NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

Os grupos especiais de fiscalização móvel, base do combate ao trabalho escravo contemporâneo no Brasil, completam 30 anos nesta terça (13), que também celebra-se os 137 anos da Lei Áurea. Desde maio de 1995, mais de 66 mil pessoas foram resgatadas, salários e direitos pagos e criminosos responsabilizados naquilo que é considerado pelas Nações Unidas uma das principais políticas para o combate à escravidão em todo o mundo.

Contudo auditores fiscais do trabalho que coordenam esses grupos relatam que, devido à falta de segurança, operações estão sendo atrasadas ou canceladas e escravizados deixando de serem resgatados. Eles enviaram um ofício hoje a Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, entre outras autoridades, denunciando a situação.

Além do Ministério do Trabalho, o grupo móvel conta com a participação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Defensoria Pública da União e, nos últimos 15 anos até o final do ano passado, a PRF.

A suspensão na participação da instituição é efeito colateral da portaria 830/2024 do Ministério da Justiça para limitar a atuação da força policial às suas atribuições originais — que foram expandidas durante o governo Jair Bolsonaro. O ministério havia afirmado à coluna que um convênio deve ser estabelecido em breve com o Ministério do Trabalho e Emprego para dar continuidade ao apoio.

Segundo o ofício dos coordenadores do grupo, desde a publicação da portaria, “a participação da Polícia Rodoviária Federal nas ações de repressão aos casos de exploração do trabalho análogo ao de escravo e ao tráfico de pessoas tem sido inviabilizada, comprometendo significativamente a estruturação da segurança necessária para o atendimento de casos graves e urgentes”.

Afirma que o acordo de cooperação técnica entre os ministérios não avançou. “Em decorrência da impossibilidade de contar com a participação da PRF nas operações de repressão, centenas de denúncias recebidas mensalmente estão sendo prejudicadas, resultando no adiamento ou cancelamento de ações cruciais”, diz. A Comissão Pastoral da Terra diz que a PRF participou de 25% de todas as operações desse tipo nos últimos 12 anos.

A reportagem entrou em contato com as assessorias dos ministérios sobre o acordo e publicará a posição do governo Lula tão logo receba uma resposta. Na manhã desta terça, um evento no Senado Federal, organizado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e com a presença do ministro Luiz Marinho, celebrou os 30 anos do grupo móvel.

Organizações da sociedade civil reforçam que a Polícia Federal, que tem a competência original para atuar no combate a esse crime, não consegue participar de todas as ações de fiscalização do grupo móvel e das Superintendências de Trabalho e Emprego nos estados. E que apesar da atuação dedicada de membros das Polícias Civis e Militares em vários estados, há regiões em que a relação entre o poder político e econômico local inviabiliza a parceria. Daí, a PRF surgiu para garantir apoio no que diz respeito à segurança.

“É imperativo ressaltar o papel insubstituível da Polícia Federal, que atua como polícia judiciária e garante a segurança das equipes, e da Polícia Rodoviária Federal, cuja atuação tem sido sistemática e crucial na garantia da segurança das equipes de fiscalização. A organização de operações de combate ao trabalho escravo sem a participação de ao menos uma dessas instituições não se mostra viável nem adequada”, diz o ofício dos auditores.

De acordo com o frei Xavier Plassat, um dos coordenadores da campanha de combate ao trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra, a ausência da PRF coloca em risco a vida dos servidores públicos.

“Basta conhecer minimamente as condições severas enfrentadas pela fiscalização para ter a certeza de que a presença de uma força policial qualificada é fundamental para a segurança. A Polícia Federal assume parte dessa presença, trazendo sua competência própria de polícia judiciária da União. Mas é longe de ser o suficiente “, afirma Plassat.

Vale lembrar que o medo da Chacina de Unaí, quando três auditores fiscais do trabalho e um motorista foram executados a mando dos irmãos Antério e Norberto Mânica, ricos fazendeiros do Noroeste de Minas Gerais, durante fiscalização rural de rotina em 28 de janeiro de 2004, ainda paira sobre os servidores públicos que atuam nessa área.

