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Com Minha Casa, Minha Vida e FGTS, crédito imobiliário cresce 30% no 1º semestre

Com Minha Casa, Minha Vida e FGTS, crédito imobiliário cresce 30% no 1º semestre

Financiamentos do setor somaram R$ 149 bilhões, no primeiro semestre deste ano, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança

Por Valor — São Paulo

Os financiamentos do setor imobiliário somaram R$ 149 bilhões no primeiro semestre deste ano, alta de 30% em relação ao mesmo período de 2023, informou a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O crédito imobiliário com recursos da poupança, parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), chegou a R$ 82,1 bilhões nos primeiros seis meses de 2024, uma elevação de 7% sobre o mesmo período do ano anterior.

Já os financiamentos pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) atingiram R$ 67,2 bilhões, com alta de 75% nessa comparação, refletindo a retomada do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), de acordo com a Abecip.

Para 2024 como um todo, a entidade prevê um crescimento de 7,6% nos financiamentos com recursos da poupança, da ordem de R$ 164 bilhões. Segundo a associação, se concretizado o volume ficará entre os três melhores resultados da história, obtidos em 2021 e 2022.

Para os financiamentos com recursos do FGTS, a Abecip trabalha com o orçamento do conselho curador de R$ 106 bilhões, que devem ser liberados. “Entretanto, visto o forte desempenho das contratações neste 1º semestre, existe a possibilidade de suplementação do orçamento para viabilizar a manutenção dos volumes financiados no restante do ano”, afirma em nota a associação.

Confirmadas as projeções, o volume total dos empréstimos (SBPE mais FGTS) deverá atingir cerca de R$ 270 bilhões para 2024, alta de 7,8% sobre o aplicado em 2023, segundo a Abecip.

Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/produtos/imoveis/noticia/2024/07/24/com-minha-casa-minha-vida-e-fgts-credito-imobiliario-cresce-30percent-no-1o-semestre.ghtml

Com Minha Casa, Minha Vida e FGTS, crédito imobiliário cresce 30% no 1º semestre

Dólar sobe e fecha aos R$ 5,65, em dia de pressão contra emergentes; Ibovespa teve queda

A moeda norte-americana avançou 1,27%, cotado em R$ 5,6566. Já o principal índice de ações da bolsa fechou em queda 0,13%, aos 126.423 pontos.

Por g1

O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (24), em um dia de pressão para as moedas de países emergentes em função da piora no mercado dos Estados Unidos, da fraqueza das commodities e do avanço do iene no exterior.

Por aqui, o quadro fiscal continua a fazer preço nos mercados, à medida que o mercado continua avaliando a capacidade do governo de cumprir a meta deste ano.

Na agenda, uma série de balanços corporativos de empresas locais e internacionais também ficam no radar, bem como as repercussões sobre a privatização da Sabesp.

Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em queda. Mesmo amenizado pela alta de quase 1% em Petrobras, o indicador sofreu forte influência da queda das bolsas de Nova York.

O dólar fechou em alta de 1,27%, cotado em R$ 5,6566. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6617.Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,94% na semana;
  • ganho de 1,22% no mês;
  • alta de 16,57% no ano.

Na véspera, a moeda subiu 0,29%, cotado em R$ 5,5857.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em queda 0,13%, aos 126.423 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,94% na semana;
  • ganhos de 2,03% no mês;
  • perdas de 5,78% no ano.

Na véspera, o índice recuou 0,99%, aos 126.590 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O pregão foi pressionado em especial pelos índices S&P 500 e Nasdaq, que fecharam nos menores níveis em semanas nesta quarta-feira, conforme lucros decepcionantes da Tesla e da Alphabet minaram a confiança de investidores.

Houve também um agravamento da confiança de investidores com as ações de tecnologia depois da pane global causada pela CrowdStrike. O S&P 500 perdeu 2,31%. O índice de tecnologia Nasdaq perdeu 3,64%. O Dow Jones caiu 1,24%.

A queda não foi maior no Brasil porque os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta quarta-feira, apoiados por grandes quedas nos estoques da commodity e de combustíveis nos Estados Unidos. Isso ajudou os resultados de Petrobras e Prio.

