Pix acima de 5 mil reais seguirão grátis, informa Receita. Esclarecimento foram feitos nesta semana diante de “uma onda de desinformação” nas redes sociais.
O esclarecimento foi feito nesta semana pela Receita Federal, diante de “uma onda de desinformação” que segundo as autoridades têm inundado as redes sociais.
O Pix sofreu algumas atualizações no seu “sistema de coleta de informações existente há mais de 20 anos”, segundo a Receita Federal.
O Pix é um mecanismo bancário para transferência de dinheiro entre contas introduzido em 2020. Desde então, ele se popularizou no Brasil como meio de pagamento.
Confira abaixo algumas dúvidas.
O que mudou no Pix?
As transações em si do Pix não mudam em nada. Usuários do sistema podem continuar usando o Pix da mesma forma.
As novas regras da Instrução Normativa RFB nº 2.219/24 alteram obrigações para as instituições financeiras, bancos digitais e aplicativos de pagamento, que passam a ter que informar alguns dados à Receita Federal.
A portaria da Receita Federal estabelece um monitoramento de movimentações globais acima de R$ 5 mil por mês, no caso de pessoas físicas, e R$ 15 mil mensais, no caso de pessoas jurídicas, mas sem detalhamento de origem ou destino.
“Na prática, as instituições reportam apenas os valores consolidados de operações, sem a identificação de beneficiários ou natureza das transações”, diz a nota.
Segundo a Receita, outras modalidades de pagamento — como cartão de crédito e depósitos — já eram monitoradas quando os valores excediam em R$ 2 mil para pessoa física e R$ 6 mil no caso de pessoa jurídica.
Agora o Pix foi incluído nessas regras, e os valores foram alterados.
As novas regras entraram em vigor no dia 1º de janeiro deste ano.
Segundo a Receita Federal, a medida “evita inconsistências que poderiam fazer contribuintes caírem na malha fina injustamente e melhora a identificação de movimentações que podem estar ligadas a crimes financeiros”.
“Isso é bom para o contribuinte, porque diminui a chance de passar por fiscalização e também é bom para a Receita Federal, porque ela pode focar a sua energia em quem realmente precisa ser fiscalizado”, afirma o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas..
Ele afirma que mesmo em casos em que há movimentações atípicas, como o empréstimo de cartão de crédito a um parente, não há risco com a Receita Federal, porque é “comum que isso aconteça entre os brasileiros”.
A Receita coleta informações de uma série de fontes oficiais para cruzar dados.
“Não é porque em um determinado mês você gastou um pouco mais que isso vai gerar algum problema com a Receita Federal,” afirma o secretário da Receita.
O Pix vai ser taxado?
Não.
“Não existe cobrança por Pix, cobrança de imposto ou taxa sobre Pix. Isso não existe e jamais vai existir. A Constituição Federal proíbe a cobrança de qualquer tributo sobre movimentação financeira”, diz o secretário da Receita Federal.
O Congresso vem debatendo uma ampla reforma fiscal para facilitar como os tributos são cobrados no Brasil. Parte da reforma já foi aprovada e vai alterar a cobrança de impostos como ICMS, PIS e Cofins.
Outra parte da reforma — que está em discussão — altera tributos como o imposto de renda.
Mas não existe nenhuma proposta que contemple cobrança de tributos em cima do Pix.
Recebi um comunicado que estou devendo à Receita Federal por ter feito uma transação acima de R$ 5 mil com Pix. É verdade?
“Os golpistas informam às possíveis vítimas que há uma suposta cobrança de taxas pela Receita Federal sobre transações via Pix em valores acima de R$ 5 mil”, explica a Receita.
“Eles alegam ainda que, caso o pagamento não seja feito, o CPF do contribuinte será bloqueado. Para tornar a fraude mais convincente, utilizam o nome, as cores e os símbolos oficiais da Receita Federal.”
A Receita publicou um exemplo de mensagem de texto enviado por golpistas: “Bom Dia Sr. Neuso, você foi taxado por usar mais de 5 mil reais no Pix neste mês. Para evitar o bloqueio total do seu CPF, pague o boleto à seguir no valor de R$ 845,20.”
A Receita também faz um apelo para que, além de estarem atentas para golpes, as pessoas evitem a disseminação de notícias falsas para seus amigos.
“Se você recebeu uma mensagem suspeita ou tem dúvidas, procure os canais oficiais da Receita Federal. Evite agir por impulso, principalmente se houver ameaças de bloqueio ou cobrança inesperada”, diz a nota.
Como se proteger de golpes?
A Receita Federal dá quatro dicas para as pessoas se protegerem de tentativas de golpe:
Desconfie de mensagens suspeitas: Não forneça informações pessoais em resposta a e-mails ou mensagens de origem desconhecida que solicitem dados financeiros ou pessoais.
Evite clicar em links desconhecidos: Links suspeitos podem direcionar você a sites fraudulentos ou instalar programas prejudiciais no seu dispositivo.
Não abra arquivos anexos: Anexos em mensagens fraudulentas geralmente contêm programas que podem roubar suas informações ou causar danos ao computador.
Verifique a autenticidade: A Receita Federal utiliza exclusivamente o Portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte) e o site oficial como canais seguros de comunicação.
