por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
Com alta das expectativas de inflação para os próximos anos, o BC indica que pode subir a taxa de juros no futuro; ministro da Fazenda pede cautela na calibragem da taxa Selic.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, somou 0,38% em julho. O valor mensal já trouxe uma aceleração, mas o que chamou a atenção foi que o indicador avançou para 4,5% em doze meses — no teto do sistema de metas.
De acordo com analistas, a inflação no teto da meta joga mais pressão sobre a atuação do Banco Central na determinação da taxa básica de juros, que atualmente está em 10,5% ao ano, mas não é o principal fator, neste momento, na fixação da Selic.
Isso ocorre porque as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre os juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia. Por isso, elas são tomadas olhando para frente, com base o cenário futuro para a inflação, e não os números dos últimos meses.
Os últimos dados da inflação, entretanto, podem fornecer ao Banco Central indicações sobre o que pode acontecer com os preços no futuro.
Se há, por exemplo, uma tendência de alta persistente e generalizada da inflação, com os núcleos mensais do IPCA (que eliminam a cada mês as maiores e as menores variações dos preços que compõem o índice cheio) subindo, a instituição pode optar por ter uma política de juros mais dura.
BC indica que pode subir os juros
A meta central de inflação é de 3% neste ano, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano. A partir de 2025, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida (sempre considerando o cenário em 12 meses).
O problema é que as projeções de inflação, tanto do mercado financeiro quanto do BC, estão subindo para os próximos anos.
- Na semana passada, os analistas dos bancos estimaram um IPCA de 3,97% para 2025 e de 3,60% para 2026 — acima do objetivo central de 3%, mas dentro do limite de até 4,5%.
- No fim de julho, o Banco Central projetou uma inflação de 4,2% para 2024 e de 3,6% para 2025, também acima da meta central e dentro do intervalo de tolerância.
- Em junho deste ano, o BC informou que a possibilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano era de 28%. Um novo cálculo será feito em setembro.
- No caso de descumprimento da meta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos.
Cotado para ser presidente do BC a partir de janeiro de 2025, o diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo, disse que “todos diretores [do BC, com voto na definição da taxa de juros] estão dispostos a fazer o que for necessário para cumprir a meta [de inflação]”.
Esse recado foi reforçado pelo próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Câmara dos Deputados.
Até o momento, porém, a maior parte do mercado financeiro ainda não acredita em alta de juros neste ano e em 2025.
Ao mesmo tempo, os analistas avaliaram que os preços de produtos industriais retomaram força em julho diante da disparada do dólar e da demanda aquecida, e a inflação de serviços acelerou. Por outro lado, eles observaram que os preços dos alimentos seguiram em queda em julho.
Considerando os últimos números da inflação, a XP estimou que a inflação “siga relativamente bem-comportada nos próximos meses”, e que encerre este ano em 4,1%, ou seja, acima da meta central do Banco Central, de 3%, mas dentro do intervalo de tolerância (abaixo de 4,5%).
‘”Em resumo, embora a inflação siga relativamente bem-comportada no curto prazo, os riscos olhando adiante limitam a continuidade da queda da taxa Selic – que deve seguir em 10,50% ao ano até o ano que vem (ou mesmo subir, caso o cenário deteriore)”, concluiu a XP, em sua análise.
Segundo avaliação do estrategista para renda fixa do Itau BBA, Lucas Queiroz, um ponto de atenção no resultado do IPCA de julho foi a aceleração dos preços no núcleo de serviços, que nos últimos três meses apresentou um ritmo anualizado de 6,1%.
“Isso significa que os preços em setores como alimentação fora de casa e serviços pessoais, que costumam ser mais rígidos, estão subindo mais rápido, o que pode indicar pressões inflacionárias persistentes”, avaliou.
Para ele, os aumento nas curvas de juros (dos próximos anos, no mercado futuro) já incorporam, pelo mercado financeiro, um “cenário mais desafiador” para os próximos anos nas taxas de juros.