Os contratos futuros do petróleo Brent para setembro fecharam em alta de 0,9%, a US$ 81,71 por barril. O petróleo WTI para setembro subiu 0,8%, para US$ 77,59 por barril.

Os preços ainda pairaram perto de seu nível mais baixo em seis semanas, devido a preocupações com a fraca demanda global.

Além disso, os desdobramentos da corrida eleitoral norte-americana também continuam no radar, e aumentaram o clima de aversão a risco. Na véspera, a vice-presidente Kamala Harris participou do primeiro comício do processo eleitoral que vai escolher o ocupante da Casa Branca a partir de 2025.

Ela participou na condição de pré-candidata à Presidência e afirmou já ter conseguido o apoio de delegados suficientes para assegurar a candidatura democrata.

Para ser a candidata oficial do partido, Kamala precisa não do voto dos eleitores, mas sim do voto dos representantes do partido em cada estado — os delegados —, que oficializam o nome do candidato em agosto. Segundo a agência de notícias Associated Press, a vice-presidente tem mais de 3.090 delegados ao seu lado, cerca de mil delegados a mais do que o necessário.

Já por aqui, o cenário fiscal continua a fazer preço nos mercados, conforme investidores avaliam a capacidade do governo de alcançar a meta fiscal estabelecida para este ano.

Na segunda-feira, o relatório de receitas e despesas mostrou que a nova projeção do governo indica um déficit (despesas maiores do que receitas) de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente no limite da meta de contas públicas previstas no arcabouço fiscal.

O governo também revisou estimativas de gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — pago a idosos carentes, deficientes e pessoas com doenças incapacitantes — e benefícios da Previdência. O relatório é publicado a cada dois meses com novas estimativas e projeções sobre as despesas e receitas do governo previstas para o ano.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões no Orçamento de 2024, além de um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões. As medidas vieram como uma tentativa do governo de cumprir a regra de gastos prevista no arcabouço fiscal.

A diferença entre bloqueio e contingenciamento é a seguinte:

  • Bloqueio: se refere a valores no Orçamento que têm que ser bloqueados para o governo manter a meta de gastos do arcabouço fiscal.
  • Contingenciamento: é uma contenção feita em razão de a receita do governo estar vindo abaixo do esperado.

Balanços corporativos de empresas locais e internacionais também seguem no radar, bem como a variação de preços nos mercados de commodities.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/07/24/dolar-ibovespa.ghtml

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Lula e diretor da OIT discutem regulação de motoristas por aplicativo

A preocupação de Lula reflete a visão do governo de enfrentar os desafios contemporâneos do trabalho com soluções inclusivas e sustentáveis

por Cezar Xavier

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, com o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert F. Houngbo. A conversa ocorreu no contexto do evento de pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e Pobreza, destacando a prioridade brasileira na presidência do G20.

Durante o encontro, Lula e Houngbo discutiram as recentes mudanças no mundo do trabalho, com um foco particular na regulação das atividades de motoristas por aplicativo. Lula revelou a iniciativa do Governo Federal de propor um projeto de lei ao Congresso para assegurar direitos mínimos aos motoristas de aplicativos, visando combater a precariedade laboral na categoria.

Este encontro bilateral ocorre 40 dias após a reunião de Lula com Houngbo em Genebra, na Suíça, durante o Fórum Inaugural da Coalizão Global para Justiça Social, em 13 de junho passado. Naquela ocasião, Lula enfatizou a necessidade de enfrentar as desigualdades sociais, integrando direitos trabalhistas aos direitos humanos, expandindo o acesso aos meios produtivos e promovendo o trabalho decente. Ele destacou as preocupações com a precariedade nas novas formas de emprego, especialmente no contexto das plataformas digitais.

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza é uma iniciativa de Lula, inicialmente proposta na Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, no ano passado. Durante a atual presidência brasileira do G20, a ideia tem sido trabalhada intensamente. Uma Força-Tarefa, composta pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Ministério da Fazenda (MF), realizou várias reuniões para obter um consenso entre mais de 50 delegações internacionais sobre os documentos fundacionais da Aliança.

Agora, a Aliança está aberta à adesão de governos, organizações internacionais, instituições acadêmicas, fundos e bancos de desenvolvimento, bem como instituições filantrópicas. O objetivo é unir esforços globais para combater a fome e a pobreza, promovendo políticas de desenvolvimento sustentável e justiça social.