Sem a PRF, “lista suja” do trabalho escravo deve ser menor

A redução na quantidade de resgates também traz outro efeito colateral: a diminuição no médio prazo do tamanho do cadastro de empregadores responsabilizados por trabalho análogo ao de escravo, a chamada “lista suja”.

Divulgada pelo MTE desde novembro de 2003, o cadastro é atualizado semestralmente. Ele torna públicos os dados de pessoas físicas e jurídicas flagradas por submeter trabalhadores a condições análogas às de escravo.

Os nomes são incluídos após os empregadores autuados em fiscalizações exercerem o direito de defesa em duas instâncias na esfera administrativa, e permanecem no sistema por dois anos. Eles podem fazer acordos para ir para uma lista de observação, o que demanda o cumprimento de uma série de critérios e compensações.

Apesar de a portaria que regulamenta a “lista suja” não impor bloqueio comercial ou financeiro às pessoas citadas, a relação tem sido usada por bancos e empresas para gerenciamento de risco, dentro e fora do Brasil. Por essa razão, as Nações Unidas consideram o instrumento outro exemplo brasileiro no combate ao trabalho escravo.

Menos fiscalizações representam menos empregadores responsabilizados. Ou seja, a redução na participação da PRF tende a reduzir o número de entradas na “lista suja”, o que beneficia os infratores.

Grupo resgata de escravizados na pecuária até domésticas

A Lei Áurea aboliu a escravidão formal em maio de 1888, o que significou que o Estado brasileiro não mais reconhece que alguém seja dono de outra pessoa. Persistiram, contudo, situações que transformam pessoas em instrumentos descartáveis de trabalho, negando a elas sua liberdade e dignidade.

Desde a década de 1940, a legislação brasileira prevê a punição a esse crime. A essas formas dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições análogas às de escravo.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

Os mais de 66 mil trabalhadores resgatados estavam em fazendas de gado, soja, algodão, café, frutas, erva-mate, batatas, cebola, sisal, na derrubada de mata nativa, na produção de carvão para a siderurgia, na extração de caulim e de minérios, na construção civil, em oficinas de costura, em bordéis, entre outras atividades, como o trabalho doméstico. No total, a pecuária bovina é a principal atividade econômica flagrada desde 1995.

DM TEM DEBATE
https://www.dmtemdebate.com.br/combate-a-escravidao-faz-30-anos-com-resgates-cancelados-por-inseguranca/

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

Queda no desemprego só é ruim para a economia num mundo invertido

O mercado de trabalho brasileiro vem demonstrando avanços, puxado pelos investimentos e pelo mercado interno. Atualmente, a taxa de desocupação gira em torno de 7%, mas registrou 6,2% no final de 2024, antes do impacto da política monetária mais restritiva. A renda do trabalho também apresenta recuperação.

No entanto, esse cenário positivo tem sido interpretado por alguns setores econômicos como um problema, com base na premissa de que um mercado de trabalho aquecido pressiona os salários, o que poderia elevar os custos para as empresas e ser repassado aos preços, gerando inflação. Essa visão não considera a possibilidade de aumentar a capacidade instalada ou elevar a produtividade por meio de inovação e investimento. Aliás, a capacidade instalada, segundo a CNI, está em 78,9% (março de 2025), abaixo da média histórica da própria instituição, havendo portanto espaço para atender à demanda e tempo para investimentos que ampliem essa capacidade.

Mas, considerando que a relação entre baixo desemprego e inflação seja verdadeira, é necessário avançar na compreensão da diversidade do mercado de trabalho.

O Brasil possui profundas desigualdades regionais, raciais, de idade e de gênero. Em 2024, por exemplo, a taxa de desocupação entre mulheres negras foi de 9,3%, no Nordeste, chegou a 8,6%. Elevar a taxa de desemprego como forma de “controlar” a inflação significa dizer que essas populações irão pagar um preço maior, de novo.

Além disso, em um mercado de trabalho heterogêneo e precário como o brasileiro, o indicador mais adequado para avaliar a real demanda por trabalho é a taxa de subutilização da força de trabalho que, apesar da redução recente, ainda registra 15,2% de média nacional e 25,5% no Nordeste. Esse dado inclui desempregados, subocupados e a força de trabalho potencial, como os desalentados.