“Esses números mostram que o mercado está cauteloso, antecipando um ambiente de inflação elevada por mais tempo. Em resposta a essa preocupação, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que o Banco Central está atento e preparado para ajustar os juros caso as expectativas de inflação e a dinâmica da taxa de câmbio se mantenham”, acrescentou.
Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que já esperava um aumento da inflação neste ano em função do cenário internacional, mas observou que o dólar registrou queda nos últimos dias – e pregou cautela no acompanhamento dos números para fixação do juro básico pelo Banco Central.
“O BC tem mandato para cuidar da inflação (…) O BC tem falado a respeito, o dólar teve uma queda significativa nos últimos dias. E a gente espera que esses números [da inflação] convirjam para patamares inferiores. Mas nós esperávamos, em função do que esta acontecendo no mundo, que houvesse alguma mexida na inflação nesse ano”, disse Haddad, a jornalistas, na ocasião.
“Vamos acompanhar com calma, o BC já parou os cortes. Nós vamos acompanhar com calma e analisar com calma. Há muita coisa para acontecer esse ano, sobretudo no cenário internacional. Temos de ter cautela agora”, completou Haddad.
por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
De acordo com o TSE, a principal novidade é o uso da ferramenta para denunciar desvios nas campanhas eleitorais na internet como uso irregular da inteligência artificial e fake news
por Iram Alfaia
Já está disponível uma das ferramentas mais aguardadas nas eleições municipais, o Pardal 2024. Pelo aplicativo, os eleitores poderão denunciar irregularidades na propaganda eleitoral como compra de votos e a abuso do poder econômico.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a principal novidade para este ano é o uso da ferramenta para denunciar desvios nas campanhas eleitorais na internet como uso irregular da inteligência artificial e fake news.
Para isso, os eleitores terão que baixar o aplicativo Pardal Movel pelo Google Play ou na App Store. Nele, poderão ser feitas denúncias de várias formas de propaganda inadequada, além da internet.
Na portaria, o TSE diz que a uso do aplicativo permitirá encaminhar ao juízo eleitoral competente, a fim de “exercer o poder de polícia eleitoral, as denúncias de irregularidades de propaganda eleitoral específica, relacionada às candidaturas e ao contexto local da disputa”.
No app, estão disponíveis formulários de entrada específicos para a propaganda geral nas ruas e para a propaganda na internet; a obrigatoriedade, em todos os casos, de que o formulário esteja instruído com comprovação mínima, para que seja remetido ao juízo eleitoral competente.
“Outra inovação interessante é que, para cada denúncia, a usuária ou o usuário terá de observar a descrição específica sobre o que pode/não pode em relação ao tópico em questão. Antes, isso dependia da boa vontade da pessoa denunciante em consultar o aplicativo para se informar”, diz o Tribunal.
O TSE dá exemplo de como isso pode ser feito. No caso de um alto-falante, o eleitor deverá verificar no aplicativo quais as regras de uso do equipamento.
“Com base na avaliação da usuária ou do usuário, o Pardal oferecerá os botões prosseguir ou encerrar, para finalizar a denúncia. O objetivo é evitar acusações incorretas ou infundadas. A pessoa denunciante é responsável por preencher os dados e anexar os arquivos da irregularidade apontada”, explica.
Pardal Web e Pardal ADM
Mais dois dispositivos estarão disponíveis ao público: Pardal Web e Pardal ADM.
O primeiro permite acompanhar o andamento e as estatísticas das denúncias apresentadas via Pardal Móvel.
Já o Pardal ADM permite gerar “uma notificação informatizada à pessoa, ao partido político, à federação ou à coligação mencionada, acompanhada de um link específico para informar a regularização ou o esclarecimento do fato e anexar a documentação comprobatória”.
VERMELHO
https://vermelho.org.br/2024/08/19/eleitores-ja-podem-denunciar-irregularidades-nas-campanhas-pelo-pardal-2024/
por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
No segundo trimestre deste ano, somente no programa MCMV as vendas subiram 46%. Os dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
por Iram Alfaia
As vendas de imóveis novos no País bateram recorde no segundo trimestre deste ano. Houve aumento de 17,9% entre abril e junho comparado ao mesmo período do ano passado. Nesse intervalo, somente no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) as vendas subiram 46%.
