, o país recebeu 243,2 mil pedidos de autorização de residência, segundo o relatório Dados Consolidados da Imigração no Brasil 2023. Entre os estados que mais receberam migrantes estão Roraima (65 mil), São Paulo (50,7 mil), Amazonas (25,8 mil), Paraná (22,1 mil) e Santa Catarina (21,5 mil).

Muitos migrantes chegam ao país e solicitam primeiro o status de refugiado. De acordo com a ONU, refugiada é a pessoa que foge da guerra e necessita de proteção internacional. No Brasil, entre 2021 e 2022, o número de pedidos aumentou 67,9%, chegando a 50,5 mil solicitações. Lideram esse ranking os venezuelanos, os cubanos, os angolanos e os afegãos.

Exploração de mão de obra estrangeira

E quando esses migrantes não conseguem emitir vistos de trabalho ou documentos que os permitam trabalhar de forma legal? De acordo com a juíza Claudirene Andrade Ribeiro, do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (MT), alguns casos de trabalho forçado ou em condições análogas à escravidão têm sido identificados no Brasil nos últimos anos.

A magistrada lembrou os episódios de bolivianos mantidos em situações de exploração em confecções no interior de São Paulo. “Eles são submetidos a jornadas exaustivas, muitas vezes superiores a 14, 16 horas de trabalho, vivendo e trabalhando em locais pequenos, sem ventilação, e sem receber salário fixo”, ressaltou. Ela enfatizou, porém, que o Ministério Público do Trabalho tem atuado em conjunto com auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego para resgatar essas pessoas.

Migrantes no trabalho formal

De acordo com dados do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o mercado de trabalho brasileiro formal, em 2022, criou mais de 35 mil vagas para estrangeiros. Venezuelanos (mais de 140 mil) e haitianos (mais de 60 mil) lideram esse ranking.

Esses profissionais atuam, principalmente, em frigoríficos de aves e suínos em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Mas também ocupam funções como faxineiros, serventes de obras e alimentadores de linhas de produção.

(Juliane Sacerdote/CF)

TST

https://tst.jus.br/web/guest/-/brasil-e-demais-pa%C3%ADses-de-l%C3%ADngua-portuguesa-buscam-meios-de-lidar-com-migra%C3%A7%C3%B5es

Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

Mantida condenação de rede de lojas por assédio eleitoral

Empregados eram obrigados a assistir a “lives” do proprietário com incitação velada a votar em seu candidato

Camisetas e “lives” sobre questões políticas

Na reclamação trabalhista, o vendedor, admitido em maio de 2018 para trabalhar na loja da Havan em Jaraguá do Sul (SC) e dispensado um ano depois, disse que a empresa obrigava seus funcionários a usar como uniforme uma camiseta com as cores e o slogan de campanha de um dos candidatos à Presidência da República. Também no período da campanha eleitoral, a gerente passou a transmitir “lives” em que o dono da empresa ameaçava de demissão os funcionários que não votassem em seu candidato.

Em sua defesa, a Havan considerou “absurdas” as alegações do vendedor. Segundo a empresa, seu proprietário “jamais escondeu suas ideologias partidárias, mas jamais obrigou qualquer funcionário a se posicionar a seu favor”. O uniforme verde amarelo, por sua vez, seria “um incentivo para melhorar o Brasil”, sem relação com a campanha presidencial da época. Ainda de acordo com a defesa, as “lives” do proprietário ocorriam de maneira aleatória, e os empregados não eram obrigados a assisti-las.

Incitação velada ao voto é postura antijurídica

O juízo de primeiro grau deferiu a indenização com fundamento justamente nas “lives”. Embora não tenha havido prova das ameaças de demissão, o juiz considerou que esse tipo de atitude constrange os trabalhadores.