Próximos passos

A reunião entre Lula e Houngbo reforça o compromisso do Brasil com a promoção de um mercado de trabalho mais justo e com a luta contra a fome e a pobreza em escala global. A iniciativa de regulamentar as atividades de motoristas por aplicativo marca um passo significativo na proteção dos direitos trabalhistas no Brasil, refletindo a visão do governo de enfrentar os desafios contemporâneos do trabalho com soluções inclusivas e sustentáveis.

O evento de pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza também destaca a importância da cooperação internacional e do engajamento multissetorial para alcançar objetivos comuns de desenvolvimento humano e justiça social.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/07/24/lula-e-diretor-da-oit-discutem-regulacao-de-motoristas-por-aplicativo/

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Lula é o presidente mais bem avaliado da América do Sul

Ranking com dez dos 12 países do continente coloca brasileiro na primeira posição, com 53,6% de avaliação boa ou muito boa, segundo pesquisa feita por consultoria argentina

por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mais bem avaliado da América do Sul em julho, com 53,6% de opiniões positivas sobre o seu desempenho, de acordo com pesquisa mensal da CB Consultoria de Opinião Pública, da Argentina.

A pesquisa — elaborada com dez dos 12 países do continente, exceto Suriname e Guiana — considera as avaliações sobre a imagem interna dos presidentes. Lula obteve a melhor colocação na soma das alternativas  “boa” e “muito boa”. As negativas (ruim/muito ruim) ficaram em 42,9%.

Analisando as sondagens anteriores, o presidente brasileiro vem numa trajetória ascendente: entre março e maio, esteve entre a quinta e a quarta colocação, passando para a terceira em junho.

O segundo da lista é Javier Milei, da Argentina, com 52,1% de aprovação e 44,7%. Na sequência, vêm Daniel Noboa, do Equador, com 51,5% contra 45,4%; Luis Arce, da Bolívia, com 49,8% contra 47,3% e Luis Lacalle Pou, do Uruguai, com 48,7% ante 47,9%.

Os que ficaram nas piores posições foram Gustavo Petro, da Colômbia, com 32,3% de avaliação boa/muito boa e 62,9 de ruim/muito ruim; Dina Boluarte, do Peru, com 32,5% e 62,2% respectivamente; Gabriel Boric, do Chile, com 36,3% e 60,6%; Nicolás Maduro, com 37,6% e 58,9% e Santiago Peña, do Paraguai, com 45,2% e 51,1%.

O levantamento foi feito de maneira online entre os dias 16 e 20 de julho, com 1.471 brasileiros maiores de 18 anos.

Com agências

(PL)

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/07/24/lula-e-presidente-mais-bem-avaliado-da-america-do-sul/

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Clara E. Mattei debate no Brasil sobre austeridade e fascismo

A renomada economista Clara E. Mattei, autora de A ordem do capital: como economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo, chega ao Brasil para debater a austeridade enquanto um projeto político dentro da estrutura do capitalismo.

Professora do Departamento de Economia da The New School for Social Research, Clara E. Mattei faz um estudo inovador sobre a forma como diferentes países e governos enfrentaram crises financeiras, aplicando cortes em políticas públicas e precarizando as relações de trabalho, além de seus efeitos devastadores ao longo da história.

Confira as informações sobre as atividades no Brasil:

Rio de Janeiro

Sexta-feira, 26/07, às 9h
Aula inaugural A ordem do capital: como economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo

Centro de Tecnologia
Auditório G122 da COPPE – CT/UFRJ
Av. Athos da Silveira Ramos, 149, Bloco G – Cidade Universitária

Sexta-feira, 26/07, às 14h
States of the Future
Mesa de Diálogo: Futuro do Estado e da Democracia

BNDES
Av. República do Chile, 100 – Centro
Transmissão ao vivo pelos canais no YouTube do BNDES//www.youtube.com/@gestaogov_br” style=”box-sizing: border-box; background-color: transparent; color: rgb(132, 59, 48); border-bottom: 2px solid rgb(238, 238, 238); transition: border 0.2s ease-in-out 0s;”>MGI e OEI