Os dados são da pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º Trimestre de 2024, divulgados nesta segunda-feira (19) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
A pesquisa indica que foram movimentados R$ 53 bilhões, sendo o Valor Geral de Vendas (VGV) 20,2% maior que no mesmo intervalo de 2023 (R$ 44 bilhões).
A CBIC informou que foram vendidas 83.930 unidades no período nas 221 cidades analisadas (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas), um recorde desde o início do levantamento, iniciado em 2016.
No MCMV foram 39.332 vendas no segundo trimestre de 2024, contra 26.935 no mesmo período de 2023 – alta de 46%. A participação do MCMV no volume vendas passou de 34% para 42%.
O Minha Casa, Minha Vida também teve aumento expressivo de 86,7% no número de lançamentos de imóveis no período.
Foram 44.764 novos imóveis colocados no mercado, na comparação com o segundo trimestre de 2023 (23.979 imóveis lançados). A participação do MCMV no volume de lançamentos passou de 31% para 53% na comparação no período.
Para a CBIC, o mercado vem respondendo desde os avanços promovidos no programa MCMV no segundo semestre de 2023.
“Quando o governo acerta os parâmetros do Minha Casa, Minha Vida nós vemos as vendas crescendo rapidamente. Leva um ano para mudar de patamar, o setor é de resultados de médio e longo prazo. Você toma uma decisão agora e o efeito acontece paulatinamente”, avalia o presidente da CBIC, Renato Correia.
“Esses números mostram que vendemos mais de mil unidades por dia, todo dia”, comemora.
Correia analisa que o mercado segue forte e o público continua em busca de imóveis novos, pois a demanda tem sido contínua pelos apartamentos lançados, foco do levantamento.
Para ele, os resultados apontam um bom sinal para o restante do ano, pois os demais trimestres costumam concentrar mais vendas, ano a ano.
Isso porque, o mercado está em fase de crescimento e, mantido o cenário atual, a tendência é um segundo semestre positivo.
O executivo destacou o efeito benéfico da combinação de inflação controlada; juros baixos – sem indicação de alta; aumento na geração de novos empregos e disponibilidade de recursos tanto do FGTS quanto da caderneta da poupança para aplicação em moradia.
“No mercado imobiliário, o segundo semestre sempre é melhor que o primeiro e a tendência é que seja melhor também nesse ano”, completou o CEO da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo.
VERMELHO
https://vermelho.org.br/2024/08/19/minha-casa-minha-vida-movimenta-setor-e-venda-de-imovel-bate-recorde/
por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
Pedro Campos
Antes que a reforma tributária entre em vigor, é preciso preparar a população para a nova realidade que se estabelecerá e afastar os temores, de certo modo infundados, que muitos ainda carregam e expressam no debate público. As manifestações de dúvida e de insegurança, presentes na mídia, são naturais, até esperadas. O Brasil aprendeu a viver sob o nosso velho e caótico sistema tributário e, mais do que isso, conseguiu sobreviver e até prosperar apesar dele. E um novo sistema muito mais simples parece suspeito para quem se acostumou a viver em um país onde mais de 400 mil normas tributárias entraram em vigor desde a promulgação da Constituição de 1988.
Temos que considerar ainda que a nova sistemática não é nova somente por ter sido aprovada agora. É, principalmente, por conter regras e instrumentos inovadores, inéditos em nosso ordenamento jurídico. A começar pelo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), um tributo nacional e dual, ou seja, formado por uma fatia que vai ser do Governo Federal – a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) –, e outra fatia recolhida para os estados e munícipios, o chamado Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
A Constituição de 1988 definia o fluxo legislativo para a criação e regulamentação de tributos estaduais. Por aquele regramento, era necessária a aprovação, pelo Congresso, de Lei Complementar Federal, fixando normas gerais, e a aprovação de leis ordinárias, pelas assembleias legislativas, para que os impostos pudessem ser cobrados. A PEC 45/2019, que reformou nosso sistema tributário, mudou este processo e definiu que o IBS será instituído não por leis estaduais, mas por uma “Lei Complementar Federal Única”, norma concomitante e conjunta, ou seja, válida do Oiapoque ao Chuí, da Ilha do Recife aos confins da Amazônia.
