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Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

A taxa de desemprego no Brasil registrou uma redução de 0,6 ponto percentual no trimestre encerrado em maio, ficando em 6,2%. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu patamar recorde.

O número de pessoas desocupadas foi de 6,8 milhões, uma queda de 8,6% em comparação com o trimestre anterior, quando 7,5 milhões de pessoas estavam desocupadas. A quantidade de pessoas ocupadas em maio foi de 103,9 milhões de pessoas, um avanço de 1,2% na comparação com o trimestre anterior e alta de 2,5% na relação anual. Já o nível de ocupação, que responde pelo percentual de pessoas ocupadas em idade de trabalhar, atingiu 58,5%.

O contingente de pessoas com carteira assinada no setor privado atingiu 39,8 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio. Outro destaque foi a quantidade de desalentados, pessoas sem ocupação e que não buscam um trabalho, que teve uma redução de 10,6%, para 2,9 milhões, menor patamar desde 2016.

Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, o resultado indica que o mercado de trabalho está no melhor patamar dos últimos 10 anos, em um cenário aquecido e com o aumento de vagas formais. “Os principais responsáveis para a redução expressiva da taxa de desocupação foram o aumento do contingente de ocupados, que cresceu 1,2 milhão de pessoas, naturalmente reduzindo a desocupação, além de taxas de subutilização mais baixas”, comentou.

Informalidade

A taxa de informalidade foi de 37,8% no período, o que corresponde a 39,3 milhões de trabalhadores informais. O índice é inferior ao verificado no trimestre móvel anterior, que era de 38,1%. A queda na informalidade é consequência da estabilidade do contingente de trabalhadores sem carteira assinada, acompanhada da alta de 3,7% do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ.

Já a taxa composta de subutilização da força de trabalho — percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada — ficou em 14,9%.

Dos 10 grupamentos de atividade investigados pela Pnad, apenas administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registraram crescimento na ocupação. Os demais não apresentaram variação significativa.

Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o índice registrado sobre desemprego indica uma relativa resiliência do mercado de trabalho, mas ainda dentro de um cenário de crescimento moderado e heterogêneo. “A criação de vagas ocorre de forma concentrada em setores de baixa produtividade, o que limita os ganhos de renda e a expansão do consumo”, ponderou.

“Para impulsionar o emprego com qualidade, o país precisa de um ambiente econômico mais previsível, com estímulos ao investimento, políticas de qualificação profissional e acesso ao crédito. O desafio agora é transformar essa estabilidade em dinamismo real”, afirmou o especialista.

Rendimento

O rendimento médio mensal real habitual de todos os trabalhos chegou a R$ 3.457 no trimestre de março a maio de 2025, resultado estável. O maior número de pessoas ocupadas ampliou a base de rendimentos. A massa de rendimento real habitual, que é a soma das remunerações de todos os trabalhadores, atingiu R$ 354,6 bilhões, batendo novo recorde, uma alta de 1,8% no trimestre.

“Como o rendimento médio real permaneceu estável, consequentemente ocorreu aumento da massa de rendimentos, ou seja, a maior massa de rendimentos resultou quase exclusivamente da expansão do volume de ocupados, e não de aumento do rendimento médio”, explicou o analista da pesquisa.

O resultado revela uma economia com o mercado de trabalho surpreendentemente resiliente, mesmo diante de juros elevados e crescimento econômico moderado. Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a leitura qualitativa do indicador sugere que o segmento segue robusto, e os sinais recentes de deterioração em sua composição parecem ter sido pontuais.

“Diante das surpresas observadas nos últimos meses e da natureza cíclica do mercado de trabalho, ainda esperamos uma desaceleração gradual do setor, embora ele deva permanecer nesses níveis historicamente mínimos por mais algum tempo”, avaliou. Para 2025, a projeção do economista é de uma taxa média de desemprego encerrando o ano em 6,4%.

Com os resultados, a XP manteve seu cenário base de mercado de trabalho aquecido, sem sinais evidentes de arrefecimento nas métricas principais. De acordo com Rodolfo Margato, economista da XP, o emprego total segue em alta, os salários reais continuam avançando, e a massa de renda permanece em forte expansão — fatores que mantêm os custos unitários do trabalho pressionados. “Esses elementos sustentam o cenário de atividade doméstica resiliente e de inflação de serviços ainda elevada em 2025”, destacou.