O Pix vai ser monitorado diariamente pela Receita?
Não.
“A Receita Federal não tem nenhum interesse em saber o detalhamento, quantos Pix você recebeu e quem passou para você, onde você gastou o dinheiro. Nada disso é informado”, afirma Barreirinhas.
A Receita Federal afirma que operações suspeitas — feitas por grupos criminosos — são o alvo principal das autoridades.
“Quem precisa da atenção da Receita Federal é quem usa esses novos meios de pagamento para ocultar dinheiro ilícito, às vezes decorrente de atividade criminosa, de lavagem de dinheiro. O foco da Receita é para eles. Não é para você, trabalhador, pequeno empresário”, diz o secretário da Receita.
A atualização do Pix feita pela Receita este ano não altera a proteção ao sigilo bancário.
“O sigilo bancário é absolutamente protegido e garantido. As informações prestadas pelas instituições financeiras são globais”, diz Barreirinhas.
Segundo nota, “a Receita só recebe os valores totais movimentados mensalmente e proíbe que sejam informados detalhes de transações, como origem ou destino dos pagamentos”.
A declaração semestral dessas transações é feita por instituições financeiras e de meios de pagamentos no sistema e-Financeira, parte do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).
“Vale lembrar que, para evitar sanções, as entidades que gerenciam contas de pagamento, instituições de previdência e administradoras de consórcio devem cumprir os prazos de envio semestral de informações, previstos para os últimos dias úteis de agosto de 2025 e, posteriormente, fevereiro de 2026. A não conformidade pode gerar multas com base na legislação vigente.”
A NCST-PR marcou presença na Reunião do Grupo de Trabalho do Piso Regional do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda, ao lado das demais Centrais Sindicais e do Dieese. Juntos, seguimos firmes no compromisso de lutar por um reajuste justo e digno para o piso regional paranaense.
O piso regional é fundamental para valorizar o trabalho e promover mais equidade para os trabalhadores do nosso estado. Discutir e construir soluções coletivas é um passo importante para garantir melhores condições de vida e justiça social para milhares de famílias.
Reafirmamos nosso compromisso com o diálogo e a defesa dos direitos da classe trabalhadora, sempre atentos às necessidades e desafios do nosso povo.
Unidos, avançamos rumo a conquistas para todos os trabalhadores e trabalhadoras do Paraná!
A redução da escala 6×1 para uma eventual 4×3, já testada fora do Brasil, poderia trazer efeitos pouco discutidos quanto ao meio ambiente, além das questões sociais e de produtividade, mais discutidas. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), protocolada em 1º de maio deste ano, propõe a redução da carga horária máxima semanal de 44 para 36 horas, possibilitando, assim, três dias de descanso por semana, o que tem efeitos na saúde do trabalhador e impactos na economia. A alteração massiva do modelo de trabalho, no entanto, também apresenta efeitos no consumo energético, no trânsito urbano e na emissão de gases do efeito estufa.
A reportagem é de Guilherme Cavalcanti, publicada por Agência Pública.
Um dos principais efeitos imediatos esperados é a queda no consumo de energia elétrica. De acordo com o líder de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) Vinícius Oliveira da Silva, o padrão de consumo hoje restrito aos dois dias de finais de semana poderia ser prolongado, reduzindo a carga no sistema elétrico observado nos dias úteis. No Japão, onde a Microsoft já testou a semana de quatro dias dando folga a 2,3 mil funcionários às sextas-feiras, a queda de consumo elétrico foi de 23%, além do aumento de produtividade registrado pela empresa, estimado em 40%.
“Vai ser menos empresas abrindo, quer dizer que são menos empresas ligando ar-condicionado, são menos empresas ligando motores elétricos para funcionarem os equipamentos das diversas indústrias, diversos serviços, diversos comércios”, estima Silva. “Certamente a redução da escala 6×1 pela 4×3 traria benefícios indiretos para o meio ambiente, pois reduziria o congestionamento de trânsito em mais dias na semana”, complementa.
Os efeitos no tráfego urbano já foram destaque no relatório “Benefits from Auckland Road Decongestion”, realizado na Nova Zelândia em 2017, que evidenciou não apenas a redução dos congestionamentos nas principais rotas de Auckland, mas a diminuição das emissões de carbono em até 30%. Esse impacto seria alcançado graças ao menor tempo de veículos parados no trânsito, o que também resultaria em uma queda significativa do consumo de combustíveis fósseis e da poluição atmosférica.
A redução da escala de trabalho poderia ter ainda mais impacto ambiental caso seja associada ao retorno do chamado horário de verão. “O horário de verão tem um benefício no sentido de [que] ele vai atuar exatamente nos períodos onde se exige a maior quantidade de termelétricas operando […] E ao fazer isso você precisa partir [de] menos [uso de] termelétricas, que elas são mais caras, ou seja, pesam na conta de luz das pessoas, e elas também emitem mais gás de efeito estufa e poluentes”, detalha o líder de projetos do Iema.