Como integrante do grupo de trabalho encarregado de relatar o projeto de lei que cria o Comitê Gestor do IBS tenho sido questionado, com frequência, sobre a possibilidade de a nova regra vir a ser prejudicial a este ou aquele estado, município ou região.
Somos um dos países mais desiguais do mundo. Desigualdade entre pessoas – dados do Ipea mostram que 1% dos brasileiros mais ricos detêm 28,3% da renda total – e desigualdade entre regiões: o rendimento nominal domiciliar per capita do Centro-Oeste era R$ 2.264 em 2023, praticamente o dobro do apurado no Nordeste, onde a renda familiar média fica em R$ 1.155, segundo o IBGE.
E esta realidade não é obra do acaso. Foi construída ao longo dos séculos, desde o período colonial. Historiador econômico doutorado pela London School of Economics e professor da FGV-Rio, o professor André Villela estudou a arrecadação dos tributos e a distribuição dos recursos no tempo de Dom Pedro II (1844 a 1889). Naquela época o país era pensado como se fosse dividido basicamente em duas grandes regiões: o Norte (que hoje chamamos de Norte, Nordeste e Centro Oeste), e o Sul – que inclui os atuais Sudeste e Sul. Segundo o estudo de Villela, apesar de contribuir com 35,5% das receitas do Império, apenas 16% das receitas totais eram aplicados nas províncias situadas ao Norte do país, sendo 69% direcionados para as províncias do Sul e 15% – já àquela altura – destinados ao pagamento dos juros da dívida externa brasileira, da qual eram credores bancos londrinos.
Por isso, quando um governador ou as bancadas dos estados do Norte ou do Nordeste se inquietam e expressam dúvidas, devemos explicar com clareza que foi justamente para evitar situações como as acima mencionadas que a emenda da Reforma previu a criação de um Comitê encarregado de gerir a arrecadação do IBS e coordenar a distribuição entre os estados e munícipios.
Órgão técnico operacional orientado por um conselho onde 100% dos seus 54 integrantes são representantes de estados e municípios – e não há representante da União –, o comitê terá papel determinante para a proteção dos interesses econômicos e da autonomia dos entes federados. No que diz respeito especificamente ao Nordeste, pontuamos que a região terá peso importante nas decisões do comitê tanto em função da quantidade de estados – nove, ou seja, um terço da representação – quanto pelo peso de sua população, que representa quase 27% dos brasileiros, segundo o ultimo censo.
E, mais importante ainda, o Comitê Gestor, no tocante a distribuição dos recursos funciona apenas como uma caixa de passagem, uma vez que seu papel se resume a arrecadar os impostos e distribui-los automaticamente de acordo com a regra definida pela reforma, com a tributação sendo feita no destino e não na origem, como ocorre agora.
Temos tradição de protelar mudanças necessárias, de promover acomodações para não enfrentar interesses contrariados. Às vezes até promovemos mudanças, mas geralmente do tipo defendido por certo personagem do romancista italiano Giuseppe di Lampedusa: “Mudar um pouco para que fique do jeito que sempre foi”. Este não é o caso da reforma tributaria aprovada no ano passado e cuja regulamentação caminha de modo sereno e firme.
Ao examinar o projeto enviado pelo governo, o grupo de trabalho do qual faço parte cuidou de fazer alguns aperfeiçoamentos importantes. Asseguramos a reserva de 30% dos assentos na diretoria executiva do Comitê Gestor para mulheres, o que certamente contribuirá para corrigir distorções como as que se observa hoje, em um sistema no qual a maior parte dos integrantes dos corpos de auditores fiscais e até dos representantes políticos são homens.