Segundo a sentença, todos devem ter liberdade em suas convicções políticas, como tem o proprietário, mas a possibilidade de que a recusa em assistir às “lives” não seja bem vista pelo empregador “não é conveniente para um ambiente de trabalho saudável e para a própria saúde mental do empregado”. A conclusão foi de que houve abuso do poder diretivo, ainda que indiretamente. Com isso, a Havan foi condenada a pagar R$ 8 mil de indenização.

Ao manter a condenação, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região acrescentou que esse modo velado de incitação ao voto é antijurídico e fere o Estado Democrático de Direito, além de representar ”um verdadeiro acinte à integridade moral do cidadão brasileiro”.

Prática ameaça o exercício da cidadania

O relator do recurso de revista da Havan, ministro Alberto Balazeiro, ressaltou que o assédio eleitoral nas relações de trabalho é uma das tentativas de captura do voto do trabalhador pelo empregador, que busca impor-lhe suas preferências e convicções políticas. Trata-se, segundo ele, de um tipo de assédio moral, mas não se reduz a isso. “Representa violência moral e psíquica à integridade do trabalhador e ao livre exercício de sua cidadania”, afirmou.

De acordo com o ministro, as características específicas do meio ambiente de trabalho e as vulnerabilidades que permeiam a vida dos trabalhadores são elementos essenciais para a identificação do assédio eleitoral. “Essa modalidade de assédio, que abarca constrangimentos eleitorais de toda natureza, pode ser praticada antes, durante ou após as eleições, desde que os atos estejam relacionados ao pleito eleitoral”, observou.

A prática, prossegue Balazeiro, representa uma ruptura com os ideais de saúde e segurança no trabalho e com a efetividade da democracia. Por isso, algumas das condutas do assédio eleitoral têm repercussões não apenas na esfera trabalhista, mas também na criminal, conforme o Código Eleitoral Brasileiro (Lei 4.737/1965) e a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997). “Não há que se cogitar a existência do livre exercício da consciência política se o trabalhador está diante do temor de perder o emprego em um país como o Brasil, com 8,5 milhões de desempregados”, afirmou.

Fatos e provas demonstraram o assédio

Ao rejeitar o exame do recurso, o relator ressaltou que o TRT, com base nos fatos e nas provas do processo, concluiu que a situação configurou dano à esfera moral do trabalhador. Nesse sentido, não há espaço para o reexame desses aspectos no TST (Súmula 126), o que inviabiliza a pretensão da empresa.

A decisão foi unânime.

(Carmem Feijó)

Processo: Ag-AIRR-195-85.2020.5.12.0046

Secretaria de Comunicação Social
Tribunal Superior do Trabalho
secom@tst.jus.br

https://tst.jus.br/web/guest/-/mantida-condena%C3%A7%C3%A3o-de-rede-de-lojas-por-ass%C3%A9dio-eleitoral

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Mantida condenação de frigorífico a indenizar família de empregado assassinado a caminho de casa

Ele encerrava a jornada de madrugada e voltava para casa de bicicleta quando foi assaltado

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o terceiro recurso da JBS S.A contra a condenação ao pagamento de R$ 200 mil à família de um empregado de Igreja Nova (AL) assassinado quando voltava de bicicleta do trabalho, de madrugada. A empresa tentava embargar decisão anterior da Turma, mas a condenação foi mantida, com a aplicação de multa por tentar  e a JBS ainda terá de pagar multa por tentar protelar o fim do processo.

Assassinato ocorreu de madrugada

O empregado – que não chegou a completar um mês na empresa – voltava para casa às duas horas da manhã, em 30 de agosto de 2019, quando foi assaltado e morto com dois tiros. A viúva disse, na ação trabalhista, que eles moravam numa região perigosa e que não havia transporte público nem a JBS o fornecia. Disse ainda que o marido fora obrigado a assinar um documento em que renunciava ao vale-transporte.