“Os pilotos [da escala 4×3] que estão sendo realizados de forma global mostram que, havendo um planejamento adequado e os ajustes às realidades locais, a gente tem um ganho. Tem muito potencial para explorar outros pilares de sustentabilidade, como o ambiental. Jornadas mais curtas podem reduzir o uso de recursos naturais, as emissões da pegada de carbono, promovendo mais práticas alinhadas com sustentabilidade climática”, explica Gabriela Brasil, diretora da comunidade 4 Day Week Global, organização sem fins lucrativos que realiza testes com empresas ao redor do mundo a fim de incentivar outros modelos de escala de trabalho e que já promoveu experiências no Brasil.
Escala 4×3, produtividade e criatividade: como foram os testes no Brasil
Entre janeiro e julho deste ano, 19 empresas e seus 252 colaboradores fizeram parte do piloto da “Semana de 4 dias”. No relatório final da ONG 4 Day Week, foram destacados avanços em aspectos organizacionais e individuais como uma redução de 72,8% na exaustão frequente dos trabalhadores, enquanto 49,6% relataram uma melhora significativa na qualidade do sono e 43,6% passaram a praticar atividades físicas com maior frequência. Apenas 2,5% das pessoas envolvidas no teste alegaram que não gostariam que a jornada de quatro dias de trabalho fosse mantida em suas empresas.
“A gente precisa encontrar um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal. […] Quando a gente foca em produtividade, sucesso profissional, frequentemente se ignora o descanso, se ignora o lazer, se ignora o autocuidado, que são fundamentais para essa vida sustentável”, defende Gabriela Brasil, que aponta que os testes feitos pela organização indicam um aumento de produtividade de 71,5% nas empresas que testaram o modelo 4×3.
Uma dessas empresas foi a GR Assessoria Contábil, cuja equipe de 10 pessoas teve a escala reduzida com dois grupos tendo folgas alternadas entre as segundas e sextas-feiras e inversão a cada trimestre. “Não é algo fácil de implementar e a adaptação é lenta e gradual, é preciso abandonar velhos hábitos, crenças e metodologia de trabalho, que ficou no passado, e isso vale para os dois lados”, relata a sócia Maria Marta Neves. “Criamos um método para que [a produção equivalente] às 8 horas do dia de folga sejam minimamente distribuídas nos quatro dias úteis. Assim, conseguimos manter o equilíbrio”.
A empresária destaca que a implementação tem funcionado com adaptações em momentos de alta demanda de tarefas, no qual a equipe corta o feriado semanal, como em dezembro, quando há uma demanda maior para os contabilistas. “São apenas 20 dias para atender toda a demanda: 13º, férias coletivas de clientes, além do trabalho do dia a dia. Fica impossível”, admite.
Outra brasileira que testa o formato desde janeiro foi a Rede Alimentare, de alimentação coletiva para empresas. Segundo a coordenadora de Planejamento Estratégico, Caroline Soldi, a iniciativa partiu do diretor e a medida foi implementada inicialmente no administrativo, composta por 11 colaboradores.
“Hoje já não é um ponto, assim, ‘a gente precisa fazer dar certo até quinta-feira’. Flui naturalmente. É normal. A gente trabalha de segunda a quinta, as nossas demandas estão adaptadas para essa carga horária de trabalho, e a gente dá conta de tudo”, explica Soldi, que disse verificar também aumento de produtividade e retenção dos profissionais. “A gente reduziu a zero gastos com rescisão”, garante. O modelo, no entanto, ainda não tem previsão de ser expandido para o restante da empresa “devido à maior complexidade de implementação”.
“Se é uma decisão da liderança para baixo, ela tende a não funcionar. Se é uma decisão onde os colaboradores estão envolvidos, trazendo a participação deles, como que uma tarefa pode ser otimizada, com pesquisa para entender os pontos que são realizados, avaliando necessidade, ideias, progresso, pensando em soluções, medindo o impacto… Tudo isso é importante para fazer uma mudança de jornada”, completa Brasil.
Pesquisadores que fizeram testes da escala 4×3 ao redor do mundo refutam a ideia de que a redução impactaria negativamente a economia. “Nós vimos em todos os países que reduziram a semana de trabalho, por exemplo, de 6 dias para 5, que já foi há quase 100 anos nos Estados Unidos, nunca piorou a economia. Se surpreenderam sempre, os economistas, porque a economia acabou por funcionar tão bem como antes, ou ainda melhor, com menos horas de trabalho”, afirma o economista português Pedro Gomes, professor da Universidade de Londres e autor do livro Sexta-feira é o novo sábado.
Gomes também explica que a dinâmica do mercado exige “adaptação natural” em cada setor. “[A jornada] Para os jornalistas é muito diferente dos professores, das pessoas que trabalham no restaurante, nos hospitais, portanto, mesmo uma economia que funciona com um fim de semana de dois dias, é muito diferente para toda a gente […] Uma semana de quatro dias não seria o mesmo para as pessoas que trabalham no restaurante, ou nos bancos”, afirma, destacando ainda que a redução da escala de trabalho e o ganho do tempo livre não se voltam apenas a momentos de lazer, mas permitem se ter novas ideias que beneficiem o mercado, e como colocá-las em prática.
O professor de psicologia do Centro Universitário de Brasília (Ceub) Carlos Manoel Rodrigues complementa que a falta do tempo de descanso causa uma perda cognitiva que impacta na criatividade em si. “Com os períodos longos de trabalho, sem o descanso, a gente tem uma redução da capacidade da memória que vem aos 40%, a partir de 45 anos, por exemplo, porque você já tem o efeito do envelhecimento, mas também tem o efeito desse estado de alerta constante”, explica.