CORREIO BRAZILIENSE
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2025/06/7185834-taxa-de-desemprego-cai-a-62-no-trimestre-terminado-em-maio.html

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Empresa deve pagar hora extra a trabalhador externo se puder controlar jornada

Quando há a possibilidade de fiscalizar a jornada, mesmo para trabalhadores externos, a empresa deve pagar horas extras. Com esse entendimento, a 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) deu provimento ao recurso de um vendedor externo que pedia o pagamento de horas que extrapolavam sua jornada.

O vendedor saiu da empresa em que trabalhava e ajuizou uma ação contra ela pedindo o pagamento de horas extras. O juiz da primeira instância indeferiu o pedido por entender que o autor se encaixa nas situações do artigo 62 da Consolidação das Leis do Trabalho, em que não há direito a horas extras e adicionais noturnos, por ser impossível o controle de jornada.

O profissional recorreu e disse que o registro da jornada era possível, já que a empresa fornecia carro com rastreador, celular e computador. A empregadora também exigia que fossem lançados os horários de trabalho e os pedidos de venda no sistema interno. O trabalhador também era obrigado a cumprir roteiros de visitas elaborados pelo gerente.

Para os desembargadores, a prova oral confirmou que havia possibilidade de marcar a jornada. “O sistema interno viabilizava o lançamento das visitas realizadas, com horários e fotos, além de permitir os lançamentos das vendas, com acompanhamento pelo gerente, o que denota que se a empregadora deixou de fiscalizar a jornada, o fez por opção própria, mas não por inviabilidade”, escreveu o relator, Sérgio Oliveira de Alencar.

Portanto, para o colegiado, as regras do artigo 62 da CLT não devem ser aplicadas ao caso. Os desembargadores determinaram o pagamento das horas extras e intervalos entre jornadas.

“O caso tem destaque na jurisprudência brasileira e poderá servir de precedente alterando decisões envolvendo discussões sobre pagamento de horas extras para vendedor externo na justiça do trabalho”, disse o advogado Denison Leandro, que atuou no caso.

Clique aqui para ler o acórdão
Processo 0011380-87.2023.5.03.0104

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Desindustrialização ou desnacionalização da indústria brasileira

Há crescente presença de capital estrangeiro em setores estratégicos da economia brasileira. A seguir, apresento uma visão abrangente sobre a desnacionalização em diversos setores industriais e de serviços de concessões públicas, bem como a integração do Brasil à divisão internacional do trabalho.

Além das indústrias automobilística e farmacêutica, outros setores industriais no Brasil, bem como serviços de utilidade pública, apresentam grande participação estrangeira:

  • Indústria de Pneus: empresas multinacionais dominam o setor, com marcas como Michelin, Pirelli, Bridgestone e Goodyear operando fábricas no país;
  • Indústria Química e Petroquímica: grandes empresas estrangeiras, como a alemã BASF e a norte-americana Dow Chemical, possuem operações dominantes no Brasil;
  • Indústria de Máquinas e Equipamentos: empresas como Siemens (Alemanha) e General Electric (EUA) estão presentes no setor, fornecendo equipamentos industriais e soluções tecnológicas;
  • Indústria de Eletrodomésticos e Eletrônicos: multinacionais como Whirlpool, LG, Samsung e Electrolux têm fábricas no Brasil, produzindo para o mercado interno e exportação;
  • Energia e Saneamento: empresas estrangeiras têm participação em serviços de utilidade pública como a canadense Brookfield detentora da BRK Ambiental, uma das maiores empresas privadas de saneamento do Brasil, além de ativos em energia renovável;
  • Telecomunicações: o setor passou por mudanças regulatórias para facilitar a entrada de capital estrangeiro como na Claro, Telefônica, Vivo etc. Por exemplo, a Hispamar é uma empresa de comunicações via satélite, fundada em 2002 pelo grupo espanhol Hispasat e a operadora brasileira Oi. Em 2021, a Oi vendeu sua participação e a Hispamar passou a ser controlada integralmente pela Hispasat.

