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Demanda de famílias com renda de mais de três salários mínimos fez financiamento à moradia no estado crescer bem acima da média nacional no ano passado

A Caixa Econômica financiou 75.897 imóveis no Paraná em 2011, no total de R$ 5,95 bilhões, valor 22% mais alto que o registrado no ano anterior. Essa taxa de expansão, estimulada pelo aumento do nível de emprego e da massa salarial no estado, foi equivalente a mais de quatro vezes a registrada em todo o território nacional, onde o crédito imobiliário cresceu 5% e atingiu a marca de R$ 80,1 bilhões, que financiaram a compra de 1,097 milhão de imóveis. Em Curitiba, o crescimento sobre o ano anterior foi ainda mais forte, de 24%, em decorrência do financiamento de 27.305 imóveis no valor de R$ 2,12 bilhões.

Desafio é encontrar novas fontes de recursos

A poupança continua sendo uma das principais fontes de concessão de crédito da Caixa. No ano passado, dos R$ 80 bilhões liberados para a habitação em todo o país, R$ 36,4 bilhões (45% do total) vieram da poupança. A participação desse investimento nos financiamentos é alta e condiz com o aumento dos depósitos de clientes nesse investimento.

Em dezembro do ano passado, o saldo da poupança era de R$ 150,4 bilhões, o que representou um crescimento de 16,2% sobre o mesmo período de 2010. No estado, o saldo em dezembro somava R$ 10,9 bilhões e, na capital, R$ 4,3 bilhões – em ambos, houve crescimento de quase 20% ao longo de 2011. A captação líquida (depósitos menos saques) da caderneta chegou a R$ 1 bilhão no Paraná, dos quais R$ 408,6 milhões em Curitiba.

Em janeiro deste ano, a Gazeta do Povo noticiou que, segundo especialistas do setor imobiliário, a vida útil da caderneta como origem de recursos para o financiamento imobiário seria de dois anos, com base na evolução das captações e dos empréstimos.

Por essa razão, preservar o recurso da poupança e ampliar as captações é o grande desafio da Caixa para evitar um esgotamento de crédito imobiliário, segundo o superintendente regional do banco, Hermínio Basso.

“Queremos aumentar as captações e planejamos até buscar recursos no exterior. Outra alternativa vem da política monetária: com uma diminuição nos compulsórios cobrados pelo Banco Central, seria possível ter mais recursos para irrigar o mercado”, analisa Basso.

Para Gilmar Mendes Lourenço, diretor-presidente do Ipardes, o vigor da economia paranaense também implica em mais recursos para a poupança. “Com o aumento da renda, cresce o consumo, mas também cresce a quantia guardada na poupança”, destaca. A Caixa terminou o ano de 2011 com 43,3 milhões de contas de poupança em todo o país, uma alta de 6,1% sobre 2010.

Outros resultados

O lucro da Caixa somou R$ 5,2 bilhões em 2011, com avanço de 37,7% em relação a 2010. No último trimestre, o lucro foi de R$ 1,6 bilhão, 20% a mais que no mesmo período do ano passado. Em novembro, o banco tinha 58 milhões de clientes, entre correntistas e poupadores, um crescimento de 9,6% em relação a dezembro de 2010. O aumento no número de contas foi acompanhado pela expansão da captação de recursos. Os depósitos totais somaram R$ 259,8 bilhões no fim do exercício, valor 20,7% maior que o do ano anterior.

Segundo a Caixa, em todo o país o principal impulso aos financiamentos veio da segunda fase do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que começou em 2011. Além do aquecimento econômico – segundo estimativas, a economia estadual cresceu acima da média nacional em 2011 –, o crescimento acentuado no Paraná é atribuído ao valor mais alto dos imóveis financiados. Em outros estados, onde o déficit habitacional é mais alto, os financiamentos em geral têm valores menores, com a maioria das contratações de imóveis por famílias com renda mensal de até três salários mínimos. No Paraná, grande parte dos financiamentos se encaixa na faixa de mais de três salários, o que puxa para cima o total financiado.

“O desemprego está em baixa em todo o estado. A Região Me­­tro­­politana de Curitiba vive uma situação de pleno emprego e, com isso, os rendimentos estão em alta”, disse o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Hermínio Basso. “Além disso, o déficit habitacional no estado é menor, o que faz com que o número de contratações na primeira faixa do programa Minha Casa, Minha Vida seja menor aqui. A maioria dos financiamentos é para famílias com mais de três salários mínimos”, completou.

Inadimplência

De acordo com o superindentende, o aumento de crédito habitacional em todo o país foi facilitado pela estabilidade da taxa de inadimplência na área de habitação – que fechou o ano em 1,7% da carteira de clientes do banco, acima da marca de dezembro de 2010 (1,6%) mas abaixo do índice do fim de 2009 (1,8%). “O índice é bastante saudável. Mostra que o aprimoramento do sistema, em que se libera crédito de acordo com as condições de pagamento do consumidor, está dando certo. As análises rigorosas de crédito controlam o índice de inadimplência”, diz o superintendente regional.

Círculo virtuoso

Segundo o diretor-presidente do Instituto Paranaense de De­­sen­­volvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lou­renço, o crescimento da economia paranaense gera um círculo virtuoso também sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), uma das principais fontes do financiamento de imóveis.

“O aquecimento do mercado faz com que haja maior geração de emprego formal e mais renda. Com isso, há uma contribuição maior para o fundo, o que se reverte em recursos para a oferta de crédito à habitação”, diz Lourenço. Do crédito de R$ 80,1 bilhões que a Caixa liberou para imóveis em todo o Brasil no ano passado, R$ 31,3 bilhões – 39% – vieram do FGTS.

Carteira total

Com a ajuda do crédito habitacional, o saldo da carteira de crédito da Caixa aumentou 42% na passagem de 2010 para 2011, totalizando R$ 249,5 bilhões. No Paraná, o saldo aumentou 38%, para R$ 15,7 bilhões.