Além disso, Rodrigues reforça que trabalhadores que conseguem desconectar-se do ambiente de trabalho têm mais oportunidades de vivenciar experiências variadas, o que contribui para a criatividade: “A questão não é só o fato do tempo, mas a qualidade desse tempo de descanso. Por exemplo, trabalha de segunda a sexta, mas sábado, domingo, você está no celular respondendo coisas de trabalho, então, você não está descansando”. “O tempo livre não é tempo morto para a economia […] Vamos aos restaurantes, aos hotéis, à cultura, aos teatros, cinema, e portanto há muitas indústrias que [se] beneficiariam diretamente de mais tempo livre”, complementa.
Resistência ainda é generalizada
Apesar das pesquisas já realizadas, os pesquisadores explicam que, mesmo em países nos quais os testes alcançaram alto número de empresas e colaboradores, existe uma tendência natural à mudança que vem do próprio setor da economia.
“Há a visão de que, se baixarmos [o tempo de serviço], se trabalharmos menos, a economia vai cair, o PIB vai baixar […] Depois há uma certa visão um pouco moralista, um pouco filosófica, [de] que o nosso valor vem do trabalho, temos de estar a trabalhar […] quando não estamos a trabalhar, estamos preguiçosos, não contribuímos [com a sociedade]”, explica Pedro Gomes.
Gabriela Brasil argumenta que a falta de aprofundamento no debate, que apresente dados e testes já realizados, pode criar um cenário que facilite a disseminação de mitos. Um exemplo seria como, nas últimas audiências públicas para debater a diminuição da escala 6×1, deputados críticos à PEC defendiam, sem embasamento, que, caso a PEC fosse aprovada, as empresas teriam mais gastos em contratações, cujos custos recairiam sobre os próprios trabalhadores.
“Quando os empresários e os empregadores entendem que a redução da jornada, por exemplo, pode diminuir o absenteísmo, aumentar a produtividade, melhorar a rentabilidade, atrair talentos, aí a gente começa a sair do campo das opiniões vagas e do senso comum e entra no terreno das possibilidades reais”, alerta.
Enquanto psicólogos culpam os smartphones por nossa crise de saúde mental, eles ignoram décadas de declínio econômico e crescente desigualdade. Seu foco estrito em tecnologia desvia a atenção das mudanças políticas e sistêmicas necessárias para lidar com um problema muito mais profundo.
Roland Paulsen
Devido ao trabalho dos psicólogos best-sellers Jean Twenge e Jonathan Haidt, o que antes era considerado discutível tornou-se amplamente reconhecido: a saúde mental, especialmente entre os jovens, está se deteriorando em muitos países ocidentais. As evidências dessa tendência são convincentes e aparecem nas taxas de medicação, diagnósticos e resultados de pesquisas. Nos Estados Unidos, a taxa de suicídios aumentou 35% nas últimas duas décadas. Durante o mesmo período, a porcentagem de pessoas que classificaram sua saúde mental como “excelente” despencou de 43% para 31%. Em 2024, 43% dos adultos relataram sentir-se mais ansiosos do que no ano anterior, um aumento de 37% em 2023 e 32% em 2022.
Essas tendências alarmantes devem levar a uma análise social intensa, mas o foco — tanto cientificamente quanto no discurso público — tem se estreitado cada vez mais para um único fenômeno: a disseminação das redes sociais. Twenge e Haidt contribuíram para a identificação dessa lógica específica, principalmente com seus respectivos livros focados em tecnologia iGen e The Anxious Generation [A Geração Ansiosa]. A discussão já teve efeitos tangíveis, levando vários países europeus a implementar proibições de smartphones nas escolas. Embora eles não sejam necessariamente uma coisa ruim, está claro que a discussão tomou um rumo simplista, minimizando as dimensões políticas do declínio da saúde mental.
Embora representantes da disciplina psicológica como Twenge e Haidt tenham sido amplamente bem-sucedidos em reduzir a crise a uma discussão de variável única, o debate em curso sobre redes sociais deve ser entendido como um sintoma de uma crise mais profunda dentro da cultura terapêutica e dos modelos explicativos dominantes da medicina e psicologia clínica. Para entender o porquê, vale a pena revisitar as visões mais amplas defendidas por profissionais de saúde mental não muito tempo atrás.
A promessa não cumprida da ciência do cérebro
Conforme me envolvi com os argumentos de Haidt e Twenge, uma citação em particular me veio repetidamente à mente. Em 2003, o mesmo ano em que o Projeto Genoma Humano foi concluído, Steven Hyman, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental de 1996 a 2001, escreveu na Scientific American sobre o futuro brilhante que parecia estar à frente:
Ao combinar neuroimagem com estudos genéticos, os médicos podem eventualmente ser capazes de mover diagnósticos psiquiátricos para fora do reino das listas de verificação de sintomas e para o domínio de testes médicos objetivos. Testes genéticos de pacientes podem revelar quem tem alto risco de desenvolver um transtorno como esquizofrenia ou depressão. Os médicos podem então usar neuroimagem em pacientes de alto risco para determinar se o transtorno realmente se instalou.