O Brasil está plenamente integrado à divisão internacional do trabalho, caracterizando-se destacadamente por exportação de commodities. O país é um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas (soja, milho, carne) e minerais (minério de ferro, petróleo), com empresas como JBS, Marfrig, Vale e Petrobras desempenhando papéis centrais.

É dependente da importação de bens de capital e tecnologia. Apesar de possuir um parque industrial diversificado, o Brasil depende da importação de máquinas, equipamentos e tecnologias avançadas, evidenciando uma inserção periférica na cadeia global de valor.

É notável a presença de multinacionais. Muitas empresas estrangeiras utilizam o Brasil como base de produção para atender ao mercado interno e à exportação para a vizinhança latino-americana. Reforça a dependência de decisões estratégicas tomadas fora do país.

A desnacionalização de setores industriais e de serviços públicos no Brasil reflete uma estratégia neoliberal, baseada na privatização e atração de investimento estrangeiro. Embora isso tenha contribuído para a modernização de infraestruturas e aumento da produtividade, também levanta preocupações sobre a soberania econômica porque a dependência de decisões tomadas por matrizes estrangeiras limita a autonomia nacional em setores estratégicos.

A remessa de lucros para o exterior impacta negativamente o balanço de transações correntes e reduz a capacidade de reinvestimento interno. A presença de multinacionais sem condicionantes não se traduz em transferência de tecnologia ou fortalecimento de cadeias produtivas locais.

Para equilibrar os benefícios da integração global com a possibilidade de desenvolvimento relativamente autônomo, é questionável se ainda é viável implementar políticas industriais de modo a promover a inovação local, fortalecer empresas nacionais e assegurar a soberania em setores-chave.

Para compreender o posicionamento do Brasil nas cadeias globais de valor, o exemplo da indústria automobilística é o mais visível. Nas ruas, dá para observar todas as montadoras serem estrangeiras.

O Brasil não possui nenhuma montadora de capital nacional. As empresas dominantes o setor são todas estrangeiras, como Volkswagen (Alemanha), General Motors (Chevrolet) (EUA), Stellantis (Itália-França-EUA: reúne Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep), Toyota, Honda, Nissan (Japão), Hyundai, Kia (Coreia do Sul), Renault (França), BMW, Mercedes-Benz (segmento premium, Alemanha), BYD, GWM (China).

No passado, houve tentativas de criação de montadoras nacionais como a Gurgel, nos anos 1980. Não prosperaram em um ambiente de concorrência acirrada, escassez de financiamento e dependência tecnológica.

A produção no Brasil é feita majoritariamente por montagem (CKD, SKD e variantes). Há conteúdo local, especialmente, em veículos voltados ao mercado interno.

Há duas situações distintas:

  1. modelos voltados ao mercado doméstico: possuem maior conteúdo nacional (média de 60% a 80% de componentes locais, dependendo do modelo e da política de incentivo vigente);
  2. modelos de alto valor agregado ou voltados à exportação: costumam ter maior dependência de peças importadas.

A indústria de autopeças no Brasil é um setor ainda forte, embora altamente integrado a multinacionais. Existem subsidiárias de grandes sistemistas globais, como Bosch, Magneti Marelli, ZF, Delphi, Denso. Mas ainda há empresas nacionais relevantes, como Romi, Sabó, Randon, Fras-le, Marcopolo, especialmente em segmentos como carrocerias, freios, suspensão, peças estruturais.

A indústria brasileira de autopeças chegou a exportar componentes em grande volume, especialmente para América Latina e EUA, mas perdeu competitividade nos anos recentes com a valorização cambial e concorrência asiática.

A indústria automotiva brasileira faz parte de uma cadeia global de produção. Essa é uma das suas principais características desde a década de 1990.

Após a abertura comercial e a internacionalização da economia, o Brasil passou a ser plataforma regional de produção, especialmente para o Mercosul. As montadoras padronizaram plataformas globais, exigente de alinhamento com fornecedores internacionais.