Empresa alegou que todos estão sujeitos a assaltos

A empresa, em sua defesa, disse que a opção de não receber o vale-transporte tinha sido do próprio empregado e que não havia prova de que ele tenha sido obrigado a assinar qualquer documento. Argumentou, ainda, que o local do assalto não tinha relação com o trajeto de retorno do trabalho, o que afastaria a tese de acidente de percurso. Para a JBS, nem mesmo quem trabalha de dia ou utiliza transporte público está imune a casos como esse, “que fogem totalmente do controle das empresas”.

Para TRT, empresa criou situação de risco

Ao condenar a JBS, o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL) entendeu que houve conduta culposa ao exigir que o empregado voltasse para casa de bicicleta às 2h da manhã, “exposto a toda sorte de intempéries”. Para o TRT, ainda que ele tenha dispensado o vale-transporte, a responsabilidade permanece, pois não houve prova de fornecimento de transporte para equipes que encerravam sua jornada de madrugada, “mínimo que se espera de uma empresa deste porte”.

Recursos são descabidos

Como o TRT negou seguimento a seu recurso, a JBS interpôs, sucessivamente, agravo de instrumento, agravo para a Turma e embargos de declaração, todos sem sucesso. O ministro José Roberto Pimenta, relator do caso, explicou que os embargos de declaração são um instrumento processual para solucionar possíveis contradições, omissões e obscuridades na decisão anterior, mas todos os pontos levantados pela empresa já tinham sido examinados e decididos, de forma fundamentada. “São, portanto, absolutamente descabidos e meramente procrastinatórios”, afirmou, avaliando que a empresa pretendia apenas polemizar em relação a fatos já amplamente discutidos.

O relator ainda rechaçou o argumento da JBS sobre a existência de inquérito civil com conclusão do Ministério Público do Trabalho (MPT) de que ela não teve responsabilidade sobre o acidente. Segundo ele, o inquérito não vincula a Justiça do Trabalho, em razão da diferença entre a natureza jurídica do inquérito e o processo examinado.

Ainda inconformada com a condenação, a empresa tenta rediscuti-la na Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), por meio de novos embargos.

(Ricardo Reis/CF)

Processo: EDCiv-Ag-AIRR-141-51.2021.5.19.0059

Secretaria de Comunicação Social
Tribunal Superior do Trabalho
secom@tst.jus.br 

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Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

FMI eleva projeção de PIB do Brasil

A equipe do fundo avaliou que a política monetária tem sido levada em ritmo cuidadoso e que isso tem ajuda a inflação a permanecer dentro do intervalo da meta

Por Marcelo Osakabe, Valor — São Paulo

O corpo técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a visita ao Brasil para elaboração do relatório Artigo IV, documento anual que a instituição faz sobre países-membros da instituição e que costuma divulgar no início do segundo semestre.

“Nos últimos dois anos, a economia brasileira demonstrou notável resiliência, com a inflação recuando para o intervalo da meta. O corpo técnico do FMI prevê que o crescimento modere no curto prazo, antes de se fortalecer e alcançar 2,5% no médio prazo — uma correção para cima frente aos 2,0% projetados na ocasião das consultas de 2023 ao abrigo do Artigo IV”, afirma o FMI em comunicado à imprensa. O motivo da melhora da perspectiva de atividade, prossegue, se deve à implementação da reforma tributária e o aumento da produção de hidrocarbonetos.

A equipe do fundo avalia que a política monetária tem sido levada em ritmo cuidadoso e que isso tem ajuda a inflação a permanecer dentro do intervalo da meta. Ela ainda elogia o trabalho das autoridades para melhorar a posição fiscal do Brasil e reconhece os avanços na agenda de implementação da reforma tributária. “Espera-se que a implementação da histórica reforma do IVA eleve consideravelmente a produtividade, apoie a geração de empregos formais e melhore a equidade do sistema tributária”, diz o comunicado.

Segundo as últimas projeções do FMI, a economia brasileira deve crescer 2,1% em 2024 e 2,4% em 2025. Já a inflação deve chegar a 3,7% no fim de 2024 e atingir a meta de 3,0% na primeira metade de 2026.