Hoje, apesar dos recursos consideráveis dedicados a dar vida a essa visão, o futuro que Hyman imaginou parece improvável. O “problema da hereditariedade ausente” mostrou que identificar genes de vulnerabilidade é muito mais difícil do que os entusiastas do Projeto Genoma Humano previram, e não estamos nem perto de ser capazes de diagnosticar um único transtorno de saúde mental usando neuroimagem.
Em vez disso, algo bem diferente aconteceu. A saúde mental declinou drasticamente, e esse declínio colocou em questão vários modelos explicativos anteriormente dominantes, particularmente aqueles centrados no cérebro e na genética.
Se assumirmos que os desequilíbrios químicos no cérebro são responsáveis pela saúde mental precária, a questão hoje é o que poderia estar causando esses desequilíbrios quando mais e mais pessoas os experimentam simultaneamente? E se considerarmos que o conjunto genético de uma população normalmente leva milhares de anos para mudar, devemos perguntar da mesma forma: Por que o bem-estar mental declinou enquanto a composição genética permaneceu a mesma? Essas questões apontam para forças em jogo fora do crânio e das paredes de nossas células.
O reconhecimento de um estado mental em piora também abalou a premissa-chave da cultura terapêutica: que a solução para nossos problemas de saúde mental está em intervenções psicoterapêuticas. Quando um em cada oito adultos dos EUA toma um antidepressivo e um em cada cinco recebeu recentemente cuidados de saúde mental — com um aumento de quase quinze milhões de pessoas em tratamento desde 2002 — fica claro que o número crescente de indivíduos em tratamento não conseguiu conter a disseminação de doenças mentais.
Ao mesmo tempo, na última década, grandes meta-análises sobre a eficácia geral das psicoterapias revelaram resultados surpreendentemente modestos. Em resumo, a maioria dos estudos mostra que cerca de metade de todas as pessoas que passam por psicoterapia experimentam algum benefício, enquanto cerca de 5% veem seus problemas piorarem. Uma meta-análise liderada pelo psicólogo Pim Cuijpers confirma essa estimativa para o tratamento da depressão. No entanto, seu estudo também descobriu que apenas cerca de um terço dos pacientes melhorou o suficiente para não serem mais classificados como depressivos. Dadas as altas taxas de recaída para o quadro depressivo, isso se traduz em muita terapia para alguém que sofre de depressão.
Em uma meta-análise envolvendo um total de 650.000 pacientes de saúde mental, John Ioannidis e seus coautores resumem suas descobertas da seguinte forma: “Após mais de meio século de pesquisa, milhares de [ensaios clínicos randomizados] e milhões em investimentos, o alcance de efeito das psicoterapias e farmacoterapias para transtornos mentais são limitados.” É difícil pensar em uma solução. “Uma mudança de paradigma na pesquisa parece ser necessária”, eles concluem.
Uma história para além dos smartphones
Psicólogos mudando suas análises para fora — do funcionamento interno dos indivíduos para os relacionamentos que constituem a sociedade — poderiam muito bem marcar o início de tal mudança de paradigma. No entanto, até agora, as teorias mais proeminentes aderem à lógica intervencionista característica da cultura terapêutica. Mais importante, seus argumentos sofrem de várias falhas metodológicas.
Twenge e Haidt fazem uso considerável de gráficos que descrevem tendências em depressão, ansiedade, suicídio e mais, mostrando como as curvas sobem após 2012 — o ponto de partida para o que Haidt chama de “a grande religação”, quando as rede sociais foram para os smartphones. Essa metodologia tem sido repetidamente criticada por confundir correlação com causalidade, um ponto que Haidt tenta abordar em The Anxious Generation. No entanto, na minha opinião, uma questão metodológica maior é a tendência de tirar conclusões abrangentes de prazos relativamente curtos.
Os gráficos de Haidt geralmente começam em torno de 2002 e terminam por volta de 2018, oferecendo apenas dezesseis anos de dados dos quais tirar generalizações. Embora muitos de seus gráficos mostrem um aumento acentuado em problemas de saúde mental durante a década de 2010, esse período limitado pode ser enganoso. Por exemplo, quando ele destaca um aumento dramático no sofrimento psicológico entre adolescentes nórdicos durante a década de 2010, dá a impressão de que nada digno de nota aconteceu antes. Aqui, o escopo limitado distorce o quadro mais amplo.
Na Suécia, a Agência de Saúde Pública tem feito pesquisas com jovens sobre sua saúde mental desde 1986. Se observarmos a proporção daqueles que se sentem deprimidos quase todos os dias, por exemplo, o aumento vem ocorrendo desde a década de 1980.
A proporção de garotos e garotas, de onze a quinze anos, que relatam sentir-se deprimidos quase todos os dias durante os últimos seis meses, de 1985/86 a 2017/18. (Agência de Saúde Pública da Suécia)
Da mesma forma, o aumento nos distúrbios do sono persiste há muito tempo. Embora o aumento mais acentuado em distúrbios do sono e mau humor entre garotas durante a década de 2010 possa ser interpretado como evidência de um efeito vinculado à disseminação das redes sociais, ainda é parte de uma tendência mais ampla que vem se desenrolando há décadas.