Diferente dos países desenvolvidos, onde a taxa de desemprego é um parâmetro mais direto da situação do mercado de trabalho, no Brasil essa taxa é insuficiente para captar a complexidade do mundo do trabalho. O elevado índice de subutilização da força de trabalho indica que uma parcela significativa da população está sendo aproveitada com menos intensidade do que sua real capacidade permite, inclusive impedindo aumentos mais expressivos de salários.

A recuperação recente dos salários acaba refletindo esta questão: o salário médio atual ainda não garante uma vida digna, como demonstra o cálculo do DIEESE sobre o salário mínimo necessário para sustentar uma família, mesmo com duas pessoas trabalhando. Dessa forma, há ainda um longo caminho a percorrer até que essa situação possa ser um “problema”.

O que está em debate são diferentes visões de mundo: um lado reveste a discussão de um tecnicismo que esconde a defesa de interesses próprios. E outro prega que o desenvolvimento deve ser sinônimo de melhoria material, com bons empregos e salários. Vamos simplificar a discussão e impedir que as pessoas tenham uma vida digna? É possível pensar um modelo no qual gerar bons empregos com bons salários para todos e todas possa ser uma boa ideia!

DM TEM DEBATE
https://www.dmtemdebate.com.br/queda-no-desemprego-so-e-ruim-para-a-economia-num-mundo-invertido/

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

Imposto de Renda 2025: veja a tabela de alíquotas e saiba como fazer o cálculo

A mecânica do cálculo do Imposto de Renda 2025 continua a mesma de anos anteriores. As principais mudanças em relação à declaração de 2024 estão na faixa de isenção — que subiu de R$ 2.112 para R$ 2.259,20 no ano passado — e nas parcelas a deduzir.

aumento da faixa isenta foi confirmado em fevereiro de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio de Medida Provisória (MP). A mudança daquele ano passou a valer para a declaração de 2025.

A medida estabeleceu, na prática, uma faixa de isenção do IR em R$ 2.259,20. Para completar os R$ 2.824 (dois salários mínimos da época), o governo determinou um desconto automático de R$ 564,80.

Como fazer o cálculo do imposto?

A conta do IR depende de uma tabela dividida em quatro faixas de renda, com uma alíquota progressiva que vai de 7,5% a 27,5%. A faixa máxima atinge os salários acima de R$ 4.664,68.

Veja abaixo as faixas e as respectivas alíquotas em vigor ao longo de 2024:

  • Faixa 1: Até R$ 2.259,20: isento
  • Faixa 2: De 2.259,21 até 2.826,65: 7,5% | dedução: R$ 169,44
  • Faixa 3: De 2.826,66 até 3.751,05: 15% | dedução: R$ 381,44
  • Faixa 4: De 3.751,07 até 4.664,68: 22,5% | dedução: R$ 662,77
  • Faixa 5: Acima de R$ 4.664,68: 27,5% | dedução: R$ 896

O imposto não é cobrado sobre todo o salário. O que é descontado em INSS, por exemplo, não entra na conta. Além disso, as alíquotas não são cobradas integralmente sobre os rendimentos.

Quem recebia R$ 4 mil por mês em valores tributáveis em 2024, por exemplo (e se encaixava na faixa 3 acima, devido ao desconto automático de R$ 564,80), não pagava 15% sobre toda a parte tributável do salário. (veja o passo a passo do cálculo mais abaixo)

Pelas contas da Receita, os “primeiros” R$ 2.259,20 são isentos. O que passou desse valor e não superou os R$ 2.826,65 (o limite da faixa 2) foi tributado em 7,5%. Já o que superou o limite da faixa 2, mas não o da faixa 3, pagou 15%, e assim sucessivamente.

Veja o exemplo abaixo, que considera um contribuinte sem dependentes.

