ECONOMIA
Para analistas, o ano que começa será do agravamento de problemas econômicos, a influenciar inclusive a política internacional
O intenso cenário internacional de 2011 – com crises econômicas e revoltas políticas – dá pistas de alguns dos principais temas que estarão em destaque neste novo ano. A agenda política também ajuda os especialistas em temas internacionais a fazerem algumas projeções para 2012.
Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Nicolas Sarkozy, da França, vão ter de convencer o eleitorado de que, mesmo com a crise econômica, fizeram bons governos e merecem ser eleitos para mais um mandato. Na América Latina, o pleito mais importante vai ser o da Venezuela, onde Hugo Chávez também vai tentar a reeleição.
Mas a aposta é que o assunto que vai ter mais destaque é a crise econômica, até porque suas consequências atingem o contexto político. “É a questão mais explosiva. Todos os indicadores apontam para o agravamento da crise. A moeda europeia não resistirá”, diz Williams Gonçalves professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Rui Dissenha, professor de Direito Internacional da Universidade Positivo, também aposta que a crise vai ser a tônica de toda discussão. “Outras questões, como a proteção dos direitos humanos e as regras de comércio, podem até ser colocadas de lado”. Ainda que qualquer tipo de previsão seja incerta, Dissenha não considera exagero falar sobre um possível fim da União Europeia ou seu encolhimento. “A gente começou a perceber que a Europa já não dá sinais de absoluta união.”
Diante de uma situação que se encaminha para o que Gonçalves define como “insignificância da Europa e declínio dos Estados Unidos”, os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem se tornar cada vez mais atuantes no contexto econômico e nas decisões políticas. Mas o professor da UERJ descarta a Rússia, que para ele não terá uma grande ascensão por ainda não ter conseguido se inserir completamente no capitalismo. Em março deste ano o país também terá eleição presidencial. O favorito é o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, que já foi presidente entre 2000 e 2008.
Primavera Árabe
Depois da surpresa da Primavera Árabe, que começou logo em janeiro do ano passado, conflitos ainda são vistos em países que derrubaram seus ditadores, como o Egito (Hosni Mubarak renunciou em fevereiro). “Os países do norte da África e do Oriente Médio estão passando por um processo de maturação política”, explica Gonçalves. “Costumo comparar a realidade deles com o Brasil. Alcançamos independência em 1822 e só viemos gozar de estabilidade democrática na década de 1990.”
O caso da Síria é especialmente delicado. Bashar Assad é apontado como o ditador mais resistente diante dos protestos dos opositores e da pressão internacional. Não há grandes perspectivas de que ele deixe o poder por iniciativa própria.
Catástrofes
O ano de 2012 é mais um para os profetas do fim do mundo
Foto: Nasa/AFP
Profecia maia alimenta especulações sobre o cataclismo
Quando o filme 2012 foi lançado em 2009, restavam ainda três anos para a humanidade se preparar. Mas, agora, aqui estamos nós: o ano apocalíptico chegou. Ainda bem que a profecia maia diz que o fim o mundo será apenas no dia 21 de dezembro. Quando estiver lendo este texto, restarão 353 dias pela frente.
De acordo com a previsão, do extinto povo que habitou a América Central, o dia do solstício de verão (no Hemisfério Sul) deste ano marcará o planeta Terra de tal maneira que jamais voltará a ser o mesmo. A profecia maia, unida às catástrofes que realmente ocorrem no mundo atual, alimenta a imaginação dos que querem agendar o apocalipse. Situações como o terremoto e o tsunami no Japão em março do ano passado e a constatação de especialistas em climas de que a temperatura do planeta vai se elevar entre 3,5ºC e 5ºC são fatos e não crendices.
Para quem ainda não conseguiu assistir ao filme que ajudou a difundir a lenda basta reunir na imaginação uma série de imagens catastróficas típicas de Hollywood: bolas de fogo vindas do céu, tsunamis que consomem cidades inteiras, preces em todo canto da terra, monumentos a despencar – não só os norte-americanos (é o fim do mundo, não apenas Independence Day, outro filme-desastre), sobra até para o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que desmorona.
Diante do fim o que resta à humanidade é reconhecer seus erros, pedir perdão aos entes queridos, sem mais tempo para promessas de ano-novo.