A proporção de garotos e garotas, de onze a quinze anos, que relatam ter distúrbios do sono quase todos os dias durante os últimos seis meses de 1985/86 a 2017/18. (Agência de Saúde Pública da Suécia)
Isso exige uma análise mais aprofundada. Não importa qual país examinamos, vemos que aumentos semelhantes em problemas de saúde mental vêm ocorrendo por longos períodos. Na Noruega, o padrão espelha o da Suécia, e no Reino Unido, relatos de declínios drásticos no bem-estar mental dos jovens são documentados há muito tempo. De acordo com um estudo da Psychological Medicine, entre 1995 e 2014, a prevalência de condições de saúde mental de longa duração aumentou dramaticamente entre jovens de quatro a vinte e quatro anos. Na Inglaterra, a prevalência aumentou seis vezes, enquanto na Escócia dobrou em onze anos.
Nos Estados Unidos, a própria Twenge notou o aumento de longo prazo em problemas de saúde mental. Em 2011, ela observou que “quase todas as evidências disponíveis sugerem um aumento acentuado na ansiedade, depressão e problemas de saúde mental entre os jovens ocidentais entre o início do século XX e o início dos anos 1990”. E em 2000, ela estimou que a “criança estadunidense média na década de 1980 relatou mais ansiedade do que pacientes psiquiátricos infantis na década de 1950”.
O elefante econômico na sala
Essas linhas do tempo mais longas são importantes porque revelam uma tendência negativa que não pode ser confinada a fenômenos isolados como a mídia social. Twenge e Haidt já ofereceram diferentes formas de Zeitdiagnose sociológico para explicar o que pode estar acontecendo. Para Twenge, a questão era sobre “a cultura narcisista”, enquanto para Haidt, o problema era como o “safetyism” desapoderou os alunos e os tornou excessivamente sensíveis. Em ambos os casos, o problema raiz parece ter sido o que Haidt chama de “boas intenções e más ideias” (do subtítulo de seu livro The Coddling of the American Mind [O Condicionamento da Mente Estadunidense]), particularmente como se manifestam na má criação dos filhos e na chamada “cultura woke”. Essas análises estão longe de ser politicamente neutras.
Curiosamente, tanto Twenge quanto Haidt estão interessados em minimizar os fatores econômicos. Em The Anxious Generation, Haidt faz isso citando a diminuição do desemprego nos EUA durante a década de 2010 após a Grande Recessão de 2009. Se mais pessoas estiverem empregadas, então os fatores econômicos não podem explicar o declínio da saúde mental, certo? Claro, esta não é uma abordagem muito sutil. Sabemos que as recessões podem continuar a impactar grupos desfavorecidos muito depois de deixarem de ser visíveis nas médias nacionais. Enquanto isso, como a desigualdade nacional continua a crescer globalmente, sabemos que a desigualdade é um forte preditor de piora da saúde mental, ainda mais amplificada pela ansiedade de ascensão social.
Questões econômicas como essas são difíceis de abordar por meio de intervenções terapêuticas ou decisões políticas. Elas exigem reformas estruturais e análises de demandas da sociedade como um todo.
A relutância em confrontar o sofrimento criado sistemicamente também é evidente quando Twenge e Haidt abordam a aversão ao risco entre os jovens. Eles provavelmente estão certos em observar características da Geração Z, como beber menos álcool e ter menos embates físicos e gestações não planejadas, como sinais de medo crescente. No entanto, seu trabalho ignora completamente a extensa literatura sociológica sobre como não apenas indivíduos, mas também Estados e ciências se tornaram cada vez mais fixados na prevenção de riscos — um campo de pesquisa que vem se expandindo desde que Ulrich Beck cunhou o termo “sociedade de risco” há quase quarenta anos.
Enquanto Twenge e Haidt veem a aversão ao risco principalmente como resultado de uma educação parental ruim e de “boas intenções” exageradas, Beck e seus seguidores têm demonstrado há algum tempo que ela é o resultado lógico da reflexividade moderna e da racionalidade científica — que ironicamente se volta contra si mesma quando a ciência social tenta medir os efeitos da proliferação de medidas de risco.
Reduzir o problema à má criação dos filhos deveria ser impossível agora, dada a riqueza das pesquisas sociológicas, principalmente nos trabalhos recentes de Hartmut Rosa, descrevendo como territórios de risco emergem de amplas mudanças tecnológicas, econômicas e institucionais. Em seu cerne, a aversão ao risco reflete um conflito entre instituições orgânicas e uma crescente elite de especialistas, criticada por Ivan Illich e outros já na década de 1970.
Quando levamos em conta outras “megatendências” globais que foram recentemente destacadas na Lancet Psychiatry para explicar o declínio da saúde mental dos jovens — como o aumento da dívida estudantil, as mudanças climáticas e a insegurança no emprego — rapidamente fica claro como a questão do bem-estar mental se cruza com a esfera política. Vale a pena ter isso em mente antes que novas variáveis sejam lançadas no debate em um ciclo perpétuo de “oqueestáacontecendismo”. Como Herbert Marcuse certa vez alertou, o operacionalismo que reduz conceitos baseados em experiência, como alienação, a uma série de variáveis mensuráveis, reforça uma racionalidade tecnológica que dificulta a crítica social radical.
