Com recorde de demissões, março fechou com saldo líquido de 92,7 mil empregos, contra 266,4 mil em igual mês de 2010. No trimestre, queda foi de 11%
Brasília – O ritmo de criação de novos empregos com carteira assinada no país despencou em março, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Os números do primeiro trimestre também não foram os mais animadores, e mostraram recuo em relação ao mesmo período de 2010.
Em março, foram criadas 92.675 vagas formais, 65,2% a menos que em março do ano passado, quando foram gerados 266.415 postos de trabalho, sem levar em consideração as declarações entregues pelos empregadores fora do prazo.
O mês registrou recorde histórico de demissões, com 1,673 milhão, enquanto as admissões chegaram a 1,765 milhão, o terceiro melhor desempenho da série. Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a menor geração de vagas formais em março se deveu em parte à antecipação de contratações realizadas em fevereiro e ao feriado de carnaval, que reduziu a quantidade de dias úteis no mês. Além disso, o fim da safra da cana-de-açúcar no Nordeste teria acelerado os desligamentos.
Segundo ele, a perda de ritmo na geração de postos formais não reflete uma desaceleração da economia brasileira, e o resultado do Caged em abril deverá ser bastante forte. “Em primeiro lugar, porque não teremos outro carnaval, com a economia dez dias quase paralisada. Além disso, o comércio deve voltar a crescer e o fim das chuvas em algumas regiões também deve impulsionar a construção civil”.
O setor de serviços liderou a criação de vagas formais no mês, com 60.309 postos, seguido pela indústria de transformação (14.448) e agricultura (11.400).
Meta mantida
Segundo Lupi, a meta de criação de 3 milhões de novos empregos com carteira assinada em 2011 está mantida, apesar de o resultado do primeiro trimestre do ano ter sido menor que o registrado no mesmo período de 2010. “Os ciclos (econômicos) nos próximos trimestres devem compensar esse resultado.”
Com a contabilização das declarações entregues pelas empresas fora do prazo, o resultado do primeiro bimestre do ano passou para 491.211. Dessa forma, no acumulado do primeiro trimestre de 2011 foram geradas 583.886 vagas formais, resultado 11,2% inferior às 657.259 vagas criadas no mesmo período do ano passado.
Contra o Copom
Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, Lupi aproveitou para criticar o ciclo de aumento dos juros para combater a inflação. “A inflação não é esse diabo que muita gente fala. Temos que combatê-la, mas não podemos matar a nossa galinha dos ovos de ouro que é o crescimento da economia brasileira.”
Fonte: Gazeta do Povo