Outro aperfeiçoamento foi a garantia que estabelecemos para que o CBS e o IBS tenham uma uniformização. Os sistemas serão integrados e na hipótese de uma empresa ter que se defender de autuações simultâneas nas esferas federal e estadual, ela precisara fazer apenas uma defesa e, no caso de haver decisões divergentes, o Comitê e o CARF, na esfera federal, deverão harmonizá-las.
Em resumo, com a reforma foram criados condições para que estados e municípios joguem todos juntos na garantia dos recursos necessários para que as politicas publicas se efetivem ao nível dos governos locais. Trata-se de um passo muito importante para construir equilíbrio no historicamente desequilibrado regime federativo brasileiro.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
Autoria
Pedro Campos Pedro Campos é deputado pelo PSB de Pernambuco.
CONGRESSO EM FOCO
https://congressoemfoco.uol.com.br/area/congresso-nacional/reforma-tributaria-do-caos-a-simplificacao/
por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
Em audiência pública na CDH (Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa) do Senado Federal, realizada nesta segunda-feira (19), o senador Paulo Paim (PT-RS) comandou o debate interativo com tema “A Previdência Pública é viável”. Um dos participantes foi o secretário do Regime Geral de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal.
Paim defendeu o atual modelo brasileiro de Previdência Social e demonstrou preocupação com propostas de possível nova reforma do sistema. “É imprescindível assegurar e proteger o atual modelo brasileiro de Previdência Social, porque ele atua como um verdadeiro seguro para o trabalhador, é um dos maiores distribuidores de renda do País. O sistema é rentável e o processo de privatização ou capitalização é inadmissível”,
Na avaliação do senador, nova reforma previdenciária no País dificultará cada vez mais que os trabalhadores se aposentem, com aumento de requisitos ou tempo de contribuição; “por isso a necessidade de debater o tema”, defende o senador gaúcho.
CPI da Previdência
Paim também mencionou o relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Previdência, de 2017, no Senado, que comprovou a viabilidade do sistema previdenciário brasileiro, mas identificou problemas de gestão, sonegação e corrupção.
“A CPI da Previdência identificou que os problemas levantados sobre a Previdência são, na verdade, questões, ao longo desses anos, de gestão, arrecadação, fiscalização, sonegação, corrupção, desoneração e dos tais Refis”, pontuou.
Anualmente, sobre o Refis (programa de renegociação de dívidas tributárias), segundo o parlamentar, retira cerca de R$ 1 trilhão dos cofres públicos. Desse total, segundo a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), em torno de R$ 180 bilhões correspondem a débitos que podem ser, efetivamente, recuperados.
Concessão de benefícios
O secretário Adroaldo Portal lembrou que a situação da Previdência Social em 2023 era crítica, quando ficou marcada por passivo de 2,5 milhões de pessoas aguardando benefícios previdenciários, e disse que o governo atual tem atuado para suprir essa demanda da sociedade.
“O quadro era muito grave. [Desde que foi implementada] a Previdência Social passou a ser o patinho feio da Esplanada. É o lugar onde é o sumidouro de gastos, onde os recursos públicos se vão numa quantidade astronômica”, declarou.
Outro dado destacado pelo secretário do RGPS (Regime Geral de Previdência Social), a cargo do INSS, foi a singularidade do modelo brasileiro, que cobre mais de 70% da população economicamente ativa, sendo sustentado por contribuições de trabalhadores e empregadores.
Investimento
“O ministro Lupi gosta muito de falar que Previdência não é gasto, é investimento. Nós investimos R$ 900 bilhões, por ano, em pagamentos de benefícios previdenciários e atendemos mais de 40 milhões de pessoas”, disse.
Apesar de a importância social da Previdência, Portal afirmou que “há uma agitação no mercado por uma nova reforma”. Ele reafirmou a defesa do atual modelo, mas reconheceu que há necessidade de focar nas fontes de financiamento da Previdência.