Uma razão pela qual a ciência social até agora falhou em fornecer respostas definitivas sobre as causas do declínio do bem-estar mental pode ser que todos os problemas sociais, mesmo aqueles ainda não identificados pela ciência social, afetam nossa saúde mental. Em uma reflexão mais atenta, é uma noção estranha pensar de outra forma. Reduzir a saúde mental ao resultado de algumas variáveis segue uma lógica tecnocrática que obscurece a sociedade e drena o significado da própria política. Se as questões políticas não são vistas como moldadoras nosso bem-estar, por que deveríamos nos envolver com elas?
É uma espécie de conquista trivializar a crise em curso da maneira como tem sido quando uma resposta mais óbvia teria sido um reexame do capitalismo. Embora a expectativa de vida global esteja aumentando, deveria ser impossível agora alegar, como os intelectuais públicos favoritos de Bill Gates, Steven Pinker e Hans Rosling, há muito tempo fazem, que o capitalismo é uma história de sucesso eterna.
De acordo com a Pesquisa Mundial de Saúde Mental — as pesquisas epidemiológicas mais rigorosas do mundo sobre saúde mental, coordenadas pela Organização Mundial da Saúde e conduzidas em trinta países até o momento — vemos, ao contrário, que os problemas são muito mais evidentes nas formas mais cristalizadas do capitalismo. Em dezessete dos dezoito problemas mentais, há um padrão consistente de prevalência muito maior em países de alta renda em comparação com países de baixa e média-baixa renda. Essa diferença gritante (que não pode ser explicada pelo acesso às mídias sociais, já que as pesquisas foram conduzidas entre 2001 e 2011) contrasta fortemente com as tendências em saúde física e levanta questões sobre o custo do crescimento econômico ilimitado.
A tendência da esquerda de descartar descobertas como essas como meros efeitos do aumento da detecção e do diagnóstico é equivocada, principalmente porque pesquisas desse tipo são projetadas especificamente para medir a prevalência independente da prática psiquiátrica. O sofrimento humano não é uma constante a-histórica. Ele está aumentando e exige nosso cuidado e atenção.
Roland Paulsen é professor associado de sociologia na Universidade de Lund e autor de vários livros, incluindo o mais recente Why We Worry: A Sociological Explanation.
O documento, na apresentação, informa que o estudo trata de estrutura econômica e mercado de trabalho, padrão de vida e distribuição de rendimentos, educação, condições de saúde e condições de vida, segundo estratos geográficos.
Nos limites deste artigo, nosso foco será breve apreciação do capítulo que trata da estrutura econômica e mercado de trabalho. O estudo dos indicadores desse capítulo é ferramenta indispensável para, entre outras possibilidades, subsidiar a ação sindical.
Segmentos
A síntese trabalha com os conceitos de trabalho com vínculo — trabalhadores com carteira assinada, militares e funcionários públicos estatutários —, e sem vínculo — sem carteira assinada e trabalho por conta própria.
Somando esses 2 segmentos, em 2023, o Brasil possuía contingente de 100,7 milhões de trabalhadores ocupados, o que representa 57,6% da população em idade de trabalhar. Desse universo, 40,7% estavam na informalidade.
Mesmo crescendo a ocupação e a renda no ano de 2023, o IBGE constata que persiste tanto a desigualdade quanto mercado de trabalho bastante heterogêneo. Indicador da desigualdade é o baixo salário médio, de apenas R$ 2.890 naquele ano.
Salários baixos
Para comparar, o valor do salário médio de 2023 é pouco maior que 2 salários mínimos e fica abaixo do salário mínimo necessário calculado pelo Dieese — para família de 4 pessoas, conforme prevê a lei —, que naquele ano foi de R$ 6.528,93.
Com a nova política de valorização do salário mínimo, suspensa por Bolsonaro e retomada pelo governo Lula, houve aumento da massa salarial do País e fortalecimento do mercado interno, contribuindo para o crescimento do PIB.
Apesar disso, os salários no Brasil ainda são baixos e isso contribui para a manutenção das desigualdades no mercado de trabalho que afetam, com maior intensidade, as mulheres e os negros.
Situação da juventude
Outro problema importante apontado pelo estudo do IBGE é a situação da juventude. Na faixa etária de 14 a 29 anos, este segmento é o que encontra maiores barreiras no mercado de trabalho, principalmente aqueles trabalhadores com menor escolaridade.
Além das dificuldades de acesso a emprego, os jovens são as principais vítimas da rotatividade de trabalho. Uma das consequências apontada no documento do IBGE é que, em 2023, 10,3 milhões de jovens não trabalhavam nem estudavam.
Outro indicador importante é o da subutilização da força de trabalho, que atinge 20,9 milhões de pessoas que estão desocupadas, subocupadas com insuficiência de horas trabalhadas ou o trabalhador potencial – pode trabalhar, mas está desocupado.
Elaboração de políticas públicas
O conjunto das informações deve servir de base para os governos elaborarem políticas públicas para gerar mais e melhores empregos e criar as bases para aumentar a escolaridade e a qualificação profissional dos jovens e do conjunto dos trabalhadores.