Exemplo de cálculo do IR para rendimentos tributáveis de R$ 4 mil

Faixas do IR Parcela salarial em cada faixa Alíquota Imposto pago
1 até R$ 2.259,20 isento zero
2 R$ 567,45 7,5% R$ 42,56
3 R$ 608,55 15% R$ 91,28
4 zero 22,5% zero
5 zero 27,5% zero
Total R$ 3.435,20 Alíquota efetiva: 3,34% Total pago: R$ 133,84
Fonte: Receita Federal

Na prática, a conta pode ser feita multiplicando o valor tributável pela alíquota cheia referente à faixa do IR. Em seguida, basta subtrair do resultado a dedução que corresponda à mesma faixa. Relembre os valores de dedução:

  • Faixa 1: zero
  • Faixa 2: R$ 169,44
  • Faixa 3: R$ 381,44
  • Faixa 4: R$ 662,77
  • Faixa 5: R$ 896

O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), Mauro Silva, explica que o cálculo pode ser feito com o seguinte passo a passo (para o mesmo exemplo de R$ 4 mil):

  • R$ 4.000 – R$ 564,80 (valor tributável menos o desconto automático) = R$ 3.435,20;
  • R$ 3.435,20 (faixa 3) x 15% (ou 0,15) = R$ 515,28;
  • R$ 515,28 – R$ 381,44 (dedução da faixa 3) = R$ 133,84 — total do imposto pago no mês.

O valor final é o mesmo que aparece na tabela mais acima, elaborada a partir do simulador da Receita Federal. Quem quiser, pode utilizar a ferramenta online para fazer o cálculo. Clique aqui para acessar.

 

G1
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/noticia/2025/05/22/imposto-de-renda-2025-veja-a-tabela-de-aliquotas-e-saiba-como-fazer-o-calculo.ghtml

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

INSS: Reembolsos por descontos indevidos já somam R$ 1 bi; governo estuda encerrar desconto em folha

O ministro da AGU (Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, disse na terça-feira (20) que os pedidos de reembolso por descontos não autorizados nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)  já somam cerca de R$ 1 bilhão.

O montante corresponde às solicitações de quase 1,7 milhão de beneficiários que responderam à convocação do INSS para confirmar se autorizaram ou não os abatimentos.

A iniciativa do governo federal busca esclarecer a legalidade de aproximadamente R$ 5,9 bilhões em descontos realizados entre 2020 e 2025.

Embora nem todos sejam considerados irregulares, o Executivo se comprometeu a reembolsar aposentados e pensionistas vítimas de cobranças indevidas. Os pagamentos, no entanto, só começarão após a checagem das autorizações nas instituições envolvidas. A previsão é que isso ocorra a partir do fim do próximo mês.

Desde o início da Operação Sem Desconto, R$ 1 bilhão em bens de entidades e dirigentes envolvidos foram bloqueados. A estimativa das autoridades é que o esquema de fraudes, que começou entre 2019 e 2022, tenha desviado R$ 2,56 bilhões.

“O trabalho firme dos nossos procuradores é fazer com que cada centavo que, eventualmente, seja gasto com o dinheiro do contribuinte, seja integralmente ressarcido por quem, de fato, lesou os aposentados e pensionistas”, afirmou o ministro

Cerca de 9 milhões de beneficiários receberam notificação oficial e o volume de pedidos de ressarcimento deve crescer nas próximas semanas. Paralelamente, a AGU entrou com ação judicial pedindo o bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 entidades investigadas por fraudes associativas.

O governo estima que o impacto fiscal do reembolso possa ser contido nesse mesmo patamar e avalia cobrir o valor com realocação orçamentária, sem recorrer ao Congresso para crédito extraordinário.

Governo estuda fim de modelo de desconto associativo no INSS

Diante da fragilidade do sistema e dos riscos crescentes, o governo federal avalia extinguir o modelo atual de descontos associativos diretamente da folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS. Em entrevista à EBC, o ministro da AGU afirmou que a existência de meios eletrônicos, como Pix e transferências bancárias, permitiria às entidades manter relacionamento com seus associados sem depender de um sistema vulnerável.

As investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela AGU indicam a atuação de dois grupos principais de entidades fraudulentas. O primeiro envolve pagamento de propina a servidores públicos, com seis funcionários já afastados. O segundo é formado por entidades fantasmas, sem sede, atividades ou serviços prestados — criadas exclusivamente para lesar beneficiários do INSS. Há ainda suspeitas de uso de criptomoedas para esconder o rastro dos recursos desviados.