Belo Horizonte

Segunda-feira, 29/07, às 14h
Seminário: O potencial revolucionário da política econômica histórica
Com Clara Mattei e mediação de Clara Brenck

Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG – FACE
Auditório 1
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha

Segunda-feira, 29/07, às 19h
Lançamento do livro A ordem do capital
Bate-papo seguido de sessão de autógrafos

Restaurante Salumeria Central
Rua Sapucaí, 527- Floresta

São Paulo

Terça-feira, 30/07, às 15h
Encontro com Clara E. Mattei
Fundação Escola de Sociologia e Política
Sala Florestan Fernandes
Rua General Jardim, 522 – Vila Buarque

Transmissão on-line pelos canais do YouTube da Boitempo, FESPSP e FPA

Terça-feira, 30/07, às 19h
Fascismo e austeridade econômica
Lançamento seguido de sessão de autógrafos
Com Clara E. Mattei, Luiza Nassif Pires (Made/USP) e mediação de Eleonora de Lucena

Livraria Tapera Taperá
Av. São Luís, 187 – 2º andar, loja 29 – República
Com transmissão ao vivo nos canais do YouTube da Boitempo e da Tapera Taperá

Fonte: Blog da Boitempo
Data original da publicação: 19/07/2024

DMT: https://www.dmtemdebate.com.br/clara-e-mattei-debate-no-brasil-sobre-austeridade-e-fascismo/

Com Minha Casa, Minha Vida e FGTS, crédito imobiliário cresce 30% no 1º semestre

A longa jornada dos trabalhadores da OXXO

Em setembro de 2023, quando Erich* começou a trabalhar em uma unidade da rede de mercados OXXO, na região central de São Paulo, seu turno era o da noite. Na primeira semana de emprego, sofreu um assalto. “Eram três indivíduos, dois deles entraram na loja e um ficou do lado de fora, observando se vinha polícia”, relata. Depois, vieram o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto… Foram sete assaltos desde o início do seu contrato com a empresa, ele me conta em uma entrevista por telefone, na qual pede para seu nome verdadeiro não ser publicado, por receio de represálias. “Meu intuito é sair da OXXO, mas enquanto não arrumo nada, não posso pedir contas assim, com uma mão na frente e outra atrás.”

Erich conta que passou meses trabalhando sozinho, entre setembro de 2023 e janeiro deste ano, e só então a empresa contratou um segundo funcionário para dividir as tarefas. “Mas, na primeira noite de trabalho, a loja foi assaltada”. No geral, explica, os assaltos ocorrem no meio da madrugada, principalmente entre duas e três da manhã. “Já teve um que foi com faca, outro com martelo, com arma de fogo…”

O último, relembra, foi o mais violento. “O cara estava com uma faca escondida no punho da camisa. Eu entrei em uma briga corporal com ele, que sacou a faca, mas consegui me desvencilhar. Foi feio, ele me deu um soco, fiquei um pouco machucado no braço.” O trabalhador diz que, por sorte, nunca se feriu gravemente, mas os ataques deixaram traumas. Quando está sozinho na loja, a entrada de qualquer pessoa o deixa nervoso. “Eu me assusto todos os dias, virei uma pessoa extremamente desconfiada. Não é normal você chegar no trabalho e já ficar aflito. A qualquer momento, quando chega alguém na loja, meu coração começa a acelerar. Eu atribuo isso à OXXO porque a gente não recebe nenhum tipo de tratamento de saúde mental. E quem sofre mesmo é quem trabalha de madrugada”, desabafa.

Assaltos, furtos e agressões

Erich é um dos 14 funcionários da OXXO com os quais a reportagem do Joio conversou para entender como são as condições laborais e de segurança nas lojas da rede. Nove deles trabalham na capital; dois na Grande São Paulo: Guarulhos e Santo André; outro, em Praia Grande, no litoral paulista, e dois no interior do estado: Campinas e Piracicaba. Todos pediram para não ser identificados e tiveram seus nomes trocados pela reportagem.