Outro aspecto desse estudo, demonstra que há relação de causa e efeito entre o crescimento econômico e a melhora no mercado de trabalho. Quando a economia cresce há impactos virtuosos também no emprego e na renda.
Por isso, é fundamental que o Brasil avance em novo projeto nacional de desenvolvimento, ancorado na industrialização, na ciência e tecnologia, para agregar valor na matriz produtiva e reverter a reprimarização da economia.
Tudo isso exige também a participação na luta de ideias, a derrota de concepções atrasadas que sequestram a subjetividade dos trabalhadores e pavimentação do caminho para a retomada, em larga escala, da mobilização social consciente e politizada.
(*) Secretário Sindical Nacional do PCdoB e secretário de Relações Internacionais da CTB
Conheça os comportamentos inadequados que podem colocar em risco a sua carreira
Você provavelmente já “pecou” no trabalho. Seja novato ou experiente, quem trabalha está sujeito aos chamados “pecados” corporativos. Os sete pecados capitais estabelecidos pelo Papa Gregório I, no século 6 d.C., além de outros comportamentos, podem ser vistos com frequência no ambiente de trabalho.
Embora pareçam inofensivos, são perigosos para os cargos de chefia e podem destruir uma promoção tão sonhada. Com a ajuda de Leila Navarro, autora da coleção de livros “Sua Carreira, Seu Sucesso”, da Editora Saraiva, e da psicóloga Idalina Alves, listamos os comportamentos que podem destruir sua carreira. Veja!
1. Ira
Se existe uma situação desconfortável no emprego é aturar o colega que explode por qualquer motivo ou, até mesmo, quando não há um. “Um grande erro é pensar que se pode vencer uma discussão no grito. O equilíbrio emocional é fundamental, principalmente nos cargos de chefia, em que há uma série de decisões a serem tomadas a cada minuto”, explica a psicóloga Idalina Alves.
Para quem vive em constantes discussões com colegas de trabalho, Leila Navarro é categórica: “Ninguém suporta trabalhar em um ambiente que não dá liberdade a novas ideias. Há quem pense que o problema sempre está no outro, que o erro está nas atitudes do outro, mas, na verdade, é preciso uma análise para saber se o erro não está em si mesmo”, analisa.
2. Soberba
Como diz aquela famosa frase: “Dê poder a um homem e verás quem ele é”. Há muitos gestores que, ao assumir posições de poder, mudam de comportamento e se tornam excessivamente vaidosos. “’Eu sou isso, eu sou aquilo’ é a frase preferida dos soberbos”, conta Leila Navarro.
3. Autoestima lá embaixo
Se a autoestima demais incomoda, a baixa autoestima é ainda pior, segundo Leila Navarro. Os comportamentos de funcionários nesse perfil variam. “Esses perfis costumam ser dependentes, não se permitem errar, possuem dúvidas constantes e apresentam sentimentos como ansiedade, depressão, raiva, inveja e, na maior parte das vezes, omitem as próprias opiniões por não acreditarem nelas”, explica Idalina Alves.
4. Sou a vítima
Em uma empresa, não existem vítimas. “Funcionários que se fazem de vítimas não são funcionais no meio corporativo. O mercado precisa de gente engajada. Se algo deu errado, não adianta encontrar culpados, e, sim, soluções”, aconselha Leila Navarro.
5. Cobiça
É importante respeitar a hierarquia na empresa. “Para um bom trabalho em equipe, os funcionários precisam respeitar a posição dos gestores, caso contrário, sempre haverá intrigas. Se o gestor está com um cargo superior, é porque ele deve merecê-lo”, comenta Leila Navarro.
6. Gula
Pecado comum entre novatos, é habitual vê-los tentar abraçar diversos projetos para mostrar trabalho, sem pensar se conseguirão cumprir os prazos de entrega. “É errado querer abocanhar diversas responsabilidades apenas para melhorar sua imagem com a chefia. É um comportamento instintivo, muitas vezes próprio dos inexperientes”, comenta Idalina Alves.
7. Inveja
Competir por resultados deveria estar no DNA de todo funcionário. O grande erro é competir com o colega de trabalho e invejá-lo caso seus resultados sejam além do esperado. “O invejoso está sempre olhando para seu alvo, diminuindo seu foco e produção do dia a dia. Os resultados psicológicos para os invejosos também são ruins, pois eles se desmotivam, perdem a confiança em si próprios e sua segurança”, conta Idalina Alves.
8. Ganância
É fundamental tomar cuidado com a ganância no trabalho. “Para o ganancioso, tudo é motivo para aparecer mais e lucrar mais. Pessoas nesse perfil sofrem de angústia o tempo todo. É como se ele estivesse perdendo uma oportunidade de faturar a todo instante”, comenta a psicóloga.
9. Avareza
Ele é experiente em todos os setores da empresa, com anos de casa, mas é incapaz de ensinar e compartilhar seu conhecimento com os demais colegas de trabalho por medo de perder seu cargo para a “concorrência”. Os avarentos de plantão certamente jamais podem pisar em cargos de chefia.
“O avarento é um problema, pois, por mais genial que ele possa ser, não consegue delegar tarefas da maneira certa e geralmente são pessoas fechadas, egocêntricas e muito competitivas”, explica a psicóloga.