Enquanto a perspectiva de crescimento melhorou em relação à última avaliação, no ano passado, a equipe do FMI reconhece que as enchentes do Rio Grande do Sul colocam desafios fiscais. Por outro lado, um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil, diz o documento.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2024/05/28/fmi-eleva-projecao-de-pib-do-brasil.ghtml

Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

Desemprego vai a 7,5% no trimestre terminado em abril, diz IBGE

Desocupação atinge 8,2 milhões de pessoas. É o melhor resultado para este trimestre móvel desde 2014 (7,2%). Números de trabalhadores com e sem carteira assinada batem recorde.

Por Raphael Martins, g1

A taxa de desemprego no Brasil foi de 7,5% no trimestre encerrado em abril, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao trimestre imediatamente anterior, encerrado em janeiro, houve estabilidade na desocupação, que era de 7,6%. No mesmo trimestre de 2023, a taxa era de 8,5%.

Trata-se do melhor resultado para este trimestre móvel desde 2014 (7,2%) e vem abaixo das projeções do mercado financeiro (7,8%).

Com os resultados, o número absoluto de desocupados não teve alteração relevante contra o trimestre anterior, atingindo 8,2 milhões de pessoas. Na comparação anual, o recuo é de 9,7%.

No trimestre encerrado em abril, também houve estabilidade na população ocupada, estimada em 100,8 milhões de pessoas. No ano, o aumento foi de 2,8%, com mais 2,8 milhões de pessoas ocupadas.

De acordo com Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, os números revelam “uma manutenção da tendência de redução da taxa de desocupação do país, que vem sendo observada desde 2023”.

Esta reportagem está em atualização.

O percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar — chamado de nível da ocupação — foi estimado em 57,3%, mesmo percentual do trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a alta é de 1,1 p.p.

Já o número de pessoas dentro da força de trabalho (soma de ocupados e desocupados), teve alta de 1,8%, estimado em 109 milhões. A população fora da força totalizou 66,8 milhões, estável em relação ao período anterior.

Veja os destaques da pesquisa

  • Taxa de desocupação: 7,5%
  • População desocupada: 8,2 milhões de pessoas
  • População ocupada: 100,8 milhões
  • População fora da força de trabalho: 66,8 milhões
  • População desalentada: 3,5 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 38,188 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 13,6 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,5 milhões
  • Trabalhadores domésticos: 5,9 milhões
  • Trabalhadores informais: 39 milhões
  • Taxa de informalidade: 38,7%

Carteira assinada e sem carteira batem recorde

Com o número de ocupados em patamares altos, acima dos 100 milhões de brasileiros, o IBGE registrou recordes nos números de trabalhadores com e sem carteira assinada.

Empregados com carteira assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) chegou a 38,188 milhões, o maior contingente da série histórica da pesquisa, iniciada 2012. Em relação ao trimestre anterior, houve estabilidade estatística. Mas registrou alta de 3,8% contra o mesmo período de 2023, o que acrescenta 1,4 milhão de pessoas ao grupo.

Já o número de empregados sem carteira no setor privado ficou em 13,6 milhões de pessoas no trimestre, também recorde da série histórica. Da mesma forma, houve estabilidade no trimestre e crescimento de 6,4% contra abril do ano passado, somando mais 813 mil pessoas.

Rendimento segue em alta

O rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior, e passou a R$ 3.151. Na comparação anual, o crescimento foi de 4,7%.

Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 313,1 bilhões, mais um recorde da série histórica do IBGE. O resultado teve variação inexpressiva frente ao trimestre anterior, e cresceu 7,9% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/05/29/desemprego-vai-a-75percent-no-trimestre-terminado-em-abril-diz-ibge.ghtml

Brasil e demais países de língua portuguesa buscam meios de lidar com migrações

Bolsonaristas tentam impor Projeto de Emenda que privatiza praias brasileiras

“Deixem nossas praias livres! É um absurdo total que esta proposta esteja sequer sendo debatida”, afirmou Jandira Feghali

por André Cintra

Senadores bolsonaristas querem acelerar a tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 3/2022, que legaliza a privatização das praias no Brasil. Originária da Câmara dos Deputados, a proposta entreguista foi pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta segunda-feira (27).

