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Com somente quatro jogos (todos da 1ª fase), Curitiba ficará apenas 11 dias no calendário do Mundial. Nenhuma sede foi tão desprezada

A Fifa decretou ontem que o papel de Curitiba será de mero coadjuvante na Copa de 2014. Apesar da esperança das autoridades locais de que o município pudesse até alcançar um jogo de quartas de final, a realidade é que a capital só terá espaço na primeira fase do torneio – e com quatro partidas envolvendo seleções de menor expressão.

Faz parte assim do último escalão entre as subsedes do torneio. O fracasso, porém, é maior. A cidade também está oficialmente fora da Copa das Confe­derações de 2013.

A participação curitibana no Mundial vai durar meros 11 dias, entre 16 e 26 de junho de 2014, a um preço estimado de R$ 780 milhões, retirados dos cofres pú­­blicos – R$ 180 milhões deles em financiamento para as obras da Arena. Nenhuma das outras 11 sub­­sedes ficará tão pouco tempo vivendo o clima de Copa.

“É competência da Fifa e do COL [Comitê Organizador Local] tomar as decisões e nós ficamos de mãos atadas. Lamento e confesso que é um dia muito triste, mas o projeto anda e vamos concluí-lo com fidalguia”, comentou o secretário mu­­nicipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho, que demonstrava muita confiança na véspera do anúncio.

Já o secretário estadual para o evento, Mario Celso Cu­nha, não poupou a entidade máxima do futebol pela frustração. “A decisão da Fifa é como decisão judicial: não se discute, cumpre-se”, disparou. Deixando de lado o discurso diplomático pa­­drão, ele não se conteve.

“É estranho [realizar] a abertura em um estádio que até agora só tem terraplenagem [Itaquerão]. Não é questão de força política do estado, mas são interesses para agradar um ou outro.”

A minúscula dimensão local no evento ficou evidente pelo fato de ter sido equiparada a Cuiabá, Ma­­naus e Natal, sedes que não ostentam qualquer tradição futebolística, inclusive com estádios que não terão “dono” após a competição.

Excetuando o aspecto político, cujo peso foi evidente na decisão, uma questão lógica prevaleceu na escolha. As quatro cidades têm estádios com baixa capacidade – menos de 50 mil espectadores.

O kit das subsedes, segundo a tabela prévia da Fifa, coloca pelo menos uma seleção cabeça de chave em cada regional. Com isso, o sorteio das chaves – programado para o fim de 2013 – pode atenuar a situação (leia-se um grande do futebol cair na Baixada).

Em uma comparação com as posições das equipes em cada grupo nos Mundiais de 2010 e 2006, na África e na Alemanha, respectivamente, o gramado da Arena poderá receber confrontos do vulto de Suíça x Honduras, Nova Zelândia x Eslováquia, Austrália x Japão ou Ucrânia x Tunísia.

Na mesma comparação, o ápice seria um duelo entre Argentina x Grécia ou Inglaterra x Suécia. Pouco para quem esperava as quartas de final.

Sem torneio de 2013, Curitiba revê os prazos

O plano curitibano em se antecipar ao Mundial e receber a Copa das Confederações em 2013 também foi por água abaixo. Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Rio foram as únicas confirmadas como sedes do evento-teste. Recife e Salvador ganharam um voto de confiança e, se tiverem estádios prontos a tempo, serão incluídas.

Sem todas as subsedes definidas, a tabela do torneio foi divulgada incompleta. Sabe-se apenas que a abertura será em Brasília, as semifinais em Belo Horizonte e Fortaleza e a final no Rio. O detalhamento do calendário será anunciado em julho de 2012.

A escolha se baseou no relatório de engenheiros da Fifa de que apenas essas cidades têm condições de cumprir os prazos. E foi essa a justificativa que o secretário municipal Luiz de Carvalho deu ao não ver a Arena como palco do evento em 2013. “Tivemos uma dificuldade na conclusão da modelagem financeira da obra. Isso repercutiu, influenciou, não tenho dúvida disso”, afirmou, contrariando o discurso categórico sobre a presença do município na competição pré-Mundial.

Agora, segundo o político, a não obrigação de abrigar o torneio irá beneficiar, principalmente na questão de prazos. A tese, inclusive, é a retórica da vez. “Temos mais tempo para trabalhar e só focados em Copa do Mundo”, disse Mario Celso Cunha, secretário estadual.

Com isso, os prazos para a conclusão das obras, em especial do estádio, devem se estender. “Con­fesso que pode haver mudança de cronograma, pois não temos mais a necessidade de correr para finalizar tudo até 2012”, reconheceu Carvalho. A Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o gestor do Atlético nas obras da Arena, Mario Celso Petraglia, para esclarecer se haverá uma readequação do cronograma, mas a assessoria de imprensa do dirigente informou que ele não falaria. (GR)