Uma das principais reclamações é a ausência de um funcionário de segurança nas lojas, sobretudo no período da noite, deixando-os, assim, vulneráveis a assaltos, furtos e agressões. Além disso, as queixas são de que o quadro de empregados é muito restrito, que eles são superexplorados e acumulam muitas funções para além da de atendentes, para a qual foram contratados. E a tensão que passam com assaltos, roubos e acúmulo de função afeta diretamente a saúde mental de quem trabalha na OXXO.

Taís*, atendente de uma unidade da região central de São Paulo, trabalha na rede desde janeiro deste ano. Segundo ela, até havia um segurança no período da tarde na loja para onde foi alocada, mas ele ia embora quando anoitecia. “A gente ia ficando com medo.” A sugestão dos superiores, diz, foi de que os atendentes se revezassem na porta, assumindo a função de segurança. “Eu neguei, falei que essa não era minha função, além de tantas outras que eu faço ali, porque a gente é contratado para ser atendente, mas executa várias outras tarefas e não é remunerado por elas”, denuncia.

Em Campinas, no interior de São Paulo, Larissa* iniciou o treinamento para ser vendedora da OXXO trabalhando em várias unidades da cidade. “Eu ficava o tempo todo muito em alerta, com medo. Logo depois que parei de trabalhar na primeira loja, ela foi assaltada”, conta. “E, aos domingos, quando não tem tanto movimento, me deixavam sozinha. É quando você está mais vulnerável. E eles não se importam. O foco é só vender e acabou.”

Larissa conta que também sofreu assédios e pressões. “Largavam a gente sozinha na loja e tínhamos que fazer tudo. Tem vários desvios de função. E ainda era obrigada a me proteger de alguém que poderia entrar na loja a qualquer hora, roubar e fazer alguma coisa comigo.”

Desde que abriu sua primeira loja no Brasil, em dezembro de 2020, a rede de mercados não para de se multiplicar. Hoje, a OXXO tem 500 lojas, está presente em 17 cidades do estado de São Paulo e emprega mais de 4 mil pessoas, de acordo com sua assessoria de imprensa.

Em março deste ano, a unidade de número 500 foi inaugurada, no bairro da Aclimação, na capital paulista. “O formato de proximidade conversa diretamente com o perfil do brasileiro, que preza pelo tempo e praticidade, perto de suas residências ou do trabalho. Por isso, direcionamos a nossa estratégia, nesses primeiros anos de atuação, em uma expansão rápida e eficiente. O processo é pautado por inteligência de dados e nas necessidades do cliente cotidiana”, disse, em entrevista à imprensa, Hugo Curriel, CEO do Grupo Nós, detentor das marcas OXXO e Shell Select.

Como o Joio contou em reportagem publicada em abril de 2022, o Grupo Nós nasceu de um consórcio entre a Raízen, licenciada da marca Shell, e a Fomento Económico Mexicano (Femsa) – empresa que é a maior engarrafadora da Coca-Cola do mundo.

Ações judiciais

Todos os funcionários entrevistados mencionaram que a empresa os contratou para o cargo de atendente, mas que, na prática, eram pressionados a assumir outras tarefas. “A gente tinha de cuidar da padaria, ser estoquista, entrar na câmara fria para arrumar estoque, fazer a limpeza da loja, limpeza dos fornos, lavar banheiro, operar o caixa e receber mercadoria…”, conta Larissa.

Regina*, atendente de uma loja da região Sul do município de São Paulo, diz que o ritmo de trabalho é “frenético”. “E os donos da OXXO só querem saber de números, só querem saber de abrir loja, só sabem falar de metas e nos pressionar. Como fica a cabeça dos funcionários?”, questiona.

O acúmulo de funções e as situações de violência e insegurança têm gerado demandas judiciais contra a OXXO. Uma pesquisa na página do JusBrasil, realizada no dia 1º de julho, mostra que a empresa é citada em 965 processos, a maioria deles como ré em ações trabalhistas no Tribunal de São Paulo – que abrange a capital, Guarulhos, ABC, Osasco e Baixada Santista – e no de Campinas, que abrange as demais cidades paulistas.

O advogado Fabricio Pires da Costa representa alguns funcionários que estão processando a OXXO por acúmulo de funções e insegurança. “No que eles mais pecam é na exposição ao risco de assaltos. Eles não oferecem segurança, dizem que tem uma empresa terceirizada de vigilância. Mas, na realidade, essa ronda que eles fazem lá quase não é efetiva, porque não protege em nada o trabalhador”, relata. Além disso, as condições são péssimas, diz. “Eles visam lucro e enxergam o empregado como um número.”