Atualmente, a União detém a propriedade exclusiva sobre terrenos de marinha. Mas, com a PEC em tramitação, parlamentares como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator do projeto, visam permitir a cessão de áreas litorâneas a estados e municípios, além da venda dessas terras à iniciativa privada.

Especialistas presentes na sessão da CCJ alertaram para os riscos “ambientais, sociais e patrimoniais” da privatização das praias. Foi o caso de Marinez Eymael Garcia Scherer, coordenadora-geral do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Segundo Marinez, o Brasil, com a legislação atual, já pode ser considerado menos rigoroso com a área de segurança nos terrenos de marinha, que hoje é de 33 metros. É um número bem inferior ao de outros países citados pela gestora, como Portugal (50 metros), Suécia (100 a 300 metros), Uruguai (150 a 250 metros) e Argentina (150 metros). Nesse sentido, ceder esses terrenos a ocupantes particulares represente uma ameaça à soberania nacional.

Além disso, com as mudanças climáticas e a alta no nível do mar, o perímetro da área de segurança é alterado constantemente, avançando por manguezais, restingas e falésias, em áreas de preservação ambiental permanentes. “Não é à toa que essas áreas são consideradas áreas de conservação permanente. São assim porque são importantes para a segurança humana e para o bem-estar humano”, afirmou Marinez.

Para Carolina Gabas Stuchi, a PEC, uma vez aprovada, provocaria um “um caos administrativo”, porque já há 3 milhões de imóveis não registrados em áreas de se segurança. “A PEC favorece a ocupação desordenada, ameaçando os ecossistemas, tornando esses terrenos mais vulneráveis a eventos climáticos extremos”, analisa. “A proposta ainda permite a privatização e o cercamento das praias, trazendo impacto no turismo e na indústria de pesca.”

Assim como diversas metrópoles e até nações estão reestatizando o saneamento básico, Carolina diz que a tendência atual não é vender, mas, sim recomprar terrenos litorâneos. Já Ana Ilda Pavão, do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, acrescentou que as comunidades já atingidas hoje não foram ouvidas pelos idealizadores da PEC, a exemplo de pescadores do Maranhão. “Quem vai lucrar? Não somos nós”, disse Ana. “Muito tem se falado aqui, mas se esqueceram de falar da vida,

O risco de mais insegurança jurídica foi mencionado pela gerente técnica da Associação dos Terminais Portuários Privados (ATP), Ana Paula Franco. “A construção de um porto exige um longo tempo, sua operação demanda muitos investimentos. Essas mudanças legais podem judicializar a questão.”

Parlamentares também foram às redes sociais para questionar os interesses que movem o projeto. “Deixem nossas praias livres! É um absurdo total que esta proposta esteja sequer sendo debatida”, postou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Transformar nossas praias em ambientes privados demonstra o quanto o clã Bolsonaro só pensa em lucrar, sem se importar com as consequências para o meio ambiente e a coletividade. A PEC 03/2022, defendida pelo senador Flávio Bolsonaro, quer privatizar TODAS as praias brasileiras, tornando-as como Cancún, onde se paga para entrar, e sem nenhuma contrapartida socioambiental.”

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) classificou a PEC como “um perigo para a pauta ambiental”. Segundo ele, a privatização das praias “vai favorecer a especulação imobiliária e a construção de resorts”. Já para a senadora Leila Barros (PDT-DF), “a extinção dos terrenos de marinha e a transferência de propriedade podem afetar a função dessas áreas na mitigação das mudanças climáticas”.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/05/28/bolsonaristas-tentam-impor-pec-que-privatiza-praias-brasileiras/