A cadeia automotiva brasileira tornou-se parcialmente integrada à cadeia global, mas com função subordinada, com menor autonomia em P&D, design e estratégia de produto. Essa integração é assimétrica porque o Brasil é elo industrial intermediário, com foco na montagem e fornecimento regional, mas com pouca inserção nos elos superiores da cadeia, isto é, na pré-produção em projeto, engenharia e inovação.

A indústria automobilística no Brasil opera como um subsistema periférico de montagem e fornecimento regional ou continental, com montadoras estrangeiras dominantes. A indústria de autopeças é mista (multinacionais e empresas nacionais). Tem inserção subordinada nas cadeias globais de valor, com conteúdo local relevante, mas dependência tecnológica e decisória.

Em contraste, a atividade bancária e a indústria de construção civil ficaram sob controle nacional por causa de antiga reserva de mercado e nível tecnológico acessível aos empreendedores brasileiros. A predominância de capital nacional na atividade bancária e na indústria da construção civil no Brasil é explicada, historicamente, por uma combinação de reserva de mercado institucional e regulatória. Ambos contaram com apoio estatal e financeirização nacional.

Fernando Nogueira da Costa é professor titular do Instituto de Economia da UNICAMP. Obras (Quase) Completas em livros digitais para download gratuito em http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/). E-mail: fernandonogueiracosta@gmail.com.

DM TEM DEBATE
https://www.dmtemdebate.com.br/desindustrializacao-ou-desnacionalizacao-da-industria-brasileira/

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Inflação seguirá acima da meta até 2027, estima BC

Banco Central revisa projeções e reduz estimativas de inflação para 2025, para 4,9%, mas mas segue prevendo inflação acima do centro da meta nos próximos dois anos

O Banco Central passou a fazer projeções mais longas para a inflação e, nesse novo cenário, não consegue fazer com que o indicador do custo de vida fique no centro da meta, de 3%, até 2027, conforme as novas estimativas que constam no Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado nesta quinta-feira (26/6).

Pelas novas perspectivas do BC, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, deverá encerrar 2025 em 4,9%, ainda acima do teto da meta, de 4,50%, passando para 3,6%, no fim de 2026, e para 3,2%, em 2027, e o relatório reconhece que os riscos para a inflação, “tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”, apesar da desaceleração recente no indicador.

“A nossa avaliação, já colocada nas comunicações, é de uma inflação resiliente acima da meta. Apesar da surpresa baixista no período recente, no acumulado em 12 meses”, afirmou o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen. Ele reconheceu que houve surpresas no desempenho da atividade econômica, principalmente no setor agropecuário e no consumo, para o BC elevar de 1,9% para 2,1% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

Em maio, o IPCA registrou alta de 0,26%, acumulando alta de 5,32% em 12 meses. Já o IPCA-15 de junho, prévia da inflação oficial, também desacelerou e avançou 0,26%, acumulando alta de 5,40% em 12 meses. Além disso, as estimativas estão mais otimistas do que as projeções do mercado, cuja mediana coletada pelo BC no boletim Focus está em 5,25%, neste ano; em 4,50%, em 2026; e em 4%, em 2026, e em 3,6%, em 2028 — patamar que o BC prevê para o fim de 2026.

Risco fiscal

A piora do quadro fiscal tem influenciado a precificação dos riscos pelo mercado e as decisões de condução da política monetária, de acordo com o Banco Central. Ao apresentar os dados da segunda edição RPM, que substituiu o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), Guillen reconheceu que, ao decompor os fatores do prêmio de risco, o fator fiscal é o que mais influencia uma elevação na curva de juros.

“O fator fiscal, que teve contribuição menor no prêmio de risco no passado, agora, está mais elevado e se relaciona com o tema na ata de impactos de curto prazo na curva de juros”, afirmou Guillen, a jornalistas. Segundo ele, o peso do fator fiscal na composição dos prêmios de risco ficou maior desde o biênio 2015-2016, quando o governo federal modificou a meta fiscal e passou a permitir sucessivos rombos nas contas públicas.