Uma das funcionárias que o advogado representa, Marina*, está processando a rede por danos morais. De acordo com a ação, além do acúmulo de funções, ela foi submetida “a situações de profundo abalo emocional ao passar por atos de violência e à exposição de diversos assaltos à mão armada”. Na ação, a defesa argumenta que a ausência de medidas de vigilância casada à intensa movimentação da loja em que Marina trabalha gera um paradoxo: ela precisa lidar diariamente com altos valores monetários, sem segurança para tal.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), há alguns processos contra a OXXO sob sigilo e alguns arquivados. Existem duas denúncias de não cumprimento de cota de contratação de aprendiz e reserva de cargo para pessoas com deficiência. Procuramos a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo para solicitar dados de boletins de ocorrência por assalto nas lojas da rede da capital, pedido que foi feito também por Lei de Acesso à Informação, mas a SSP não forneceu informações a respeito.

Visitas diárias e roubos

Além dos assaltos, os funcionários também lidam quase diariamente com os furtos que acontecem nas lojas, conta Regina. Ela diz que é a segunda vez que trabalha na rede de mercados. A loja onde é funcionária recebe “visitas” diárias de um homem, sempre segurando uma faca ou uma chave de fenda. “Ele rouba garrafas de Heineken. Consegue levar um fardo de 24 unidades”, diz.

A orientação da OXXO, afirma, é para deixar levar a mercadoria e, depois, “abrir um chamado, um protocolo”, que é um registro interno dos funcionários, dos itens que foram furtados. “Perdi as contas de quantos chamados já abri, o caderno está lotado”, desabafa Regina. Seu medo, revela, é ser agredida.“Já ouvi relatos de funcionários que foram baleados, então nosso receio é esse”, diz. “Eu tenho ansiedade desde a minha primeira passagem pela empresa. Recentemente, estava insustentável, eu tremia, eu chorava, para você ver o nível da minha ansiedade.”

Erich também perdeu as contas de quantos chamados abriu, e afirma que a loja não se preocupa com a integridade dos funcionários. “Quando acontecem assaltos e furtos, os nossos líderes não perguntam se você está bem, eles perguntam se você abriu um chamado e o que levaram”, denuncia. “Líderes” são como os supervisores são chamados dentro das unidades do mercado.

Outra ação que corre na Justiça do Trabalho contra a OXXO é movida por Gisele*, que trabalhou numa filial em Santo André. De acordo com a ação por dano moral e adicional de insalubridade, a jovem trabalhava sob “extrema pressão e rigor excessivo, pois recebia da líder e da encarregada a orientação de reagir a eventuais furtos e assaltos que viessem acontecer dentro da loja, colocando-a em acentuado risco.”

O advogado Rafael Vassoler conta, em entrevista, que Gisele também foi submetida a acúmulo de função, pois além de atuar como atendente de loja, trabalhava como auxiliar de limpeza, lavando banheiros, vidros e até limpando fornos e fermentadoras.

“Ela esteve exposta a produtos como cloro, água sanitária, detergentes, desengordurantes, saponáceos e demais produtos de limpeza que continham álcalis cáusticos, mas nunca teve adicional de insalubridade e, tampouco, recebeu equipamentos de proteção individual (EPI).” Além disso, ela teria levado um tapa no queixo dado por sua líder. O teor das ameaças era sempre de agressões: a supervisora teria dito que “se trabalhasse no horário dela ia bater nela de manhã, de tarde e de noite.”

Portas trancadas, “barreiras” e tensão

Numa noite fria do mês de junho, rodei pelo centro de São Paulo e visitei diversas lojas da OXXO. Começo pela unidade da rua Major Sertório, depois sigo para a da Rego Freitas, largo do Arouche, avenida São Luís, Major Diogo, Maria Paula, Libero Badaró… A ideia é ver se as lojas têm ou não segurança, quantos funcionários há em cada uma, e tentar marcar alguma entrevista com trabalhadores. Em algumas, apenas entro, observo e saio. Em outras, onde há pouco movimento ou quando o funcionário está em um local onde a abordagem é mais fácil, puxo assunto, explico a pauta e peço o telefone para uma futura entrevista. Alguns são receptivos, outros já dizem que preferem não falar.

