NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

No último debate antes do primeiro turno das eleições, mais uma vez faltaram propostas e sobraram ataques entre os dois principais candidatos ao governo do Paraná – Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT). Acusações e trocas de farpas entre eles marcaram a maior parte dos cinco blocos do encontro, realizado ontem à noite pela RPC TV. Mesmo quando não podiam fazer perguntas entre si, Beto e Osmar procuraram se atacar, abordando diversos temas que pautaram os programas eleitorais nos últimos três meses. Em alguns momentos, o tucano e o pedetista chegaram a lamentar o fato de estarem impedidos, pelas regras do programa, de questionarem um ao outro. Os dois principais candidatos centraram foco em problemas de Curitiba e pouco falaram do interior do estado. Também participaram do debate os candidatos Paulo Salamuni (PV) e Luiz Felipe Bergmann (PSol).

O clima começou a esquentar logo na segunda pergunta do primeiro bloco, quando Beto questionou Osmar sobre propostas para a geração de emprego no estado. Na resposta, o pedetista afirmou que havia recebido uma ligação do presidente Lula, que foi responsável por gerar 15 milhões de empregos no país, lhe desejando boa sorte no debate. Beto replicou dizendo que “se apegar ao presidente é muito fácil” e que os paranaenses queriam saber as ideias próprias dos candidatos. O tucano também voltou a colocar Osmar como um político contra os trabalhadores por ter apresentado no Senado um projeto que pretendia acabar com a indenização de 40% do FGTS para os funcionários demitidos sem justa causa. “Meu Deus do céu, quanta lorota. Retirei o projeto a pedido das centrais sindicais, que hoje estão todas me apoiando em reconhecimento ao meu trabalho em favor do trabalhador”, disparou o pedetista.

Na sequência, quando tratava da região metropolitana de Curitiba com Bergmann, Osmar partiu para o ataque contra Beto. Afirmou que o tucano não resolveu o problema do aterro da Caximba enquanto foi prefeito da capital – o local está com a vida útil esgotada. Ao ter a possibilidade de perguntar a Beto, o pedetista o criticou por ter renunciado ao segundo mandato de prefeito para disputar o governo do Paraná, descumprindo o que tinha acordado com os curitibanos. “Atendi a um chamamento para ser candidato. Nunca fui candidato de mim mesmo. O senhor se esquece que, se vencesse a última eleição [para governador], iria renunciar a quatro anos de mandato de senador”, devolveu Beto. “Agora, quer conquistar os votos de Curitiba a qualquer custo, mas nunca trouxe nada para a capital como senador.”

O pedetista se defendeu das afirmações alegando que trouxe 7 mil vagas do ProJovem Trabalhador para Curitiba, mas, como a prefeitura não iniciou o programa dentro do prazo, a União exigiu a devolução dos R$ 5 milhões do projeto. Em resposta ao pedetista, que em detrminado momento do debate havia dito que conhece Beto há bastante tempo, o tucano afirmou que “não era esse [Osmar] que eu conhecia”. “Foi um secretário indicado pelo PDT [Jorge Bernardi] que cochilou e perdeu esse recurso”, defendeu-se. “Quando dá certo, é o prefeito que fez. Quando dá errado, põe a culpa nos outros. Bastou o senhor sair da prefeitura para o ProJovem funcionar”, rebateu Osmar já ao fim do debate, quando comentava outro assunto com Salamuni.

As acusações mútuas entre os dois principais candidatos ao governo do estado fizeram com que ambos chegassem a lamentar que, em determinados momentos, não pudessem fazer perguntas entre si. Isso, no entanto, não impediu que os ataques continuassem. Quando falava de saúde pública com Berg­mann, Osmar criticou Beto por ter destacado que teve a aprovação de 80% dos curitibanos para deixar a prefeitura e disputar o governo. “Espero que essa não tenha sido uma daquelas pesquisas censuradas pela sua coligação”, disse o pedetista ao comentar as cinco pesquisas que tiveram a divulgação impugnada pela chapa tucana. Na sequência, ao ser questionado pelo candidato do PSol sobre doadores de campanha, Osmar afirmou que “na minha campanha não tem caixa 2”, em referência ao caso do Comitê Lealdade, de dissidentes do PRTB na campanha de Richa à prefeitura em 2008.

Logo em seguida, foi Richa quem usou a troca de perguntas com Bergmann para devolver acusações feitas por Osmar ao longo do debate. O tucano destacou uma decisão do Ministério Público do Paraná cobrando do governo do estado a aplicação em saúde dos 12% do orçamento, conforme prevê a Constituição. “O governo atual, que apoia o meu adversário, desviou R$ 2 bilhões da saúde, disse o Ministério Público”, criticou. Para finalizar, Beto atacou a aliança de Osmar com o ex-governador Roberto Requião (PMDB). “Eu não mudo de lado, não pulo de galho em galho. Não vou na casa de um candidato à Presidência (José Serra. PSDB), aperto a mão dele e, no ou­­­tro dia, passou para o outro lado.”