De acordo com o relatório do BC, no balanço de riscos de alta para o cenário de inflação o diretor do BC destacou uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Entre os riscos de baixa considerados pelo BC , ressaltam-se: uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

CORREIO BRAZILIENSE
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2025/06/7184656-inflacao-seguira-acima-da-meta-ate-2027-estima-bc.html

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Contas públicas têm deficit de R$ 40,6 bi em junho e superavit nos últimos 12 meses

Equipe econômica projetava um resultado negativo da ordem de R$ 62,2 bilhões

A avaliação do órgão é que o resultado foi menos negativo do que o apontado pela mediana de projeções da Fazenda, que estimava um deficit de R$ 62,2 bilhões – (crédito: Diogo Zacarias/MF)

O governo central voltou a fechar as contas no vermelho no último mês de maio. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o deficit primário foi de R$ 40,6 bilhões, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira (26/6) pelo Tesouro Nacional. A avaliação do órgão é que o resultado foi menos negativo do que o apontado pela mediana de projeções do Ministério da Fazenda, que estimava um deficit de R$ 62,2 bilhões.

Considerando apenas o Tesouro Nacional e o Banco Central, o resultado do mês de maio foi superavitário em R$ 15,5 bilhões. Por outro lado, a Previdência Social (RGPS) respondeu por um deficit de R$ 56,2 bilhões no mesmo período. Na comparação com o mês de maio do ano passado, a receita líquida apresentou um crescimento de 2,8% (R$ 4,9 bilhões), enquanto as despesas totais tiveram queda de 7,6% (R$ 18,1 bilhões).

As receitas administradas pela Receita Federal tiveram um crescimento de 7,2%, ou R$ 9,6 bilhões, na comparação com maio de 2024, com destaque para o aumento de 25% da arrecadação do Imposto de Importação (II), que passou a incidir em 20% sobre mercadorias de até US$ 50, além do avanço de 9% nas receitas obtidas pelo Imposto de Renda (IR). Já a arrecadação líquida com a Previdência Social apresentou um crescimento real de 8,1%, ou R$ 4,2 bilhões, em termos nominais.

No caso das receitas não administradas, houve uma redução real de R$ 3,4 bilhões, ou 9,4%, no comparativo mensal interanual, com destaque para a queda de R$ 9 bilhões do grupo de dividendos e participações que ocorreu, principalmente, devido ao recrudescimento de R$ 4,3 bilhões nos recebimentos da Petrobras e de R$ 4,1 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Pelo lado das despesas, houve uma redução real no mês de maio das despesas do Poder Executivo Sujeitas à Programação Financeira, em R$ 12 bilhões; de créditos extraordinários, em R$ 6,6 bilhões; e de benefícios previdenciários, em R$ 3,9 bilhões. No caso dos créditos extraordinários, houve uma queda forte de 94,9%, em virtude do aumento exponencial nessa mesma épica do ano passado, por conta da calamidade no Rio Grande do Sul, que ocorreu em maio de 2024.

Apesar do deficit em maio, o governo central atingiu um superavit primário de R$ 32,2 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, ante um resultado negativo de R$ 28,7 bilhões no mesmo período de 2024, em valores nominais.

De acordo com o Tesouro, o resultado acumulado deste ano decorre de um superavit de R$ 186,5 bilhões nas contas do Tesouro Nacional e do Banco Central, e de um deficit de R$ 154,3 bilhões pelo lado da previdência. Em termos reais, a receita líquida registrou um aumento de 3,3%, ou R$ 31,2 bilhões, no resultado até maio, enquanto a despesa observou regrediu 3,3%, ou R$ 32,1 bilhões.

CORREIO BRAZILIENSE

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2025/06/7184787-contas-publicas-tem-deficit-de-rs-406-bi-em-junho-e-superavit-nos-ultimos-12-meses.html

Taxa de desemprego cai a 6,2% no trimestre terminado em maio

Dólar cai 1,02% e fecha a R$ 5,4986 com exterior, IPCA-15 e quadro político no radar

O real apresentou nesta quinta-feira, 26, o melhor desempenho entre as moedas mais líquidas, incluindo desenvolvidas e emergentes

O dólar acentuou o ritmo de baixa ao longo da tarde e furou o piso de R$ 5,50, acompanhando o recuo mais expressivo tanto da moeda norte-americana no exterior quanto das taxas dos Treasuries, diante de apostas crescentes em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). O real apresentou nesta quinta-feira, 26, o melhor desempenho entre as moedas mais líquidas, incluindo desenvolvidas e emergentes.