Segundo a PF, essas entidades usavam assinaturas falsas para cadastrar aposentados sem consentimento e aplicar mensalidades indevidas. O prejuízo estimado pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

O escândalo resultou nas demissões do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, e na prisão de seis suspeitos.

Bancos anunciam medidas contra fraudes no consignado

Em meio ao avanço das investigações, o setor bancário se comprometeu a adotar novas medidas de segurança para coibir fraudes em empréstimos consignados.

Em reunião com o Ministério da Previdência e o INSS na véspera, em Brasília, representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e da ABBC (Associação Brasileira de Bancos) afirmaram que já aplicam autenticação por biometria facial e digital, e que outras “camadas de segurança” estão sendo estudadas.

Segundo Isaac Sidney, presidente da Febraban, mais de 100 correspondentes bancários foram banidos e 1.500 sanções aplicadas desde o início da autorregulação. Dados apresentados mostram uma queda de 79% nas reclamações sobre consignados no portal Consumidor.gov desde 2021.

Embora o tema do ressarcimento por descontos indevidos ainda não tenha sido tratado diretamente com o setor bancário, os representantes afirmaram estar abertos ao diálogo com a AGU e com o governo para aprimorar o modelo atual e reforçar a proteção dos dados dos beneficiários.

ICL NOTÍCIAS
https://iclnoticias.com.br/economia/inss-reembolsos-descontos-indevidos/

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

Pobreza energética atinge um quarto das famílias brasileiras, apesar da quase universalização da rede

Mesmo com 99,8% dos lares conectados à rede elétrica, um quarto das famílias brasileiras ainda compromete mais de 10% da renda com energia e gás, limiar internacional para caracterização da pobreza energética. A constatação vem do recém-lançado Obepe (Observatório Brasileiro de Erradicação da Pobreza Energética), conforme reportagem do UOL.

O Obepe é fruto do projeto Tecendo Conexões, uma parceria entre a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o Ministério de Minas e Energia e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com objetivo construir e monitorar uma base sólida de indicadores de pobreza energética a fim de subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas à redução da desigualdade e da pobreza energética no Brasil.

Os números mostram um paradoxo nacional: o acesso formal à energia não garante uso pleno e digno para milhões de brasileiros, escancarando desigualdades estruturais.

A pobreza energética no Brasil tem rosto definido: afeta, majoritariamente, famílias do Norte e Nordeste, chefiadas por mulheres e pessoas negras ou pardas. Em estados como Alagoas, quase metade das residências (48%) vive sob essa condição.

Mesmo entre beneficiários da tarifa social, o cenário é de escassez. Segundo a EPE, 2,2 milhões de famílias consomem até 30 kWh mensais — o suficiente apenas para alimentar uma geladeira e acender uma lâmpada.

“É uma falsa universalização: as pessoas estão conectadas, mas não têm acesso real e suficiente”, afirmou Mariana Weiss, analista da EPE, durante o evento de lançamento do Obepe.

Pobreza energética além da conta de luz

A pobreza energética no Brasil vai além da fatura mensal. Dados do observatório mostram que 1,3% dos domicílios ainda não têm eletricidade em tempo integral, o que compromete desde a conservação de alimentos até o uso de equipamentos médicos e o conforto térmico, especialmente em regiões mais quentes ou frias.

Outro aspecto crítico é o uso de biomassa para o preparo de alimentos. Mesmo com acesso ao gás encanado ou GLP (gás de cozinha), 5 milhões de lares usam lenha, carvão ou resíduos como principal fonte para cozinhar — e, em 800 mil casas, esses materiais são a única opção. Mais da metade dessas famílias é de baixa renda.

Frente a esse cenário, o governo federal prepara duas medidas provisórias com impacto direto no enfrentamento da pobreza energética. A primeira, chamada de “MP da reforma do setor elétrico”, propõe a gratuidade dos primeiros 80 kWh mensais para famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico (Cadastro Único) e com renda de até meio salário mínimo per capita.

