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Há 10 anos, americanos ganhavam 13 vezes mais; atualmente a diferença é de quatro vezes.
 
A crise internacional que atingiu as principais economias do mundo, em especial a dos Estados Unidos, está reduzindo a diferença entre o rendimento de brasileiros e americanos.
 
Levantamento feito pelo Brasil Econômico mostra que em 2002, por exemplo, a renda dos americanos era 13 vezes maior que a dos brasileiros. No ano passado, essa diferença caiu para quatro vezes.
 
Claro que a desvalorização do dólar nos últimos anos tem um peso importante nessa base de comparação, mas ela sozinha não justifica a mudança. Entre os motivos – além do câmbio – estão a desvalorização patrimonial (com os preços dos imóveis e das ações em queda), o desemprego elevado e a inflação ascendente nos Estados Unidos.
 
No Brasil, acontece efeito inverso. A renda está em expansão, o desemprego é um dos menores da história e a inflação, apesar de ter fechado 2011 no teto da meta do governo (6,5%), ainda é baixa se comparada com o histórico recente do país.
 
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a renda brasileira por habitante em 2002 era de US$ 5.797. Em 2011, ela deverá avançar US$ 12.916, alta de 122,8%. E isso acontece apesar da carga tributária elevada, que no Brasil corrói o ganho dos trabalhadores em peso muito maior que o de outras nações.
 
Já a renda dos americanos subiu 37,6% – três vezes menos que a do brasileiro – e passou de US$ 34.995 em 2002 a US$ 48.147 no ano passado.
 
Keyler Carvalho Rocha, presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), afirma que esse cenário reflete os méritos dos países mais pobres e os deméritos dos ricos.
 
Ele lembra que o poder de compra do brasileiro sempre foi menor e continua sendo quando comparado ao do americano, mas que a evolução do salário mínimo pode ser usada como uma base comparativa para demonstrar o ganho do brasileiro frente aos estrangeiros.
 
“Antes, um salário mínimo de US$ 100 era um projeto eleitoral. Hoje, com esse aumento de 14% (que vai vigorar esse ano), temos um mínimo acima de US$ 300.”
 
E é a situação econômica dissonante entre os países emergentes e os desenvolvidos observada nos últimos anos que encurta a distância entre os rendimentos de suas populações, o que se evidencia em especial na relação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (veja quadro o quadro abaixo).
 
E não é só isso. Raphael Martello, economista da Tendências Consultoria, afirma que as perdas dos americanos são maiores do que as percebidas nos indicadores.
 
“Além da redução da renda, houve uma queda no valor patrimônio”, lembra o economista, citando a desvalorização imobiliária após o estouro da bolha em 2008, além da perda de valor das ações e dos fundos de pensão por causa da crise no mercado financeiro – as três principais fontes de poupança do americano.
 
“Houve também aumento do desemprego e uma elevação da inflação em alimentos e energia, com a alta das commodities no fim de 2010. Se comparar com o pré-crise, o declínio da renda do americano foi bastante acentuado”, afirma Martello.
 
Durante o ano de 2009, segundo o Bureau of Economic Analysis (BEA – Departamento de Análises Estatísticas), a renda pessoal da população americana apresentou queda de 5%.
 
Já no Brasil, naquele ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real domiciliar per capita aumentou 4,4%. 
Rafael Bacciotti, economista da Tendências, afirma que as políticas públicas favoreceram o aumento da renda mesmo em um ano de crise.
 
“Primordialmente, houve crescimento real do salário mínimo em quase todos os anos. Além disso, o país continuou crescendo. A conjuntura internacional favoreceu esse encurtamento”, diz Bacciotti