Operadores atribuem o fôlego extra do real, em parte, à percepção de um quadro benigno para a economia brasileira, com arrefecimento da inflação revelado pelo IPCA-15 de junho. Além disso, houve reforço do compromisso do Banco Central com a busca pela meta de inflação na apresentação nesta quinta do Relatório de Política Monetária (RPM).

As expectativas em torno da corrida presidencial de 2026 também estariam contribuindo para a apreciação do real, segundo analistas. A derrubada do decreto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na quarta pelo Congresso mostraria enfraquecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chances de vitória de um candidato mais à direita no espectro político, em tese favorável à política fiscal mais austera.

Com mínima a R$ 4,4996, o dólar à vista encerrou o pregão em queda de 1,02%, a R$ 5,4986 – menor valor de fechamento desde o dia 17 (R$ 5,4968). Após o tombo desta quinta, a moeda norte-americana volta a apresentar baixa na semana (0,48%). As perdas em junho são de 3,86%, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 11,03%.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – caiu ao menor nível em três anos em meio à notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considera antecipar a nomeação do próximo presidente do Federal Reserve, em substituição a Jerome Powell, cujo mandato termina em maio de 2026. No ano, o Dollar Index cai pouco mais de 10%.

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, afirma que o enfraquecimento global do dólar, com perda de fôlego da economia norte-americana e as apostas para cortes de juros nos EUA neste ano, ditou o comportamento da taxa de câmbio. O real teria se destacado, entre outros pontos, pela leitura benigna do IPCA-15 de junho, que sugere um quadro inflacionário mais controlado.

“Isso acaba trazendo uma visão mais positiva para a economia, o que favorece a moeda. A instabilidade política com a derrubada do IOF, que tem um impacto fiscal importante, não abalou o real”, afirma Quartaroli, ressaltando que o país continua a “atrair capital especulativo” em razão da taxa de juros elevada.

O IPCA desacelerou de 0,36% em maio para 0,26% em junho, abaixo da mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de 0,31%. As previsões iam de 0,20% a 0,37%. Economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apontam uma composição mais positiva da inflação, com menor pressão no setor de serviços.

A apresentação do RPM reforçou a mensagem do comunicado da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária, quando a Selic foi elevada de 14,75% para 15%, de que a taxa básica de juros ficará em nível elevado por “período bastante prolongado” – o que tende a manter a atratividade do real para operações de carry trade e a desencorajar o carregamento de posições em dólar.

A derrubada do IOF não se traduziu ainda em aumento dos prêmios de risco embutidos na taxa de câmbio, apesar dos impactos negativos sobre a receita, que lançam dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais. Em relatório, o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, afirma que a derrota do governo “torna quase certa a mudança” da meta fiscal de 2026.

À tarde, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Cerson, disse, contudo, que não vê em declarações de representantes do Executivo e do Congresso o intuito ou qualquer indicação no sentido de alterar a meta de 2026. Ceron também afirmou que a equipe econômica tem de duas a três semanas para encontrar uma solução para compensar a questão do IOF. O prazo está ligado à divulgação, em 22 de julho, do próximo relatório bimestral de receitas e despesas.

O economista-chefe do Integral Group, Daniel Miraglia, afirma que parte do mercado já começa a operar de olho na eleição presidencial. A derrubada do IOF sugere que parte expressiva do Congresso começa a abandonar o governo Lula, cuja popularidade está em baixa, e a se posicionar para dar apoio a um candidato da oposição.

“Parte do mercado leu essa derrota do governo como um sinal de que Lula não vai vencer a reeleição. Ao mesmo tempo, o Congresso colocou o governo em uma sinuca de bico, recusando a agenda de aumento de impostos e forçando a um contingenciamento maior para cumprir as metas, o que é positivo”, afirma Miraglia.

CORREIO BRAZILIENSE
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