Duas das lojas onde fui estavam com as portas trancadas. Um dos mercados tinha uma espécie de barreira formada por uma mesa com alguns produtos em cima. Algumas lojas chegam a fazer vendas de portas fechadas mesmo, atendendo os clientes por uma pequena janela aberta. Em outras lojas, havia mais de um funcionário, mas apenas em duas havia a figura do segurança. O clima de abandono das lojas combina com o abandono do centro e das pessoas em situação de rua que vivem ali.

De acordo com Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, a entidade foi procurada pelos trabalhadores, que reclamaram da falta de segurança nas lojas da OXXO. “Começamos a ter denúncias de que as lojas muitas vezes eram assaltadas e as pessoas se sentiam inseguras. Então, desde o ano passado nós tivemos três ou quatro reuniões de trabalho com a empresa no sentido de ter alguma solução razoável”, diz.

Segundo Patah, a partir das negociações do sindicato, iniciou-se, por parte da OXXO, um processo de monitoramento e ronda. “Desde então, começou a ter uma melhora. A empresa só começou a mudar sua postura graças ao sindicato”, afirma.

A ronda à qual o presidente do sindicato se refere é um funcionário de segurança que passa pelas lojas de moto. Além dele, a outra modalidade de segurança é o fiscal, que fica no período da noite e da madrugada em algumas das lojas. De acordo com os funcionários entrevistados, no entanto, a ronda não é efetiva, já que há apenas um funcionário responsável pela segurança de várias lojas.

A reportagem teve acesso à ata de uma reunião realizada entre o sindicato e o Grupo Nós, em junho deste ano, na qual a empresa afirma estar executando “o plano apresentado quanto à medidas para a mitigação de riscos existentes, como colocar portas de vidros nas lojas, conectando câmeras integradas junto à Polícia Militar”. No documento, também consta a promessa de instalação de uma central de monitoramento. Por meio da assessoria da Secretaria de Segurança Pública, a PM de São Paulo informou que não recebeu tal solicitação.

O sofrimento do precariado

Mesmo sendo contratados sob o regime de CLT, os funcionários da OXXO podem ser enquadrados no conceito de precariado. A avaliação é do sociólogo Ruy Braga, professor e chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, estudioso do mundo do trabalho e autor de livros sobre o precariado, que é, na sua definição, a camada da população que vive nas condições mais precárias dentre os trabalhadores.

“Essa mistura de flexibilização da jornada, com condições muito precárias de inserção nos postos de trabalho, acúmulo de funções e, sobretudo, exposição à violência urbana tem um impacto bastante flagrante, principalmente nesses negócios espalhados pela cidade”, analisa. O sociólogo acredita que a forma de contratação laboral dentro na rede de mercados, que chegou ao Brasil em 2020, três anos depois da reforma trabalhista entrar em vigor, foi beneficiada pelo afrouxamento da legislação.  Mesmo sem ter feito pesquisa específica sobre a OXXO, Braga afirma que estudos de outros países e setores demonstram que os efeitos psicológicos desse tipo de ocupação são “devastadores”. “Há um nível muito alto de estresse, e há síndromes ligadas ao trabalho precário, como a síndrome de burnout”, diz, citando a Síndrome do Esgotamento Profissional, distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante. “É muito compreensível que a gente observe o aumento de ações na Justiça do Trabalho – e também reclamações nas redes sociais”, avalia.

Procurada, a OXXO disse, por meio de sua assessoria, que “está ciente dos problemas da sociedade e busca diariamente novas estratégia de segurança, além de investir em tecnologia e inteligência para desenvolver ações preventivas nas unidades, bem como parcerias com os órgãos públicos, instituições do setor e demais players do varejo para contribuir na construção de um ambiente cada vez mais seguro para nossos colaboradores, clientes e comunidade”.

Fonte: O Joio e o Trigo
Texto: Tatiana Merlino
Data original da publicação: 17/07/2024

DMT: https://www.dmtemdebate.com.br/a-longa-jornada-dos-trabalhadores-da-oxxo/