“Precisamos, aqui no Congresso Nacional, e o governo tem falado sobre isso, é nos preocupar com as fontes de financiamento da Previdência. Como foi aqui colocado, há perda de receita continuada. A gente, no governo, aboliu a palavra déficit da Previdência até por estarmos no campo progressista, mas reconhecemos que ficar depauperando a Previdência nos coloca numa situação de ter que encontrar formas de sustentá-la. E essa é uma responsabilidade não só do governo, mas do Congresso Nacional”, finalizou Portal.
Outros participantes
O debate também contou com participação de representantes da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos); CUT (Central Única dos Trabalhadores); Sinssp (Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo), do Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil); da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) e Fenasps (Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social).
Assista a íntegra da audiência pública
DIAP
https://diap.org.br/index.php/noticias/noticias/91953-inss-investimos-r-900-bilhoes-por-ano-em-pagamentos-de-beneficios-previdenciarios-diz-secretario-do-rgps
por NCSTPR | 20/08/24 | Ultimas Notícias
Imposto de 0,5% sobre grandes fortunas arrecadaria mais de US$ 2 trilhões anuais globalmente, montante que poderia atender às necessidades de financiamento climático dos países pobres.
A informação é publicada por ClimaInfo, 20-08-2024.
A adoção de um “imposto de solidariedade” sobre as maiores fortunas do planeta poderia impulsionar decisivamente o financiamento climático global, concluiu um novo estudo divulgado nesta 2ª feira (19/8) pela rede Tax Justice Network.
De acordo com a análise, a cobrança entre 1,7% e 3,5% sobre os super-ricos poderia movimentar até US$ 2,1 trilhões anuais em todo o mundo. Só no Brasil, esse imposto arrecadaria cerca de US$ 47,5 bilhões, o equivalente a R$ 260 bilhões.
A proposta se inspira no imposto criado pelo governo do primeiro-ministro Pedro Sanchéz na Espanha em 2022. O imposto espanhol incide sobre os indivíduos com riqueza líquida superior a € 3 milhões, o que abrange cerca de 0,5% dos domicílios do país.
O estudo concluiu que, em média, cada país poderia arrecadar o equivalente a 7% de seu orçamento de gastos através desse imposto. Essa discrepância entre a incidência da cobrança e os montantes potenciais é resultado direto da desigualdade econômica: em média, em cada país, metade da população possui apenas 3% de toda a riqueza nacional, enquanto os 0,5% mais ricos são proprietários de mais de 25% dessa riqueza.
O montante de 2,1 trilhões de dólares anuais seria mais do que bem-vindo aos países, especialmente os mais pobres e vulneráveis à mudança do clima. Ele mais do que atenderia às necessidades financeiras dessas nações para mitigação, adaptação e perdas e danos decorrentes da crise climática. Ao mesmo tempo, esse valor ajudaria também em outras frentes, como o combate à pobreza e à fome.
A taxação sobre grandes fortunas é um dos tópicos prioritários da agenda do Brasil na presidência do G20 em 2024. A proposta brasileira, que prevê a cobrança de um imposto mínimo de 2% sobre a riqueza dos multimilionários e bilionários, já conta com apoios importantes, como Alemanha e Espanha, além de ser popular entre a opinião pública dos países do G20.
“Um imposto sobre os bilionários, tal como discutido no G20 no Brasil, tem o potencial de estabelecer um piso global mínimo para a tributação dos super-ricos, e a liderança inovadora do Brasil este ano foi realmente valiosa. Contudo, apenas os impostos sobre a riqueza nacional têm todo o potencial para resolver os danos sociais associados às desigualdades extremas”, comentou Alex Cobham, CEO da Tax Justice Network, ao jornal O Globo.
O Guardian também destacou os principais pontos do estudo.
IHU-UNISINOS
https://www.ihu.unisinos.br/642572-brasil-arrecadaria-r-260-bilhoes-por-ano-com-imposto-sobre-super-ricos-diz-estudo