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A comissão nacional que discute as sugestões do Brasil para o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, afirmou nesta quarta-feira que o texto inicial da ONU, o chamado rascunho-zero, precisa ser “mais ambicioso e ousado”, de acordo com ministros.
O encontro de mais de quatro horas no Itamaraty reuniu 22 ministros, senadores, deputados, representantes do Judiciário e da sociedade civil para discutir as modificações que o Brasil irá propor na minuta inicial, preparada pela ONU a partir de mais de seis mil páginas de sugestões de países e organizações em todo o mundo.
 
A versão que resultar dos debates na Organização das Nações Unidas, para onde o Brasil levará sugestões, será o documento final da Rio+20, que será realizada em junho no Rio de Janeiro.
 
“Há um sentimento de que devemos ser ambiciosos e que o Brasil tem uma liderança natural a exercer pelos exemplos e pelas conquistas realizadas até aqui”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, no fim do encontro.
 
Segundo um assessor do Ministério do Meio Ambiente que esteve presente ao evento, mas falou sob condição de anonimato, o clima da reunião era de decepção com o texto inicial da ONU.
 
“A versão que o Brasil enviou como sugestão (antes da confecção do rascunho-zero) era muito melhor”, afirmou ele.
 
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a partir do resultado dos debates da comissão nacional, o Brasil levará uma “posição de negociação” para outros fóruns decisórios.
 
“(O Brasil) vai negociar as posições e buscar maior robustez, dar este caráter ousado e ambicioso às nossas teses”, afirmou ela.
 
Participantes que deixaram a reunião relataram que falta no texto referências mais claras ao combate à pobreza, à importância da cultura, aos avanços na governança global e também à inclusão de pleitos de comunidades tradicionais do Brasil, como indígenas e afrodescendentes.
 
“A maior parte dos comentários foi sobre o projeto-zero, sinalizando insuficiências na área da agenda social até outras que se relacionam com juventude, com agenda da inclusão, direitos humanos”, exemplificou Patriota.
 
O ministro disse ainda que o Brasil se esforça para que todos os participantes da Rio+20 -governos, sociedade civil ou empresários- possam se manifestar.
 
“(Temos que ter) Capacidade de ouvir, ouvir com atenção para que nenhuma voz se sinta excluída”, disse ele.
 
Questionada se o governo brasileiro teme um esvaziamento da Rio+20, a ministra do Meio Ambiente afirmou que o sentimento “é o contrário”.
 
“Hoje ficou muito claro que há grande mobilização não só política dos países, mas também da sociedade”, disse Izabella.
 
O grupo tem novo encontro no dia 8 de março. As sugestões da reunião serão então compiladas pela secretaria-executiva brasileira, que condensará um novo texto para encaminhar à ONU.