“A proposta busca unificar critérios e tornar a tarifa social mais justa”, explicou Fernando Colli Munhoz, secretário-executivo adjunto do Ministério de Minas e Energia.

A segunda medida deve ampliar o alcance do programa de subsídio ao botijão de gás de cozinha, um dos itens mais pesados no orçamento das famílias mais pobres.

Obepe

Lançado em meio ao avanço de agendas sociais no Planalto, o Obepe não surge como resposta ao momento, mas como fruto de um esforço técnico de anos. O observatório reúne mais de 260 métricas.

A plataforma cruza informações de consumo, renda, posse de eletrodomésticos e infraestrutura habitacional com indicadores socioeconômicos e ambientais, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e temperatura média. As bases de dados incluem PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), Cadastro Único, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

O objetivo do Obepe, segundo a EPE, é oferecer um instrumento técnico, público e interativo para apoiar decisões governamentais e alinhar o país aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas).

ICL NOTICIAS
https://iclnoticias.com.br/economia/pobreza-energetica-um-quarto-familias/

Combate à escravidão faz 30 anos com resgates cancelados por insegurança

IA pode afetar 1 em cada 4 empregos, diz OIT; descubra se o seu está em risco

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), junto com o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK), revela que um em cada quatro empregos no mundo está potencialmente exposto à transformação pela inteligência artificial generativa.

O relatório “IA generativa e Empregos: Um Índice Global Refinado de Exposição Ocupacional” oferece uma avaliação mais detalhada sobre como a IA generativa pode remodelar o mercado de trabalho global.

🔎 IA Generativa é um tipo de inteligência artificial que consegue criar coisas novas, como textos, imagens, músicas, áudios e vídeos.

A pesquisa separou as profissões em quatro faixas, com maior ou menor exposição e possibilidade de desemprego com a IA. Segundo o levantamento, apenas 3,3% do emprego global se enquadra na categoria de exposição mais alta (Gradiente 4). Entenda abaixo:

  1. Gradiente 1: A maioria das tarefas tem pouca chance de serem automatizadas, mas algumas poucas podem ser muito afetadas.
  2. Gradiente 2: O trabalho tem uma mistura equilibrada de tarefas que podem ou não ser automatizadas.
  3. Gradiente 3: Muitas tarefas têm alto potencial de automação, mas ainda há bastante variação entre elas.
  4. Gradiente 4: Quase todas as tarefas têm alto risco de serem automatizadas, com pouca variação entre elas.

O relatório usou sistemas detalhados de profissões da Polônia, com quase 30 mil tarefas diferentes. Primeiro, a IA avaliou essas tarefas, depois 1.640 trabalhadores deram suas opiniões sobre o que pode ou não ser automatizado.

Especialistas revisaram tudo e criaram uma base de dados com notas para várias tarefas. Com isso, foi feito um assistente de IA que consegue prever o risco de automação de outras tarefas, focando mais na realidade do dia a dia do trabalho do que só na tecnologia.

Embora 25% dos empregos estejam potencialmente expostos à IA generativa, o relatório destaca que o resultado mais provável dessa exposição é a transformação dos postos de trabalho, e não a substituição do emprego.

Segundo o estudo, a maioria das ocupações consiste em tarefas que ainda requerem envolvimento humano, mesmo que algumas possam ser realizadas de forma mais eficiente com o auxílio da inteligência artificial.

O estudo mostra que a exposição à IA generativa varia bastante entre homens e mulheres, além de depender da renda dos países. Nas economias mais ricas, cerca de 10% das mulheres trabalham em áreas com alto risco de automação, enquanto esse número é de apenas 3,5% entre os homens.

No mundo todo, 4,7% das mulheres e 2,4% dos homens ocupam empregos com maior chance de serem afetados pela IA. Os empregos de escritório e administrativos são os mais expostos à tecnologia, porque muitas das tarefas podem ser automatizadas por essa tecnologia.

Além disso, profissões que usam muito a tecnologia, como as áreas de mídia, programação e finanças, também correm mais risco, já que a IA está cada vez mais capaz de fazer tarefas especializadas.